segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

JOÃO FERNANDES CAMPOS CAFÉ FILHO:
De 24 de agosto de 1954 a 09 de novembro de 1955
Nasceu no dia 03 de fevereiro de 1899 em Natal, Rio Grande do Norte. Filho de João Fernandes Campos Café e de Florência Amélia Campos Café. Iniciou seus estudos nas escolas de Amália Benevides, Edilbertina Ataíde e Áurea Magalhães. Pouco depois, entrou para estabelecimentos regulares de ensino, passando sucessivamente pelo Colégio Americano, Grupo Escolar Augusto Severo, Escola Normal e Atheneu Norte-Rio-Grandense. Na adolescência, influenciado pelos julgamentos a que assistia no Tribunal do Júri, decidiu-se por cursar a Faculdade de Direito. Por essa razão, em 1917, transferiu-se para Recife, ingressando na Academia de Ciências Jurídicas e Comerciais. Trabalhou como comerciário para estudar, mas não concluiu o curso e retornou a Natal. O interesse de Café Filho pelos assuntos de bem-estar da população iniciou-se muito cedo. Aos 15 anos publicou “A Gazeta” e “O Bonde”, jornais manuscritos que precederam o “Jornal de Natal”, que fundou e dirigiu com o objetivo de abordar temas como a questão social e a ação do Estado. A oposição de Café Filho à política dominante no Rio Grande do Norte já podia ser notada desde os tempos em que estudou no Atheneu. Sua atuação sempre se caracterizou pela independência em relação às forças da maioria. Desde os 18 anos, começou a defender réus sem condições de arcar com honorários e despesas processuais. Ele o fazia como solicitador, espécie de advogado “leigo” que existia na época. Essa visão da vida o levou a aceitar casos em outras cidades, como Taipu, agindo na defesa de um acusado de incesto e infanticídio, e Caruaru, dessa vez recebendo 100 mil-réis para ser advogado de um pai de nove filhos, acusado de ter cometido assassinato em emboscada. Mesmo não tendo concluído a Faculdade de Direito, prestou concurso para o Tribunal de Justiça e foi aprovado. Passou então a advogar na capital e no interior, adquirindo grande prestígio entre a população mais pobre que formava sua clientela: estivadores, tecelões, pescadores etc. Como conseqüência disso, começou a sofrer pressões dos grupos dominantes, que se sentiam prejudicados por sua atuação. Em 1923, começou a ter problemas políticos. Em conseqüência de ter liderado greves em Natal, teve sua casa cercada pela polícia e foi obrigado a mudar-se para Pernambuco para evitar novas perseguições. Primeiramente morou em Recife, mas logo se mudou para a pequena cidade de Bezerros, onde fundou um clube social e esportivo e um jornal, o “Correio de Bezerros”, que teve poucos números. Voltou a circular em uma única edição especial em 1954, para anunciar: “Tendo assumido a Presidência da República, afasta-se temporariamente da direção deste jornal o nosso companheiro João Café Filho”. Casou-se com Jandira Carvalho de Oliveira Café e tiveram um filho, Eduardo Antônio. Em 1925, retornou a Recife, passando a dirigir o jornal “A Noite”, e, pouco depois, foi processado e condenado pelo Supremo Tribunal Federal, por ter escrito manifesto no qual conclamava os subalternos do Exército a desobedecer seus superiores e ingressar na Coluna Prestes. Por isso, fugiu para Itabuna, na Bahia. Ao regressar a Natal, foi preso. Em 1929, mudou-se para o Rio de Janeiro, passando a integrar a equipe do jornal “A Manhã” como redator. Esse foi o ano em que se configurou o fim da República Velha. Em 1933, estava, ainda, no Rio de Janeiro, onde exerceu a função de inspetor do trabalho e fundou o Partido Social Nacionalista (PSN). Em novembro de 1935, juntamente com o senador Abel Chermont e mais dezenove deputados, fundou o “Grupo Parlamentar Pró-Liberdades Populares”, que combatia o integralismo, defendia a garantia das liberdades constitucionais e se opunha à Lei de Segurança Nacional. Café Filho renunciou ao seu lugar na mesa da Câmara, posicionando-se sempre contra as atitudes autoritárias do governo e denunciando as arbitrariedades cometidas. Foi perseguido pela polícia e teve que fugir indo exilar-se na Argentina. Getúlio Vargas foi derrubado do poder em 1945. No mesmo ano, Café Filho fundava o Partido Social Progressista (PSP) no Rio Grande do Norte e foi novamente eleito deputado para participar da Constituinte de 1946. Para a eleição de 1950, o nome de Café Filho, deputado de grande aceitação popular, foi indicado para a Vice-Presidência da República. Com uma grande votação, Café Filho se tornou o primeiro Vice-Presidente da República a ser eleito pelo voto secreto. Com a morte de Getúlio Vargas, Café Filho assumiu a Presidência da República disposto a garantir a realização das eleições, previstas para outubro e, para Presidente da República, um ano depois. Café Filho seguiu a lógica com que se havia garantido no início de agosto e começou a aprofundar seus laços com a UDN. Implantou a Instrução 113 da Superintendência de Moeda e Crédito (Sumoc), pela qual se permitiu a entrada de capitais externos, sem cobertura cambial, para a importação de equipamentos industriais de acordo com uma classificação de prioridades definida pelo governo. As eleições foram realizadas, embora a UDN defendesse seu adiamento, temendo que a morte de Vargas desse a vitória aos partidos de origem getulista: Partido Social Democrático (PSD) e Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). E foi exatamente o que aconteceu. A seguir, aconteceu a eleição presidencial em outubro de 1955, com a eleição para a Presidência da República de Juscelino Kubitschek, tendo João Goulart sido eleito como Vice-Presidente. No dia 03 de novembro, Café Filho foi internado no Hospital dos Servidores do Estado sentindo fortes dores no peito. Passados cinco dias, de posse de um laudo médico que especificava a necessidade de tratamento, entregou interinamente o poder a Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados. Em apenas quatro dias – entre 08 e 11 de novembro – o presidente interino tentou um golpe de estado, foi deposto e o Congresso votou seu impedimento, enquanto era empossado para substituí-lo o presidente do Senado, Nereu Ramos. Quando Café Filho saiu do hospital para reassumir, dez dias depois, o Congresso, pressionado pelo general Lott, votou também pelo seu impedimento. Nereu Ramos permaneceu na Presidência até 31 de janeiro de 1956, data em que deu posse a Juscelino Kubitschek. Após seu impedimento, Café Filho afastou-se da vida pública, passando a trabalhar em uma empresa imobiliária. Em 1961, Carlos Lacerda, então governador da Guanabara, o nomeou ministro do Tribunal de Contas do Estado, cargo que exerceu até o fim da vida. João Fernandes Campos Café Filho faleceu no dia 20 de fevereiro de 1970, no Rio de Janeiro. Foi seu discurso, ao assumir a Presidência da República: “Não há palavras que possam descrever a minha emoção nesse momento. A notícia do gesto de extremo desespero do [...] presidente da República atingiu-me como um raio. Toda a Nação há de estar, como eu, profundamente traumatizada por esta tragédia sem precedentes em nossa história. Jamais pensei em ter de assumir a Presidência de meu país por força de um imperativo constitucional, em condições de um cunho doloroso tão chocante. Todo o Brasil deve pôr de lado, nesta hora terrível, quaisquer sentimentos políticos ou pessoais para prestar ao Dr. Getúlio Vargas, homenagens póstumas de que é ele credor pelos altos e inestimáveis serviços que prestou à pátria. Sua Exª. não precisava recorrer a uma atitude tão extrema [...]”.

Café Filho

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Conversando com funcionários da Secretaria de Educação do Estado, lotados em várias instituições de ensino, ficamos sabendo das dificuldades que estão passando, e das reivindicações que estão fazendo ao Governo do Estado. Publicamos uma Circular enviada por eles ao governo e ao povo em geral:
“Os funcionários da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, lotados no ISEPAM, João Barcelos Martins e Agrícola Antonio Sarlo, em Campos dos Goytacazes, que hoje estão cedidos à FAETEC (Secretaria de Ciência e Tecnologia) estão solicitando ao governo as seguintes reivindicações:
·Reativação do atendimento médico e exames pelo IASERJ
·Reajuste do salário base (vencimento), que hoje está em R$ 240,00
·Pagamento do Vale-Transporte
·Pagamento do Auxílio-Alimentação.
Os funcionários concursados da FAETEC e Terceirizados que fazem as mesmas funções dos Cedidos, têm salário base acima do salário-mínimo, e os mesmos Terceirizados recebem Vale-Transporte e Auxílio-Alimentação.
Os funcionários Cedidos estão aguardando uma resposta do Governador durante o período das férias. Se não obtiverem uma resposta oficial, certamente haverá uma decisão na Assembléia que acontecerá na primeira semana de retorno às aulas.
Estamos conclamando às demais Escolas da rede em todo Estado, que estão passando pelo mesmo problema, para juntos, fazermos crescer este movimento.

A Comissão Organizadora.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

GETÚLIO DORNELLES VARGAS:
Período de 31 de janeiro de 1951 a 24 de agosto de 1954
(O período de sua infância, filiação, formação e juventude já foi divulgado no período de seu governo anterior). Logo depois de ter sido deposto pelos militares em 1945, Vargas deu sinal de que não estava disposto a abandonar a política ou deixar perder-se o enorme capital de simpatia popular que poderia transformar em força eleitoral. Apresentou-se às eleições legislativas que formariam a Assembléia Constituinte de 1946 e, com uma votação consagradora, foi feito senador. Assumiu o posto, porém, pouco freqüentou o Senado. Logo nos primeiros dias de mandato parlamentar, choveram-lhe críticas que atribuíam ao Estado Novo a responsabilidade por todos os males do país. A campanha mais cerrada era feita pelos deputados da União Democrática Nacional (UDN). Vargas irritou-se e acabou perdendo as estribeiras, chamando os desafetos para resolver a pendenga em luta corporal. Ato seguinte, recolheu-se à sua fazenda de São Borja, Rio Grande do Sul, numa espécie de exílio voluntário, e nem sequer assinou a Carta Magna que deveria ter redigido com seus pares, pois para isso fora eleito. Até que, no Carnaval de 1949, pousou em sua estância um avião. A bordo, o jornalista Samuel Wainer. Sua missão era uma reportagem que questionava se o Brasil poderia se tornar auto-suficiente na produção de trigo. A matéria lhe fora pedida por Assis Chateaubriand, dono do conglomerado Diários Associados, que a queria para “O Jornal”, uma das publicações do grupo. Wainer sobrevoava os pampas quando foi informado de que a terra lá embaixo era a propriedade de Getúlio Vargas. O jornalista pediu ao piloto que pousasse, confiante em que conseguiria quebrar o silêncio de Vargas. Encontrou um político maduro para voltar à cena. As declarações que obteve teriam repercussão maior do que a mais retumbante reportagem que pudesse imaginar. As eleições presidenciais estavam marcadas para o ano seguinte, e o recluso senador anunciou: “Sim, eu voltarei, não como líder político, mas como líder de massas”. O anúncio da disposição de Vargas desmontou todas as articulações políticas que então eram feitas para a sucessão do presidente Eurico Gaspar Dutra. Havia um dado novo, e foi em torno dele que tudo passou a girar. Os maiores partidos da época – União Democrática Nacional (UDN), Partido Social Democrático (PSD) e Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – tinham a intenção de lançar um candidato de consenso. O próprio Getúlio tratou de alimentar essa idéia, talvez por saber de sua inviabilidade: cada partido dispunha-se a aceitar o candidato de consenso... desde que, saído de suas fileiras. A candidatura de consenso não saiu. E a de Vargas só foi oficializada em 30 de agosto de 1950, ou seja, 53 dias antes do encerramento oficial da campanha eleitoral. Para cumprir a profecia que fizera ao jornalista Samuel Wainer, aos 67 anos, Vargas entregou-se a uma campanha extremamente exaustiva, com comícios no Rio de Janeiro e em mais vinte Estados da Federação, particularmente nas capitais e nos principais centros econômicos do país. Só em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, visitou 41 cidades. Do alto do palanque, pronunciou cerca de oitenta discursos, expondo um programa de governo calcado no que ele chamava de “trabalhismo”. Em 03 de outubro de 1950, os eleitores deram a Vargas quase tantos votos quanto os que receberam juntos seus dois mais importantes concorrentes, confirmando o que assegurou a reportagem de Wainer publicada em “O Jornal”. O ditador Getúlio Vargas voltava ao poder pela via democrática. Disputando o pleito pelo PTB, coligado com o PSP – ao qual pertencia o candidato à Vice-Presidência, Café Filho -, Vargas elegeu-se com 3.849.040 votos. Café Filho recebeu 2.520.790 votos, sendo eleito Vice-Presidente. Getúlio Vargas assumiu a Presidência da República no dia 31 de janeiro de 1951, compondo seu Ministério com consenso, reunindo em torno de si as várias forças políticas do país. E continuou a formação de seu gabinete contemplando as várias legendas, independentemente do apoio que lhe davam ou negavam. No dia 06 de dezembro de 1951, o presidente enviou ao Congresso o projeto de lei que criava a Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima. Mas só em 1953, depois de intensa polêmica em torno do tema – que desde o Estado Novo mobilizava a intelectualidade brasileira sob o slogan “O petróleo é nosso” – seria estabelecido o monopólio estatal da exploração de petróleo, a ser exercido pela Petrobras. O presidente estava disposto a realizar seu programa de governo, que consistia em aprofundar os esforços pela industrialização do país, feitos em sua gestão anterior. Para tanto, criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 1952. No mesmo ano, estatizou a geração de energia elétrica. A situação econômica, com inflação crescente, desequilíbrio no balanço de pagamentos e poucas perspectivas de crescimento da economia, agravava a situação política. Em março de 1953, uma onda de greves mostrou que também a classe trabalhadora estava descontente. Vargas promoveu uma reforma ministerial e nomeou João Goulart para a pasta do Trabalho. Enquanto Goulart iniciava negociações com os grevistas já no terceiro dia à frente do Ministério do Trabalho, a UDN pressionava, pontuando com críticas cada uma das medidas sociais adotadas pelo governo de Getúlio: empréstimos do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB) às cooperativas e segurados; aumento dos limites para financiamento de imóveis aos associados dos institutos e caixas de aposentadorias e pensões; representação dos empregados no conselho fiscal do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), dentre outras. Foi nesse clima que, após estudos feitos pelos técnicos do Ministério do Trabalho, Getúlio dobrou o valor do salário-mínimo, que foi para Cr$ 2.400,00, o mesmo que ganhava um segundo tenente do Exército. A reação militar foi imediata: um abaixo-assinado de protesto com a firma de 42 coronéis e quarenta tenentes-coronéis. A quebra de hierarquia não foi punida e o Ministro da Guerra, general Cyro do Espírito Santo Cardoso – tio do futuro presidente Fernando Henrique Cardoso – se demitiu. Seu substituto exigiu a demissão de Jango para assumir. A reforma ministerial de 1953 tivera, na verdade, um perfil conservador se observada a posição da maioria dos ministros então nomeados: José Américo de Almeida, da UDN, para a pasta da Viação e Obras Públicas; Oswaldo Aranha, da UDN, para a da Fazenda; Vicente Rao, da UDN, para a do Exterior; Tancredo Neves, do PSD, para a da Justiça; e Antônio Balbino, do PSD, para a da Educação. O ministro da Agricultura, João Cleófas, da UDN, manteve-se no cargo. A capacidade de reação governamental aos ataques da oposição mostrava-se cada vez mais frágil, na mesma medida em que se tornavam mais agressivas as investidas oposicionistas. Ainda em 1953-1954, seria instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar essas acusações. Em junho de 1954, na esteira da CPI que Vargas tivera a esperança de controlar, o líder da UDN no Senado, Afonso Arinos, encaminhou um pedido de impeachment contra o presidente da República, alegando conivência com atos criminosos, corrupção e imoralidade. O pedido foi rejeitado por 136 votos a 35. No dia 05 de agosto, Carlos Lacerda sofreu um atentado na Rua Toneleros, em Copacabana. Nesse atentado, saiu ferido mortalmente o major Rubens Vaz, um dos oficiais da Aeronáutica. Abriu-se um Inquérito Policial Militar para apurar a autoria do crime. Todos os indícios conduziam a Gregório Fortunato, o “Anjo Negro do Catete”. No dia 11 de agosto, o vice-presidente Café Filho encontrou-se secretamente com Carlos Lacerda no Hotel Serrador, no Rio de Janeiro. Na reunião ficou acertado que Café Filho substituiria o presidente em caso de renúncia ou impedimento. No dia 22 de agosto de 1954, a situação política de Getúlio Vargas já se tornara insustentável. O Manifesto dos Generais, solidário aos brigadeiros e divulgado logo em seguida, fechou o cerco. A desconfiança dos militares em relação a Getúlio Vargas já se tornara franca hostilidade. Ele estava sozinho. Toda essa pressão levou ao suicídio de Getúlio Dornelles Vargas, no dia 24 de agosto de 1954.

Getúlio Vargas

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

EURICO GASPAR DUTRA:Nasceu em 18 de maio de 1883, em Cuiabá, Mato Grosso. Filho de José Florêncio Dutra e Maria Justina Dutra. Nascido em família pobre, Dutra teve infância difícil em tempos conturbados na Província do Mato Grosso, onde o clima de disputas entre partidos afetava as famílias e dividia a sociedade. Bernardina Riche, considerada grande educadora e diversas vezes homenageada por Dutra, foi sua primeira professora. Atuava na escola municipal do bairro onde Eurico morava. Ele iniciou o secundário no Externato São Sebastião e o concluiu no Liceu Cuiabano. Nessas duas escolas, foi estudante muito aplicado e reservado. As modestas condições da família obrigavam o jovem Eurico a ocupar suas horas vagas em esforços para complementar o orçamento doméstico. Um desses serviços foi o de auxiliar no Mercado Municipal de Cuiabá. Ele ajudava, mas buscava meios que propiciassem a ele e à família um futuro melhor. O modo que encontrou para continuar os estudos e obter formação superior foi o engajamento militar. A primeira tentativa falhou, mas a segunda deu certo: ele foi destacado para a Escola Preparatória e de Tática do Rio Grande do Sul, na cidade de Rio Pardo. Aluno dedicado, soube conciliar os estudos com as obrigações de sargenteante – chefe administrativo – de sua companhia. Dutra ficou no Sul até concluir seu curso, em março de 1904. No dia 14 de abril, já estava inscrito na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, disposto a realizar seu sonho de ingressar no corpo de oficiais do Exército. Suas esperanças quase caíram por terra em novembro seguinte, quando os tumultos contra a campanha de vacinação obrigatória do período Rodrigues Alves (1902-1906), episódio que se tornou conhecido como a “Revolta da Vacina”, deram ensejo a uma tentativa de golpe de estado. No confronto, os revoltosos foram derrotados. Silvestre Travassos ficou gravemente ferido e faleceu no Hospital Central do Exército. Ferido em um olho, Dutra também ficou internado no HCE. As escolas Militares e Preparatórias de Realengo, apesar de terem aderido ao grupo de Silveira Travassos, falharam em suas intenções por interferência de seu comandante e foram fechadas. Seus alunos, desligados e expulsos do Exército. Dutra não foi na primeira leva porque estava internado. Assim que saiu do hospital, foi incluído no 24º Batalhão de Infantaria, aguardando segunda ordem. Que não demorou: Exclusão, em 9 de dezembro de 1904. Foi mandado excluir das fileiras do Exército, de acordo com o aviso nº 2.409, visto ter tomado parte, como aluno da Escola Militar do Brasil, no movimento de 14 de novembro. Dutra retornou à casa dos pais, em Cuiabá, desolado e arrependido. Menos de um ano depois, o governo anistiou todos os implicados na “Revolta da Vacina”. Dutra voltou rapidamente para o Rio de Janeiro e para o 24º Batalhão de Infantaria. Permaneceu nessa unidade até 1906, quando foi transferido para a Escola de Guerra, em Porto Alegre, com a patente de cadete. Só saiu de lá em 1908, já classificado como aspirante, para o 1º Regimento de Cavalaria do Rio de Janeiro. Assim que terminou seus estudos na Escola Militar, em 1908, Dutra matriculou-se na Escola de Artilharia e Engenharia, em Realengo, para fazer um curso de aperfeiçoamento em mecânica, balística e metalurgia. Permaneceu lá até completar o período de estágio em fevereiro de 1910. Aprovado nos estudos, Dutra foi promovido a segundo-tenente pelo decreto de novembro de 1910, no cargo de instrutor de recrutas. Lecionou até 1912, ano em que foi nomeado instrutor de segundo grau, após ser incluído na Escola de Cavalaria. Outra vez transferido e promovido, tornou-se instrutor da Arma de Cavalaria na Escola Militar. No dia 19 de fevereiro de 1914, Eurico Gaspar Dutra casou-se com Carmela Telles Leite e tiveram dois filhos: Emília e Antônio João. Criaram ainda dois filhos do primeiro casamento de Carmela: José Pinheiro e Carmelita. Permaneceu no magistério até março de 1915, quando teve de tomar uma decisão corajosa, que exigia confiança em seu potencial: uma nova lei dispôs que o professor militar pedisse baixa dos quadros da ativa – as promoções seriam recebidas na reserva e de acordo com regras criadas nessa lei. Financeiramente, continuar como professor era muito mais vantajoso para ele – embora recém-casado e sem filhos, tinha dois enteados para criar. Mas abdicar do sonho de uma carreira autenticamente militar, apesar de significar uma queda em seus vencimentos, ele não queria. No dia 1º de março de 1915, Dutra se apresentava ao 1º Regimento de Cavalaria, no qual permaneceu até fevereiro de 1917. Nesse período, passou alguns meses servindo como assistente do Comando, na 4ª Brigada de Cavalaria, e, em 1916, foi promovido a primeiro-tenente. Quando deixou o Regimento de Cavalaria para ingressar na Escola do Estado-Maior do Exército, para a qual havia sido classificado em segundo lugar no concurso de admissão, Dutra recebeu honrosa referência do Comando. Foi aprovado com distinção ao término do primeiro ano de estudos na Escola do Estado-Maior. No início de 1918, em virtude dos resultados da Primeira Guerra Mundial que desde 1914 grassava na Europa, o ensino tático e técnico-militar foi suspenso. Dutra retornou ao 1º Regimento de Cavalaria. Em 1920 foi reaberta a Escola do Estado-Maior. Logo depois, tornou-se pai de um filho homem e foi promovido a capitão. Em 1923, concluía o curso como primeiro da turma, tornando-se um oficial do Estado-Maior do Exército. Promovido a major em 1927. Em 1929, recebeu a patente de tenente-coronel. Durante o Governo Provisório de Getúlio Vargas, foi promovido a general de brigada por decreto de 02 de setembro de 1932. Em julho do ano seguinte, era nomeado diretor da Aviação Militar, função na qual reorganizou no Distrito Federal a mais nova força armada, criando as unidades de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná e remodelando o ensino e a instrução do setor. Começou também a montagem de uma oficina de revisão de motores em São Paulo, além de fazer construir as primeiras companhias de preparação de terrenos e fundar a fábrica de reposição Parque Central de Aviação, em 1934. Em maio de 1935, Dutra alcançou o posto mais alto da hierarquia do Exército para a época: general de divisão. Em dezembro foi nomeado Ministro da Guerra, permanecendo nesse cargo durante oito anos e nove meses. A candidatura do general Eurico Gaspar Dutra foi lançada oficialmente em 13 de março de 1945 em São Paulo. Na convenção do PSD, marcada para acontecer no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, homologou o nome de Dutra como candidato da situação para o pleito de 02 de dezembro. O Presidente da República, José Linhares levou a bom termo as eleições, que se realizaram no dia marcado, 02 de dezembro de 1945, de forma honesta e tranqüila. Desde a abertura das primeiras urnas, a votação obtida por Dutra superava as expectativas. Gaspar Dutra assumiu a Presidência da República em 31 de janeiro de 1946. No dia seguinte, o Congresso Nacional se reuniu para instalar a Assembléia Constituinte, responsável por elaborar a nova Constituição, que, entre outras deliberações, restauraria o cargo de vice-presidente, extinto desde 1937. A escolha do nome para ocupar a Vice-Presidência se deu de forma indireta. Os congressistas elegeram o senador catarinense Nereu Ramos. O general Dutra foi eleito com 3.251.507 votos, representando 55,39% dos eleitores votantes. Havia euforia e esperança quando Dutra tomou posse, aos 63 anos. O ato foi realizado no Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro. A Segunda Guerra deixara o país na condição inusitada de credor, graças às garantias de exportação de produtos primários obtidos por Vargas e pelo crescimento da indústria nacional. O primeiro desentendimento se deu com a UDN passando à oposição, queixando-se de não desempenhar o papel que esperava no governo. Com a crise que acabou por vir, o resultado foi o aumento do custo de vida, devido a falta de restrições alfandegárias e o aumento das importações. Dutra baixou o Decreto nº 9.215, em abril de 1946, que proibiu o jogo em todo o território nacional, o que acabou com os cassinos e o florescente negócio do entretenimento expresso no teatro-revista, condenando músicos, atores, cantores, vedetes e técnicos ao desemprego. No mês seguinte, o Tribunal Superior Eleitoral cassava o registro do Partido Comunista Brasileiro. Ainda neste ano, foi promulgada a Constituição de 1946, em 18 de setembro. Estendia-se a Guerra Fria à América Latina. Em outubro de 1947, o Brasil fazia sua escolha, apoiando os EUA e rompendo relações com a União Soviética. Em seu mandato, Dutra tornou a Marinha e a Aeronáutica mais fortes com a criação do Estado-Maior das Forças Armadas, do Conselho de Segurança Nacional e da Escola Superior de Guerra. Na Educação, foi realizada uma grande campanha de alfabetização de adultos, considerada pela UNESCO a mais ampla já realizada até a época. A abertura da estrada Rio-São Paulo (atual Rodovia Presidente Dutra), o término da construção da estrada Rio-Bahia, a ampliação da rede ferroviária nos Estados de Goiás, Minas Gerais e Ceará, bem como a eletrificação das linhas da Estrada de Ferro Central do Brasil, que foi concluída nos subúrbios do Rio de Janeiro e ampliada até Barra do Piraí, marcaram suas realizações. Depois da Presidência, mesmo permanecendo filiado ao PSD, Dutra se afastou da vida político-partidária. Eurico Gaspar Dutra viveu 91 anos com ‘sopro’ no coração que poderia “inutilizá-lo para sempre”, segundo os médicos. No dia 11 de junho de 1974, ele não resistiu a um ataque cardíaco, vindo a falecer. Foi seu discurso: “[...] Eleito e proclamado Presidente da República para o período que hoje se inicia, é com verdadeira emoção cívica que recebo das mãos de V. Exa. o alto cargo que vem exercendo desde 29 de outubro último. É mister assinalar que a Nação assistiu, durante esse lapso de tempo, ao esforço do Governo por bem conduzi-la com seus anseios e necessidades. Embora, justamente tocado no mais profundo dos meus sentimentos de cidadão pela alta honra que me conferiu o povo brasileiro, através da grande maioria de seus sufrágios, recebo a investidura sem vaidades, que nunca tive no serviço da Pátria, antes com a plena consciência das graves responsabilidades que a escolha impõe ao meu patriotismo e com o sincero desejo de concorrer para a paz da família brasileira, para a melhoria das condições de vida de todos os meus concidadãos e o crescente prestígio do nosso País no concerto das Nações civilizadas. [...]”.

Gaspar Dutra


Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

JOSÉ LINHARES:
De 30 de outubro de 1945 a 31 de janeiro de 1946
Nasceu no dia 21 de janeiro de 1886, na Fazenda Sinimbu, distrito de Nossa Senhora da Conceição de Guaramiranga, município de Baturité, Ceará. Filho de Francisco Alves Linhares e de Josefa Felícia Caracas. Iniciou seus estudos no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, em Baturité, no Ceará. O curso secundário foi feito no Liceu do Ceará, famoso colégio estadual da época. Aos 16 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou dois anos na Escola de Medicina. Mas abandonou a idéia de ser médico, transferindo-se para o Recife em 1904, onde preferiu estudar Direito. Começou o curso em Pernambuco e o concluiu em São Paulo, em novembro de 1908. Formado, voltou ao Rio de Janeiro para exercer a profissão, onde passou quatro anos advogando. Casou-se com Luiza Cavalcanti e tiveram três filhos: Léa, Amaro e José Carlos. Foi representante da Fazenda em processos de desapropriação de obras portuárias e procurador do patrimônio de estabelecimentos do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Nomeado juiz da 2ª pretoria criminal da Justiça do Distrito Federal em 1913, e foi transferido para a 7ª e depois para a 1ª pretoria cível. Foi promovido a juiz de Direito da 5ª vara criminal por decreto. Sua nomeação para o cargo de desembargador da Corte de Apelação foi decretada já sob o Governo Provisório, sendo designado por Getúlio Vargas, no ano seguinte, membro do recém-criado Tribunal Superior Eleitoral do Rio de Janeiro. Nova promoção lhe veio por decreto em plena ditadura do Estado Novo. Dessa vez foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Participou como membro titular da Sociedade Brasileira de Direito Internacional, bem como de outras sociedades similares, inclusive do exterior. Em três anos no STF, já era nomeado vice-presidente da casa pelo Decreto-Lei nº 2.770, assinado pelo presidente da República em 11 de novembro de 1940. Foi nomeado para a Presidência do Supremo Tribunal, sucedendo ao ministro Eduardo Espínola, que se aposentou. Nessa condição, assumiu a Presidência da República em virtude da deposição de Getúlio Vargas, em 30 de outubro de 1945. José Linhares nunca militou na política partidária. Tendo atingido o posto máximo na área do Judiciário, chegou à Presidência devido à situação excepcional do momento em que Getúlio Vargas foi obrigado a renunciar. O país vivia sob as leis do Estado Novo, que tinha abolido a figura do vice-presidente. A Câmara e o Senado estavam fechados, de modo que não havia como chamar seus presidentes para garantir o andamento da administração após a derrubada do ditador. Quando Vargas admitiu pôr fim aos seus quinze anos à frente do governo e concordou renunciar, em 29 de outubro de 1945, a Presidência passou às mãos da máxima autoridade civil no momento: o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares. O anseio de liberdade política no país após a derrota dos regimes ditatoriais europeus na Segunda Guerra Mundial (o fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler), com muita pressão sobre Getúlio, a ponto de ele marcar eleições presidenciais e conceder anistia aos presos políticos, entre eles o comunista Luís Carlos Prestes. Os militares e a oposição, configurada na União Democrática Nacional (UDN), convenceram–se de que era preciso forçar Getúlio. No dia 29 de outubro de 1945, as Forças Armadas derrubaram o ditador. Devido à interinidade de seu mandato, José Linhares procurou tão-somente manter a ordem interna até que as eleições presidenciais, que já haviam sido marcadas por Getúlio para 2 de dezembro de 1945, e a passagem do governo ao vencedor. Logo após a cerimônia de sua posse, durante reunião no Ministério da Guerra, decidiu-se como seria a disputa. Linhares conversou com os dois candidatos, que lhe manifestaram apoio. Feito esse acerto, teve início a composição do Ministério. As pastas militares foram distribuídas segundo entendimentos com os chefes das três forças. A Marinha indicou o vice-almirante Jorge Dodsworth Martins; Eduardo Gomes sugeriu, para a Aeronáutica, o nome do major-brigadeiro Armando Trompowsky de Almeida. Já a pasta da Guerra apresentou dificuldades. O indicado por Góis Monteiro, que chefiara o golpe em nome das Forças Armadas, foi o do general Salvador César Obino, comandante da 13ª Região Militar, que por duas vezes recusou o convite. Linhares chegou a convocar o general Góis Monteiro para lhe apresentar sua renúncia, considerando-se sem apoio. O Presidente foi informado de que os militares não aceitariam postos civis no governo, e a Chefatura de Polícia era considerada por eles como tal. Daí ter sido recusada pelos coronéis para o cargo. Por fim, o impasse foi resolvido: Góis Monteiro permaneceu como ministro da Guerra, e a Chefatura de Polícia foi destinada ao desembargador Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa. Quanto ao governo dos Estados, ficou determinado que os congressistas eleitos comporiam a Assembléia Constituinte e definiriam a data das eleições estaduais, que Vargas tinha querido antecipar para o mesmo dia das eleições presidenciais. A solução encontrada para destituir os interventores estaduais nomeados por Getúlio foi passar aos presidentes dos tribunais locais a responsabilidade (os governadores dos Estados só seriam eleitos em 19 de janeiro de 1947). Além das nomeações tão criticadas, Linhares tomou algumas iniciativas importantes. No dia 12 de novembro de 1945, assinou o Decreto-Lei nº 8.170, que garantiu aos partidos políticos, dissolvidos desde 2 de dezembro de 1937, a reintegração do patrimônio que tinham na data de sua desativação e a validade dos atos de filiação realizados de acordo com seus estatutos. No dia 16 de novembro, aprovou o projeto de criação do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), defendido pelo brigadeiro Trompowsky com o seguinte argumento: O Plano elaborado representa um grande passo para o desenvolvimento de uma aviação genuinamente nacional. O Tribunal de Segurança Nacional foi extinto em 17 de novembro, pela Lei Constitucional nº 14. Entre outras medidas, o presidente outorgou o direito a voto aos soldados integrantes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), concedeu pensão e casas próprias aos herdeiros dos que morreram na guerra e garantiu também o direito à gratuidade de ensino aos filhos dos ex-combatentes. Pelo Decreto nº 8.393, a Universidade do Brasil ganhou autonomia administrativa, financeira, didática e disciplinar. A medida acarretou a mudança na forma de escolha do reitor, que passou a ser feita pelo presidente da República em uma lista de três nomes indicados pelo Conselho Universitário. Em Decreto-Lei nº 8.463, Linhares sancionou lei de autoria do ministro dos Transportes, Maurício Joppert da Silva, que conferiu autonomia técnica e financeira ao Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Com essa Lei, foi criado também o Fundo Rodoviário Nacional. Acima de tudo, Linhares conseguiu realizar o objetivo para o qual assumira a Presidência: garantir a realização da eleição do dia 2 de dezembro. Ele passou o poder ao vencedor do pleito, o general Eurico Gaspar Dutra, no dia 31 de janeiro de 1946. Terminado o período de transição entre a ditadura de Getúlio Vargas e a posse do presidente Dutra, José Linhares retornou ao Supremo Tribunal Federal, sendo eleito para presidi-lo no triênio 1946-1949 e depois sucessivamente reeleito, permanecendo no cargo até 1956, quando se aposentou. José Linhares faleceu no dia 26 de janeiro de 1957, na cidade de Caxambu, em Minas Gerais. Foi parte de seu discurso: “Em virtude dos graves acontecimentos políticos que agitam no momento os destinos do País, e na qualidade de presidente do Supremo Tribunal Federal, assumo, com o apoio das Forças Armadas, a Presidência da República, esperando corresponder pelos meus atos a tão elevada investidura. Faço um solene apelo a meus patrícios, das cidades e dos campos, para levar a termo a composição do país, nos quadros legais. Em determinação, [...] tomo nos ombros, compenetrado de que um objetivo superior nos anima, sem desfalecimentos, a reunir em torno aos grandes destinos da Pátria os esforços comuns para a edificação de uma obra democrática que fará a prosperidade e o bem de todos os brasileiros. [...]”.

JOSÉ LINHARES

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

GOVERNO PROVISÓRIO
De 03 de novembro de 1930 a 20 de julho de 1934

GOVERNO CONSTITUCIONAL
De 20 de julho de 1934 a 10 de novembro de 1937

ESTADO NOVO
De 10 de novembro de 1937 a 29 de outubro de 1945

GETÚLIO DORNELLES VARGAS:
Nasceu no dia 19 de abril de 1882, na cidade de São Borja, Rio Grande do Sul, próximo à fronteira com a Argentina. Filho de Manuel do Nascimento Vargas e Cândida Dornelles Vargas. A fase de meninice, passada nos pampas, depois da conclusão dos primeiros anos de sua formação em São Borja, Getúlio mudou-se em 1897, aos 15 anos, para a então capital de Minas Gerais, Ouro Preto. Por causa de um incidente com seu irmão Viriato, Getúlio voltou para o Rio Grande, tornando-se soldado em São Borja, em 1898, e, no ano seguinte, passou nos exames para sargento, matriculando-se na Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo. Nessa época, teve o seu nascimento alterado para 1883, para corresponder à idade mínima de ingresso na Escola Militar, anotando nos documentos oficiais e, por isso, presente na maioria de suas biografias. Durante o curso, destacou-se em matérias como português, francês, geografia, aritmética, álgebra e alemão, mas mostrava dificuldades em inglês e em desenho linear. A carreira militar de Getúlio Vargas foi, porém, mais acidentada do que longa: em 1902, por causa da revolta dos cadetes e, em represália pela simpatia aos revoltosos, o sargento Getúlio Vargas foi rebaixado e transferido para o 25º Batalhão de Infantaria de Porto Alegre. Em fevereiro de 1902, de novo soldado raso, Getúlio estava entre os convocados para se deslocar para Corumbá, onde ficariam de prontidão ante a iminência de uma guerra contra a Bolívia na disputa pelo território do Acre. Mas a batalha não houve, porque foi solucionada pelo Barão do Rio Branco. De volta ao Rio Grande do Sul, desistiu da carreira militar. Em 1904, ingressou na Faculdade de Direito de Porto Alegre. No período, entre outras leituras, dedicou-se aos estudos das obras de Júlio de Castilhos, o fundador do Partido Republicano do Rio Grande do Sul. Ao tornar-se bacharel, foi o orador dos formandos de 1907; tinha 25 anos e já estava envolvido em política. Getúlio Vargas assumiu o cargo de segundo promotor público de Porto Alegre, ao mesmo tempo, passou a integrar o grupo que se autodenominou “acadêmicos castilhistas” e reunia jovens das faculdades de Direito, de Engenharia e de Medicina e da Escola de Guerra em torno dos ideais republicanos. A militância acadêmica acabou por levá-lo, em 1909, à Assembléia dos Representantes (equivalente às assembléias legislativas estaduais de hoje) pelo Partido Republicano do Rio Grande do Sul. Aos 27 anos, Getúlio era apaixonado por uma jovem, ainda menina (com 14 anos) de nome Darcy Sarmanho. Teve que esperar a jovem atingir a idade legal – 15 anos - para que o matrimônio se realizasse, em 1911, e tiveram cinco filhos: Lutero, Jandira, Alzira, Manuel Antônio e Getúlio Vargas Filho. Em 1913, reelegeu-se deputado, renunciando logo depois, em protesto pela intervenção do então presidente (governador) do Estado, Borges de Medeiros, nas eleições em Cachoeira do Sul (RS). Nove anos mais tarde, Getúlio Vargas deu o salto definitivo para ir além da política local gaúcha: elegeu-se deputado federal. No ano seguinte (1923), teve um rápido retorno à vida militar: Borges de Medeiros, surpreendido por tentativas armadas de destituí-lo da Presidência do Rio Grande do Sul, organizou às pressas a resistência e nomeou Getúlio Vargas tenente-coronel dos Corpos Provisórios que a enfrentavam. Com a batalha não acontecendo, Getúlio voltou ao Rio de Janeiro para assumir o cargo de deputado federal. Em 1924, reeleito, Getúlio liderou a bancada republicana gaúcha na Câmara Federal, onde, em maio de 1926, tornou-se membro da Comissão de Finanças. Em novembro do mesmo ano, foi nomeado ministro da Fazenda pelo recém-empossado presidente Washington Luís, mas ocupou o cargo por pouco tempo, porque, eleito em 1927, tomou posse como Presidente do Rio Grande do Sul, em 1928. Em 1929, participou da fundação da “Aliança Liberal”, que o lançou como candidato a Presidente da República nas eleições marcadas para 1º de março de 1930. Era a união de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba contra a manobra de Washington Luís para manter São Paulo no poder. A eleição deu a vitória a Júlio Prestes (com pouco mais de 1 milhão de votos contra 744 mil votos de Vargas). O resultado eleitoral não foi aceito passivamente. A morte do Presidente da Paraíba e candidato a vice de Getúlio na chapa derrotada acendeu o estopim para a revolta popular, criando as condições para a “Revolução de 1930”. Getúlio Vargas tornou-se primeiro mandatário do país como chefe da “Revolução de 30”, ao receber o Governo Provisório das mãos dos generais Tasso Fragoso, Menna Barreto e do contra-almirante Isaías de Noronha, membros da Junta Governativa Militar que depôs o presidente Washington Luís. Em 1932, eclodiu a “Revolução Constitucionalista”. Em São Paulo, um manifesto assinado pelos generais Isidoro Dias Lopes e Euclides Figueiredo (pai do futuro presidente João Baptista Figueiredo) declarava que eles estavam assumindo, a partir daquele momento, o comando das forças revolucionárias empenhadas na luta pela reconstitucionalização do país. A “revolta de 9 de julho” ficou, porém, restrita a São Paulo – apesar da mobilização tentada pelo ex-presidente Arthur Bernardes em Minas Gerais. As forças legalistas renderam os rebeldes em 1º de outubro de 1932. O movimento fracassou, mas Getúlio percebeu a necessidade de legitimar o novo regime por meio de uma nova Constituição. Assim, em 15 de novembro de 1933, instalava-se a Assembléia Nacional Constituinte. No dia 16 de julho de 1934, promulgava-se a Constituição e, no dia seguinte, a mesma Assembléia que redigira a Carta Magna elegia Getúlio Vargas Presidente Constituinte do Brasil. Os Estados Unidos intensificaram os esforços de sedução do Brasil – que não se restringiram a conversas diplomáticas, mas incluíram como contrapartida à pretendida adesão do Brasil o apoio financeiro e tecnológico norte-americano aos projetos getulistas de instalação da indústria de base no país. Esse teria sido, desde o princípio, o objetivo da “política pendular”: valorizar a adesão brasileira aos Aliados. E, de fato, o pêndulo parou no lado dos Aliados. Em 28 de janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas e comerciais com Alemanha, Itália e Japão. Poucos dias depois, o navio da Marinha Mercante brasileira, o ‘Buarque’, foi torpedeado por um submarino alemão. Os afundamentos na costa brasileira sucederam-se (até o final da guerra, dezoito navios seriam alvejados), com grande número de baixas civis, pois os navios eram um dos principais meios de transporte entre as diferentes cidades do litoral brasileiro. Ocorreram diversas manifestações populares em favor da guerra contra o Eixo. Em 31 de agosto, Getúlio decretou oficialmente o estado de guerra. Um ano depois, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), encarregada de se juntar às tropas aliadas para combater na Itália. Foi ainda no período do Estado Novo que Getúlio Vargas criou algumas das empresas que viriam a ser ícones do nacionalismo brasileiro, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) – com financiamentos dos Estados Unidos -, a Vale do Rio Doce e o Conselho Nacional do Petróleo (que pode ser considerado um embrião da Petrobras). No campo trabalhista, data de 1943 a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em 1945, Vargas marcou eleições e concedeu anistia a seus adversários. Contudo, não deixava de articular sua permanência no poder. De um lado, criou o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e forjou a criação do Partido Social Democrático (PSD) – que, comandado por seu genro Amaral Peixoto, não passava, na sua origem, de “força auxiliar” do PTB. A oposição, por sua vez, unia-se em torno da União Democrática Nacional (UDN), que incluía liberais conservadores e a esquerda não comunista. No dia 29 de outubro de 1945, em meio ao ceticismo em relação à convenção democrática do ditador, as Forças Armadas, tendo à frente o general Góis Monteiro, derrubaram o governo e puseram fim ao primeiro período da chamada Era Vargas. Getúlio Vargas nunca se aposentou. Derrubado em 1945, nem por isso deixou de interagir na vida política nacional. Logo no ano seguinte, num pleito consagrador, foi eleito deputado e senador por vários Estados, reunindo cerca de 1,3 milhão de votos (17% do eleitorado). Seguiu-se, de 1946 a 1950, num período de auto-exílio em São Borja, de onde o ex-ditador voltaria à Presidência da República em 1951, dessa vez eleito pelo voto popular. Getúlio Dornelles Vargas suicidou-se em 1954, no Palácio do Catete, com um tiro no coração, pondo fim à vida e ao seu segundo governo. Foi parte do seu discurso: “[...] Ninguém ignora os persistentes esforços por mim empregados, desde o início da campanha da sucessão presidencial da República, no sentido de que o prélio eleitoral se mantivesse rigorosamente no terreno da ordem e da lei. Jamais acenei para a Revolução, nem sequer proferi uma palavra de ameaça. Sempre que as contingências da luta me forçaram a falar ao público, apelei para os sentimentos de cordialidade e para as inspirações do patriotismo, a fim de que a crescente exaltação dos espíritos não desencadeasse a desordem material. [...] Estamos ante uma contra-revolução para readquirir a liberdade, para restaurar a pureza do regime republicano, para a reconstrução nacional. [...]”.



Getúlio Vargas

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Do palácio para o estacionamento

A retirada do conjunto de estátuas do Palácio da Cultura está causando revolta na classe cultural. O conjunto de estátuas em homenagem à Abolição foi instalado em 2003, por sugestão do poeta Antonio Roberto Fernandes, em frente ao Palácio da Cultura, que também é próximo ao Pantheon dos Heróis Campistas, onde estão os restos mortais de José do Patrocínio. A prefeitura informa que elas irão para a Praça do Canhão, na Avenida Alberto Torres, que está sendo reformada. Até agora, ninguém explicou direito o porquê da mudança, que fato histórico poderia justificá-la. Enquanto a prefeitura não decide manter as estátuas no local de onde não deveria ter saído, elas aguardam no estacionamento do Museu Olavo Cardoso. Um descaso com a cultura!

Bandas campistas se apresentam no Rio de Janeiro

Recebemos o presente convite, para participação nesse importante evento, que mostra interesse em resgatar as grandes épocas das apresentações das Corporações Musicais do Brasil inteiro e, principalmente, das nossas Bandas:

PROGRAMAÇÃO:
Associação de Bandas de Música do Estado do Rio de Janeiro – ASBAM-RJ
Av. Amaral Peixoto nº 300 – sala 802 – Niterói-RJ. Às Bandas de Música do Estado do Rio de Janeiro – Prezados(as) Presidentes(as), Diretores(as), Maestros(inas) e Músicos de Banda
A Associação de Bandas de Música do Estado do Rio de Janeiro tem a satisfação de convidar V. Sª para a IV MARATONA DE BANDAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, uma realização da Sala Cecília Meireles/FUNARJ da Secretaria de Estado de Cultura, patrocínio da Petrobras e o apoio da ASBAM-RJ, nos dias 29 e 30 de novembro de 2008.


O evento este ano objetiva apresentar ao público do Rio de Janeiro as bandas centenárias e seu importante trabalho de tradição e preservação cultural, desenvolvido nos municípios fluminenses e por terem sido agraciadas com o merecido Título de Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro conforme Lei nº 5.215 de 02/04/2008, sancionada pelo Exmo. Sr. Governador.

A Maratona caracteriza-se por um formato dinâmico, com as bandas sucedendo-se a cada hora e dirigindo-se pelo interior da Sala Cecília Meireles, tocando um dobrado de autor brasileiro, indo até o palco para sua apresentação, no Largo da Lapa, 47 – Centro – RJ, com entrada franca.

Dia 29 de novembro – sábado:
14h - Sociedade Musical Lyra de Arion (Stº A. Pádua); 15h – Sociedade Musical Deozílio Pinto (Pedra de Guaratiba – Rio); 16h – Banda do Ginásio Musical Recreativo 24 de Fevereiro (Stª Cruz – Rio); 17h – Sociedade Musical Operários Campistas (Campos dos Goytacazes – RJ); 18h – Banda de Música do Colégio Salesiano Santa Rosa (Niterói – RJ); 19h – Banda Sinfônica da Sociedade Musical Beneficente Euterpe Friburguense (Nova Friburgo); 20h – Sociedade Musical Euterpe Sebastianense (São Sebastião – Campos dos Goytacazes-RJ).

Dia 30 de novembro – domingo:
14h – Sociedade Musical Sete de Setembro (Miracema); 15h – Sociedade Euterpe Comercial (Barra do Piraí); 16h – Centro Musical e Cultural União dos Operários (São João da Barra); 17h – Sociedade Musical União dos Artistas (Barra do Piraí); 18h – Sociedade Musical Nova Aurora (Macaé); 19h – Sociedade Musical Beneficente Lyra dos Conspiradores (Macaé); 20h – Clube Musical Euterpe (Petrópolis).
Durante a apresentação de domingo, dia 30 de novembro, haverá a Cerimônia de Entrega do Título pelo Exmº Sr. Governador Sérgio Cabral e pela Exmª Srª Secretária de Estado de Cultura, Adriana S. Rattes, aos representantes das 21 bandas centenárias.
NÃO DÁ PRA PERDER ESSA OPORTUNIDADE!

domingo, 23 de novembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

JOSÉ ISAÍAS DE NORONHA:
(Terceiro membro da Junta Governativa Provisória)
Nasceu no dia 06 de junho de 1873, no Rio de Janeiro, então Município Neutro. Filho de Manuel Muniz de Noronha e Zulmira Augusta Aguiar Noronha. Filho de um oficial do Exército que, na data de seu nascimento, era comandante do Forte São João, na Urca, bairro do Rio de Janeiro, Isaías cresceu em ambiente militar, vendo o pai sempre fardado e dando ordens aos homens que com ele serviam. Apesar do ambiente militar e dos soldadinhos de chumbo que sempre ganhava, o que o futuro almirante gostava mesmo era dos passeios marítimos. Dessa sua paixão, passou à regata. Aos 14 anos, convenceu o pai a lhe dar autorização para que ingressasse no curso preparatório da Marinha. Em março de 1887, matriculou-se no curso preparatório para a Escola Naval. Depois da preparação em sala de aula, teve sua primeira atividade no mar a bordo da corveta ‘Niterói’. Os enjôos dos primeiros dias quase o fizeram desistir da carreira, mas persistiu e descobriu que realmente adorava a vida de marinheiro. Há poucos detalhes sobre a educação de Isaías de Noronha, que se deu em período conturbado da vida brasileira. Em dezembro de 1889, mês seguinte à instauração da República no país, passou a aspirante de primeira classe. Em 1892, com 19 anos chegou a guarda-marinha. Nesse tempo, ainda no terceiro ano do curso superior, fez uma visita ao almirante Tamandaré. Em julho de 1894, passou a fazer parte da tripulação do cruzador ‘Andrada’ e, em novembro do mesmo ano, foi promovido a segundo-tenente. Em janeiro de 1895, transferiu-se para o brigue ‘Recife’, no qual serviu por dois anos. Em dezembro de 1896, foi promovido a primeiro-tenente e, em janeiro do ano seguinte, incorporado à tripulação do cruzador ‘15 de Novembro’. No mesmo ano, em dezembro, tornou-se ajudante da Diretoria de Hidrografia, na Repartição da Carta Marítima. Em março de 1898, recebeu o comando do ‘Lamego’, do qual se transferiu em junho para o ‘Trindade’ (duas embarcações da Marinha para transporte de pessoas). Isaías de Noronha casou-se em 1899, aos 26 anos, com Neréa Antonieta de Noronha, prima de sua mãe. O casal teve oito filhos: Armando, Fábio, Raul, Oswaldo, Roberto, Olga, Lucíola e Isaura. De janeiro de 1899 e novembro de 1902, Isaías de Noronha foi ajudante-de-ordens dos comandantes da 3ª e depois da 1ª Divisão Naval. Foi promovido a capitão-tenente em janeiro de 1906. Foi designado para servir no encouraçado ‘Riachuelo’ como instrutor de artilharia. De outubro de 1907 a abril de 1909, atuou na Inspetoria de Portos e Costas. Em maio de 1909, já como capitão-de-corveta, foi designado como imediato para o navio-escola ‘Benjamin Constant’. Mais uma transferência no ano seguinte, em março, dessa vez para o cruzador ‘Tamandaré’, no qual serviu como imediato até julho, quando se tornou comandante interino do contratorpedeiro ‘Piauí’. No final de 1910, Isaías de Noronha deixou o comando do ‘Piauí’, sendo nomeado chefe da Diretoria de Faróis da Superintendência de Navegação, na qual ficou de janeiro a outubro de 1911, quando foi designado para o comando do contratorpedeiro ‘Sergipe’. Entre 1912 e 1913, incorporou-se à terceira seção do Estado-Maior da Armada (seção que cuidava das operações), passando a trabalhar na Defesa Móvel do Rio de Janeiro. Promovido a capitão-de-fragata, assumiu o comando do cruzador ‘República’, nele permanecendo até 1915, quando passou a chefiar a segunda seção do EMA. Em 1916, voltou a comandar uma embarcação, o vapor ‘Carlos Gomes’, até julho, quando assumiu a chefia da terceira seção, na qual já trabalhara anteriormente. Pouco tempo depois, passou a comandante do cruzador ‘Barroso’, voltando em 1917 à chefia da segunda seção do EMA. No início de 1922, completou o curso da Escola de Guerra Naval, instituição para a qual foi nomeado vice-diretor em fevereiro, exercendo as funções até dezembro, quando passou a dirigir o Depósito Naval do Rio de Janeiro. Em 1923, foi promovido a contra-almirante, sendo nomeado diretor da Escola Naval, ali permanecendo até 1927, ocasião em que se tornou comandante-em-chefe da esquadra, cargo do qual foi exonerado em 1928. Logo depois, como candidato de oposição, foi eleito presidente do Clube Naval. Isaías de Noronha jamais concorreu a uma eleição político-partidária. Mas teve grande participação na vida nacional, seja pela extensa e vitoriosa carreira militar, seja pelos acontecimentos de outubro de 1930. Com o apoio de seus companheiros da Armada, Isaías de Noronha integrou a Junta Governativa Provisória em 24 de outubro, passando a acumular também o cargo de ministro da Marinha. No dia seguinte, a Junta enviava um comunicado ao Supremo Tribunal Federal sobre sua instalação. Em 03 de novembro de 1930, Getúlio Vargas tomou posse como Presidente, formando o Governo Provisório. Instalado Getúlio Vargas no poder, Isaías de Noronha foi mantido no Ministério da Marinha. Juntamente com outros membros do governo, enviou telegrama a Olegário Maciel, governador mineiro, sugerindo a formação da Legião de Outubro, visando aprofundar as medidas “revolucionárias”. Como ministro, opôs-se à reforma de vários oficiais da Marinha, conforme desejava o presidente da República, especialmente para abrir novas vagas. O ministro argumentou que, na Marinha, não houvera problemas disciplinares como os ocorridos no Exército, não existindo base legal para implementar tais aposentadorias. Além disso, a reforma atingiria de imediato o almirante Matos, que ele acabara de nomear como chefe do Estado-Maior da Armada. Ante a insistência do Presidente, José Isaías de Noronha pediu exoneração do cargo. Em janeiro de 1931, foi promovido a vice-almirante. Em junho do mesmo ano, voltou a ser eleito presidente do Clube Naval. Apesar de ter renunciado ao cargo em 1932, alegando que se transferia para a reserva, foi sucessivamente reeleito até 1937, ano em que Getúlio Vargas instaurou o regime ditatorial do Estado Novo. Passou para a reserva em 06 de julho de 1941. José Isaías de Noronha morreu no Rio de Janeiro aos 90 anos de idade, em 29 de janeiro de 1963. Foi o comentário de Amaral Peixoto, político e ex-aluno da Escola Naval: “O almirante Isaías de Noronha, um exemplo para todos nós. Impecável em seus uniformes, sereno, enérgico, sem jamais alterar a voz, ele se interessava por tudo, acompanhando a formação cultural e militar do futuro oficial. Da janela de seu gabinete, olhando o pátio da escola, assistindo às formaturas ou à chegada dos professores e dos aspirantes, ele controlava tudo, sempre com uma postura militar imperturbável”.

Isaías de Noronha

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

sábado, 22 de novembro de 2008

Solenidade no CEJOPA

Realizou-se na Escola Estadual José do Patrocínio no dia 14/11/2008, um Café Literário que acontece anualmente. O tema escolhido esse ano foi o centenário de falecimento do poeta e escritor Machado de Assis.
Nesse dia foi lançado e distribuído o Jornal CEJOPA, feito pelos alunos e sob a direção da professora Denisa. Houve ainda a exposição de um Mural com o seguinte tema: “Cem anos sem Machado de Assis - uma presença perene”.
A programação do evento foi à seguinte:
Local: Auditório CEJOPA
Hora: Manhã
10h00 –
Solenidade de abertura

10h10 -
Machado de Assis -
História do contador de histórias.

10h20 –
Baú de Memórias - 2° e 3° Ano Ens. Médio

10h40 -
Mulheres em Machado de Assis - 3° Ano Ens. Médio

11h00-
Sarau

11h15 -
Coletânea de vídeos

11h25 -
Momento poético

11h40 -
Machadiando... – 1006 Ens. Médio


Hora: Tarde
15h00 -
Solenidade de abertura

15h10 -
Machado de Assis -
História do contador de histórias.

15h30 -
Machadiando... – 1006 Ens. Médio

16h00 -
Coletânea de vídeos

Hora: Noite
19h00 –
Solenidade de abertura

19h15 -
Machadiando... – 1006 Ens. Médio

19h30 -
Machado de Assis -
História do contador de histórias.

19h45 -
Baú de Memórias - 2° e 3° Ano Ens. Médio

20h00 -
Mulheres em Machado de Assis - 3° Ano Ens. Médio

20h15 -
Sarau

20h30 -
Coletânea de vídeos

20h45 -
Momento poético

21h00 -
Jogral
E mais...

O Instituto Historiar parabeniza a esse belíssimo evento cultural, em especial, aos professores participantes: - Robson de Souza; Mirian Serpa; Ana Teresa Caldas; Josinete Ribeiro; Maria Auxiliadora; Admilson Serpa; Marilda Barros; Denisa Abreu; Karla Barreto; Francisca Jabor; Claudia Lilia; Eliana Uhl; Maria Lúcia de Souza. Aos professores colaboradores: Judy Tinoco e Lúcia Estefan. A direção da Escola Estadual José do Patrocínio. Diretoras: Flavia Daniele R. Lima; Alexsandra Pitote da Silva; Rosália Gesualdi Alves Ferreira e Luciana Carla Sales. Aos alunos e funcionários.
Veja abaixo algumas imagens do evento.

Postagem: Leandro Cordeiro (membro do Historiar)

O Instituto Historiar é formado por: Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

"Café Literário" com gosto amargo

Campos dos Goytacazes perdeu um grande poeta, incentivador da cultura e da História local.
Faleceu às 21:35 horas na Clínica Prontocardio o poeta Antônio Roberto Fernandes, 63 anos de idade, que a quase um mês, estava internado na UTI por ter sofrido uma diverticulite.
Seu corpo está sendo velado no Palácio da Cultura e seu enterro está marcado para hoje (21/11/2008) às 16 horas no Cemitério Campo da Paz.
Antônio Roberto, nascido na Cidade de São Fidélis, sempre se dedicou à cultura, atuava ultimamente como Diretor do Departamento de Literatura da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Foi o idealizador do Café Literário que acontece todas às quintas-feiras no Palácio da Cultura. No último dia 13, recebeu uma homenagem no Café Literário.
Era formado em Medicina. Foi membro da Academia Campista de Letras (ACL) e da Academia Pedralva Letras e Artes. Publicou os livros “Os pratos da vovó”, “Substantivo Abstrato” e “Poesia, doce poesia”. Dirigiu alguns curtas-metragens dentre eles: “Barro Branco” em que também atuou e “Passageiro Alegria”.
O Instituto Historiar deseja que o grande mestre Antônio Roberto, descanse em paz ao lado do nosso Senhor Jesus Cristo!

Antônio Roberto

Texto: Leandro Cordeiro (membro do Historiar)

Postagem: Instituto Historiar: Leandro Cordeiro, Hélvio Cordeiro e Enockes Cavalar.

Foto: Wellington Cordeiro/Monitor Campista. (colaboradores).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Dia da Consciência Negra

Zumbi dos Palmares
O Quilombo dos Palmares(localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.
Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.
Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
Em 14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei: "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares."
Zumbi é hoje, para determinados segmentos da população brasileira, um símbolo de resistência. Em 1995, a data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra. É também um dos nomes mais importantes da Capoeira.

Zumbi dos Palmares

Zumbi

Instituto Historiar (Leandro Cordeiro, Hélvio Cordeiro e Enockes Cavalar).

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Poeta Antônio Roberto

O Instituto Historiar, unido a tristeza e sofrimento da família do poeta Antônio Roberto Fernandes, vem solicitar muitas preces e uma torcida muito grande para que possamos vê-lo restabelecido, com as preces de todos nós ao Todo Poderoso.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

"Patrocínio" foi ao chão

A pergunta que não quer calar: para onde estão sendo levadas as esculturas em homenagem à Abolição da Escravatura que ficavam em frente ao Palácio da Cultura, minha gente? A cena escultórica, criação do talentoso artista paraibano Joás Pereira dos Passos (o mesmo que esculpiu, entre outras obras, o Noel Rosa, em Vila Isabel) está sendo retirada hoje (terça-feira) da sede do Palácio da Cultura, local onde está desde o ano de 2003. O curioso é que ninguém se pronuncia sobre a retirada das estátuas. Ninguém sabe, ninguém viu.
Bem, em se tratando de uma cidade como Campos, que não dá a mínima para seu patrimônio e sua História, é preciso desconfiar de ações como essa. Qualquer movimento é suspeito. Com certeza a medida não agradaria nem um pouco ao poeta Antonio Roberto Fernandes, que se empenhou ao máximo para a instalação das estátuas no local. Aliás, o mesmo poeta que por várias vezes pediu, sem sucesso, que retirassem um simples acento agudo da palavra Caju, em uma placa no interior do maior cemitério de Campos. Pois é, tiraram até as estátuas do lugar, mas o acento está lá até hoje.
Até agora, o que se tem são especulações. Dizem que as esculturas vão para a chamada “Praça do Canhão”. Outros apostam que as estátuas terão fim parecido com o índio retirado da entrada da cidade. Que as autoridades se pronunciem o quanto antes, afinal, é um direito do povo de Campos saber o que será feito com elas. Uma coisa é certa: estamos atentos e à espera de respostas... convincentes, se possível.

Foto: Juarez Fernandes (colaborador)
Texto: Colaboração para o Instituto Historiar.

Catedral Diocesana de Campos

A Catedral Diocesana de Campos, localizada numa das partes mais elevadas da região central da Cidade. Um conjunto arquitetônico imponente, que fica de frente para o Rio Paraíba do Sul. Em 1677, onde ficava a primeira igreja rústica com paredes de entulho e teto de palha, passou a ser a 1ª Igreja da Matriz quando da fundação da Villa de São Salvador de Campos. (hoje Igreja de São Francisco, na Rua 13 de Maio, onde tem o marco de fundação da Cidade). A segunda Igreja da Matriz, foi erguida no local em que veio a ser construída a Catedral, ao lado da antiga capela do Senhor dos Passos e do velho cemitério. Em 1924, a antiga Matriz foi elevada à categoria de Catedral Diocesana, tendo como 1º cura, o padre Dr. Antônio Carmelo, que foi substituído pelo padre Magaldi e o monsenhor João de Barros Uchoa. Sob o comando de padre Uchoa, a Catedral recebeu uma grande reforma e transformação arquitetônica, até que em 1970, foi transformada em Basílica Menor do Santíssimo Salvador (sendo que a Catedral foi construída sobre a antiga Igreja da Matriz, aproveitando a estrutura das torres e do prédio), no episcopado do Papa Paulo VI. Na ocasião era o bispo da Diocese de Campos Don Antônio de Castro Mayer. Construção em estilo neoclássico, tendo na fachada principal um vão coberto e sustentado por quatro colunas. Por este vão, chega-se a três portas que fazem o acesso principal da igreja, sendo estas em folha dupla de madeira, verga reta, bandeira fixa de madeira, onde no alinhamento destas estão três janelas em verga reta e em folha de madeira.

Igreja da Matriz
Igreja da Matriz
Construção da Catedral
Construção da Catedral
Catedral Diocesana de Campos

Pesquisa: Hélvio G. Cordeiro (membro do Instituto Historiar)
Fotos: Acervo do Instituto Historiar
Postagem: Leandro Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Acessos ao Blog do Instituto Historiar

O Blog do Instituto Historiar, tem obtido uma boa aceitação, no Brasil e no Mundo.
Só no Brasil, foram 1.817 acessos. A níveis internacionais, obtivemos 27 acessos sendo os respectivos países: Estados Unidos; Alemanha; Japão; Holanda; Itália; França; Angola; Bolivia e México.
Desde a primeira postagem no dia 26/06/2008 até o dia 16/11/2008 tivemos 1.844 acessos.
O Instituto Historiar agradece as visitações em nossa página, e tem procurado postar um material histórico e cultural de qualidade.

domingo, 16 de novembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

JOÃO DE DEUS MENNA BARRETO
(segundo membro da Junta Governativa Provisória)

Nasceu no dia 30 de junho de 1874, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho de José Luiz Menna Barreto e de Rita de Cássia Menna Barreto. Único homem, dos quatro filhos de José Luiz, Menna Barreto já nasceu com expectativa da família para seguir a carreira militar. Aos cinco anos, perdeu o pai, e aos 16 assentou praça voluntária no 30º Batalhão de Infantaria, para ingresso na Escola Militar do Rio Grande do Sul. Em 1893, Menna Barreto saiu da Escola Militar e ingressou diretamente no 4º Batalhão de Infantaria. Em agosto, foi comissionado no posto de alferes. No mês seguinte, apresentou-se no comando da Divisão do Norte, para ser nomeado assistente do ajudante de ordens do general Francisco Rodrigues de Lima. Em março de 1898, pouco antes de completar 24 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro para ingressar na Escola Militar, na Praia Vermelha. Menna Barreto foi aprovado em quase todas as disciplinas, com exceção de química e metalurgia, o que o impediu de cursar Engenharia Militar e o bacharelado em Ciências Físicas e Matemáticas. Com o curso geral que fez, ele pôde ingressar na Infantaria, na qual foi promovido ao posto de tenente em 1900. Em seguida, foi designado para servir como comandante de companhia do 32º Batalhão de Infantaria, na cidade de São Gabriel, no Rio Grande do Sul. Casou-se em 08 de dezembro de 1900, no Rio de Janeiro, capital federal, com Ernestina Estela de Noronha, e tiveram três filhos: Waldemar, João de Deus e Paulo Emílio. Em 1904, participou das forças enviadas ao Vale do Amazonas, na chamada “Questão do Acre”, que havia sido anexada ao Brasil. Em 1910, foi promovido a major e, dias depois, seria nomeado adjunto do gabinete do Ministro da Guerra. Em 1915, Menna Barreto foi promovido ao posto de tenente-coronel, e foi designado para comandar o 4º Regimento de Infantaria, em Curitiba, no Paraná. Sendo promovido a coronel, em 1918, foi designado para comandar o 3º Regimento de Infantaria no Rio de Janeiro, onde permaneceu por três anos. Em 1921, Menna Barreto foi promovido a general de brigada, e, logo após, era nomeado inspetor de infantaria da 1ª e da 2ª Região Militar, respectivamente, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Chegou ao posto de comandante da 2ª Brigada de Infantaria em 1922 e, poucos meses depois, ao posto de general. Em 1924, assumiu o comando do Destacamento Norte, formado de tropas do Exército e da Marinha, e, por ações de tropas sob seu comando, Menna Barreto recebeu o título de “Pacificador da Amazônia”. Neste mesmo ano, foi promovido por decreto a general de divisão, e, logo depois era nomeado comandante da 1ª Região Militar e da 1ª Divisão de Infantaria, no Distrito Federal. Em 1926 e 1927 foi eleito para a presidência do Clube Militar. Em 1927, foi nomeado inspetor do 1º Grupo de Regiões Militares, e passou a inspecionar regimentos e batalhões do Exército, até se envolver na organização do golpe que derrubou o presidente Washington Luís, em 1930. Não houve eleições, tendo o general Menna Barreto chegado à Presidência da República como membro da Junta Governativa Provisória que depôs o presidente em um golpe de estado. Ficando na Presidência da República por pouco tempo (período suficiente para preparar a posse de Getúlio Vargas), Menna Barreto foi convidado por Oswaldo Aranha para ocupar o Ministério da Guerra do Governo Provisório de Getúlio Vargas. Não aceitou, considerando-se impedido por ter feito parte da Junta Governativa. Sugeriu no mesmo momento que fossem mantidos nas pastas militares os mesmos generais interinos que estavam atuando. Em 1931, foi nomeado interventor no Estado do Rio de Janeiro, com sede no Palácio do Ingá, em Niterói. Preocupado com o bem público, pagava do próprio bolso as contas de luz, gás e demais despesas do palácio, sem nunca ter cobrado restituição do governo. Permaneceu como interventor até novembro de 1931, sendo nomeado ministro do Supremo Tribunal Militar. João de Deus Menna Barreto morreu no dia 25 de março de 1933, pouco antes de completar 60 anos de idade, em sua residência à Rua São Francisco Xavier nº 929, no Rio de Janeiro, e a causa de sua morte não foi divulgada, sendo comentado que teria sido de câncer de fígado, porém esse fato nunca foi confirmado. Foi parte de seu discurso: “Exmo. Sr. Presidente da República – A nação em armas, de norte a sul, irmãos contra irmãos, pais contra filhos, já retalhada, ensangüentada, anseia por um sinal que faça cessar a luta inglória, que faça voltar a Paz aos espíritos, que derive para uma benéfica reconstrução urgente às energias desencadeadas para a destruição. As forças armadas, permanentes, têm sido manejadas como argumento único para resolver o problema político e só têm conseguido causar feridas, luto e ruínas. O descontentamento nacional sempre subsiste e cresce, porque o vencido não pode convencer-se de que quem teve mais força tinha mais razão, o mesmo resultado reproduzir-se-á como desfecho da guerra civil, a mais vultosa que já se viu no país. A salvação pública, a integridade da nação, o decoro do Brasil e até mesmo a glória de V. Exa. instam, urgem e imperiosamente comandam a V. Exa. que entregue os destinos do Brasil no atual momento aos cuidados dos seus generais de Terra e Mar. Tem V. Exa. o prazo de meia hora, a contar do recebimento desta, para comunicar ao portador a sua resolução e, sendo favorável, como toda Nação livre o deseja, deixará o poder com todas as honras e garantias”.



Menna Barreto

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

sábado, 15 de novembro de 2008

Largo João Renne

O Largo João Renne como ficou conhecido, confluência da Avenida Sete de Setembro, Rua Santos Dumont e Boulevard Francisco de Paula Carneiro, antigo logradouro do chamado “centro da cidade”. Um dos primeiro prédios centrais de Campos dos Goytacazes, onde funcionava uma relojoaria pertencente ao Sr. João Renne, nome também usado para identificar o estabelecimento. Privilegiado por sua excelente localização, era facilmente notado por quem passava de bonde, que na ocasião ainda era puxado à tração animal (burro), ou por quem passava pela calçada, se encantando com as jóias expostas na vitrine. Conta o pesquisador Hélvio Cordeiro, que jóias eram fabricadas pelos artesãos que trabalhavam no estabelecimento, onde atendiam também sob encomendas (segundo pesquisa no Jornal Monitor Campista). O comércio de Campos era muito intenso visto que neste período tinha em grande atividade, as fazendas, as indústrias açucareiras, a Fábrica de Tecido, o tráfego portuário no Rio Paraíba, que movimentava a economia das regiões vizinhas, as fundições e pequenas fábricas. Hélvio conta também que, em uma de suas pesquisas, achou um interessante fato, dizendo que a Câmara Municipal fez uma encomenda de algumas medalhas de ‘Honra ao Mérito’ para serem confeccionadas no estabelecimento, onde ficaram expostas durante algum tempo.
Segundo a história, na época da escravidão, os escravos eram acorrentados ao tronco de pedra (pelourinho) e eram açoitados até a morte. O Pelourinho existente, construído pela prefeitura, registra como era cruel o sofrimento dos escravos. Anos depois, foi construído um prédio com três andares que funciona até os dias de hoje para fins comerciais. Comprado pelo deputado estadual Simão Mansur, hoje administrado pelos herdeiros.
Imponente, a construção que testemunhou algumas das principais transformações da cidade de Campos, parece ter saído vitoriosa de duros embates com o tempo, apesar da necessidade de restauração. Suas janelas um dia se abriram para acontecimentos que mudariam para sempre os destinos da cidade, como a inauguração da luz elétrica. Suas paredes emolduram um passado distante e até hoje servem de referência para várias gerações de campistas.

Joalheria Renne

Largo João Renne

Texto: Enockes Cavalar (membro do Instituto Historiar)
Fotos: Acervo fotográfico do Instituto Historiar.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Centenário de Machado de Assis

JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS: Nasceu em 21 de junho de 1839 e morreu em 29 de setembro de 1908. Escritor fluminense, considerado o maior nome da literatura brasileira do século XIX. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em família pobre. Passou a infância no Morro do Livramento e, órfão de mãe, é criado pela madrasta. Freqüentou o curso primário em escola pública e aprendeu Francês e Latim com um padre amigo da família. Trabalhava como aprendiz de tipógrafo, revisor e funcionário público. Aos 16 anos publica o primeiro poema, “Ela”, na revista ‘Marmota Fluminense’. A partir de 1858 colabora em órgãos de imprensa. É um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1896, e, no ano seguinte torna-se seu primeiro presidente. Sua obra de romancista costuma ser dividida em duas fases. A primeira é marcada pela presença de características românticas na apresentação dos personagens. Desse período são: “Ressurreição” (1872), seu livro de estréia, “A Mão e a Luva” (1874), “Helena” (1876) e “Iaiá Garcia” (1878). À segunda fase pertencem: “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881), “Quincas Borba” (1892), “Dom Casmurro” (1900) e “Memorial de Aires” (1908). Nessas obras transparece o interesse pela análise psicológica dos personagens, uma característica do movimento ‘realista’ (era um movimento influenciado pelo cientificismo, e buscava a descrição objetiva da realidade. Caracterizava-se por uma abordagem racional e pelo interesse por temas sociais). Entre seus contos se destacam “Missa do Galo”, “O Espelho” e “O Alienista”. Escreveu ainda poemas, crônicas, peças de teatro, críticas teatrais e literárias. Morreu de câncer em sua cidade natal, o Rio de Janeiro.
CAROLINA
(Soneto de 1906, feito depois da morte de sua mulher)
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que a despeito de toda a humana lida,
Fez nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.

Trago-te flores – restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

DOM CASMURRO
(Trecho do romance de 1900)
“Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sacha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou as carícias para amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a tinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã”.

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
(Trecho do romance de 1881)
“Que me conste, ainda ninguém relatou o seu próprio delírio, faço-o eu, e a ciência me agradecerá. Se o leitor não é dado à contemplação destes fenômenos mentais, pode saltar o capítulo; vá direto à narração. Mas por menos curioso que seja, sempre lhe digo que é interessante saber o que se passou em minha cabeça durante uns vinte a trinta minutos.
Primeiramente, tomei a figura de um barbeiro chinês, bojudo, destro, escanhoando um mandarim, que me pagava o trabalho com beliscões: caprichos de mandarim.
Logo depois, senti-me transformado na (Suma Teológica) de S. Tomás, impressa num volume, e encadernada em marroquim, com fechos de prata e estampas; idéia esta que me deu ao corpo a mais completa imobilidade; e ainda agora me lembra que, sendo as minhas mãos os fechos do livro, e cruzando-as sobre o ventre, alguém as descruzava (Virgília decerto), porque a atitude lhe dava a imagem de um defunto.
Ultimamente, restituído à forma humana, vi chegar um hipopótamo, que me arrebatou. Deixei-me ir, calado, não sei se por medo ou confiança; mas, dentro em pouco, a carreira de tal modo se tornou vertiginosa, que me atrevi a interrogá-lo, e com alguma arte lhe disse que a viagem me parecia sem destino.
- Engana-se, replicou o animal, nós vamos à origem dos séculos.
Insinuei que deveria ser muitíssimo longe; mas o hipopótamo não me entendeu ou não me ouviu, se é que não fingiu uma dessas coisas; e, perguntando-lhe, visto que ele falava, se era descendente do cavalo de Aquiles ou da asna de Balaão, retorquiu-me com um gesto peculiar a estes dois quadrúpedes: abanou as orelhas. Pela minha parte fechei os olhos e deixei-me ir à aventura”.

Machado de Assis



Postagem: Instituto Historiar (Leandro Cordeiro, Hélvio Cordeiro e Enockes Cavalar).

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Palestra do Instituto Historiar no ISEPAM

No dia 04/11/2008 o Instituto Historiar realizou a sua última palestra desse ano de 2008 (retornará suas atividades no próximo ano). A palestra foi dada ao curso de Pedagogia do Colégio Instituto Superior de Ensino Professor Aldo Muylaert (ISEPAM). Veja abaixo algumas imagens dessa palestra.


Hélvio Cordeiro e Enockes Cavalar(Historiar)

Alunos do curso de Pedagogia ISEPAM

Doação de Material didático para o ISEPAM

Instituto Historiar

Fotos: Leandro Cordeiro (Instituto Historiar) e Valdemiro Branco (colaborador).

O Instituto Historiar é formado por: Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

JUNTA GOVERNATIVA PROVISÓRIA
De 24 de outubro de 1930 a 03 de novembro de 1930 (composta por: Augusto Tasso Fragoso, João de Deus Menna Barreto, José Isaías de Noronha).
Chefe da Junta Provisória de 1930:

AUGUSTO TASSO FRAGOSO
Nasceu no dia 28 de agosto de 1869 em São Luís, Maranhão. Filho de Joaquim Coelho Fragoso e Maria Custódio de Souza Fragoso. Tasso Fragoso iniciou seus estudos primários no Colégio do Pires, assim conhecido pelo seu diretor, o Pires, ex-sargento de polícia que se tornou professor depois de reformado, terminando seu curso primário no Colégio São Paulo. A seguir, fez todo o curso ginasial no Liceu Maranhense, concluindo-o em 1883, aos 14 anos de idade. Em 18 de março de 1885, uma portaria concedeu licença a diversos jovens para estudarem na Escola Militar da Corte, foi então que o cunhado e grande amigo do pai de Tasso Fragoso, o colocou entre esses alunos. Para alcançar o intento, foi necessário “aumentar” sua idade em dois anos. É por isso que em sua Fé de Ofício aparece que Tasso Fragoso nasceu em 1867, e não em 1869. Tal fato era comum na época, já que havia pouco ou nenhuma preocupação em relação aos critérios de seleção. Era exigido apenas que os candidatos fossem praça do Exército, tivessem a idade mínima de 16 anos e máxima de 25, soubesse ler e escrever corretamente o português, conhecessem as quatro operações aritméticas e apresentassem robustez suficiente para o serviço militar – o que era avaliado em exame médico. Os candidatos deveriam, também, apresentar provas de terem sido vacinados e revacinados nos prazos que a lei determinava. O empenho nos estudos para conseguir a aprovação plena justificava-se: os que não a conseguiam eram despachados para a tropa, como sargentos, aguardando a promoção. Obter os galões com suas respectivas estrelas, juntamente com a banda vermelha, era a coroação de seus esforços. Assim, foi com orgulho que o jovem Tasso Fragoso exibiu, em janeiro de 1889, o supremo galardão de alferes-aluno. A partir de abril desse mesmo ano, passou a freqüentar os cursos Estado-Maior e de Engenharia da Escola Superior de Guerra, bacharelando-se em Matemática e Ciências Físicas e Exatas. Inclinado para as letras desde cedo, Tasso Fragoso figurou como colaborador em diversas revistas acadêmicas, entre elas a “Revista da Família Acadêmica” em 1886. Seus primeiros escritos mostram uma alma romântica dos jovens da época. Escreveu: “Os travesseiros” (1887), “O presente de Arabela” (1888), “Na província” (1888), “Uma visita à fábrica de ferro de Ipanema” (1889). Em janeiro de 1890, deixando a Escola, Fragoso foi promovido a tenente aos 21 anos de idade. Em 1890 foi eleito deputado pelo Maranhão à Assembléia Constituinte, renunciando ao cargo no ano seguinte. Iniciando um estágio no Observatório de Astronomia do Rio de Janeiro em fevereiro de 1981, interrompendo-o no mês seguinte para viajar com a Comissão Estratégica do Paraná. Assumiu a Prefeitura do Distrito Federal e, em seguida, chefiou o Departamento de Obras e Viação Geral da capital federal. Em 1885 serviu na Diretoria de Obras Militares, e logo depois, passou a ocupar o lugar de secretário da Comissão de Fortificação e Defesa do Litoral do Brasil. Em outubro de 1885, casou-se com sua prima Josefa Graça Aranha e tiveram seis filhos: Evangelina, Murilo, Beatriz, Heloísa, Marina e Maria da Glória. Foi encarregado dos trabalhos de defesa da costa sul da cidade do Rio de janeiro e o responsável pela reforma do Forte do Vigia, que depois passou a se chamar Forte do Leme. Em 1889 passou a integrar a 1ª seção do Estado-Maior do Exército. Em 1900 serviu na Comissão de Limites com a Bolívia, ficando à disposição do Ministério das Relações Exteriores. As seqüelas do ferimento na perna fez Tasso Fragoso retornar ao Rio antes do término dos trabalhos, em agosto de 1901. Em 1914 foi elevado à patente de coronel. Em 1918 foi promovido a general de brigada. Em 23 de outubro de 1930, foi persuadido pelo general Menna Barreto a chefiar o golpe que derrubaria, no dia seguinte, o presidente Washington Luís. Foi indicado o general Tasso Fragoso para dar solução rápida ao movimento contra o presidente, que desde 03 de outubro fazia vítimas e tendia a virar uma guerra civil. Tendo a promessa de apoio, através de Isaías de Noronha, da Marinha, os três chegaram à Presidência da República como membros da Junta Governativa que depôs o presidente Washington Luís. A Junta Governativa ocupou a Presidência da República por pouco tempo (mais de uma semana), período curto, porém marcante pelos ajustes políticos decorrentes da deposição do presidente, e pelo encaminhamento da posse de Getúlio Vargas. A década de 30 iniciou-se politicamente agitada no Brasil em decorrência do processo político, e da instabilidade econômica gerada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929. As eleições de 1930 haviam sido vencidas pelo candidato Júlio Prestes de Albuquerque. Alegando fraude no pleito, os correligionários dos candidatos derrotados da “Aliança Liberal” (Getúlio Vargas, candidato à Presidência, e João Pessoa, candidato a Vice), articularam um movimento para derrubar Washington Luís e impedir a posse de Júlio Prestes. Em 26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassinado. Grupos “aliancistas” iniciaram ataques aos principais jornais politicamente identificados com o governo. Foram queimados ou depredados “O Paiz”, “A Notícia”, “A Gazeta de Notícias”, “A Crítica”, “A Vanguarda” e “A Noite”. Todos tinham suas redações no centro do Rio de Janeiro. Os generais Tasso Fragoso e Menna Barreto se dirigiram para o Palácio Guanabara com outros oficiais. Dentro do palácio, Washington Luís teimava em não renunciar. Encontraram o presidente rodeado de seus ministros e, depois de perfilar, juntar os calcanhares e bater continência, o general Tasso Fragoso declarou: “Sr. Presidente, venho mais uma vez patentear a minha lealdade, assegurando-lhe a vida, comunicar-lhe que a Junta Governativa está formada e que ela pede a V. Exa. a sua renúncia, a fim de evitar mais derramamento de sangue”. Foi convidado o cardeal Leme para tentar convencê-lo e, no final da tarde o cardeal obteve sucesso sem a necessidade de aplicação de força. O cardeal acompanhou Washinton Luís ao Forte de Copacabana, onde o presidente deposto ficou detido, mas em segurança. No dia 25 de outubro, Tasso Fragoso, Menna Barreto e Isaías de Noronha telegrafaram a Getúlio Vargas solicitando com urgência a presença dele no Rio de Janeiro. A Junta Governativa deixava claro que o movimento armado só seria desmobilizado depois de uma definitiva solução política, que estaria condicionada à aceitação integral do “programa revolucionário”. Os membros da Junta decidiram o destino do presidente deposto, que seria o exílio com toda sua família. As nomeações tinham caráter interino, com o fito de manter em funcionamento os serviços públicos indispensáveis até a chegada de Vargas, futuro chefe do governo. No dia 03 de novembro, trajando farda, Getúlio Vargas recebeu das mãos da Junta Governativa, a título provisório, o governo do País. Depois da posse de Vargas, Tasso Fragoso ficou aguardando nova indicação, o que aconteceu em 1931, quando assumiu o comando do Estado-Maior do Exército. Em 1933, foi nomeado ministro do Superior Tribunal Militar, cargo que ocupou por cinco anos, onde se aposentou em 1938, aos 70 anos, conforme seus documentos militares. No dia 20 de setembro de 1945, os generais recebiam a notícia da morte de Augusto Tasso Fragoso. O Presidente Getúlio Vargas determinou que lhe fossem prestadas honras de chefe de estado, dada sua participação como membro da Junta Governativa Provisória de 1930. Foi parte de seu discurso: “Manifesto à Nação, em 27 de outubro de 1930 [...] Ao povo brasileiro. A Junta Governativa, depois de se haver posto em contato com todas as forças revolucionárias triunfantes, pode fazer agora a seguinte declaração: A vitória da revolução traz como conseqüência a dissolução do Congresso Nacional e a anistia, mas a Junta aguarda a chegada do Dr. Getúlio Vargas a esta capital a fim de serem expedidos os necessários atos. As nomeações até agora feitas são estritamente indispensável ao regular o funcionamento dos serviços públicos e têm, todas elas, em caráter interino. Foram expedidas pela Junta e pelas forças revolucionárias do sul e do norte as ordens definitivas para a cessão das hostilidades e completa pacificação do País. [...]”

Tasso Fragoso




Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.