Inaugurada em 12 de março de 1885, pelo progressista industrial Francisco Saturnino Braga, no pitoresco bairro da Lapa, a Companhia de Fiação e Tecelagem Campista, mais conhecida como A Campista, deu sustento a várias famílias, por várias gerações. Mantinha três turnos de trabalho, com verdadeiras multidões de operários, composta por homens e mulheres, além de crianças. Toda essa gente dava intenso movimento ao transpor os grandes portões, após marcarem o ponto logo após à entrada da fábrica.
Seguiam, então, com suas marmitas, em direção às respectivas seções, onde, sobre o grande ruído dos teares e a vigilância dos mestres, cumpriam o labor diário.
Por várias décadas A Campista empregou milhares de pessoas, livrando da ociosidade dezenas de menores que, com a oportunidade do trabalho abandonavam a malandragem das ruas. A adversidade, porém, rondava aquela colméia de trabalho, até que levou-a à paralisação em fins de 1956. Com algum sacrifício, voltou a ser ativada tempos depois, passando a ser dirigida por uma junta administrativa liderada por Delcides Ribeiro, passando a tecer, apenas, algodãozinho e a confeccionar sacos para as usinas de açúcar. Utilizava-se de reduzir o número de trabalhadores, pois não havia atividades para todos. A maioria, desiludida, ou procurou outros empregos ou passou necessidades por falta de qualquer tipo de labor remunerado.
Passando por grandes dificuldades financeiras, sem recursos para aquisição de matéria prima e com os salários atrasados dos funcionários, conseguiu sua direção um empréstimo do Banco do Estado do Rio de Janeiro, em abril de 1958, saldando débitos em atrasos de dois meses. O proletariado ciente da crise por que passava a fábrica abriu mão de um dos salários a receber, a fim de que fosse comprado algodão que garantisse a continuidade das atividades. Mesmo assim a Fábrica de Tecidos prosseguiu em condições precárias vindo a encerrar suas atividades em, definitivo, após 1964.
Por vários anos seus grandes portões de ferro permaneceram fechados, oferecendo triste quadro aos olhos dos que por ali passavam. Seus grandes galpões permaneciam de pé, semelhantes a gigantes adormecidos. Davam a impressão de que algum dia, despertariam daquele sono letárgico e tudo voltaria ao antigo movimento. Tudo ilusão! Nunca mais se ouviu o prolongado som do seu apito, chamando os operários para mais uma etapa de trabalho ou avisando-os da hora do retorno aos lares.
Em 1985 – ano em que a Fábrica de Tecidos completaria um século, as antigas edificações começaram a ser demolidas para dar lugar ao moderno colégio denominado Brizolão, apelido do CIEP, ou Centro Integrado de Educação Popular. O nome popular era resultado de ter sido a construção iniciativa do Governador Leonel de Moura Brizola. Logo ao lado, na mesma área da antiga fábrica, foi construída uma agência do BANERJ (Banco do Estado do Rio de Janeiro), atualmente encontra-se ali o Banco Itaú. Contudo, a velha torre da Companhia e Tecelagem Campista foi preservada, passando a figurar como um monumento histórico da economia regional, a lembrar que dalí saia fumaça da matéria prima transformada pelas caldeiras e que resultavam em belos tecidos.
Minha mãe e minhas tias trabalharam nessa fábrica entre os anos 40 e 50. Infelizmente, não temos nenhuma foto. Gostaria de saber se alguém tem fotos de funcionárias dessa época.
ResponderExcluirMinha avó tb trabalhou lá, também nessa Época.
ExcluirBoa tarde. Procuro informação sobre meu tio avô de nome Manuel Faustino de Magalhães (1902-1965), casado com Maria Luiza Elias (1910-1987) ambos residentes em Campos. Sei que foi um grande empresário muito conhecido em Campos, julgo que de indústria têxtil. Será que me poderiam ajudar? Haverá algum registo destes nomes convosco? Deixo meu e-mail agradecendo desde já qualquer informação. gracamaria.57@gmail.com. muito obrigada
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