quinta-feira, 1 de julho de 2010

MAX DE VASCONCELOS

Max de Vasconcelos nasceu em Campos dos Goytacazes no dia 25 de maio de 1891. Fez seus estudos iniciais em sua própria cidade. Tendo sua família se transferido da planície, foi estudar humanidades no Rio de Janeiro, pois era seu ideal uma carreira científica. Entretanto, depois de muito estudo e passar em todos os exames, preferiu entregar-se de corpo e alma à vida da imprensa. Militou em jornais da Velha Capital. Mais tarde freqüentou uma das Faculdades Livres do Rio de Janeiro e diplomou-se em Direito. O ambiente o fez boêmio. No dizer do crítico: “um boêmio da raça dos Heine, Gerard de Nerval e Baudelaire”. E como tantos outros campistas, revelou-se poeta. Eis a prova:

AGONIAS
“Cai o sol no delírio do Poente,
Em plena floração brota o Luar...
Das ruínas da igreja secular
bimbalha o bronze doloridamente...”

No Rio, Max de Vasconcelos chegou ao auge de sua carreira de homem de letras. Inicialmente ingressou em “O Momento”. A seguir esteve na “Gazeta da Manhã”, de Niterói; em “A Notícia” e na “Gazeta de Notícias”, do Rio de Janeiro. Nas horas de lazer dedicava-se à boemia, freqüentando Cafés como “Geremias” e “Belas Artes”, à noite era visto no “Café dos Boêmios”, na Lapa. Nas mesas dessas casas nasceram versos como estes:
HORÓSCOPO
“Ai de quem, ao nascer, trouxe na palma
da mão esquerda a linha da Poesia,
cujo sulco fatal reflete na alma
a tarja negra da melancolia!...”
Contemplando o ambiente em que se destacava a religiosidade, compôs também mais estes versos:
SINO
“Sino – boca do Além falando à vida,
voz do Passado orando no presente;
memória – em bronze de que já foi crente
o humano coração que hoje duvida...”
Max de Vasconcelos era poliglota, falava várias línguas, e chegou a fazer versos em outros idiomas. Como poucos, soube antever a sua própria morte. Esta certeza está na mensagem filosófica de suas rimas numa poesia:
DE VOLTA
“Ao cabo, enfim, de tanta inglória lida,
na ânsia de falso bem, inutilmente,
por meus loucos desejos combatida,
torno ao teu seio hospitaleiro e quente.

Mas, venho de alma triste e arrependida,
de passo tardo e músculos de doente;
sentindo que falhou em minha vida,
tudo o que nela foi anseio ardente;

que em vão deram à dor dos meus desejos,
- bocas e taças mil vinhos e beijos,
pois só trago hoje, ao regressar cansado,

a alma em febre e nos nervos doloridos,
a impressão dos martírios lá vividos
e o desespero de não ter gozado...”
Max de Vasconcelos, morreu no Hospital de São Sebastião, no Rio de Janeiro, em 1919, com apenas 28 anos de idade.

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro

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