sexta-feira, 30 de julho de 2010
quarta-feira, 28 de julho de 2010
CINE JORNALISMO AIC
A Associação de Imprensa Campista convida para mais uma sessão do Cine Jornalismo, que acontece neste sábado (31), às 16h, em sua sede (Rua Formosa, 460, Centro). Será exibido o filme “A Trágica Farsa”, seguido de comentário do jornalista Álvaro Marcos, editor-geral do site NF10. No drama, de 1956, o empresário de lutas de boxe, Nick Benko, promove um inocente peso-pesado argentino, Toro Moreno e, para isso, contará com a ajuda do jornalista Eddie Willis.
Texto: Alicinéia Gama - diretora de comunicação da AIC e (colaboradora do Instituto Historiar).
Texto: Alicinéia Gama - diretora de comunicação da AIC e (colaboradora do Instituto Historiar).
segunda-feira, 19 de julho de 2010
EM BUSCA DO QUILOMBO PERDIDO
No último dia 17/07/2010 (sábado), uma equipe de Campos dos Goytacazes, composta de Carlos Roberto Bastos Freitas (Mestre em Políticas Sociais e Diretor do Arquivo Público Municipal), Hélvio Gomes Cordeiro, Leandro Lima Cordeiro (representando o Instituto Historiar e a Fundação Zumbi dos Palmares), Renata Azevedo Lima (Historiadora e Professora de História), Carlos José Maciel Pinto (proprietário da Fazenda Quilombo do Carukango), Noel (motorista da UENF), e José Augusto (amigo do proprietário da fazenda), seguiram em direção a Conceição de Macabú, com a finalidade de descobrir a localização exata onde foi estabelecido o Quilombo de Carukango, um grande guerreiro africano de Moçambique, que viveu por estas bandas, como escravo, e que criou aquele que pode ter sido o maior Quilombo de toda a região. A viagem foi super positiva (apesar da chuva), e ficou a promessa de um breve retorno para a conclusão de um trabalho que já se apresenta como uma das mais importantes descobertas.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
O FIM DA SUPREMACIA SÓCIO-FINANCEIRA DE CAMPOS
A produção de açúcar, aguardente e álcool respondia por uma renda bruta de 2,5 milhões de libras esterlinas. Campos dos Goytacazes era o maior produtor de açúcar do Brasil e o Município mantinha a 7ª posição brasileira em população global. Campos era seguramente a Capital Econômica e Cultural do Estado do Rio de Janeiro. Somente na zona urbana, existiam 3 Bancos Comerciais, 3 Hospitais, 12 Igrejas, 11 Sociedades Esportivas, 2 Teatros, 8 Jornais em atividade, mais de 700 estabelecimentos comerciais e mais de 70 Fábricas. As vias públicas totalizavam números que ultrapassavam os 73, onde existiam mais de 3.500 prédios (becos, travessas, ruas, avenidas e praças).
Comparando 1940 com 1920, percebe-se que a população cresceu a uma taxa anual de 1,35%, enquanto o Brasil, como um todo, no mesmo período, já estava crescendo à taxa de 2,0%a.a.. Evidenciava-se a queda de crescimento populacional, sintoma que passaria a acompanhar o Município, daí para frente. É evidente que alguns fatores novos começaram a produzir reflexos populacionais e, entre os principais, podemos citar os decorrentes da famosa “crise de 29”, que alcançou violentamente a indústria açucareira, seguido da revolução de 30. Algumas usinas já haviam falido e outras não resistiram ao impacto de 29. A lavoura de café sofreu violento impacto com a “crise de 29”. Muitas famílias se deslocaram da zona rural. Na cidade, a falta de energia elétrica e o precário abastecimento de água comprometiam o desenvolvimento e os investimentos.
Observa-se que começou a ter início um deslocamento de famílias mais abastadas, em direção ao Rio de Janeiro e Niterói. Algumas, em busca de trabalho e oportunidades mais favorecidas de investimentos, e outras, levadas pelas necessidades educacionais ou por simples mudança definitiva. O Governo Revolucionário, centralizando e beneficiando a capital, passou a beneficiar a região do Rio de Janeiro e Campos dos Goytacazes sofreu a atração da proximidade, comparado com as demais cidades populosas e que, privilegiadamente, eram capitais. Apesar de ainda ativa e dinâmica, Campos dos Goytacazes sofria também a concorrência comercial, pela preferência que passou a ser executada por comerciantes de outras praças, em negociar diretamente com a capital, procurando eliminar a dependência com Campos. Apesar de tudo, foi mantida sua 7ª posição, com população global. São Paulo iniciava a sua arrancada, para se tornar a 1ª cidade do Brasil.
Passamos a ser, em 1950, o 8º Município em população, e, em 1960, o 11º. Já não tínhamos expressão numérica e perdíamos as possibilidades de uma tomada de desenvolvimento, que nos recolocasse dentro da importância que havíamos tido no cenário nacional. Enquanto crescíamos a 1,54% a.a., o Brasil começava a caminhar para taxas de 3% a.a.. Iniciava-se a formação do grande “dormitório” de cidades satélites em torno do Rio de Janeiro. Milhares de campistas foram viver em Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, que até então não existiam nos mapas geográficos nem tinham expressão sócio-econômica.
Começava na nossa região o êxodo rural, modificando profundamente o panorama de Campos dos Goytacazes e do Norte Fluminense. Após o término da 2ª Grande Guerra Mundial, o açúcar perdeu a importância econômica e o País submetido a uma inflação ruinosa, colocou o açúcar e o álcool no índex (numa página de dificuldades). O Governo Federal traduzia as insatisfações populares, impedindo que, em junho, o açúcar tivesse seus preços corrigidos adequadamente. A cidade de Campos dos Goytacazes, em especial, e sua zona rural, em particular, receberam impactos violentos, que cortaram qualquer possibilidade de desenvolvimento. A falta de energia elétrica tornou-se problema crônico e o abastecimento d’água desalentava os cidadãos. Próximo dos anos 50, já com o fim da Guerra Mundial, o Brasil absorveu dos ingleses a Leopoldina Railway. Foi o fim de uma companhia que já estava em fase de ruína. Sem meios de transportes adequados, as safras colhidas ficavam nas estações, esperando vagões de carga. O sistema de transporte de passageiros desceu a níveis jamais imaginados. Quando o campista acordou, verificou que estava ilhado, submetido a própria sorte. Não tínhamos alternativas. O jeito era esperar ou mudar. Os menos favorecidos começaram a retirada, para tentar sua sobrevivência, e os mais abonados ou esperaram melhores dias ou foram para o Rio de Janeiro e Niterói. Era uma continuação de situações anteriores, experimentadas na década de 40. A zona rural campista já não tinha supremacia numérica sobre a zona urbana que fossem dignas de nota, apesar de que o contingente ainda era maior.
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro.
Comparando 1940 com 1920, percebe-se que a população cresceu a uma taxa anual de 1,35%, enquanto o Brasil, como um todo, no mesmo período, já estava crescendo à taxa de 2,0%a.a.. Evidenciava-se a queda de crescimento populacional, sintoma que passaria a acompanhar o Município, daí para frente. É evidente que alguns fatores novos começaram a produzir reflexos populacionais e, entre os principais, podemos citar os decorrentes da famosa “crise de 29”, que alcançou violentamente a indústria açucareira, seguido da revolução de 30. Algumas usinas já haviam falido e outras não resistiram ao impacto de 29. A lavoura de café sofreu violento impacto com a “crise de 29”. Muitas famílias se deslocaram da zona rural. Na cidade, a falta de energia elétrica e o precário abastecimento de água comprometiam o desenvolvimento e os investimentos.
Observa-se que começou a ter início um deslocamento de famílias mais abastadas, em direção ao Rio de Janeiro e Niterói. Algumas, em busca de trabalho e oportunidades mais favorecidas de investimentos, e outras, levadas pelas necessidades educacionais ou por simples mudança definitiva. O Governo Revolucionário, centralizando e beneficiando a capital, passou a beneficiar a região do Rio de Janeiro e Campos dos Goytacazes sofreu a atração da proximidade, comparado com as demais cidades populosas e que, privilegiadamente, eram capitais. Apesar de ainda ativa e dinâmica, Campos dos Goytacazes sofria também a concorrência comercial, pela preferência que passou a ser executada por comerciantes de outras praças, em negociar diretamente com a capital, procurando eliminar a dependência com Campos. Apesar de tudo, foi mantida sua 7ª posição, com população global. São Paulo iniciava a sua arrancada, para se tornar a 1ª cidade do Brasil.
Passamos a ser, em 1950, o 8º Município em população, e, em 1960, o 11º. Já não tínhamos expressão numérica e perdíamos as possibilidades de uma tomada de desenvolvimento, que nos recolocasse dentro da importância que havíamos tido no cenário nacional. Enquanto crescíamos a 1,54% a.a., o Brasil começava a caminhar para taxas de 3% a.a.. Iniciava-se a formação do grande “dormitório” de cidades satélites em torno do Rio de Janeiro. Milhares de campistas foram viver em Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, que até então não existiam nos mapas geográficos nem tinham expressão sócio-econômica.
Começava na nossa região o êxodo rural, modificando profundamente o panorama de Campos dos Goytacazes e do Norte Fluminense. Após o término da 2ª Grande Guerra Mundial, o açúcar perdeu a importância econômica e o País submetido a uma inflação ruinosa, colocou o açúcar e o álcool no índex (numa página de dificuldades). O Governo Federal traduzia as insatisfações populares, impedindo que, em junho, o açúcar tivesse seus preços corrigidos adequadamente. A cidade de Campos dos Goytacazes, em especial, e sua zona rural, em particular, receberam impactos violentos, que cortaram qualquer possibilidade de desenvolvimento. A falta de energia elétrica tornou-se problema crônico e o abastecimento d’água desalentava os cidadãos. Próximo dos anos 50, já com o fim da Guerra Mundial, o Brasil absorveu dos ingleses a Leopoldina Railway. Foi o fim de uma companhia que já estava em fase de ruína. Sem meios de transportes adequados, as safras colhidas ficavam nas estações, esperando vagões de carga. O sistema de transporte de passageiros desceu a níveis jamais imaginados. Quando o campista acordou, verificou que estava ilhado, submetido a própria sorte. Não tínhamos alternativas. O jeito era esperar ou mudar. Os menos favorecidos começaram a retirada, para tentar sua sobrevivência, e os mais abonados ou esperaram melhores dias ou foram para o Rio de Janeiro e Niterói. Era uma continuação de situações anteriores, experimentadas na década de 40. A zona rural campista já não tinha supremacia numérica sobre a zona urbana que fossem dignas de nota, apesar de que o contingente ainda era maior.
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
MAX DE VASCONCELOS
Max de Vasconcelos nasceu em Campos dos Goytacazes no dia 25 de maio de 1891. Fez seus estudos iniciais em sua própria cidade. Tendo sua família se transferido da planície, foi estudar humanidades no Rio de Janeiro, pois era seu ideal uma carreira científica. Entretanto, depois de muito estudo e passar em todos os exames, preferiu entregar-se de corpo e alma à vida da imprensa. Militou em jornais da Velha Capital. Mais tarde freqüentou uma das Faculdades Livres do Rio de Janeiro e diplomou-se em Direito. O ambiente o fez boêmio. No dizer do crítico: “um boêmio da raça dos Heine, Gerard de Nerval e Baudelaire”. E como tantos outros campistas, revelou-se poeta. Eis a prova:
AGONIAS
“Cai o sol no delírio do Poente,
Em plena floração brota o Luar...
Das ruínas da igreja secular
bimbalha o bronze doloridamente...”
No Rio, Max de Vasconcelos chegou ao auge de sua carreira de homem de letras. Inicialmente ingressou em “O Momento”. A seguir esteve na “Gazeta da Manhã”, de Niterói; em “A Notícia” e na “Gazeta de Notícias”, do Rio de Janeiro. Nas horas de lazer dedicava-se à boemia, freqüentando Cafés como “Geremias” e “Belas Artes”, à noite era visto no “Café dos Boêmios”, na Lapa. Nas mesas dessas casas nasceram versos como estes:
HORÓSCOPO
“Ai de quem, ao nascer, trouxe na palma
da mão esquerda a linha da Poesia,
cujo sulco fatal reflete na alma
a tarja negra da melancolia!...”
Contemplando o ambiente em que se destacava a religiosidade, compôs também mais estes versos:
SINO
“Sino – boca do Além falando à vida,
voz do Passado orando no presente;
memória – em bronze de que já foi crente
o humano coração que hoje duvida...”
Max de Vasconcelos era poliglota, falava várias línguas, e chegou a fazer versos em outros idiomas. Como poucos, soube antever a sua própria morte. Esta certeza está na mensagem filosófica de suas rimas numa poesia:
DE VOLTA
“Ao cabo, enfim, de tanta inglória lida,
na ânsia de falso bem, inutilmente,
por meus loucos desejos combatida,
torno ao teu seio hospitaleiro e quente.
Mas, venho de alma triste e arrependida,
de passo tardo e músculos de doente;
sentindo que falhou em minha vida,
tudo o que nela foi anseio ardente;
que em vão deram à dor dos meus desejos,
- bocas e taças mil vinhos e beijos,
pois só trago hoje, ao regressar cansado,
a alma em febre e nos nervos doloridos,
a impressão dos martírios lá vividos
e o desespero de não ter gozado...”
Max de Vasconcelos, morreu no Hospital de São Sebastião, no Rio de Janeiro, em 1919, com apenas 28 anos de idade.
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro
AGONIAS
“Cai o sol no delírio do Poente,
Em plena floração brota o Luar...
Das ruínas da igreja secular
bimbalha o bronze doloridamente...”
No Rio, Max de Vasconcelos chegou ao auge de sua carreira de homem de letras. Inicialmente ingressou em “O Momento”. A seguir esteve na “Gazeta da Manhã”, de Niterói; em “A Notícia” e na “Gazeta de Notícias”, do Rio de Janeiro. Nas horas de lazer dedicava-se à boemia, freqüentando Cafés como “Geremias” e “Belas Artes”, à noite era visto no “Café dos Boêmios”, na Lapa. Nas mesas dessas casas nasceram versos como estes:
HORÓSCOPO
“Ai de quem, ao nascer, trouxe na palma
da mão esquerda a linha da Poesia,
cujo sulco fatal reflete na alma
a tarja negra da melancolia!...”
Contemplando o ambiente em que se destacava a religiosidade, compôs também mais estes versos:
SINO
“Sino – boca do Além falando à vida,
voz do Passado orando no presente;
memória – em bronze de que já foi crente
o humano coração que hoje duvida...”
Max de Vasconcelos era poliglota, falava várias línguas, e chegou a fazer versos em outros idiomas. Como poucos, soube antever a sua própria morte. Esta certeza está na mensagem filosófica de suas rimas numa poesia:
DE VOLTA
“Ao cabo, enfim, de tanta inglória lida,
na ânsia de falso bem, inutilmente,
por meus loucos desejos combatida,
torno ao teu seio hospitaleiro e quente.
Mas, venho de alma triste e arrependida,
de passo tardo e músculos de doente;
sentindo que falhou em minha vida,
tudo o que nela foi anseio ardente;
que em vão deram à dor dos meus desejos,
- bocas e taças mil vinhos e beijos,
pois só trago hoje, ao regressar cansado,
a alma em febre e nos nervos doloridos,
a impressão dos martírios lá vividos
e o desespero de não ter gozado...”
Max de Vasconcelos, morreu no Hospital de São Sebastião, no Rio de Janeiro, em 1919, com apenas 28 anos de idade.
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro