terça-feira, 29 de setembro de 2009

REGINA

A personagem dessa estória curiosa é Regina. Moradora de rua a mais de dez anos que encontrei costurando sua própria roupa embaixo do viaduto. Sentei ao seu lado para um bate-papo informal, as pessoas que passavam me lançavam olhares curiosos, alguns reprovadores, mas não pensei em levantar. Interessei-me por aquele ser cheio de vida, pela expressão envelhecida, porém, nem um pouco sofrida. Mulher vivida, 47 anos de idade e muitas lições a ensinar. Mãe de dois filhos que estão pelo mundo, ela fazia questão de frisar a todo o momento o seu maior desejo, encontrar os filhos que há 20 anos não vê. Senti naquele momento toda a sua emoção e percebi os olhos marejados das lágrimas que tentava esconder. Experiente, a senhora de fortes traços já passou por tudo na vida. Quando ainda morava no Rio de Janeiro, realizou seis abortos, dos quais, hoje se arrepende. Regina encontrou forças na Igreja Universal, onde se libertou de culpas e passou a enxergar a vida de outra forma.O papo já estava intimo e agradável, eu observava bem a sua face que já não possuía a mesma tristeza. Relaxada e mais confiável, me contou que já foi modelo e que só não continuou com a carreira por ter engravidado de sua filha. Obrigada a voltar para Campos dos Goytacazes, se viu rejeitada pela família e foi para as ruas. Momentos que prefere não lembrar fizeram parte de sua trajetória.A conversa estava fluindo, repentinamente Regina pergunta pelo meu interesse em sua vida, já que a grande maioria das pessoas, que por ali passa não olha, sequer senta para saber o que ela pensa e o que faz. O medo estava presente em sua voz e a minha, sumiu. Eu estava tão entretida que fui pega de surpresa, mas expliquei que se tratava de um trabalho universitário. Ela se convenceu, mas nem tanto, porém continuou a narrar os fatos de sua vida.Respirei e continuei a ouvi-la, sem fazer muitas perguntas para deixar a conversa mais agradável, no entanto, a fala é interrompida e a sacola ao seu lado é remexida. Para minha surpresa, um livro de Jorge Amado surge. Um sorriso se abre e a mulher de rua afirma que quando não tem o que fazer, senta para ler os livros que são doados pelas pessoas que ela conhece de suas andanças.O seu discurso parecia de pessoa letrada, porém, os estudos foram até a 4° série, pois é, uma moradora de rua que lê Jorge Amado, já leu Machado de Assis e Fernando Pessoa. Para algumas pessoas, será difícil acreditar, eu sei, mas é verdade.Regina leva uma vida normal, trabalha para alguns feirantes do mercado municipal e ganha um troco, como ela mesma diz. Ela faz faxina nas bancas, toma banho por lá mesmo, porém, quando está muito frio, prefere um banho quente. Para isso é necessário pagar uma diária que não passa de R$ 8, 00 em um dos hotéis que fica ali pela redondeza. No verão, a diversão é no Parque Alberto Sampaio que vira um clube para os moradores de rua nessa época do ano. Motivo pelo qual estava de dieta. Interessei-me pela sua alimentação e acabei perguntando pela mesma. Ela soltou uma gostosa gargalhada e me disse que sua refeição preferida é miojo. A satisfação só em lembrar-se do prato estava estampada no seu rosto.Na hora da despedida, ela segurou a minha mão e desejou-me felicidades e que Deus estivesse sempre comigo. Fui para casa com a sensação de dever cumprido, afinal, a minha missão era fazer um trabalho que iria me garantir nota. Lições que vão além das salas de aula me foram proporcionadas hoje por uma simples mulher que passa o dia na rua e dorme em uma caixa de papelão. Ensinamentos que me despiram de qualquer vestígio de preconceito que ainda pudesse existir em mim.




Texto: Fabíola Melo Blaiso (colaboradora) Blog - http://fabimblaiso.blogspot.com/.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Estatuto da Escola de Aprendizes Artífices

“Através do Decreto Nº. 7.566, de 23 de setembro do ano de 1909, da pasta da Agricultura e do Presidente Sr. Nilo Peçanha – Cria-se nas Capitais do Estado da República, as Escolas de Aprendizes Artífices, para o ensino profissional primário e gratuito: O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil considerando que o aumento constante da população das cidades exige que se facilite ás classes proletárias os meios de vencer as dificuldades sempre crescentes da luta pela existência; que para isso se torna necessário não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e intelectual, como fazê-los hábitos de trabalho profícuo, que os afastará da ociosidade ignorante, escola e vicio e do crime; que é um dos primeiros deveres do governo da República, formar cidadãos úteis á Nação.
Decreta:
Art. 1º. Em cada uma das Capitais dos Estados da República o governo federal manterá, por intermédio do Ministério da Agricultura Indústria e Comércio, uma Escola de Aprendizes Artífices, destinado ao ensino profissional primário gratuito. Estas escolas serão instaladas em edifícios pertencentes á União.
Art. 2º. Nas Escolas de Aprendizes Artífices, se procurará formar operários e contramestres, ministrando-se ensino prático e os conhecimentos técnicos necessários aos menores que pretenderem aprender um ofício. Haverá 5 oficinas.
Art. 3º. A Escola de Artífices terá Diretor, Inspetor e Mestres.
Os mestres de oficinas serão contratados por tempo não excedente a 4 anos.
Art. 4º. Haverá anualmente uma exposição dos artefatos produzidos nas oficinas da escola para o julgamento do grau de adiantamento dos alunos e distribuição dos prêmios aos mesmos.
Art. 5º. Todo artefato produzido na escola, poderá ser vendida, sendo a renda revertida ás despesas da mesma instituição de ensino.”
(Nilo Procópio Peçanha).


Escola de Aprendizes Artífices

Fonte: Jornal Monitor Campista

Postagem: Leandro L. Cordeiro

Foto: Acervo do Instituto Historiar.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

DIA DA ÁRVORE

No hemisfério sul, o dia 21 de setembro marca a chegada da primavera, estação onde a natureza parece recuperar toda a vida que estava adormecida pelos dias frios de inverno. No Brasil, carregamos fortes laços com a cultura indígena que deu origem a este país; um deles é o amor e respeito pelas árvores como representantes maiores da imensa riqueza natural que possuímos. Por isso, no Brasil, há 30 anos, formalizou-se o dia 21 de setembro como o Dia da Árvore - o dia que marca um novo ciclo para o meio ambiente.



Árvore na região do Imbé

Postagem: Leandro Cordeiro.

Fotos: Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Encontro Regional de Preservação e Revitalização Ferroviária





Enviado por: Angeline Coimbra Tostes - Blog blogovagalume.blogspot.com (Colaboradora)
Postagem: Leandro Lima Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

terça-feira, 15 de setembro de 2009

MERCADO MUNICIPAL

A Cidade de Campos dos Goytacazes crescia dia a dia, e o antigo Mercado da Praça do Roccio, na Rua Formosa, em frente da Estação de Ferro Campos-São Sebastião já não comportava mais espaço para um bom atendimento ao público. Em 1917, o Prefeito Dr. Luiz Caetano Guimarães Sobral, querendo dotar a cidade com um Mercado que atendesse às necessidades da população, contratou o engenheiro Prudent Noel, para construir um Mercado Novo na Praça Azeredo Coutinho, que só ficou pronto em 1921. A escolha do local deveu-se pela facilidade de chegar e escoar os produtos do Mercado através do Canal Campos-Macaé, no qual deslizavam várias embarcações com pesadas cargas de cereais. A entrega oficial da obra de construção do Mercado Novo aconteceu no dia 15 de setembro de 1921, porém, a inauguração oficial deu-se no dia 25 de setembro de 1921, tendo acontecido um problema na conclusão das obras de instalação dos açougues, tendo o Prefeito resolvido só permitir essas mudanças no dia 1º de outubro. Os verdureiros e demais ocupantes de Box (lojas) no Mercado Novo começaram a funcionar no dia 25 de outubro. Sobre essa inauguração, na edição do jornal “Monitor Campista”, do dia 25/09/1921, publicava a seguinte manchete: “O MERCADO NOVO E SUA INAUGURAÇÃO – Serão abertas hoje, de par em par, as portas do Mercado Novo, podendo desse modo, o povo de Campos se orgulhar de possuir um próprio municipal que muito serve para honrar as tradições progressistas da cidade (...). Com a abertura do Mercado, hoje às 05 horas da manhã, reina grande regozijo entre as pessoas que estão estabelecidas dentro e nas imediações desse próprio municipal, pelo que se cotejaram e farão subir ao ar foguetes e rojões festejando por esse modo o auspicioso acontecimento, sendo que nessa ocasião tocará ali a Lyra Operários Campistas. Os açougues continuarão a permanecer no antigo mercado da Praça do Roccio até o próximo dia 1º de outubro, que é quando os açougues do Mercado Novo ficarão prontos”.



Texto: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar)
Fotos: Acervo do Instituto Historiar e Leandro Lima Cordeiro.

CAFÉ LITERÁRIO NO CIEP NILO PEÇANHA


O CIEP Dr. Nilo Peçanha realizará no próximo sábado (dia 19/09/09) às 16:00 horas um Café Literário que terá a apresentação de:
· Música
· Poesia
· Dança
Participação de Poetas de Campos
Participação do Instituto Historiar.

Com certeza será um ótimo evento!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009