Nasceu no dia 13 de julho de 1913, e no fim da década de 20 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Filho de João Baptista de Oliveira e de Isaurinha Alves de Oliveira. O interesse pela música começou em Campos, onde fez parte do Grupo ‘Corbeille de Flores’ e cursou o Instituto de Artes e Ofícios. Com apenas 15 anos de idade passou a freqüentar os cabarés da Lapa e o Bar Esquina do Pecado, na Praça Tiradentes, ponto de encontro de compositores da antiga capital da República. Um dos mais importantes compositores campista, seu primeiro samba foi “Na Estrada da Vida”, que Aracy Cortes, então a intérprete mais famosa do Brasil, cantou em 1929, no Teatro Recreio e que só foi gravada em 1933, na voz de Luís Barbosa. A primeira gravação aconteceu em novembro de 1932, quando o cantor Patrício Teixeira lançou o samba “Por favor vai embora”, feito em parceria com Benedito Lacerda. O primeiro sucesso foi “Desacato”, desta vez em parceria com Paulo Vieira e Murilo Caldas, música gravada pela dupla Francisco Alves (o Chico Viola) e Castro Barbosa, além da participação de Murilo Caldas. Na vida de boêmio, na Praça Tiradentes, aprendeu a dar valor à malandragem, jeito de vida que exaltou na composição “Lenço no Pescoço”, terceira gravação registrada por Sílvio Caldas. Essa música custou-lhe uma crítica e o início de uma polêmica musical com o também compositor Noel Rosa. Médico, classe média, Noel achou a mensagem um absurdo e respondeu com “Rapaz Folgado”. O episódio deixou como lucro duas pérolas do repertório de Noel Rosa, “Feitiço da Vila” e “Palpite Infeliz”, e a má vontade da crítica com a obra de Wilson Batista, que durante anos foi desprezada. Antes de Noel morrer, em 1937, os dois compositores tornaram-se amigos. Somente na década de 50 as músicas da polêmica foram reunidas em disco, cantadas por Roberto Paiva e Francisco Egídio. Outra gravação aconteceu durante um show da cantora Aracy de Almeida com o compositor-cantor Ismael Silva, na década de 60, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Wilson Batista é autor de grandes sucessos como “Louco”, “Emília”, “Pedreiro Valdemar”, “Balzaquiana”, “Mundo de Zinco”, “Chico Viola”, “Samba Rubro-Negro” e outros, feitos em parcerias com Ataufo Alves, Mariano Pinto, Haroldo Lobo, Jorge de Castro, Geraldo Pereira, Roberto Martins e Nássara. Os intérpretes também são do primeiro time: Aracy de Almeida, Ciro Monteiro, Jorge Veiga, Moreira da Silva, João Nogueira e Paulinho da Viola, para citar apenas alguns. Quando morreu, no dia 07 de julho de 1968, estava consagrado. Mas ao sepultamento no Cemitério do Catumbi, na Zona Norte do Rio de Janeiro, compareceram poucos amigos como: Donga, Jota Efegê, Nássara e Roberto Martins. Fazia tempo que havia trocado a apologia da malandragem pelo elogio do trabalho, como bem demonstra a letra de “Bonde São Januário”, composição de 1940 em parceria com Ataufo Alves. A letra da música “Lenço no Pescoço”, que foi o motivo da polêmica musical com Noel Rosa era assim: “Meu chapéu de lado/Tamanco arrastando/Lenço no pescoço/Navalha no bolso/Eu passo gingando/Provoco e desafio/Eu tenho orgulho de ser tão vadio./Sei que eles falam desse meu proceder/Eu vejo quem trabalha andar no miserê/Eu sou vadio/Porque tive inclinação/Eu me lembro era criança/Tirava samba-canção”. Já em uma canção que compôs em 1940, com o título de “Bonde São Januário”, não fazia mais apologia à malandragem, e dizia em sua letra o seguinte: “Quem trabalha é que tem razão/Eu digo e não tenho medo de errar/O bonde São Januário/Leva mais um operário/Sou eu que vou trabalhar/Antigamente eu não tinha juízo/Mas resolvi garantir meu futuro/Sou feliz, vivo muito bem/A boemia não dá camisa a ninguém”.
Wilson Batista
Texto: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Foto: Acervo do Instituto Historiar.
Postagem: Leandro Cordeiro.
O Instituto Historiar é formado por: Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.
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