domingo, 28 de setembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

HERMES RODRIGUES DA FONSECA:
Nasceu no dia 12 de maio de 1855, na cidade de São Gabriel, Estado do Rio Grande do Sul. Filho de Hermes Ernesto da Fonseca e Dª Rita Rodrigues Barbosa da Fonseca. Hermes da Fonseca passou a infância na pequena cidade de São Gabriel, onde o pai servia no 1º Corpo de Artilharia a Cavalo. Ali, o seu passatempo era ir assistir aos exercícios diários em frente aos quartéis. Por volta dos 07 anos, cavalgava num pônei pelos arredores da cidade. Tinha por hábito, escapar de casa para longos passeios e ao mesmo tempo para ficar longe da sisudez do pai. Em 1865, sua mãe, Rita da Fonseca, partiu para o Rio de Janeiro, onde já se encontravam a sogra e mais alguns membros da família Fonseca. Hermes da Fonseca se ressentiu da perda da liberdade ao ir pra um lugar totalmente desconhecido pra ele, com apenas 11 anos de idade. Pouco tempo depois, já aluno da Escola Militar, retornou o velho hábito de fazer longas cavalgadas, fazendo explorações dos arredores, como a gruta do Pão de Açúcar, a praia Vermelha e Copacabana. Em 1867, ano seguinte ao da transferência da família para o Rio de Janeiro, Hermes foi estudar no colégio Saint Louis, com o professor de francês, padre Jules Janrad, sendo a primeira escola que freqüentou. Neste mesmo ano, depois de brigar com três meninos e de rasgar a batina de um padre, foi expulso do colégio por indisciplina, passando a estudar em outra instituição, o Imperial Colégio D. Pedro II, e também freqüentando as aulas no Liceu de Artes e Ofícios. Em setembro de 1871, já concluído o bacharelado em Ciências e Letras, Hermes da Fonseca alistou-se no 1º Batalhão de Artilharia a Pé, com 16 anos de idade. Em 19 de outubro, matriculou-se na Escola Militar da Praia Vermelha, depois de muitos pedidos da mãe ao pai de Hermes, que não queria os filhos seguindo a carreira militar. Quando a família veio pro Rio de Janeiro, Hermes passou a conviver com a prima e parceira de infância, Orsina Francione da Fonseca, que acabou em casamento, em 1877, tendo ela, na ocasião, 18 anos, e tiveram cinco filhos. O jovem Hermes da Fonseca assumiu seu primeiro posto em 1886, como segundo-tenente, do 3º Batalhão de Artilharia, sendo transferido para o 2º Regimento no ano seguinte. Foi agente do Conselho Econômico e depois ajudante-de-ordens do seu pai, o comandante das Armas da Província do Pará. Com a eleição de Floriano Peixoto para a Presidência da República, Hermes da Fonseca foi destituído do comando do 2º Regimento de Artilharia de Campanha e teve que ir para a Bahia, onde assumiu a direção do Arsenal de Guerra. Em 1893, foi transferido para o comando da Guarnição de Niterói, onde foi promovido a coronel, vindo em 1905 a general-de-divisão. Quando estava no posto de marechal, Hermes da Fonseca assumiu o Ministério da Guerra, no governo de Afonso Pena, em 1906. Sem nunca ter mostrado maiores ambições, renunciou a seus cargos para se candidatar à sucessão do Presidente da República. Como Hermes da Fonseca tivesse a simpatia da oposição, recebeu o apoio total dos que tinham o interesse em acabar com a hegemonia da política café-com-leite, pelos quais se revezavam os paulistas e mineiros. O candidato marechal Hermes da Fonseca foi eleito Presidente da República em 1910. O resultado das urnas foi: 403.867 votos para Hermes da Fonseca e seu vice (pela primeira vez um vice da própria chapa era eleito) Wenceslau Braz, com 406.012 votos. Esse resultado foi muito contestado na época, pois se dizia ter havido uma fraude de grandes proporções. Hermes da Fonseca, maçom da Loja Maçônica Amor ao Trabalho, foi homenageado pela eleição de 1910. Um fato interessante de sua campanha foi que ele usou uma vassoura como símbolo, dizendo que iria “varrer a roubalheira dos civilistas”, referindo-se aos rurais que dominavam o cenário político. Tendo perdido sua esposa em 30 de novembro de 1912, por falecimento, Hermes casou-se novamente aos 57 anos de idade, com a Dª Nair de Teffé. Os constantes conflitos políticos abalaram a economia do País. A crise do café, tendo como concorrente a borracha produzida na Ásia a preços mais competitivos levaram o presidente a buscar empréstimos que comprometeram ainda mais a saúde financeira do País. Nos Estados do interior, os movimentos contrários ao governo começavam a despontar, e em breve também nas cidades grandes. Crescia a luta pela redução da jornada de trabalho e a criação do salário-mínimo, palavras de ordem, tiradas do II Congresso Operário que havia levantado à mobilização de 59 associações de trabalhadores de todos os lugares do País. Neste tempo foi feita uma passeata contra a carestia, com 10 mil pessoas, em 1913, no Largo do São Francisco, no Rio de Janeiro. Assim que passou a faixa presidencial ao mineiro Wenceslau Braz e saiu do Palácio do Catete, Hermes foi encontrar com a família em Petrópolis, onde anunciou que estava feliz por ter cumprido com seu dever. Com o assassinato do seu grande amigo, o gaúcho Pinheiro Machado, resolveu retirar-se definitivamente da vida política, rejeitando convites para ser senador pelo Rio Grande do Sul. Assim, em 1915, embarcou para a Europa onde permaneceu por cinco anos. Regressando em 1920, o ex-presidente voltou refeito das mágoas acumuladas durante sua gestão e recebeu, ainda no porto, as boas-vindas em nome do Exército. Três dias depois, entrevistado por repórter do “Correio da Manhã”, Hermes manifestava seu estado de espírito. Contudo, o retorno não o manteve longe de problemas. Foi acusado de fazer parte da conspiração conhecida como “Movimento de 22”, contra o governo de Epitácio Pessoa, e ficou preso no Forte de Copacabana, só recebendo a liberdade 14 meses depois. Em julho de 1922, durante sua prisão, Hermes sofreu seu primeiro ataque cardíaco. Com a saúde e o ânimo abalados ao sair da prisão, passou seus últimos meses em companhia da esposa em Petrópolis, na casa dos pais dela. Em 09 de setembro de 1923, às oito e meia da manhã, sentiu uma forte dor no peito de mais um ataque cardíaco, que desta vez foi fulminante. A família do marechal Hermes Rodrigues da Fonseca recusou quaisquer honra militar e, em cerimônia simples, o enterrava como um civil. Foi parte de seu discurso: “É de impressionar a extraordinária significação desta imponente Assembléia, já pela distinção dos ilustres estadistas que a compõem [...] E o mais cativante é para mim a vossa benevolência pela honrosa e desvanecedora companhia de tão notável patrício no pleito presidencial, a ferir-se em 1º de março próximo vindouro [...] A minha condição de soldado não emprestará uma feição militarista ao meu governo. De origem genuinamente civil, amparada pelos chefes situacionistas da quase unanimidade dos Estados e pelos seus opositores, a minha candidatura não irrompeu do seio das classes armadas, cuja ação, aliás, não pode ser indiferente aos interesses políticos e sociais da nossa Pátria. [...]”

Hermes da Fonseca


Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Prédio do Museu será Restaurado

Finalmente o prédio do Museu (localizado na Praça S. Salvador)em Campos dos Goytacazes, será restaurado.Veja abaixo um Texto retirado do Jornal Monitor Campista que fala mais sobre esse assunto:
Obra histórica
Restauração do museu começa dia 29

As obras de restauração e reforma do prédio do Museu de Campos começam na próxima segunda-feira (29). A informação é da secretária municipal de Planejamento, Silvana Castro.
Nesta primeira etapa, que tem previsão de conclusão em três meses, serão realizados destelhamento, descupinização, madeiramento e a restauração das fachadas do prédio, situado na Praça São Salvador, 40.
— Durante este período de obras naquele solar, iremos manter uma equipe composta por um fiscal do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), representante do Conselho de Preservação do Patrimônio Arquitetônico Municipal (Coppam) e técnicos das secretarias de Planejamento e de Obras — disse Silvana Castro.
Ela destacou que o Solar Visconde de Araruama integra um complexo histórico importante de Campos e que ele foi tombado pelo patrimônio histórico nacional a partir de solicitações de representantes da comunidade campista, numa mobilização em defesa da preservação do prédio. “É realmente uma grande vitória conseguirmos dar este passo importante na recuperação do prédio”, declarou a secretária.
As obras, que serão executadas pela Conenge Engenharia, empresa vencedora da licitação, vão gerar 30 empregos nesta primeira fase. Na próxima segunda-feira, terá início o destelhamento do prédio. A segunda etapa das obras está prevista para 2009, com a restauração interna de toda a estrutura do prédio. As obras estão orçadas em R$ 807.071,66.
O Instituto Historiar trás em primeira mão, algumas fotos do prédio do Museu, vejam abaixo como está deteriorádo o interior desse prédio histórico:

Fachada do Prédio do Museu


Teto do Museu

Postagem: Leandro Cordeiro, Hélvio Cordeiro e Enockes Cavalar (membros do Instituto Historiar).

Fotos: Leandro Cordeiro (Instituto Historiar) e Wellington Cordeiro (Colaborador).

Fonte: Jornal Monitor Campista.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Aniversário do Cefet

Aprendizes Artífices
A 23 de setembro de 1909, há 49 anos, Nilo Peçanha, então Presidente da República, com sua clarividência quanto aos altos destinos do País, criava pelo decreto nº. 7566, dessa data, as Escolas de Aprendizes Artífices, hoje, por sucessivas mudanças de nome e grau de ensino, se encontra transformada nas Escolas Técnicas e Industrial do Brasil, nas quais vem preparando artífices e técnicos para as crescentes necessidades da indústria nacional. Por essa razão a Escola Técnica de Campos, como tradicionalmente vem fazendo, comemora hoje o seu aniversário da seguinte maneira: às 9 horas da manhã missa em intenção a alma de Nilo Peçanha na Igreja Catedral; 10:00 horas, desfile de alunos da Escola Técnica; 10:30, homenagem à Nilo Peçanha na Praça S. Benedito; 18:30 cessão de Cinema; 21:00 horas encerramento.
(Texto acima extraído da coluna Memória)

Fazendo história na educação
1909 - Criadas as Escolas de Aprendizes Artífices.Vinculadas ao Ministério da Agricultura Vinculadas ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio a Escola foi criada para a formação do trabalho. Destinada aos filhos dos trabalhadores. 1942 - Em decorrência do investimento na indústria, no Brasil, a Escola de Aprendizes Artífices transforma-se em Escola Industrial Técnica e passa a oferecer o então curso ginasial com o objetivo de ensinar um ofício.
1959 - As escolas Industriais Técnicas ganham o patamar de Escolas Técnicas Federais. A ETFC Passa a ser responsável pela formação de técnicos industriais de nível médio para atender ao parque industrial brasileiro, em fase de desenvolvimento.
1993 - Nasce a primeira Unidade Descentralizada de Ensino. A UNED Macaé que este ano completou 15 anos.
1999 - A ETFC é transformada em Centro Federal de Educação Tecnológica, CEFET. A partir daí são oferecidos cursos em diferentes níveis de formação profissional. Com maior autonomia o CEFET atua junto à sociedade e define, em seu projeto político, a disposição de concorrer, mas incisivamente para o desenvolvimento local e regional.
2008 - O Ministério da Educação cria os primeiros 35 IFETS do país. Com isso o CEFET se transforma em IFET e começa a passar por diversos processos de transformação. Com a elevação, a instituição ganha mais autonomia para a criação de novos cursos. Atualmente a estrutura do Instituto Federal Fluminense abriga mais de 11 mil servidores e um total de 11 mil alunos matriculados em diversos cursos do ensino básico ao mestrado.

Escola de Aprendizes Artífices (hoje FDC)

Postagem: Leandro e Hélvio Cordeiro.
Fonte: Jornal Monitor Campista.
Imagem: Acervo do Instituto Historiar.

domingo, 21 de setembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

NILO PROCÓPIO PEÇANHA:
Nasceu no dia 02 de outubro de 1867, na Fazenda do Desterro, no limite com o Espírito Santo, município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, filho de Sebastião de Sousa Peçanha e Joaquina Anália de Sá Freire Peçanha. Nilo Peçanha ou o “Menino da Padaria”, como era conhecido (devido ao seu pai ter um comércio de padaria), viveu seu início de vida num sítio em Morro do Coco, onde cresceu ouvindo histórias da negra Delfina, que falava do sofrimento dos escravos. Quando chegou à idade escolar a família se mudou para Campos, onde Nilo foi matriculado no Liceu de Humanidades de Campos, situado na Rua do Sacramento nº 18, (onde acabara se ser fundado), demonstrando com sua facilidade em aprender que sua mãe já o havia iniciado nas letras, pois já tinha um grande domínio sobre o alfabeto. A padaria de seu Sebastião era um ponto de encontro de políticos da região e onde o pequeno Nilo gostava de ficar para ajudar o pai e para acompanhar as discussões partidárias. No balcão da padaria, redigiu o primeiro e único exemplar do jornal “A República”. No editorial minúsculo do pequeno jornalista, lia-se: “Escravidão é martírio, império é velharia. Dentro de poucos anos ambos serão arrasados”. Seu Sebastião sempre incentivava o jovem Nilo, a ponto de tirar um pedaço do balcão, na reforma da padaria e mandar fazer uma mesa que seria usada durante muito tempo pelo jovem Nilo. Após um ano de estudo, Nilo foi para o Colégio Alberto Brandão, no Rio de Janeiro, a capital do Império, onde concluiu o curso de Humanidades. Depois disso, preparou-se para cursar a Faculdade de Direito. Primeiro estudou em São Paulo e depois em Recife. Antes de seguir para a Faculdade de Recife, Nilo distribuiu panfletos de conteúdo veemente contra a escravidão e o regime monarquista, no qual dizia: “A República e a abolição são irmãs Gêmeas. Precisamos desde já, organizar o nosso povo. Fora a covardia, o temor, a moleza”. Enfim, chegou à Faculdade do Recife já com vinte anos de idade. Numa viagem de trem de Campos para o Rio de Janeiro, o jovem Nilo conheceu e de apaixonou perdidamente por uma jovem de nome Anita Castro Belisário de Sousa, com a qual se casou no dia 06 de dezembro de 1895, na Rua São Clemente, e o ato religioso deu-se na Igreja São João Batista. Anita foi de grande valor para Nilo, tanto em sua vida pessoal, quanto política. Do seu casamento tiveram três filho: Nilo, Zulma e Mário (que morreram cedo). Em 1888, formado, voltou para Campos para dedicar-se à advocacia. No mesmo ano, foi um dos fundadores do Clube Republicano de Campos, do qual foi presidente, bem como do Partido Republicano. Após a instauração do regime republicano em 15 de novembro de 1889, Nilo intensificou sua atividade político-partidária e foi eleito deputado, participando da Assembléia Constituinte responsável pela primeira Constituição republicana de 1891. Foi eleito em sucessivos pleitos e em 1903 foi eleito para deputado federal, quando assumiu uma cadeira no Senado. Em 1903, renunciou à sua vaga na Câmara Alta para assumir a Presidência do Estado do Rio de Janeiro, que exerceu até 1906. Neste ano, foi eleito Vice-Presidente de Afonso Pena. Em 1909, devido à morte de Afonso Pena, Nilo Peçanha tornou-se Presidente da República. Nilo estava com 42 anos ao assumir a Presidência da República, e não era visto com bons olhos por ser o primeiro presidente civil que não pertenceu aos setores regionais dominantes (São Paulo e Minas Gerais). Em seu governo recriou o Ministério da Agricultura, órgão que aglutinou os grupos regionais dissidentes. Introduziu importantes alterações no funcionamento do estado, o que representou uma obra de grande alcance. Criou Lei permitindo, pela primeira vez, o trabalho feminino nas repartições públicas. Criou o Imposto Territorial, criou o Ensino Técnico-profissional (com as Escolas de Aprendizes de Artífices), o Serviço de Inspeção Agrícola, a Diretoria da Indústria Animal, a Diretoria de Meteorologia e o Serviço de Proteção ao Índio. Além disso, foram reorganizados o Jardim Botânico, o Museu Nacional e a Junta Comercial. Ajudou no desenvolvimento da Estrada de ferro Leopoldina, que adquiriu os troncos ferroviários: de Cantagalo, de Campos dos Goytacazes e um que partia de São Francisco Xavier, na cidade do Rio de Janeiro, que seguia pela Baixada e pela Serra da Estrela até o Vale do Paraíba, ampliando também os trilhos até ao Cais do Porto do Rio de Janeiro, e no interior do Estado, ampliando a concessão para passar em Niterói e Cabo Frio. No dia 15 de novembro de 1910, passou o cargo ao vencedor das eleições, o marechal Hermes da Fonseca. Encerrado o mandato de presidente, Nilo Peçanha viajou com a mulher para a Europa e lá permaneceu até 1912. No ano seguinte, publicou seu primeiro livro, “Impressões da Europa”. Assim que voltou da viagem foi eleito senador, onde permaneceu até 1914. Neste ano (do início da Primeira Guerra Mundial), conseguiu eleger-se Presidente do Rio de Janeiro pela segunda vez, cargo que ocupou até 1917. Assumiu, no dia 07 de maio, o Ministério das Relações Exteriores durante o governo de Wenceslau Braz. Em 15 de novembro de 1918, Nilo Peçanha deixou a chancelaria, com o fim do governo de Wenceslau Braz, sendo substituído por Domício da Gama, que havia comandado a participação brasileira nas negociações do Tratado de Versalhes. No mesmo ano, retornou ao Senado, no qual permaneceu até 1920, quando empreendeu nova viagem à Europa, de lá só retornando em 1921 para disputar sua última eleição. Fazia algum tempo o senador e ex-presidente não se sentia bem. No dia 19 de março de 1924, como piorasse, foi internado para um tratamento mais adequado na Casa de Saúde São Sebastião, no Rio de Janeiro. No dia seguinte, os médicos Miguel Couto, Maurício Gudin, Henrique Duque, Carvalho Azevedo e Justino Menezes, após exames, decidiram submetê-lo a uma cirurgia, que foi iniciada pelo Dr. Gudin no dia 22, mas não pôde completá-la, pois o paciente se achava muito fraco. Apesar de todas as tentativas de tratamento, Nilo Peçanha não resistiu. Eram quatro horas da tarde, segundo o jornal “Correio da Manhã”, quando faleceu o ex-presidente Nilo Procópio Peçanha. Foi parte do seu discurso de posse na Presidência da República: “(...) Ninguém melhor do que eu compreendia a delicadeza da situação. A veneração que sempre tributei àquele a quem, de súbito tenho de suceder, o reconhecimento dos seus altos serviços do País, e o que me faltava de experiência para as responsabilidades do Governo, aumentavam o peso que me caía sobre os ombros, e que eu só poderia suportar com a colaboração dos mais capazes, o bom senso e as simpatias da Nação. O meu primeiro pensamento é dar ao País a segurança da instabilidade em que ele repousava, e foi assim que empreguei os maiores esforços para que se conservassem comigo todos os ministros escolhidos pelo meu honrado antecessor. Só de dois logrei essa cooperação que eu tanto encarecia e tão útil me virá a ser; aos demais dei todas as provas de consideração que mereciam e que estava em minhas mãos tributar-lhes. Estou certo de que esse procedimento deu à Nação confiança nos meus intuitos, e folgo aqui consignar que de todos os órgãos da opinião, recebi manifestações de aprovação pelo modo por que supri a falta daquela colaboração que solicitei, indo pedir a outros as luzes de que carecia para desempenho da minha missão. O meu fim foi cercar-me de ministros, cuja capacidade especial para cada ramo da administração mostrasse ao País que a minha preocupação principal era consagrar o resto do quatriênio ao estudo das questões da administração, e que eu punha os interesses dessa ordem acima de outras quaisquer aspirações que no momento pudessem apaixonar o espírito público (...)”.

Nilo Peçanha


Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

SÍMBOLOS NACIONAIS

Em comemoração, no dia de hoje (18/setembro/2008) aos Símbolos Nacionais, estamos publicando alguns detalhes explicativos sobre esses símbolos, como um lembrete para aqueles que ainda não conhecem referências tão importantes da nossa brasilidade.
A Lei nº 5700, de 1º de setembro de 1971, rege e dispõe sobre a forma e apresentação dos símbolos nacionais: a bandeira nacional, o hino nacional, as armas nacionais e o selo nacional. Na Bandeira Nacional, o verde e o amarelo são considerados as cores nacionais. É proibido usar ou executar os símbolos nacionais fora do modo prescrito pela lei; da mesma forma, é considerado crime apresentá-los ou tratá-los com desrespeito. A bandeira em mau estado deve ser entregue a uma unidade militar, para ser incinerada no Dia da Bandeira. É proibido mudar-lhe as cores, proporções, dístico, acrescentar-lhe inscrições, usá-la como roupa, ornamento ou revestimento, ou em rótulos ou embalagens de produtos. Entre os artigos e anexos da Lei nº 5700, destaca-se que é obrigatório, em todas as escolas do país, o ensino do desenho e do significado da bandeira, além do canto e interpretação do hino nacional; sem conhecê-lo, ninguém pode ser admitido no serviço público. A Bandeira Nacional foi projetada em 1889 por Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, com desenho de Décio Vilares, assemelhando-se à bandeira do Império, feita pelo francês Debret, com a esfera azul-celeste no lugar da coroa imperial. Nela, representa-se o céu do Rio de Janeiro, com o Cruzeiro do Sul do ponto de vista de um observador na vertical numa esfera exterior à da bandeira. Retangular, com um losango amarelo em campo verde tem no centro a esfera com uma faixa branca oblíqua da esquerda pra direita, com a legenda “Ordem e Progresso” em maiúsculas verdes. Dentro do círculo azul, estão 23 estrelas brancas de grandeza diferente. Deve ser hasteada com solenidade, de sol a sol; seu uso à noite é permitido, desde que exista iluminação adequada. Em dias de festas ou luto nacional, é obrigatoriamente hasteada em repartições públicas, escolas e sindicatos. O Selo Nacional constitui-se de um círculo representando uma esfera celeste idêntica à da bandeira, tendo em sua volta as palavras “República Federativa do Brasil”, é usado pra autenticar os atos do governo. As Armas Nacionais possuem um escudo redondo, pousado sobre uma estrela de cinco pontas com bordas de ouro e vermelho, em sua base, por sobre o cabo da espada, encontra-se a legenda com “República Federativa do Brasil” e a data de 15 de novembro de 1889. O uso das armas nacionais é obrigatório no palácio da Presidência da República, na residência do presidente. O Hino Nacional, a melodia foi composta por Francisco Manuel da Silva em 1831, com letra de Ovídio Saraiva de Carvalho, e substituída em 1909 pelo poema de Joaquim Osório Duque Estrada. Oficializado em 06/09/1922, às vésperas do centenário da Independência.





Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar)
Fonte de Referência: Almanaque Abril de 1991, às páginas. 51 a 62.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Cédula Eleitoral

Estamos em um ano eleitoral, onde a urna eletrônica, facilita e dá agilidade ao pleito eleitoral. Veja abaixo um modelo de cédula eleitoral, utilizada há 50 anos (em 1958).
MONITOR CAMPISTA, 23 de outubro de 1958
Aprovado na Comissão modelo de cédula única – cada partido uma cor, cada candidato um número – informal.

Reunida na Biblioteca da Câmara, com a presença dos ministros Cirilo Junior e Edgard Costa, a Comissão Interpartidária de Deputados aprovou a lei que introduz a Cédula Oficial nas votações proporcionais. Prevaleceu o sistema italiano, pelo qual a cada partido corresponderá uma cor e a cada candidato um número – segundo a ordem alfabética – a ser assinalada dentro de um retângulo. Esse foi o primeiro passo no sentido de uma reforma mais profunda do Código Eleitoral a ser projetada.

Cédula Eleitoral


Postado por: Leandro Lima Cordeiro (membro do Instituto Historiar)

Reprodução da foto: Leandro Cordeiro

Revisão ortogáfica: Hélvio Cordeiro


O Instituto Historiar é formado por Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavallar.

domingo, 14 de setembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

AFONSO AUGUSTO MOREIRA PENA:
Nasceu em 30 de novembro de 1847 em Santa Bárbara do Mato Dentro, em Minas Gerais. Filho de Domingos José Teixeira Penha (depois Pena) e Dª Ana Moreira dos Santos Pena. Começou seus estudos em casa com sua mãe e, em seguida, entrou no curso primário no Colégio do Caraça com 10 anos de idade, já demonstrando grande facilidade para aprender. Depois, fez brilhantemente o curso de Humanidades, pois pretendia seguir a carreira jurídica, sempre encarando os estudos com profunda seriedade, onde cursava Francês, Inglês, Geografia, História, Matemática, Retórica e Filosofia, sob os cuidados do Padre Chavelin. Ao finalizar os estudos no Caraça, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo em 1866. Foi colega de classe de Rodrigues Alves, Joaquim Nabuco, José Maria da Silva Paranhos Jr., Castro Alves e Rui Barbosa, tornando-se bacharel em 1870 e doutor em 1871. Neste período, participou de jornais, sendo um deles a “Imprensa Acadêmica”, do qual foi redator-chefe. Afonso Pena casou-se em 23 de janeiro de 1875 com Maria Guilhermina de Oliveira Pena, em Barbacena (MG) e tiveram doze filhos, seis mulheres e seis homens: Maria da Conceição, Albertina, Maria Guilhermina, Afonso Jr., Álvaro, Salvador, Alexandre, Manuel, Otávio, Regina, Dora e Olga. Logo após a defesa de sua tese de doutorado, em 1871, Afonso Pena recebeu convite para lecionar na própria Faculdade de Direito de São Paulo. Era o que tinha planejado inicialmente, mas recusou a oportunidade e voltou para Minas Gerais, seguindo a carreira de advogado. Em 1874, já no Partido Liberal, ingressou como deputado na Assembléia Provincial. Iniciava sua vida política no Segundo Império. Exerceu a função de deputado em Minas Gerais durante três anos, até eleger-se deputado para atuar na Corte em 1878. Em janeiro de 1882, assumiu o Ministério da Guerra no Gabinete Martinho Campos e, no ano seguinte, a pasta da Agricultura. Em maio de 1885, passou a ministro do Interior e Justiça, em cuja posição, assinou a Lei dos Sexagenários, que garantia a liberdade a negros maiores de 60 anos. Em 1888, fez parte da comissão que organizou o Código Civil Brasileiro, fato que o levou a ser deputado na Assembléia Constituinte de Minas Gerais. A seguir, eleito Senador por Minas Gerais, renunciando ao cargo por discordar dos atos de autoritarismo praticado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, seguindo com seu mandato de deputado. Em 30 de maio de 1892, foi eleito para o cargo de presidente de Minas Gerais, assumindo essa função em Ouro Preto (na época, a capital mineira). Em Minas, como no resto do Brasil, havia muitos analfabetos, no que Afonso Pena não só combateu esse gravíssimo problema como criou a Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais. Criou também a Academia de Comércio e melhorou o sistema de transporte, regularizando as finanças e estimulando a produção agrícola, tendo também construído uma nova capital para a Província, em 1893 – Belo Horizonte (que seria inaugurada oficialmente em 12 de dezembro de 1897). Após grande insistência de Prudente de Moraes, Afonso Pena aceitou a presidência do Banco da República. Em 1899, elegeu-se senador por Minas Gerais, exercendo essa função durante três anos, até que, em 1902, como presidente do Senado, tornou-se Vice-Presidente da República, durante 1902-1906, sendo que, em 1905 lançou sua candidatura à Presidente da República e, ao mostrar sua plataforma de governo no Rio de Janeiro, já era saudado como o futuro presidente. Para seu Vice-Presidente viria a ser escolhido o nome do fluminense Nilo Peçanha. Os concorrentes de Afonso Pena nessas eleições foram: Bernardino de Campos e Campos Salles (que era ex-presidente da República), porém, depois de complexas negociações, surgiu apenas o nome de Afonso Pena como único candidato, tendo conseguido nesse pleito a quantia de 288.285 votos. Com 59 anos, maduro e experiente, o presidente eleito fez algo que ninguém havia feito: uma viagem por todo o Brasil, para conhecer mais sobre o país e orientar a sua atuação. Deve-se observar que o mandato de Afonso Pena foi o que mais priorizou o desenvolvimento nacional no início da República, tendo também feito a renovação política nacional. Economicamente, o Brasil estava atravessando um bom momento. Entretanto, a corrupção na política e a miséria geral das classes trabalhadoras eram consideradas um grande problema para o governo, ao mesmo tempo que o café começava a sentir os efeitos das crises de preços, no plano externo e interno, com grande dificuldade para conseguir financiamento. Em seu plano de governo, Afonso Pena queria implantar o programa ferroviário de Miguel Calmon que previa a ligação entre os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, além de incentivo à imigração em massa de japoneses e italianos, que era liderada pelo ministro Davi Campista, tendo também cuidado da economia, através da organização da Caixa de Conversão e a reorganização da Carteira Cambial do Banco do Brasil para tentar com isso a valorização do café. Nesta época foram atendidas algumas reivindicações dos trabalhadores, como a jornada de trabalho de oito horas a partir de maio de 1907. Mandou Rui Barbosa chefiando a delegação representante do Brasil na cidade holandesa de Haia para participar (pela primeira vez) da Segunda Conferência Internacional da Paz, na qual foi criada a Carta Internacional de Arbitragem, que era apresentada como instrumento de resolução de conflitos internacionais. A partir de 1907, com a regularização do fornecimento de energia elétrica no Rio de Janeiro, começaram a aparecer os primeiros cinemas, atraindo uma multidão para assistir estes espetáculos. Antes de encerrar o ano de 1907, foram inaugurados 997 quilômetros de linhas telegráficas que ligavam a Amazônia ao Rio de Janeiro. O ano de 1908 começou com grande polêmica pela criação da Lei do Serviço Militar Obrigatório, medida execrada por antimilitaristas como Edmundo Bittencourt, Brício Filho e Rui Barbosa. Afonso Pena abraçou a realização de uma Exposição Nacional para comemorar o Primeiro Centenário da Abertura dos Portos do Brasil. Ainda em 1908, Afonso Pena conseguiu um empréstimo de 15 milhões de libras do governo da Inglaterra para socorrer os preços do café de São Paulo, ficando estabelecido que a União fosse a fiadora do negócio. A crise política que marcou o final da gestão de Afonso Pena iniciou-se com a morte de João Pinheiro, presidente do estado de Minas Gerais, que era o principal mediador político entre a oposição e o governo. Hermes da Fonseca, que era responsável pela pasta da Guerra, renunciou para dedicar-se à campanha de seu nome para a presidência, vindo a se opor ao governo do qual vinha fazendo parte. Afirma-se que o episódio da demissão de Hermes da Fonseca foi o ápice da crise que marcou a debilitação da saúde de Afonso Pena. Na tentativa de resolver o caos instaurado, o presidente pediu ajuda ao ministro da Justiça, Tavares de Lima, em busca de um novo nome para fazer seu sucessor. A crise complicou-se tanto que o presidente caiu em depressão. Afonso Augusto Moreira Pena morreu de pneumonia aos 61 anos de idade, no dia 14 de junho de 1909, no Palácio do Catete, sem concluir o mandato presidencial. Alguns disseram na época que seu fim se devera ao trauma da perda do filho e assistente Álvaro Pena. Decerto, as tensões da corrida pela sucessão presidencial e dos movimentos das oposições não deixaram de contribuir para o problema de saúde e da morte do presidente. Assistido pela esposa e pelos filhos, tornou-se o primeiro presidente do Brasil a morrer em mandato, na residência oficial da Presidência da República, sendo colocado no cargo de sucessor, o seu Vice-Presidente, Nilo Peçanha. Uma parte de importante discurso de Afonso Pena: (...) “Em épocas tão perturbadas como a atual, muito fácil é a desorientação dos espíritos, mesmo retos e ilustrados, pela incompleta apreciação dos problemas políticos, e é por isso que me julgo no dever de dirigir-me ao povo, expondo, com lealdade e franqueza, o meu modo de encarar a situação, tendo-a estudado com espírito calmo e desprevenido e pondo em contribuição o conhecimento que tenho dos homens e das coisas” (...)

Afonso Pena

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Comércio no Rio Paraíba

O Rio Paraíba do Sul volta a ser navegável, só que os barcos dos nossos dias não são mais utilizados como meio de transpote de pessoas e alimentos. Podemos observar na fotografia antiga, pranchas e vapores em um trecho do Rio Paraíba, utilizado no transporte de mercadorias e passageiros.
Atualmente os pescadores estão garantindo seu sustento em forma de mídia alternativa em campanha política. Veja abaixo algumas fotografias:
Navegação e comércio no Paraíba, no passado

Navegação e propaganda política no Paraíba, no presente

Postagem: Instituto Historiar (Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar).

Fotografias: Acervo do Instituto Historiar, Joares Fernandes (colaborador), Leandro Cordeiro (membro do Historiar).

domingo, 7 de setembro de 2008

Série Presidentes do Brasil

FRANCISCO DE PAULA RODRIGUES ALVES: Nasceu em 07 de julho de 1848 na Fazenda de Pinheiro Velho, em Guaratinguetá, Estado de São Paulo. Filho de Domingos Rodrigues Alves e Dª Isabel Perpétua e Silva. Filho de ricos proprietários de terra, Rodrigues Alves teve uma meninice calma e despreocupada, vivendo até os 11 anos dividindo as brincadeiras com os irmãos mais velhos, que consistia em soltar pipa e caçar passarinhos no quintal de sua casa ou na fazenda do avô materno. Logo após completar os 11 anos, foi pro Rio de Janeiro para estudar com o professor Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro, estudava também matemática com Saturnino Soares de Meireles, francês com João Francisco Halbout e Batista Caetano de Almeida Nogueira, grego e alemão com o barão de Tautphoeus, (professor do próprio imperador), e história com o romancista Joaquim Manuel de Macedo. Os pais de Rodrigues Alves viam como obrigação moral que ele estudasse no Colégio Pedro II, que era considerado como uma referência em educação. O título de bacharel em Letras era conseguido após sete anos de estudos e se dividia em duas partes: nos quatro primeiros anos, os alunos cursavam português, francês, inglês, latim, religião, moral, aritmética, álgebra, geometria, trigonometria, geografia, história geral e do Brasil, ciências naturais, desenho, música, dança e ginástica. Os três últimos anos eram dedicados aos estudos mais avançados de latim, grego, alemão, geografia, história, italiano, filosofia, ética e retórica. O jovem Rodrigues Alves tirou nota máxima em quase todas as disciplinas. Em 1865, com 17 anos, o bacharel em Letras seguiu para São Paulo para conseguir seu diploma de bacharel em Direito. Durante o curso de Direito, Rodrigues Alves manteve-se em destaque como um dos mais ativos estudantes. O jovem bacharel enamorou-se de sua prima-irmã Ana Guilhermina de Oliveira Borges, filha de José Martiniano de Oliveira Borges e de Guilhermina Cândida de Oliveira Borges, e no dia 11 de setembro de 1875 se casavam em casa da mãe da noiva, em Guaratinguetá, e dessa união, nasceram oito filhos: Ana, Francisco de Paula, Oscar, José de Paula, Maria, Celina, Zaíra e Isabel. O bacharel Rodrigues Alves optou pela carreira no Ministério Público e, em 1878 elegeu-se para a Assembléia Provincial pelo Partido Conservador. Passado um longo período de recolhimento e preparação de suas bases eleitorais, entrou para a Câmara dos Deputados em 1885, com 37 anos de idade. Foi sua primeira incursão, como político, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, foi eleito presidente da Província de São Paulo e assumindo o cargo, permaneceu nele de 1887 a 1888, sempre integrando o Partido Conservador. Tornou-se membro do Conselho de Estado em 1888 e assistiu à Proclamação da República, iniciando seus trabalhos como constituinte, de 1890 a 1891. No governo de Floriano Peixoto, foi convidado a assumir o Ministério da Fazenda, mesmo convite feito, no governo de Prudente de Moraes, em razão da confiança que inspirava a todos. Entre um governo e outro, Rodrigues Alves entrou para o Senado Federal e, em 1900, voltou para a cadeira de presidente do Estado de São Paulo, cargo que exerceu até 1902. Sendo indicado por Campos Salles, como seu futuro sucessor, por ser considerado por este como o único candidato com qualidades para dar continuidade ao reerguimento econômico do país, Rodrigues Alves foi eleito, sendo usado pela primeira vez o processo de votação que seria por um bom tempo a nova forma de se eleger o presidente no país: a “política dos governadores” ou “dos Estados”, como preferia o presidente (os representantes de todos os Estados do Brasil reuniam-se e votavam nos candidatos apresentados). Disputavam o pleito, assim como Rodrigues Alves, Quintino Bocaiúva e Ubaldino Amaral. O resultado, em 1º de março de 1902 mostrava Rodrigues Alves eleito com 592.039 votos. Quando desembarcou no Rio de Janeiro, um mês antes de tomar posse, tinha 54 anos e foi recebido pelo jornal “O Malho”, com o seguinte comentário: “Na estação do Campo de Santana, com suas calças cor de pinhão, com seu chapeuzinho-coco, [...] parecia simplesmente o presidente da Câmara Municipal de Guaratinguetá. O presidente eleito mostrou-se grande administrador, cercando-se de bons auxiliares, fez a cidade do Rio de Janeiro dar um grande salto de progresso, sendo até hoje lembrado pelo saneamento de toda cidade. A capital da República passou a encher os olhos do mundo, como uma cidade em desenvolvimento turístico, comercial e financeiro, parecendo na época, uma das mais modernas cidades européias. Esta explosão de desenvolvimento trouxe também um tremendo descontentamento para grande parte da população pobre, que tinha seu comércio de subsistência nas ruelas, onde havia várias casas pobres e diversos cortiços, que foram expulsos por obra de uma simples assinatura e por ações repressivas de policiais, chegando a demolir várias casas com golpes de marreta. O centro da cidade e seus bairros adjacentes passariam a ser ocupados pela elite, com suas boutiques modernas e seus cafés elegantes, empurrando aqueles mais pobres, para a periferia da cidade. Por outro lado, esta remodelação teve uma grande importância social, que foi a ação do médico, sanitarista e cientista brasileiro Osvaldo Cruz, com sua luta contra a febre amarela, que matava muita gente naquela época. A erradicação da epidemia foi bem-sucedida graças às descobertas científicas de Osvaldo Cruz e aos métodos americanos utilizados em Cuba e nas Filipinas e que, imposto pela presidência, era implantado no Brasil. Em 1906, Osvaldo Cruz já havia riscado do mapa essa doença da cidade do Rio de Janeiro e em quase todo o Brasil, com a campanha de vacinação obrigatória de 1904. No início, essa vacinação gerou uma grande revolta na população que ficou conhecida como “A Revolta da Vacina”. Vários manifestantes saiam de madrugada pelas ruas, quebrando lampiões a gás, ateando fogo em bondes e cortando fios telefônicos. Por causa deste tumulto, o presidente foi aconselhado a deixar o palácio e refugiar-se em um navio da esquadra, no que essa atitude foi repelida com a seguinte frase: “Aqui é meu lugar, e daqui só sairei morto. A cidade seria dominada pelos revoltosos e a única solução que me restaria seria a renúncia vergonhosa”. No segundo ano de mandato de Rodrigues Alves, ficou resolvida a questão diplomática com a Bolívia, tendo à frente, (com grande destaque para o barão do Rio Branco), foi incorporado o Acre ao Brasil, fazendo parte dessa negociação o compromisso da construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, estratégica para o escoamento da produção dos dois países. Foi também resolvida a questão de limites da fronteira com o Equador e com a Guiana Francesa. Quando partiu para São Paulo, no fim de seu governo, Rodrigues Alves teve o prazer de ver seu carro seguido por grande número de pessoas, de sua casa na Rua Senador Vergueiro, até a Praça da República. Rodrigues Alves realizou uma demorada viagem à Europa ao deixar o Palácio do Catete em 1906, mas não abandonou a política. Em 1909 apoiou seu amigo Rui Barbosa para disputar a presidência com o marechal Hermes da Fonseca. Em 1912, conseguiu eleger-se pela terceira vez presidente do Estado de São Paulo, e, em março de 1918, reelegeu-se presidente do Brasil. Dessa vez, porém, não chegou a tomar posse, pois caiu enfermo contagiado pela gripe espanhola, assumindo o cargo seu vice-presidente Delfim Moreira. Francisco de Paula Rodrigues Alves saneou o Rio de Janeiro e erradicou a febre amarela, mas, ironicamente, foi uma epidemia de gripe que o matou na madrugada do dia 16 de janeiro de 1919. No dia seguinte, às cinco horas da manhã, seu corpo chegou a Guaratinguetá, onde foi sepultado. Foi seu discurso no ato de posse na presidência da República: “Assumo hoje o cargo de presidente da República, para o qual tive a honra de ser eleito em 1º de março do corrente ano, e cumpro o dever de afirmar ainda uma vez à Nação o propósito de empenhar toda a minha atividade para corresponder àquela prova elevadíssima de confiança política. [...] prometo aos meus cidadãos manter no governo o mais largo espírito de tolerância, sem ódios, sem preferências injustas ou odiosas exclusões”. [...]

Rodrigues Alves


Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.