“Que pejos que tinha! Tentavam-lhe as ondas
As plantas tão alvas humildes beijar;
A tímida virgem fugia, corando,
Medrosa dos lábios impuros do mar.
Às vezes, a água fingia render-se,
Veloz avançando pra linfa azulada,
Se os seixos, acaso, roçavam-lhe a cútis,
Volvia, de pronto, sorrindo eleiada.
Sentado na relva quedei-me a fitá-la,
Mirando donaires que tinha indecisa;
Inveja eu nutria das conchas da praia,
Faziam-me zelos os beijos da brisa!...”
Dedicado na expressão, Rodrigues Peixoto foi poeta de grande inspiração. Mais alguns versos descritivos dão mostra do seu talento. Isso foi nos primeiros tempos. Passada a fase sonhadora da mocidade, deixou-se levar pela realidade. Era adiantado e dinâmico agricultor. Resolveu dedicar-se ao estudo das questões econômicas e agrícolas. Mais do que isso, cogitou sobre a indústria, a política e os assuntos sociais em geral. Com base nas suas observações, e sob o pseudônimo de “Eguesto” publicou vários trabalhos: “A Lavoura em Campos e a Baixa do Açúcar”, em 1874; “A Crise do Açúcar e a Transformação do Trabalho”, em 1885; “Colonização”, em 1886; “Discursos Parlamentares”, em 1888; “Questões Sociais”, em 1903; “Programa de Administração”, em 1904. Rodrigues Peixoto era notável conferencista. Da tribuna, entre outros assuntos, teve oportunidade de abordar os seguintes: “O Alcoolismo e seus Efeitos Sociais”, “O Álcool e suas Aplicações Industriais”, “A Tuberculose”, “O Crédito Agrícola”, “Campos”, “A Indústria Açucareira e o Porto de São João da Barra”, “A Crise do Café”, etc. Como homem de imprensa, colaborou com o “Monitor Campista”, o “Diário do Rio de Janeiro”, com a “Luta”, com o “Futuro”, órgão do Partido Liberal. Em 1866 fez uma viagem pela Europa, visitando Portugal, França, Espanha, Itália, Inglaterra, Suíça, Turquia e Principados do Danubio. De volta ao Brasil em 1868, casou-se com D. Maria Isabel de Miranda Manhães, filha do Dr. Joaquim Manhães Barreto e Srª Antonia Gregório de Miranda Manhães e neta dos Barões de Abadia. De 1868 a 1881, esteve entregue à agricultura e à indústria. Em 1874, de sociedade com o Dr. Francisco Portela construiu a Estrada de Ferro Carangola. Em 1881 fundou o Engenho Central do Cupim, estabelecimento que foi modelo e escola para quantos desejaram exercer modernamente a indústria do açúcar. Seduzido pela política, colocou-se à frente dos liberais, já que suas tendências eram democráticas; Neste ano de 1881 foi eleito deputado geral, enfrentando como adversário o Dr. Tomás Coelho. No Parlamento, onde se conservou até o ano de 1884, proferiu memoráveis discursos. Não obstante ser fazendeiro e se servisse do elemento servil, votou o projeto Dantas que propunha a Abolição. Em 1887, o Dr. Rodrigues Peixoto, foi eleito deputado pela oposição. No ano seguinte foi aos países do Prata. De volta ao Brasil ocupou na Câmara lugar destacado, fazendo oposição ao gabinete João Alfredo. Sabe-se que a sua atuação foi objetiva, discutindo os assuntos importantes da época e interpelando constantemente o Governo. Passou nada menos de 15 anos no regime republicano, que fora o sonho de sua mocidade, observando os fatos que se desenrolavam no País. Em 1904, Nilo Peçanha, então Presidente do Estado do Rio de Janeiro (hoje Governador do Estado), o convidou para exercer o cargo de Prefeito do Município de Campos dos Goytacazes. Manuel Rodrigues Peixoto exerceu a função inaugural do regime prefeitural da terra goitacá. Como Prefeito de Campos, o Dr. Rodrigues Peixoto prestou excelentes serviços à comunidade e a prova se pode constatar na Mensagem enviada ao Conselho de Vereadores. Deixando a Prefeitura, foi eleito deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro. A seguir, no Ministério da Agricultura foi um dos seus diretores. Em 1912, atendendo ao pedido do ministro Pedro de Toledo visitou os Estados do Rio, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, realizando estudos junto aos núcleos coloniais mantidos pelo governo federal. Seus relatórios, que constituem trabalhos de alto valor pela rara competência quando elaborados, foram publicados pelo Ministério da Agricultura. E para dizer algo mais sobre o Dr. Manuel Rodrigues Peixoto, vejamos o que disse Múcio da Paixão: “Não foi somente na esfera da atividade industrial, parlamentar e administrativa que se exercitou o febril espírito do Dr. Rodrigues Peixoto; já à magistratura prestou ele muitos e desinteressados serviços. Foi suplente de Juiz Municipal do termo de Campos, tendo estado em exercício desde 1869 até 1873, havendo nesse tempo iniciado a Reforma Judiciária; serviu como promotor interino na Comarca de Campos; foi substituto do Juiz de Órfãos e de Direito de Campos. O Dr. Manuel Rodrigues Peixoto faleceu no dia 29 de setembro de 1919.
Texto: Hélvio Gomes Cordeiro.
Parabéns ao Instituto ! Sou campista, infelizmente não moro mais na cidade que tanto amo. Cheguei ao blog pesquisando na rede por fotos antigas de Campos dos Goytacazes, a acabei lendo os posts que achei mais interessantes, principalmente sobre os prédios históricos, desde o primeiro post até hoje. Sou descendente de Julio Feydit (que foi prefeito da cidade) e historiador, escreveu o livro Subsídios para História de Campos dos Goytacazes. Ainda não vi a história dele aqui. Ele foi maçom. Acho, não estou certo disso, que junto com a maçonaria organizou a instalação da luz elétrica em Campos dos Goytacazes, e por esta ocasião recebeu o imperador Don Pedro em umas de suas visitas a cidade (que também pertencia a maçonaria).
ResponderExcluirPesquisa isso para mim.
abraços
Mauro Feydit
Eu estava buscando conhecer a história de meu antepassado , "Manuel Rodrigues Peixoto". Muito me esclareceu , pois só havia ouvido de viva voz de meu avô Isimbardo Peixoto, que me contava de nossa descendencia do barão da lagoa dourada .Me senti lisongeado com sua brilhante pesquisa , resgatando a historia, não só do municipio , mais a minha tambèm. Sou nascido neste municipio, mais por motivos decorrentes da vida , fui levado a viver em Niteroi des dos seis meses de idade . Hoje retorno a minha cidade em meus 51 anos e cursando a faculdade de Odontologia de Campos . Onde me encontro, com muito orgulho.
ResponderExcluirPossuo a foto original de Manuel Rodrigues Peixoto . Que me foi entregue por meu avô.
E venho te agradecer , por ter me dado a falicidade do conhecer a minha própria història .
Grato
Rogerio Rodrigues Peixoto
A palavra correta para descrever esta pesquisa é FANTÁSTICO.
ResponderExcluirSou bisneto do Manuel Rodrigues Peixoto e como disse meu irmão Rogério anteriormente, eu sabia dessas histórias através de meu pai, ALOYSIO CELIO ISIMBARDO VIVACQUA RODRIGUES PEIXOTO, o qual relatava para mim quando eu tinha aproximadamente 13/15 anos de idade. Eram vagas as lembranças e tal pesquisa me alegrou muito, pois, cursei comunicação social e me tornei jornalista e ao acaso do destino, mesmo sem saber, acabei seguindo um pouco da linha literária de meu pai, avó ISIMBARDO RODRIGUES PEIXOTO (um dos fundadores da Academia Campista de Letras) e bisavó.
Parabéns!!!
ALOYSIO CELIO ISIMBARDO PEIXOTO JUNIOR
Obs.: Caso precise de alguma ajuda para completar alguma pesquisa referente aos meus antepassados: acipjr@gmail.com
Brilhante matéria!
ResponderExcluirParabéns ao Instituto pela postagem e ao Hélvio Gomes Cordeiro pelo excelente texto.
Peço licença para transcrevê-la.
João Pimentel
(http://www.camposfotos.blogspot.com.br/)
Gostei imensamente de ler esse texto, com informações de sua vida e obra.
ResponderExcluirSe fosse possível, gostaria de saber mais sobre o espaço para o gênero TROVA, em sua obra literária, já que o Dr. Rodrigues Crespo é campista e também conhecido como poeta trovador, campo de estudo do meu interesse.