segunda-feira, 30 de agosto de 2010

UMA TRISTE INFORMAÇÃO

É lamentável a notícia, mas acabamos de ficar órfãos de mais um Jornal de tradição, qualidade, seriedade, história e, principalmente credibilidade. Circula hoje, pela última vez, o Jornal do Brasil. Segundo informações, o jornal já vinha passando por grandes dificuldades, se aguentando somente pelo seu nome e prestígio. Achamos que é a sina dos grandes informativos isentos, que não conseguem competir com o sistema atual de “fazer jornalismo”. Com isso a História do Brasil, através do que se pode chamar imprensa isenta e informativa, fica um pouco (ou diríamos muito) mais pobre do bem servir e trabalhar em prol da preservação do hábito da boa leitura e da utilidade pública, independente do “valor” da informação. Nem bem conseguimos engolir o fechamento do Jornal Monitor Campista, detentor de grande parte da história de Campos dos Goytacazes, desde o período em que ainda era uma Vila e, agora perdemos mais um Jornal de grande longevidade, que também serviria tal e qual o Monitor Campista, para ser usado em escolas públicas, como livros de História do Brasil. Com certeza, esta notícia vai deixar os amantes da boa leitura, do bom jornalismo, da seriedade e da isenção no informar, um pouco mais triste no dia de hoje.























Texto: Hélvio Gomes Cordeiro
Fotos: Acervo do Jornal do Brasil.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

RELEMBRANDO O MONITOR CAMPISTA

PUBLICADO EM MEMÓRIAS:

17/08/1957 -
Aprendiz de Motorista - O motorista de ônibus que faz a linha Parque Guarús, ontem, cerca de meio dia, resolveu dar aulas a um aluno e futuro colega no próprio ônibus, cheio de passageiros. Mas acontece que o aluno era meio atrasado, não sabia nada, por isso mesmo o mestre o pôs no seu banco e ficou atrás dando-lhe instruções. Sucediam-se as barbeiragens com grande nervosismo dos passageiros do ônibus. Mas o motorista, tal como se estivesse praticando a coisa mais natural do mundo, limitava-se a sorrir. Divertindo-se com a aflição de todos aqueles passageiros. Em vão ergueram-se protestos. O homem não lhe deu ouvidos. Convém salientarmos ainda que o ônibus, já com um lado danificado, chocou-se contra um poste na Avenida 15 de Novembro, pondo-o abaixo. O ônibus estava lotado, levava cerca de 30 ou mais passageiros, foi muita sorte que não houve queda de fios de alta-tensão. Não dando o braço a torcer, deu marcha-ré e continuou a aula. O mestre ainda disse ao aluno: “agora você consegue”, continuou a andar chocando-se contra o muro do Sanatório Ferreira Machado. Causando novamente pânico nos passageiros, o professor pede ao aluno para dar marcha-ré novamente e prosseguir as barbeiragens, vindo até a Praça São Salvador em pleno exercício do magistério. Alívio foi na hora que os passageiros desembarcaram do ônibus, ou seja, dessa bomba ambulante. Embora estejamos publicando esse artigo não esperamos qualquer providência.


16/04/1907 - Dr. Teixeira de Mello - Faleceu no dia 10, às 20:30hs, na Capital Federal, o ilustre campista Dr. José Alexandre Teixeira de Mello, ex-diretor da Biblioteca Nacional e membro da Academia Brasileira de Letras. Era um grande investigador histórico e de reconhecida competência nesses assuntos. O ilustre campista, cuja morte enluta as letras pátrias, nasceu a 28 de agosto de 1859. Depois de formado, veio residir nesta Cidade, onde clinicou durante longos anos e constituiu família, casando-se com a Exmª Srª D. Izabel Marques Braga, filha do falecido Saturnino Braga, importante fazendeiro neste município. Era o Sr. Teixeira, sócio efetivo de várias associações literárias e científicas nacionais e internacionais. O seu primeiro trabalho feito na Biblioteca foi uma codificação dos manuscritos referentes ao secular litígio com a França, sobre os limites da Guiana. Ocupava a cadeira 37ª das 40 cadeiras da Academia Brasileira de Letras. Paz para a boa e grande alma do autor das “Sombras e Sonhos” e de “Miosotis”. A sua respeitável família os nossos sentimentos.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

CIEP 057 NILO PEÇANHA INAUGURA LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS

Mostrando visão, cuidado com a educação e com o desenvolvimento de seus alunos e, com o pensamento no futuro, o CIEP Nilo Peçanha da Lapa mostra o que pode fazer quando se tem uma equipe super competente, que comanda a escola com as mãos firmes das Diretoras Ana Paula Rosa da Silva Gomes, Adilma Gomes Vicente e Rita de Cássia Pacheco Rangel. Foi inaugurado na escola o Laboratório de Ciências, em parceria com a UENF, no último dia 10 de agosto. A solenidade contou com a apresentação da incansável Adaisa Paes Viana (Coordenadora Pedagógica), da Profª Elenir Amâncio (representando a UENF), Profº Leonardo Rocha Barros e a Profª Mirian Cristiane de Andrade. O Laboratório funciona com 10 estagiários da UENF e com 04 alunos do CIEP 057 Nilo Peçanha. Prestigiando esta brilhante iniciativa estiveram representantes de outras instituições educacionais, da Fundação Municipal Zumbi dos Palmares, da sociedade em geral e, do Instituto Historiar.












































Texto: Hélvio Gomes Cordeiro
Fotos: Ciep Nilo Peçanha
Postagem: Leandro Lima Cordeiro.

sábado, 14 de agosto de 2010

RELAÇÃO DE PAÍSES E O NÚMERO DE ACESSOS AO BLOG DO HISTORIAR

Portugal – 176; Estados Unidos da América – 60; Espanha – 12; Alemanha – 12; Suíça – 31; França – 40; Reino Unido – 25; Angola – 16; Rússia – 7; Argentina – 18; Canadá – 16; Irlanda – 11; Senegal – 5; Japão – 10; México – 4; Itália – 13; Moçambique – 5; Suécia – 3; Hungria – 3; Uruguai – 5; Bélgica – 10; Koréa do Sul – 2; Austrália – 2; Índia – 2; Croácia – 2; Áustria – 3; Israel – 3; Costa do Marfim – 5; Costa Rica – 1; Kenya – 2; Nicarágua – 1; Porto Rico – 2; Cabo Verde – 2; Ghana – 3; Holanda – 2; El Salvador – 4; Emirados Árabes – 6; Panamá – 1; Paraguai – 1; Venezuela – 3; Perú – 1; Luxemburgo – 1; Filipinas – 1; Turquia – 5; Colômbia – 1; Grécia – 1; República Dominicana – 2; Tanzânia – 2.
Segundo dados do Google Analitic, o período corresponde de janeiro a agosto e perfaz um total de 543 acessos de 48 países.



Texto: Hélvio Gomes Cordeiro.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

SEXTA COM CHORINHO














Projeto Choro & Cia. prossegue hoje no Centro de Compras da Pelinca

Depois da apresentação na Praça São Salvador, o Conjunto Regional Carinhoso volta a encantar os fãs do Chorinho, nesta sexta, a partir das 19h30, desta vez no Centro de Compras da Avenida Pelinca, uma das mais movimentadas de Campos. O show faz parte do Projeto Choro & Cia. que antes era desenvolvido no foyer do Teatro Municipal Trianon e agora ganhou caráter itinerante. No repertório do Carinhoso estão chorões consagrados: de Chiquinha Gonzaga e Joaquim Calado a Pixinguinha e Jacob do Bandolim. Vale lembrar que o Choro & Cia, sob a coordenação do músico Renato Arpoador, prossegue até o final do ano e conta ainda com a participação de convidados especiais, destacando o trabalho de profissionais da cidade. No Intervalo Poético Antonio Roberto Fernandes, a homenagem ao poeta fidelense será feita por Jeane Viterbo. No último, o poeta participante foi José Viana.

O Choro & Cia. tem apoio da Fundação Teatro Municipal Trianon e é realizado pelo Clube do Choro & Cia. O evento é aberto ao público.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

JULIO FEYDIT

Nasceu em Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, no dia 26 de julho de 1845, no Cortume da Coroa, que se situava em frente ao Cemitério do Caju (Cortume é um local onde se processa o couro cru, tendo por finalidade deixá-lo utilizável para a indústria). Era filho de José Feydit, cidadão de nacionalidade francesa e de D. Josepha Pinheiro Feydit, esta nascida em Campos dos Goytacazes. Uniu-se pelo casamento à Srtª Thereza Koch Feydit, também campista, fgilha de David Koch, imigrante alemão procedente da Cidade de Baden-Baden. Dessa união nasceram nada menos de onze filhos, dos quais a última sobrevivente foi Julieta Feydit Peixoto Siqueira, com 96 anos de idade. Julio Feydit era industrial e consta que de sociedade com seu sogro dirigiu e, mais tarde empreendeu por conta própria o funcionamento regular de um Cortume, o qual ficava nas proximidades do Canal, local conhecido como Covas D’Areia, trecho que ficou famoso em virtude das movimentadas “batalhas de confetis” que eram ali realizadas numa fase da vida campista em que a população se dedicava com grande disposição ao Carnaval, anterior a Segunda Guerra Mundial, período em que a Festa de Momo em Campos ganhou renome. Nas horas de folga, Julio Feydit se entregava com alma ao trabalho de pesquisar dados sobre sua terra, leituras de antigos jornais, atas da Câmara Municipal, de grandes Sociedades, etc., dados esses que cuidadosamente reunidos resultaram no livro que tem por título “Subsídios para a História dos Campos dos Goytacazes”. Tal livro que tem servido de fonte para gerações de pesquisadores, foi lançado em 03 de janeiro de 1900, trazendo em sua Introdução o seguinte texto: “A obra que apresentamos não tem a pretensão de ser um escrínio literário. É a uma pena mais autorizada que a nossa, a quem pertence o direito de escrever os fatos que devem constituir a história de Campos. Até que apareça um campista que, recolhendo os subsídios que coordenamos no presente livro, faça desses toscos materiais o monumento da História de Campos, seja-nos lícito esperar que os nossos conterrâneos, aceitem com benevolência o presente livro, como o repositório conquistado às traças pelo humilde trabalhador que procurou aplainar as primeiras dificuldades ao futuro historiador. A pena burilada do vindouro escritor suprirá os erros, as omissões e as lacunas, que sem dúvida não faltarão na presente obra. Julgamos dever guardar a ortografia dos documentos que copiamos dos arquivos, assim como as datas, os livros e os cartórios de onde extraímos, para que em caso de dúvida possa ser verificada a autenticidade deles. Este trabalho representa o fruto de oito anos de escavações nas coleções de jornais antigos e nos cartórios. Devemos confessar com a maior gratidão que sempre achamos a melhor boa vontade nos redatores do Jornal Monitor Campista, nos tabeliães do 1º e 2º Cartórios, Administrações da Santa Casa e da Igreja Matriz (hoje Catedral Diocesana de Campos), Carcereiro da Cadeia de Campos, Secretaria da Câmara Municipal, pondo à nossa disposição todos os livros confiados à sua guarda e dos quais extraímos os documentos históricos que apresentamos aos leitores. Publicamos este livro, que servirá de incentivo aos nossos conterrâneos para outras obras de maior vulto, não tivemos em vista outro fim a não ser juntar as pedras que se achavam dispersas para o futuro construtor arquitetar novo monumento em cuja fachada se leia: - HISTÓRIA DE CAMPOS – estilo gracioso, elegante, opulento e sublime, que falta à nossa apoucada inteligência.” Tendo se tornado coisa rara essa obra, após ser atualizada e ilustrada, foi, pela sua querida neta, reeditada para a alegria, especialmente nossa, que falamos da História de Campos, através de nossa colaboração nesta divulgação através de pesquisas. Nesta reedição, diz a sua responsável, Srª Hylze Peixoto Diniz Junqueira, com emoção e carinho: “Com o lançamento dos ‘Subsídios para a História dos Campos dos Goytacazes’, de Julio Feydit, obra por mim ilustrada e com a ortografia atualizada, procuro retribuir o carinho que o meu avô tinha para com todos os netos. A ternura e a maneira especial com que me sentava no seu joelho no banco de pedra em frente à sua casa para dar-me as balas preferidas, animaram-me a reeditar este livro, por muitos sempre procurado.” A nova edição dos ‘Subsídios para a História dos Campos dos Goytacazes’, foi comemorativa dos Festejos do Santíssimo Salvador de 1979. Julio Feydit em suas atividades de homem público a que se elevou, exerceu com vivo interesse, as funções de Delegado de Polícia, Vereador pela Câmara Municipal de Campos (na época em que os vereadores eram conhecidos como camaristas). Depois disso, com justiça foi levado ao posto de Prefeito da Cidade de Campos dos Goytacazes, no período de 1908 a 1910. Faleceu em sua residência na Cidade de Campos, situada na Av. Visconde do Rio Branco (antiga Beira-Valão), esquina de Av. Oswaldo Cardoso de Melo (antigo Passeio Municipal e, depois, Av. 28 de Março), no dia 18 de maio de 1922. Não ficou esquecido da memória dos campistas, visto que, com satisfação, é bom saber que o seu nome passou a denominar uma rua em Campos como “Travessa Julio Feydit”. Consta de sua certidão de batismo da Paróquia de SS. Salvador os seguintes dados: “Certifico que revendo os livros de assentamento de batizados desta Paróquia, encontrei no livro 13 à folha 183vº o assentamento do teor seguinte: Aos vinte e quatro dias do mês de dezembro do ano de mil oitocentos e quarenta e cinco nesta Matriz de S. Salvador, batizei e impus os Santos Óleos ao inocente Julio, que nasceu a vinte e seis de julho do corrente ano, filho legítimo de José Feydit, filho natural de França, e de Josepha Pinheiro de Jesus, natural e Batizada na Freguesia de Santo Antonio dos Guarulhos, neto paterno de José Feydit e de Ester Coxen, naturais da França, e materno de Vicente Pinheiro da Silva e de Maria Joana de Jesus, naturais e batizados na Freguesia de Santo Antonio de Guarulhos; foram padrinhos seus avós maternos: Vicente Pinheiro da Silva e Maria Joana de Jesus. Quem assina como responsável é o Cônego Hygino Alvares Delgado Pimenta”. E, em sua Certidão de Óbito, do Cartório Wagner Quintanilha, diz o seguinte: “Gilberto Wagner Quintanilha, Oficial do Registro Civil do 1º Subdistrito da Cidade de Campos, Estado do Rio de Janeiro, por nomeação na forma da lei. Certifico que à fls. 112 do livro nº 47 de Registro de Óbitos consta sob o nº 432 o de Julio Feydit, ocorrido aos dezoito de maio de 1922, às 20:00 horas, à Rua Visconde do Rio Branco nº 180, nesta Cidade, do sexo masculino, de cor branca, com setenta e sete anos de idade, estado civil viúvo, profissão industrial, natural deste Município, residente em local do óbito, filho de José Feydit Filho, causas mortis, esclerose cardio renal – septicemia estreptocócica, tendo sido o atestado firmado pelo Dr. João Garcia Junior, foi declarante Irineu Soter da Rosa Vianna. Vai ser sepultado no Cemitério Público desta Cidade. Observações: Viúvo de Thereza Koch Feydit, deixa oito filhos maiores de nomes: Josepha Feydit, Amadeu Feydit, Julieta Feydit Peixoto de Siqueira, Anna Koch Feydit Vianna, Idalio Feydit, Eugenio Feydit, Wandick Feydit e Edilia Feydit. Ignoea o declarante se deixa testamento. Campos, 24 de agosto de 1977. Ass. Tabelião Gilberto Wagner Quintanilha”.

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

EM BUSCA DO QUILOMBO PERDIDO (PARTE II)

Uma expedição, contando com representantes do Instituto Historiar (Hélvio Gomes Cordeiro e Leandro Lima Cordeiro), da Fundação Municipal Zumbi dos Palmares (Luiz Maurício Nunes Monteiro), do Jeep Club de Campos (Augusto César Peixoto Gomes – Presidente e Álvaro Cortes Neto – Secretário), o mateiro Nelson Sabino Machado e, contando com todo apoio e carinho na recepção da equipe os proprietários da Fazenda Quilombo do Carukango, Carlos José Maciel Pinto e sua esposa Cristiani de Souza Gomes Pinto e filhos. O pessoal do Jeep Club (Augusto César e Álvaro Cortes), com seus possantes veículos e enorme perícia, facilitou todo o trabalho de resgate histórico, transportando a equipe até uma altitude aproximada de 508 metros morro acima, até o limite da mata, de onde o pessoal partiu mata adentro, comandados pelo mateiro Nelson, (com grande experiência e conhecimento do local), caminhando por trilhas de difícil acesso, até encontrar um platô, aproximadamente uns 800 metros acima do nível do mar, onde foram encontrados vestígios que podem ter sido o Quilombo onde viveu o personagem Carukango. Ainda resta no local um fogão de lenha de construção muito interessante e resquícios de uma construção antiga, que merecem um estudo mais detalhado de pessoas com conhecimento e capacidade para afirmar tal fato. A presença do proprietário da fazenda, Sr. Carlos José e, o apoio do pessoal do Jeep Club, proporcionou o êxito total da Expedição. Ausências sentidas do Professor Carlos Freitas (representante da Uenf e Diretor do Arquivo Público Municipal), de Jorge Luiz dos Santos (Presidente da Fundação Zumbi dos Palmares), da Historiadora e Professora de História Renata Azevedo Lima e, de Enockes Cavallar (integrante do Instituto Historiar) que não puderam estar presentes por motivos particulares. Temos que ressaltar a recepção feita pela Srª Cristiani de Souza Gomes Pinto, pela maneira atenciosa e carinhosa com que nos recebeu. Um fato a se lamentar foi o encontro de rastros e restos da presença de caçadores que, se aproveitando do difícil acesso e da abundância de animais e plantas, vem causando grandes danos à fauna, a flora e, porque não dizer à História, por destruir vestígios da presença dos moradores antigos da região, que seriam tanto os índios quanto os quilombolas de Carukango.



























Texto: Hélvio Gomes Cordeiro

Fotos: Leandro Lima Cordeiro.

sábado, 7 de agosto de 2010

BARÃO DA LAGOA DOURADA

José Martins Pinheiro (Barão da Lagoa Dourada), natural do Estado do Rio de Janeiro. Seus pais: José Martins Pinheiro e Maria José do Sacramento. Quando pensou em formar as estruturas de um lar, foi escolher para sua esposa, a senhorinha Maria Gregória Miranda, filha do Sargento-Mór Gregório Francisco de Miranda e D. Mariana Francisca de Assunção. D. Mariana era irmã do Barão de Abadia e viúva; havia se casado em primeiras núpcias com o cidadão Antonio Sarmento de Figueiredo. O Barão da Lagoa Dourada foi um dos homens mais progressistas de sua época. As suas decisões e pareceres, como Juiz de Paz e vereador, eram sempre acatadas e bem recebidas por parte dos interessados. Como líder que era, estava sempre à frente dos grandes movimentos ocorridos em Campos dos Goytacazes. Por isso mesmo, no dizer clássico dos escritores, o seu nome está esculpido nas páginas de nossa História. Martins Pinheiro foi grande proprietário. Consta, por exemplo; que pela Resolução nº 290 de 16 de agosto de 1834, da Assembléia Geral Legislativa, aqui instalada sob os auspícios do Visconde de Asseca, foi facultada a venda do seu ‘morgado’ (bens vinculados e inalienáveis) em Campos dos Goytacazes. Tais propriedades fora instituída pelo General Salvador Correa de Sá e Benevides, isto em 26 de maio de 1667, sendo que o mesmo media cerca de cinco léguas de terras em lugares diferentes e nele fez instalar nada menos de 50 currais, onde foram colocadas cerca de 8 mil cabeças de gado de boa raça com a finalidade de ampliar sempre o seu criador. As propriedades, que pertenceram aos Assecas e que, finalmente, foram liberadas para venda, foi, sucessivamente, passando a seus herdeiros, os quais, pelo uso que fizeram das terras e pela maneira com que trataram as pessoas incumbidas do seu cultivo, não deixaram recordações agradáveis. Para se ter uma idéia da má fama da dinastia dos Assecas, basta lembrar que a sua ação nefasta deu motivo à bravura de Benta Pereira e seus filhos, igualmente heróis. Em 1848, um século depois dos feitos de nossa heroína campista, José Martins Pinheiro, associando-se a Gregório Francisco de Miranda (Barão de Abadia) e os genros da finada Benta Pereira, Dr. Joaquim Manhães Barreto e Domingos Pereira Pinto, comprou as citadas propriedades. Tal aquisição, entretanto, custou aborrecimentos em forma de protestos dos herdeiros dos Sete Capitães (que ficaram conhecidos como os Heréos). Não obstante os aborrecimentos que teve com os descendentes dos exploradores pioneiros dos nossos campos, Martins Pinheiro tornou-se um dos mais ricos fazendeiros do município de Campos dos Goytacazes. Em 1847, quando o Imperador D. Pedro II veio pela primeira vez em visita a Campos, a Câmara que representava totalmente o Governo Municipal, em solenidade especial realizada à entrada da cidade, justamente nas imediações da Usina do Queimado, lhe fez, simbolicamente a entrega da “Chave da Cidade” (uma chave de ouro) que permanece depositada nos cofres da Prefeitura (pelo menos, permaneceu durante muitos anos). Tal chave, valiosa pelo seu conteúdo e pelo seu alto significado, foi oferecida por José Martins Pinheiro. Desejando possuir residência em que, como o Barão de Carapebus, o Barão de Araruama, ou José de Saldanha da Gama, pudesse hospedar figuras ilustres das classes governamentais do país, o Barão da Lagoa Dourada resolveu construir um palacete nesta cidade. E deu início à obra sob a responsabilidade dos melhores profissionais. Em 1864, achando-se quase terminado o seu belo palácio (que mais tarde virou o nosso Liceu de Humanidades de Campos), foi feito uma espécie de teste com a iluminação, ato que causou grande admiração por parte dos assistentes convidados pelo ilustre homem público. Lógico que não estamos falando de energia elétrica, pois a mesma ainda era desconhecida no Brasil e só foi inaugurada em 24 de junho de 1883. O palacete de Martins Pinheiro ia ser iluminado sob a forma mais sofisticada daquela época, a gás. Esse gás era produzido por um aparelho com óleo ou corpo gasoso e podia fornecer nada menos de 200 luminárias. Foi nesta época que foi aceso pela primeira vez o maravilhoso e rico lustre, que iluminava, de maneira explêndida, todo o palacete. Este lustre, mais tarde, foi levado para Petrópolis, com o fim de ornar o Palácio Imperial, quando esta cidade foi elevada à Capital do Estado. O Barão da Lagoa Dourada era uma pessoa dinâmica incomum. Voltado para o civismo nacional, por ocasião da Guerra do Paraguai se entregou a uma grande campanha. Como resultado, conseguiu, em virtude do seu prestígio pessoal, não somente muitos voluntários para a grande luta, como fez, na ocasião, vultoso donativo. Em conseqüência desse seu gesto extraordinário, a 09 de janeiro de 1867, foi homenageado por parte do Império com o honroso título de “Barão da Lagoa Dourada”. Na inauguração de seu palacete, teve apresentação de bandas de música e discursos de exaltação do Dr. Francisco Portela e do Padre Colares. Em 28 de janeiro de 1875, fez sociedade com João Luiz Pino e com Eduardo Guimarães, montando um contrato com a Câmara Municipal para a construção de uma Empresa Ferroviária, movida por tração animal, com o fim de transportar passageiros e cargas, num período de 25 anos, com a obrigação de entregar à Santa Casa de Misericórdia, todos os anos, a quantia de 2 contos de réis que deveriam ser convertidos em Apólices Provinciais, em favor do seu patrimônio. Por intermédio de um anúncio no jornal Monitor Campista, em 13 de janeiro de 1875, alegava Martins Pinheiro, contar com 74 anos de idade e não estar em condições de dar assistência às suas fazendas e que por esta razão resolvera vender todos os seus bens de raiz, mais escravos e, inclusive, casas e terrenos espalhados pela cidade. No rol desses bens estava uma fazenda à margem do Rio Muriaé, medindo 918 braças de testada e meia légua de fundos e mais 243 braças de testada por 1.000 de fundos. Vendia, por outro lado: um sítio em frente à fazenda com 500 braças de testada e 3 léguas de fundos, e unidas a este, mais 230 braças de testada por 2.250 de fundo; a Fazenda dos Coqueiros ou da Boa Vista em Santo Amaro com meia légua de testada e 1.640 de fundos, ambas movidas por máquinas a vapor; outra em São Fidélis, no Morro do Gambá, que fazia fundos com a Serrinha Peito de Moça; outra fazenda no Imbiriry, com excelentes matas, na Serra do Rio Preto, freguesia de São Benedito, e no mesmo local, as fazendas de Santo Antonio e a Santa Ana, todas elas, com grande número de escravos. Constou do seu testamento, o seu palácio (prédio do Liceu) para Crisanto Leite Pereira de Sá e a sua mulher, D. Mariana, Miranda Sá, sua sobrinha, em usufruto e se por acaso a Cidade de Campos dos Goytacazes fosse a Capital da Província, seria convertido o prédio em próprio nacional, para ser o Palácio da Presidência. José Martins Pinheiro (Barão da Lagoa Dourada) teve um fim trágico: suicidou-se, atirando-se da ponte sobre o Rio Paraíba (hoje Ponte Barcelos Martins), no dia 29 de julho de 1876. Assim descreveu o fato o historiador Alberto Lamego: “Tirou o chapéu, onde colocou dois cartões de visita, depois o sobretudo e do meio da ponte, precipitou-se ao rio. O Comendador José Cardoso Moreira que morava perto, procurou socorrê-lo por uma canoa que se achava nas proximidades, mas sem resultado. Depois de retirado do rio pelos canoeiros, o corpo de Martins Pinheiro foi recolhido à casa de Luiz Antonio Tavares, onde compareceram o Dr. Lourenço Batista (Barão de Miracema) e outros médicos, que não conseguiram reanimá-lo. Entre as cartas que deixou se achava a dirigida ao seu amigo Alferes Antonio Lopes Rangel, cujo texto é o seguinte: “Meu prezado amigo e compadre. Não me é possível continuar no flagelo em que vivo, por isso, me decidi acabar com a vida, lançando-me da ponte ao rio, idéia que há muito me martiriza a imaginação. Pretendo amanhã, ao romper do dia, executá-la, não tendo feito hoje, como queria e mesmo escrevi, porque não concluí o que tinha que fazer a tempo. Pela minha credulidade e compadecimento para com outros, há pouco mais de um ano, me onerei de compromissos além dos que já tinha, que reconheço não ser possível cumpri-los pontualmente. Sem esperanças de melhoramento pela rebeldia com que os escravos se negam ao serviço e por isso, a necessidade que há de liquidar a minha casa, e desfazer o quanto antes de semelhante flagelo de escravos, para o que será melhor não existindo eu, do que a continuar assim, meus credores serão prejudicados, pois que os rendimentos das fazendas pouco excedem às despesas do seu custeio, pouco restando para amortização de juros e capital. Por tudo isso, estou firme em acabar assim, embora por esse meio reprovado, mas que melhor efeito produzirá. Deixo sobre a mesa, no lugar em que escrevo, um maço de cartas com direção a V. Mcê., para assim que tiver notícia do meu infeliz e desgraçado acabamento, abrir e mandar logo levar ao Sr. Crysanto, para que ele venha tomar conta da casa e enviar a outra ao Sr. Gracie, para o Rio de Janeiro, pelo vapor “Macahé”, outra é mesmo para V. Mcê., que eu lhe havia escrito do Rio e me fará o favor de executar o que nela peço. Deixo incluso 25$000 (vinte e cinco mil réis) para me fazer o obséquio de entregar 5$000 (cinco mil réis) a cada um dos seguintes: João dos Ramos, Justina, Maria da Assunção, Isidro e Claudiana, que é o donativo de um mês que vence no dia 31 do corrente, determinado por minha mulher, porque eu lhes paguei até o fim de junho próximo passado. Enfim, meu amigo, vou acabar desgraçadamente, e, bem sinto não poder realizar os meus desejos em seu favor, e mesmo agora temo que o legado que lhe deixo em testamento, se não realize; aceite, porém, em todo caso, o meu reconhecimento dos bons serviços e amizade que me tem prestado. A Deus, peço perdão do que vou praticar e que tenha misericórdia da minha alma, aos meus amigos, dirijo um saudoso abraço. Seu amigo e compadre, José Martins Pinheiro, Barão da Lagoa Dourada - em 28 de julho de 1876.” Após a sua assinatura, ainda dizia o Barão: “É quase meia-noite! Estou cansado e em horrível estado a minha imaginação, como bem compreenderá. Vou me deitar, não para dormir e sim para acomodar o corpo e melhor esperar o momento fatal. Este estado é crudelíssimo, paciência. Deus compadecerá da minha alma”. O inventariante do espólio do Barão foi o cidadão Jerônimo Joaquim de Faria, e o advogado o Dr. José Antonio de Carvalho, assistido pelo Juiz Municipal, Dr. Francisco Nunes Seabra Perestrelo. Como testamenteiros, Crisanto Leite Pereira de Sá, Pedro Gracie, Jerônimo Joaquim de Faria e mais o seu afilhado Bacharel Crisanto Leite de Miranda Sá. Em 09 de março de 1883, os bens deixados por José Martins Pinheiro, o Barão da Lagoa Dourada foram vendidos em hasta pública, os quais foram avaliados muito abaixo do preço. O seu palacete, com o célebre gasômetro e casas anexas, avaliados por 25 contos de réis; dez terrenos situados à Rua Conselheiro Tomás Coelho, por 500 mil réis, outros dez terrenos com 250 de fundos, entre as ruas Barão e Baronesa, por 600 mil réis; o sítio de São Jorge à margem do Rio Muriaé, com 500 braças de testada e três léguas de fundo com casas de moradia e de trabalhadores, por 12 contos e 200 mil réis; a Fazenda de Santo Antonio com 750 braças de testada, pela importância de 18 contos de réis, e todos os demais imóveis, nas mesmas condições.


BARÃO DA LAGOA DOURADA

BARONESA DA LAGOA DOURADA


Texto: Hélvio Gomes Cordeiro

Pesquisa: Leandro Lima Cordeiro

Foto: Acervo do Instituto Historiar.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Festa do Santíssimo Salvador

Tudo começou há muitos e muitos anos (por volta de 1649) com uma humilde capelinha de palha (hoje Igreja São Francisco), que mais tarde foi reconstruída por um general de nome Salvador Correa. Por volta de 1745, foi feita uma segunda capela naquela que hoje chamamos Praça São Salvador. A Catedral Diocesana de Campos foi erguida com a mesma estrutura da antiga Igreja da Matriz, sendo ampliadas somente as suas torres, para dar o tom de Catedral e a parte de sua cúpula. Consta nos arquivos da Igreja Matriz que ela foi criada em 04 de dezembro de 1922. Foi quando passou à condição de Catedral, sendo que, em 1965, recebeu por decisão do papa Paulo VI, o título de Catedral Basílica Menor do Santíssimo Salvador, o próprio Jesus Cristo.
Como surgiu o nome São Salvador
Até hoje há quem pense que São Salvador seja um dos santos da igreja católica, e não, o próprio Jesus Cristo. Essa história está ligada à questão da colonização. Remonta às capitanias. Naquela época, era costume que se erguesse uma capela ou igreja, onde o santo representasse o nome do principal governante. Como aqui foi o General Salvador Correia de Sá e Benevides, e como não existia um santo com esse nome, foi escolhido o próprio Cristo. Daí o nome São Salvador ou Santíssimo Salvador.
Desta forma, o patrono da religião na Cidade de Campos do Goytacazes ficou sendo o próprio Cristo, que, para muitos campistas, passou a fazer parte do calendário como se fosse mais um santo.
A Festa
A tradicional festa de São Salvador comemora hoje (06/08/10) a sua 358ª edição.
No início a festa começava às 4 horas da manhã na Igreja da Matriz (posteriormente se tornaria Catedral) com uma missa religiosa chamada Te Deum. No mesmo dia eram realizados batizados e outras cerimônias religiosas programadas para o dia do padroeiro da cidade.
A cidade era enfeitada com coretos e arcos todos iluminados com luz elétrica, por possantes lâmpadas de arco voltaico.
Na parte religiosa realizavam-se missa campal na Praça da República, e a procissão que saia às 15 horas seguindo por várias ruas do centro da cidade com o andor do padroeiro.
Na parte esportiva haviam as tradicionais regatas.
As Bandas musicais: Lira de Apolo, Guarany, Operários Campistas, etc. ficavam responsáveis em fazer apresentações musicais para a população.
Atualmente a programação ainda preserva a tradição, com a corrida ciclística, a regata, apresentação de bandas musicais, a procissão do Santíssimo Salvador, etc.
A prova ciclística foi criada por Gerardo Maria Ferraiouli (Patesko), tendo sido organizada a primeira prova ciclística em 06 de agosto de 1945, até 1976, a prova tinha como percurso: de frente ao Banco do Brasil e tinha como chegada, defronte a antiga sede da Prefeitura de Campos (onde atualmente está sendo restaurado para abrigar o Museu de Campos).
Em 1977 a prova passou a realizar-se na Avenida Alberto Torres, onde até hoje é realizada. Patesko faleceu em setembro de 2007, pouco antes de completar 92 anos de idade e, foi homenageado pela Ciclovia (que corta a Av. 28 de Março). A história de Patesko se confunde com as regatas no Rio Paraíba do Sul, nos torneios de futebol, tênis de mesa e, claro, de ciclismo.
Não poderíamos deixar de lembrar também de doces tradicionais, como chuvisco, goiabada, etc., do canteiro Diocesano e da feira de artesanato que há tantos anos vem fazendo parte da Festa do SS. Salvador.
O Instituto Historiar, na pessoa de seus representantes Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar, gostaria de parabenizar aos 358 anos de tradição da festa do Santíssimo Salvador.












Texto: Leandro Lima Cordeiro (membro do Instituto Historiar)
Fontes: Jornal Monitor Campista e site: http://www.ciclismocampos.com.br/patesko.htm
Fotos: Acervo do Instituto Historiar e Internet.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

MANUEL RODRIGUES PEIXOTO

Manuel Rodrigues Peixoto, nasceu em Campos dos Goytacazes, no dia 1º de agosto de 1843. Era filho do Tenente-Coronel Germano Rodrigues Peixoto e D. Maria Josefa da Silva Peixoto. Fez os seus estudos primários, iniciados em Campos em 1855 e concluídos no Rio de Janeiro para onde se mudou com a família em 1857. No Rio matriculou-se no célebre Colégio Marinho, no qual concluiu o seu curso de humanidades. Em 1860 foi para São Paulo, em cuja Faculdade de Direito estudou e diplomou-se com o título de bacharel em ciências jurídicas e sociais em 1864. Vindo residir em Campos dos Goytacazes, aqui abriu sua banca de advogado em 1865, tendo por companheiro de escritório o Dr. Tomás Coelho, o mesmo que mais tarde seria o seu adversário político. Um dos primeiros usineiros de Campos, o primeiro Prefeito de Campos, homem de letras dos mais apreciados. Antes de se tornar o industrial, antes de servir à política de sua terra, Rodrigues Peixoto se fez literato. Decorridos meio século de sua fase dedicada à produção literária, em 1924, através de sua obra “Movimento Literário de Campos”, a seu respeito assim se expressa outro valor, Múcio da Paixão: “O Dr. Manuel Rodrigues Peixoto deve ser incluído entre os nossos mais apreciados líricos. As suas poesias trescalam um fino aroma de flores delicadas; refletindo a emotividade do poeta, esses versos trazem um lirismo casto, suave e penetrante; canta o amor, a mulher, as flores, as brisas, os pássaros, numa tríplice efusão de sons, de perfumes e de colorido. Relidos hoje no romance do gabinete esses versos da mocidade, ainda despertam as mesmas emoções; podem não ser modernos porque foram compostos num período em que a nossa poesia estava completamente absorvida pela revolução romântica de 1830 – mas são sinceros porque são espontâneos, são humanos”. Versos de Rodrigues Peixoto intitulados “Fantasia”:
“Que pejos que tinha! Tentavam-lhe as ondas
As plantas tão alvas humildes beijar;
A tímida virgem fugia, corando,
Medrosa dos lábios impuros do mar.

Às vezes, a água fingia render-se,
Veloz avançando pra linfa azulada,
Se os seixos, acaso, roçavam-lhe a cútis,
Volvia, de pronto, sorrindo eleiada.

Sentado na relva quedei-me a fitá-la,
Mirando donaires que tinha indecisa;
Inveja eu nutria das conchas da praia,
Faziam-me zelos os beijos da brisa!...”
Dedicado na expressão, Rodrigues Peixoto foi poeta de grande inspiração. Mais alguns versos descritivos dão mostra do seu talento. Isso foi nos primeiros tempos. Passada a fase sonhadora da mocidade, deixou-se levar pela realidade. Era adiantado e dinâmico agricultor. Resolveu dedicar-se ao estudo das questões econômicas e agrícolas. Mais do que isso, cogitou sobre a indústria, a política e os assuntos sociais em geral. Com base nas suas observações, e sob o pseudônimo de “Eguesto” publicou vários trabalhos: “A Lavoura em Campos e a Baixa do Açúcar”, em 1874; “A Crise do Açúcar e a Transformação do Trabalho”, em 1885; “Colonização”, em 1886; “Discursos Parlamentares”, em 1888; “Questões Sociais”, em 1903; “Programa de Administração”, em 1904. Rodrigues Peixoto era notável conferencista. Da tribuna, entre outros assuntos, teve oportunidade de abordar os seguintes: “O Alcoolismo e seus Efeitos Sociais”, “O Álcool e suas Aplicações Industriais”, “A Tuberculose”, “O Crédito Agrícola”, “Campos”, “A Indústria Açucareira e o Porto de São João da Barra”, “A Crise do Café”, etc. Como homem de imprensa, colaborou com o “Monitor Campista”, o “Diário do Rio de Janeiro”, com a “Luta”, com o “Futuro”, órgão do Partido Liberal. Em 1866 fez uma viagem pela Europa, visitando Portugal, França, Espanha, Itália, Inglaterra, Suíça, Turquia e Principados do Danubio. De volta ao Brasil em 1868, casou-se com D. Maria Isabel de Miranda Manhães, filha do Dr. Joaquim Manhães Barreto e Srª Antonia Gregório de Miranda Manhães e neta dos Barões de Abadia. De 1868 a 1881, esteve entregue à agricultura e à indústria. Em 1874, de sociedade com o Dr. Francisco Portela construiu a Estrada de Ferro Carangola. Em 1881 fundou o Engenho Central do Cupim, estabelecimento que foi modelo e escola para quantos desejaram exercer modernamente a indústria do açúcar. Seduzido pela política, colocou-se à frente dos liberais, já que suas tendências eram democráticas; Neste ano de 1881 foi eleito deputado geral, enfrentando como adversário o Dr. Tomás Coelho. No Parlamento, onde se conservou até o ano de 1884, proferiu memoráveis discursos. Não obstante ser fazendeiro e se servisse do elemento servil, votou o projeto Dantas que propunha a Abolição. Em 1887, o Dr. Rodrigues Peixoto, foi eleito deputado pela oposição. No ano seguinte foi aos países do Prata. De volta ao Brasil ocupou na Câmara lugar destacado, fazendo oposição ao gabinete João Alfredo. Sabe-se que a sua atuação foi objetiva, discutindo os assuntos importantes da época e interpelando constantemente o Governo. Passou nada menos de 15 anos no regime republicano, que fora o sonho de sua mocidade, observando os fatos que se desenrolavam no País. Em 1904, Nilo Peçanha, então Presidente do Estado do Rio de Janeiro (hoje Governador do Estado), o convidou para exercer o cargo de Prefeito do Município de Campos dos Goytacazes. Manuel Rodrigues Peixoto exerceu a função inaugural do regime prefeitural da terra goitacá. Como Prefeito de Campos, o Dr. Rodrigues Peixoto prestou excelentes serviços à comunidade e a prova se pode constatar na Mensagem enviada ao Conselho de Vereadores. Deixando a Prefeitura, foi eleito deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro. A seguir, no Ministério da Agricultura foi um dos seus diretores. Em 1912, atendendo ao pedido do ministro Pedro de Toledo visitou os Estados do Rio, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, realizando estudos junto aos núcleos coloniais mantidos pelo governo federal. Seus relatórios, que constituem trabalhos de alto valor pela rara competência quando elaborados, foram publicados pelo Ministério da Agricultura. E para dizer algo mais sobre o Dr. Manuel Rodrigues Peixoto, vejamos o que disse Múcio da Paixão: “Não foi somente na esfera da atividade industrial, parlamentar e administrativa que se exercitou o febril espírito do Dr. Rodrigues Peixoto; já à magistratura prestou ele muitos e desinteressados serviços. Foi suplente de Juiz Municipal do termo de Campos, tendo estado em exercício desde 1869 até 1873, havendo nesse tempo iniciado a Reforma Judiciária; serviu como promotor interino na Comarca de Campos; foi substituto do Juiz de Órfãos e de Direito de Campos. O Dr. Manuel Rodrigues Peixoto faleceu no dia 29 de setembro de 1919.



Texto: Hélvio Gomes Cordeiro.