Nasceu em Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, no dia 26 de julho de 1845, no Cortume da Coroa, que se situava em frente ao Cemitério do Caju (Cortume é um local onde se processa o couro cru, tendo por finalidade deixá-lo utilizável para a indústria). Era filho de José Feydit, cidadão de nacionalidade francesa e de D. Josepha Pinheiro Feydit, esta nascida em Campos dos Goytacazes. Uniu-se pelo casamento à Srtª Thereza Koch Feydit, também campista, fgilha de David Koch, imigrante alemão procedente da Cidade de Baden-Baden. Dessa união nasceram nada menos de onze filhos, dos quais a última sobrevivente foi Julieta Feydit Peixoto Siqueira, com 96 anos de idade. Julio Feydit era industrial e consta que de sociedade com seu sogro dirigiu e, mais tarde empreendeu por conta própria o funcionamento regular de um Cortume, o qual ficava nas proximidades do Canal, local conhecido como Covas D’Areia, trecho que ficou famoso em virtude das movimentadas “batalhas de confetis” que eram ali realizadas numa fase da vida campista em que a população se dedicava com grande disposição ao Carnaval, anterior a Segunda Guerra Mundial, período em que a Festa de Momo em Campos ganhou renome. Nas horas de folga, Julio Feydit se entregava com alma ao trabalho de pesquisar dados sobre sua terra, leituras de antigos jornais, atas da Câmara Municipal, de grandes Sociedades, etc., dados esses que cuidadosamente reunidos resultaram no livro que tem por título “Subsídios para a História dos Campos dos Goytacazes”. Tal livro que tem servido de fonte para gerações de pesquisadores, foi lançado em 03 de janeiro de 1900, trazendo em sua Introdução o seguinte texto: “A obra que apresentamos não tem a pretensão de ser um escrínio literário. É a uma pena mais autorizada que a nossa, a quem pertence o direito de escrever os fatos que devem constituir a história de Campos. Até que apareça um campista que, recolhendo os subsídios que coordenamos no presente livro, faça desses toscos materiais o monumento da História de Campos, seja-nos lícito esperar que os nossos conterrâneos, aceitem com benevolência o presente livro, como o repositório conquistado às traças pelo humilde trabalhador que procurou aplainar as primeiras dificuldades ao futuro historiador. A pena burilada do vindouro escritor suprirá os erros, as omissões e as lacunas, que sem dúvida não faltarão na presente obra. Julgamos dever guardar a ortografia dos documentos que copiamos dos arquivos, assim como as datas, os livros e os cartórios de onde extraímos, para que em caso de dúvida possa ser verificada a autenticidade deles. Este trabalho representa o fruto de oito anos de escavações nas coleções de jornais antigos e nos cartórios. Devemos confessar com a maior gratidão que sempre achamos a melhor boa vontade nos redatores do Jornal Monitor Campista, nos tabeliães do 1º e 2º Cartórios, Administrações da Santa Casa e da Igreja Matriz (hoje Catedral Diocesana de Campos), Carcereiro da Cadeia de Campos, Secretaria da Câmara Municipal, pondo à nossa disposição todos os livros confiados à sua guarda e dos quais extraímos os documentos históricos que apresentamos aos leitores. Publicamos este livro, que servirá de incentivo aos nossos conterrâneos para outras obras de maior vulto, não tivemos em vista outro fim a não ser juntar as pedras que se achavam dispersas para o futuro construtor arquitetar novo monumento em cuja fachada se leia: - HISTÓRIA DE CAMPOS – estilo gracioso, elegante, opulento e sublime, que falta à nossa apoucada inteligência.” Tendo se tornado coisa rara essa obra, após ser atualizada e ilustrada, foi, pela sua querida neta, reeditada para a alegria, especialmente nossa, que falamos da História de Campos, através de nossa colaboração nesta divulgação através de pesquisas. Nesta reedição, diz a sua responsável, Srª Hylze Peixoto Diniz Junqueira, com emoção e carinho: “Com o lançamento dos ‘Subsídios para a História dos Campos dos Goytacazes’, de Julio Feydit, obra por mim ilustrada e com a ortografia atualizada, procuro retribuir o carinho que o meu avô tinha para com todos os netos. A ternura e a maneira especial com que me sentava no seu joelho no banco de pedra em frente à sua casa para dar-me as balas preferidas, animaram-me a reeditar este livro, por muitos sempre procurado.” A nova edição dos ‘Subsídios para a História dos Campos dos Goytacazes’, foi comemorativa dos Festejos do Santíssimo Salvador de 1979. Julio Feydit em suas atividades de homem público a que se elevou, exerceu com vivo interesse, as funções de Delegado de Polícia, Vereador pela Câmara Municipal de Campos (na época em que os vereadores eram conhecidos como camaristas). Depois disso, com justiça foi levado ao posto de Prefeito da Cidade de Campos dos Goytacazes, no período de 1908 a 1910. Faleceu em sua residência na Cidade de Campos, situada na Av. Visconde do Rio Branco (antiga Beira-Valão), esquina de Av. Oswaldo Cardoso de Melo (antigo Passeio Municipal e, depois, Av. 28 de Março), no dia 18 de maio de 1922. Não ficou esquecido da memória dos campistas, visto que, com satisfação, é bom saber que o seu nome passou a denominar uma rua em Campos como “Travessa Julio Feydit”. Consta de sua certidão de batismo da Paróquia de SS. Salvador os seguintes dados: “Certifico que revendo os livros de assentamento de batizados desta Paróquia, encontrei no livro 13 à folha 183vº o assentamento do teor seguinte: Aos vinte e quatro dias do mês de dezembro do ano de mil oitocentos e quarenta e cinco nesta Matriz de S. Salvador, batizei e impus os Santos Óleos ao inocente Julio, que nasceu a vinte e seis de julho do corrente ano, filho legítimo de José Feydit, filho natural de França, e de Josepha Pinheiro de Jesus, natural e Batizada na Freguesia de Santo Antonio dos Guarulhos, neto paterno de José Feydit e de Ester Coxen, naturais da França, e materno de Vicente Pinheiro da Silva e de Maria Joana de Jesus, naturais e batizados na Freguesia de Santo Antonio de Guarulhos; foram padrinhos seus avós maternos: Vicente Pinheiro da Silva e Maria Joana de Jesus. Quem assina como responsável é o Cônego Hygino Alvares Delgado Pimenta”. E, em sua Certidão de Óbito, do Cartório Wagner Quintanilha, diz o seguinte: “Gilberto Wagner Quintanilha, Oficial do Registro Civil do 1º Subdistrito da Cidade de Campos, Estado do Rio de Janeiro, por nomeação na forma da lei. Certifico que à fls. 112 do livro nº 47 de Registro de Óbitos consta sob o nº 432 o de Julio Feydit, ocorrido aos dezoito de maio de 1922, às 20:00 horas, à Rua Visconde do Rio Branco nº 180, nesta Cidade, do sexo masculino, de cor branca, com setenta e sete anos de idade, estado civil viúvo, profissão industrial, natural deste Município, residente em local do óbito, filho de José Feydit Filho, causas mortis, esclerose cardio renal – septicemia estreptocócica, tendo sido o atestado firmado pelo Dr. João Garcia Junior, foi declarante Irineu Soter da Rosa Vianna. Vai ser sepultado no Cemitério Público desta Cidade. Observações: Viúvo de Thereza Koch Feydit, deixa oito filhos maiores de nomes: Josepha Feydit, Amadeu Feydit, Julieta Feydit Peixoto de Siqueira, Anna Koch Feydit Vianna, Idalio Feydit, Eugenio Feydit, Wandick Feydit e Edilia Feydit. Ignoea o declarante se deixa testamento. Campos, 24 de agosto de 1977. Ass. Tabelião Gilberto Wagner Quintanilha”.
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro.