sexta-feira, 20 de novembro de 2009

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.
A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro (1594).
Algumas entidades como o Movimento Negro (o maior do gênero no país) organizam palestras e eventos educativos, visando principalmente crianças negras. Procura-se evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade.
Outros temas debatidos pela comunidade negra e que ganham evidência neste dia são: inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, etc.
O dia é celebrado desde a década de 1960, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos. A semana dentro da qual está o dia 20 de novembro também recebe o nome de Semana da Consciência Negra.
Zumbi dos Palmares
O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares - Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas. Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos. Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares. Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi. Em 14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei: "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares." Zumbi é hoje, para determinados segmentos da população brasileira, um símbolo de resistência. Em 1995, a data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra. É também um dos nomes mais importantes da Capoeira.

Postagem: Leandro Lima Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Reflexões...

Embora todos saibam que passará por ela, a morte é um assunto que não agrada muito. Mesmo assim, como faz parte da vida, o ser humano acaba aceitando, restando apenas a saudade como uma forma de lembrança. Mas no caso "Monitor Campista" não. Mesmo que se passem mais dois séculos, ainda haverá pessoas chorando a sua perda, que é irreparável para a memória de Campos.
Num mundo cada vez mais globalizado e capitalista, em que novas tecnologias aportam a cada instante é até discutível a questão da sobrevivência dos veículos impressos - questão, inclusive, levantada há pelo menos uma década. É fato real também que empresas privadas passem por dificuldades financeiras e encerrem suas atividades.
Mas é triste aceitar que isso esteja acontecendo com o nosso Monitor - veículo que embora esteja situado numa cidade de interior, tem uma importância para o Brasil todo, afinal, como todos sabem, é o terceiro mais antigo do país (fundado em 4 de janeiro 1834) ainda em circulação (quer dizer era). Em suas amareladas páginas, estão registrados fatos que se fossem publicados em livros, certamente, seriam necessários muitos volumes. Não é à toa que o arquivo do jornal foi utilizado durante anos por pesquisadores, estudantes e até equipes de programas de TV (a exemplo do Linha Direta) como fonte de pesquisa.
Ter feito parte dessa história é motivo de orgulho para qualquer profissional e para mim não é diferente, aliás, comecei minha carreira ali. E hoje, mesmo diante dessa tristeza sem fim estou (confesso) surpresa ao ver a reação dos campistas (embora em pequeno número) manifestando sua indignação. Para quem esteve naquela redação até os últimos dias é bom sinal; sinal de que nossos esforços para documentar a história não foram em vão... E torço muito para que o Monitor continue sendo lembrado pelas próximas gerações como um patrimônio de imenso valor para Campos.


Texto e foto: Alicinéia Gama (Jornalista e colaboradora do Blog)
Postagem: Leandro Cordeiro
O Instituto Historiar é formado por Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.

sábado, 14 de novembro de 2009

JORNAL MONITOR CAMPISTA

Acabei de descobrir que não há tempo para eu transcrever o texto AGONIA ANUNCIADA, como se fora uma carta de protesto, de pesar, de muita tristeza mesmo, pelo fechamento do jornal Monitor Campista, porque a sessão de Cartas dos Leitores é publicada, quer dizer, era publicada às quartas-feiras. Hoje é sexta, sexta-feira 13, talvez o último dia de trabalho neste e deste Jornal!
Continuo digitando, ignorando a não possibilidade da publicação:

AGONIA ANUNCIADA

Campos de luto pela morte anunciada pelo próprio agonizante. Parece confuso o que disse, talvez eu esteja atônita com a notícia que li. É uma convocação para uma reunião em Assembleias Gerais Ordinária e Extraordinária. A sessão Extraordinária será para "examinar, discutir e deliberar sobre proposta da Diretoria para suspender a edição e publicação do jornal "Monitor Campista". E agora? O Monitor está em agonia. Que remédio ministrar? Vamos deixá-lo morrer? Vamos tapar os ouvidos pra não ouvir os seus gemidos? Não. Definitivamente, não. O Monitor Campista é a vida presente e passada de Campos dos Goytacazes. Não sairá da história, se ele é a própria História com seus arquivos repletos do dia-a-dia de Campos.
Por que, silenciosamente, ficou tão adoecido? Precisa sacrificá-lo, como se fora um animal que não mais presta serviços? Prática monstruosa... Sabemos que ela acontece... Mas ele presta serviços, como sempre fez tão bem.
Que estranha agonia...
Heloisa Crespo
2009/11/12

sábado, 7 de novembro de 2009

lançamento do livro "Carukango - O Príncipe dos Escravos" na IV Bienal Internacional do Livro, em Maceió

Foi de grande repercussão o lançamento do livro "Carukango - O Príncipe dos Escravos" na IV Bienal Internacional do Livro, em Maceió - AL. Representando a Fundação Zumbi dos Palmares, Jorge Luis dos Santos (Presidente), Patrícia Cordeiro (Vice-Presidente) e Carla Viana. Do Instituto Historiar, estiveram presentes o Pesquisador e Palestrante Leandro Lima Cordeiro e o autor do livro, Hélvio Gomes Cordeiro. As duas instituições campistas participaram também do "II Colóquio Etnicidades Internacional - Brasil x Áfricas: Artes, Culturas & Literaturas". Sendo realizado no Centro de Convenções Ruth Cardoso (Maceió - AL), tendo a direção de Arísia Barros (Coordenadora do Projeto Raízes de Áfricas). A mesa do Colóquio foi formada por: Camilo Afonso (Historiador angolano, Adido Cultural da Embaixada de Angola e Diretor Geral do Centro Cultural Casa de Angola, na Bahia), Daniel Antonio Pereira (Embaixador da República de Cabo Verde, Historiador, Presidente de Honra do Projeto Raízes de Áfricas, é autor de cinco livros sobre a história de Cabo Verde), Leonor Franco de Araujo (Mestra em História Social das Relações Políticas, Coordenadora Geral de Diversidade da Secretaria Continuada de Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação), Simone Gomes Caputo (Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Pós-Doutorada na Universidade de Lisboa e Coimbra em Literaturas Africanas de Línguas Portuguesas, em especial Literatura Caboverdiana e Poesia Portuguesa Contemporânea), Luiz Sávio de Almeida (Doutor em História da UFPE - Recife, Mestrado em Educação na Michigan State University), Sónia André (Musicista moçambicana que defende "A Riqueza da Timbila na Cultura de Moçambique - Patrimônio Imaterial da Humanidade", Vagner Gomes Bijagó (natural de Guiné Bissau, tem mestrado em Sociologia, graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Alagoas), Douglas Apratto (Doutor em História e Escritor), Marcílio Bareco Correa de Mello (Advogado, Delegado de Polícia Civil de Alagoas), José Amaral Neto (Jornalista, ativista do movimento negro, autor de "As Convenções Internacionais e as Práticas Sociais Racistas como Apartheid dos Direitos Humanos no Brasil". Foi a Mediadora do Colóquio a Secretária Continuada de Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, Srª Leonor Franco de Araujo. Também ocupou lugar na mesa principal os representantes campistas da Fundação Zumbi dos Palmares, Jorge Luis dos Santos, Patrícia Cordeiro e Carla Viana e, pelo Instituto Historiar, Leandro Lima Cordeiro e o autor do livro "Carukango - O Príncipe dos Escravos", Hélvio Gomes Cordeiro. Após o evento, houve uma seção de autógrafos de aproximadamente duzentos exemplares no local do Colóquio.
Confira abaixo algumas imagens do evento.

Texto: Hélvio Gomes Cordeiro
Fotos: Leandro Lima Cordeiro, Carla Viana e Adalberto Farias.