O município de Miracema, no Noroeste Fluminense, é um dos poucos municípios que preservou seu Centro Histórico. Com um rico casario, que marca o apogeu do ciclo do café, praças, calçamento e arborização singulares, o município largou na frente no quesito preservação de seu patrimônio, quando iniciou os trabalhos de tombamentos, ainda na década de 80, do século passado.
Há um grande esforço no Brasil e nos Estados para alavancar a indústria do turismo e criar formas mais sustentáveis de desenvolvimento para os quatro cantos de nosso imenso país. Parte dessa proposta é o resgate da memória e da história das cidades, com a preservação do berço dessas cidades, que são seus centros históricos. Talvez a tarefa se torne mais árdua, por falta de esclarecimento e de preservação que muitas cidades herdaram de gestores do passado.
Felizmente, esse não é o caso da pequena e pacata "Princesinha do Norte Fluminense", que honra seu título com uma beleza que lhe é peculiar. Através de seu Centro Histórico, a população e os visitantes usufruem de um agradável ambiente, que além de bonito, é uma história viva que marca a origem de seu povoamento. As primeiras ruas, o calçamento em paralelepípedos e vários eventos ocorridos naquele local, principalmente na Rua Direita, dão vida e mantêm na memória uma história de lutas.
O traçado das ruas, a arborização (que é rara na maioria das cidades), a arquitetura herdada dos imigrantes italianos, com traços únicos e exclusivos, contam parte dessa história que se iniciou na primeira metade do século XIX, num local que era habitado pelos índios Puris. Somam-se ainda as inúmeras manifestações artísticas e culturais que a cidade ainda preserva como: o Caxambu, as Folias de Reis, o Boi Pintadinho, a centenária Banda de Música da Sociedade Musical Sete de Setembro, que recentemente recebeu o prêmio de Patrimônio do Estado do RJ, os inúmeros talentos musicais e artísticos existentes.
Temos ouvido muitas bobagens por aí, de pessoas mal intencionadas e que se utilizam de argumentos distorcidos da realidade dos TOMBAMENTOS para ludibriarem os mais desavisados. Por isso, achamos de muita valia a entrevista realizada na Rádio Princesinha do Norte, rádio comunitária local, no programa do Legislativo do dia 10 de julho com duas representantes técnicas do INEPAC-RJ, que representam uma visão APOLÍTICA sobre o tema, sobretudo de preservação do patrimônio cultural, por sua importância que transcende a aspectos político-partidários e provincianos. As arquitetas Sra. Maria Regina Pontin de Mattos, Diretora Geral do Inepac e a assessora técnica do órgão, Sra. Dina Lerner estiveram em Miracema para tratar do tombamento estadual, que foi decretado no mês de março de 2009 e assinado pelo Governador do Estado do RJ. Esse tombamento é mais uma prova de que a importância desse Centro Histórico não se limita ao espaço municipal, mas é a preservação da memória de um Estado, de uma região, de um país e de um povo.
Muito se fala hoje em sustentabilidade, mas poucos sabem da ligação de um centro histórico com o tema. Fernanda Jane Furtado Loureiro, arquiteta, no trabalho intitulado “Centros Históricos: a preservação da paisagem como manutenção da memória coletiva. Florianópolis. 2002” diz:
"Esses centros históricos são importantes áreas, pois foi a partir dali que a cidade se desenvolveu. No Brasil, a maioria desses núcleos geradores começou em torno de uma praça central, da qual partiam ruas e se estruturavam lotes e quarteirões. Eles têm a vantagem de poder apresentar a posição de melhor acessibilidade à maior parte da cidade, e também de ser o local de maior referência para todas as pessoas. Ali elas trocavam idéias, exerciam suas práticas sociais, construíram equipamentos e serviços, e principalmente, foi onde cada um marcou sua época, registrando-a na memória (LOUREIRO, 2002:3"
Em outro trabalho que não conseguimos identificar, ela, a mesma autora cita:
"A preservação do patrimônio cultural é a maneira mais prática de se conseguir essa qualidade de vida, pois ela amplia o espectro de variáveis a serem consideradas para a manutenção dos valores culturais e ambientais urbanos. Em cidades que não possuem mais a integridade de seus centros históricos a alternativa é a reutilização ou revitalização dessas áreas, a fim de viabilizar o sistema econômico através das melhores respostas socioculturais."
Enviado por:Angeline Coimbra (colaboradora do Instituto Historiar).
Postagem: Leandro Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Sinto-me lisonjeada em ver circular nesse importante espaço da blogosfera meu textinho simples, que visa "acender" as luzes e as cabeças de nossa terra.
ResponderExcluirObrigada a todos vcs do Instituto Historiar.
oi
ResponderExcluirGostaria de te convidar para conhecer o meu blog:
camadegatogoytaca.blogspot.com
Um abraço
candoca
Nasci nesta cidade em 1958 -mas por motivo de força maior estou fora a 43 anos mas nunca a esqueci tenho rais ai e muitas saudades espero um dia voltar
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