segunda-feira, 31 de agosto de 2009

MIRACEMA É DESTAQUE NA PRESERVAÇÃO DO SEU CENTRO HISTÓRICO

O município de Miracema, no Noroeste Fluminense, é um dos poucos municípios que preservou seu Centro Histórico. Com um rico casario, que marca o apogeu do ciclo do café, praças, calçamento e arborização singulares, o município largou na frente no quesito preservação de seu patrimônio, quando iniciou os trabalhos de tombamentos, ainda na década de 80, do século passado.
Há um grande esforço no Brasil e nos Estados para alavancar a indústria do turismo e criar formas mais sustentáveis de desenvolvimento para os quatro cantos de nosso imenso país. Parte dessa proposta é o resgate da memória e da história das cidades, com a preservação do berço dessas cidades, que são seus centros históricos. Talvez a tarefa se torne mais árdua, por falta de esclarecimento e de preservação que muitas cidades herdaram de gestores do passado.
Felizmente, esse não é o caso da pequena e pacata "Princesinha do Norte Fluminense", que honra seu título com uma beleza que lhe é peculiar. Através de seu Centro Histórico, a população e os visitantes usufruem de um agradável ambiente, que além de bonito, é uma história viva que marca a origem de seu povoamento. As primeiras ruas, o calçamento em paralelepípedos e vários eventos ocorridos naquele local, principalmente na Rua Direita, dão vida e mantêm na memória uma história de lutas.
O traçado das ruas, a arborização (que é rara na maioria das cidades), a arquitetura herdada dos imigrantes italianos, com traços únicos e exclusivos, contam parte dessa história que se iniciou na primeira metade do século XIX, num local que era habitado pelos índios Puris. Somam-se ainda as inúmeras manifestações artísticas e culturais que a cidade ainda preserva como: o Caxambu, as Folias de Reis, o Boi Pintadinho, a centenária Banda de Música da Sociedade Musical Sete de Setembro, que recentemente recebeu o prêmio de Patrimônio do Estado do RJ, os inúmeros talentos musicais e artísticos existentes.
Temos ouvido muitas bobagens por aí, de pessoas mal intencionadas e que se utilizam de argumentos distorcidos da realidade dos TOMBAMENTOS para ludibriarem os mais desavisados. Por isso, achamos de muita valia a entrevista realizada na Rádio Princesinha do Norte, rádio comunitária local, no programa do Legislativo do dia 10 de julho com duas representantes técnicas do INEPAC-RJ, que representam uma visão APOLÍTICA sobre o tema, sobretudo de preservação do patrimônio cultural, por sua importância que transcende a aspectos político-partidários e provincianos. As arquitetas Sra. Maria Regina Pontin de Mattos, Diretora Geral do Inepac e a assessora técnica do órgão, Sra. Dina Lerner estiveram em Miracema para tratar do tombamento estadual, que foi decretado no mês de março de 2009 e assinado pelo Governador do Estado do RJ. Esse tombamento é mais uma prova de que a importância desse Centro Histórico não se limita ao espaço municipal, mas é a preservação da memória de um Estado, de uma região, de um país e de um povo.
Muito se fala hoje em sustentabilidade, mas poucos sabem da ligação de um centro histórico com o tema. Fernanda Jane Furtado Loureiro, arquiteta, no trabalho intitulado “Centros Históricos: a preservação da paisagem como manutenção da memória coletiva. Florianópolis. 2002” diz:
"Esses centros históricos são importantes áreas, pois foi a partir dali que a cidade se desenvolveu. No Brasil, a maioria desses núcleos geradores começou em torno de uma praça central, da qual partiam ruas e se estruturavam lotes e quarteirões. Eles têm a vantagem de poder apresentar a posição de melhor acessibilidade à maior parte da cidade, e também de ser o local de maior referência para todas as pessoas. Ali elas trocavam idéias, exerciam suas práticas sociais, construíram equipamentos e serviços, e principalmente, foi onde cada um marcou sua época, registrando-a na memória (LOUREIRO, 2002:3"
Em outro trabalho que não conseguimos identificar, ela, a mesma autora cita:
"A preservação do patrimônio cultural é a maneira mais prática de se conseguir essa qualidade de vida, pois ela amplia o espectro de variáveis a serem consideradas para a manutenção dos valores culturais e ambientais urbanos. Em cidades que não possuem mais a integridade de seus centros históricos a alternativa é a reutilização ou revitalização dessas áreas, a fim de viabilizar o sistema econômico através das melhores respostas socioculturais."


Enviado por:Angeline Coimbra (colaboradora do Instituto Historiar).
Postagem: Leandro Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

sábado, 22 de agosto de 2009

GASTÃO MACHADO

Autor teatral cuja crítica de costumes, em suas peças sobre Campos, fez os campistas rirem de si mesmos e por isso se tornou amado por toda cidade, em sua época. Era um jornalista combativo e identificado com a comunidade. Assim pode ser considerado Gastão Machado, cujo dia 25 de março, comemorou 110 anos de nascimento.
Campista da Rua da Quitanda, atual Theotônio Ferreira de Araújo, onde nasceu em 25 de março de 1899, Gastão Machado dedicou a Campos a maior parte da sua obra teatral, como autor de mais de 30 revistas burlescas, comédias e dramas, encenados em Campos e no Rio de Janeiro entre 1923 e 1945, algumas em parceria com Sílvio Fontoura e Raymundo Magalhães Júnior, renomado escritor, que viveu em Campos na sua juventude.
Por isso, é natural que os campistas tenham retribuído esse amor e essa dedicação à cidade. Foi o único intelectual de Campos que, por sua obra teatral, ficou imortalizado no bronze, com um busto na Praça São Salvador, inaugurado em 1965, um ano após a sua morte em 26 de março de 1964, dia seguinte ao do seu 65º aniversário.
Os que assistiram às revistas de Gastão Machado, encenadas em teatros e pavilhões de Campos antiga, se lembram do realismo poético das cenas apresentadas retratando a cidade. Os tipos, embora com nomes supostos, eram logo identificados pelos espectadores por sua semelhança com figuras populares da cidade. Quem viu “Campos depois das dez”, por exemplo, ficou impressionado, com a fidelidade ao perfil da cidade conservadora, onde em horas tardias só os boêmios e as mulheres da vida saíam às ruas.
Gastão, escreveu ainda peças como: “Campos em Revista”, “O Macumbeiro do Turfe”, “A menina do açúcar”, “O careca não é de Campos”, “Petróleo no Turfe”, “Campos está progredindo”, “Uma festa no Capão” e “Campos do meu coração”.
No seu tempo, o do teatro romântico, a cidade tinha bons técnicos de espetáculos, cenógrafos e carpinteiros teatrais, e havia músicos e compositores como Benedito Bancretti, Sá Pereira, João Nunes Ribeiro, Álvaro de Andrade Reis e Miguel Miranda, que ajudaram Gastão a encenar seus espetáculos, compondo e tocando. Também dramas de conteúdo local como “A Escrava Isaura” e “A Rua das Cabeças”. Emocionaram toda a cidade, no tempo de Gastão Machado, que ao escrever sua primeira peça, a comédia “O Alisador”, tinha apenas 24 anos.
Pesquisador de história da cidade, o historiador Gastão Machado produziu muitos textos jornalísticos de conteúdo histórico.
Todavia, o único livro do gênero que editou foi “Os Crimes Célebres de Campos”, cuja primeira impressão foi feita na Gráfica Modelo (Rua dos Andradas nº 82) no ano de 1930, e assinava com o nome Gil de Mantua e prefaciado por Dr. Silvio Fontoura. As ilustrações também foram feitas pelo autor. Desse livro, uma segunda edição foi lançada por iniciativa do jornalista Latour Arueira e um grupo de amigos do autor, em 1965/66.
Em “Os Crimes Célebres de Campos”, Gastão Machado além de relatar alguns crimes célebres como o de Mota Coqueiro, D. Ana Pimenta e Um crime misterioso (Assassinato do Dr. Francisco José Alípio), entre outros. Retrata os costumes e a situação dos serviços públicos precários, como a falta de esgoto tratado e água encanada, iluminação com azeite de peixe e a gás, a travessia do Paraíba numa barca – pêndulo e os bondes puxados a burro. Veja abaixo uma poesia de Gastão Machado.
Ser Campista
Gastão Machado

Ser campista! Que alegria!
Eu juro que morreria
Se este não fosse o meu berço!
Permitam, pois, que me expanda.
Sou da Rua da Quitanda,
Por trás da Igreja do Terço.

Quanta saudade da infância,
A qual nem mesmo a distância
Dos anos, meu Deus, apaga!
A “dança das jardineiras”,
A investida às goiabeiras,
O Colégio de “Seu Fraga”...

As rifas de São João
Os folguedos no valão,
O batoque na “bacia”...
E a vida se desabrocha,
“Com os ‘pegas’ de Zé Rocha”
Que era da cavalaria...

Depois, o velho Liceu.
Na era do seu apogeu,
(Parai, ó tempo, a ampulheta!)
A nossa turma, uns quarenta,
Ia toda pra Pimenta
Nos bons dias de “gazeta”...

Nem tudo no ouvido cai...
Da mente não se me esvai
-Eu era bem garotinho
Quando Lacerda Sobrinho
Se batia pelo povo!

Fui crescendo, fui crescendo.
E cada vez mais querendo
A Campos dos Goytacás,
Planície de intensos brilhos,
Onde nasceram meus filhos
Onde morreram meus pais!

Como eu me orgulhava de ti,
Terra Augusta de Peri,
Senhora encantos mil!
Campos de Benta Pereira,
Cidade mais brasileira
De todo o nosso Brasil!

O LIVRO


Texto e pesquisa: Leandro Lima Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fotos: Acervo do Instituto Historiar.
O Instituto Historiar é formado por: Hélvio Cordeiro; Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Waldir Carvalho - Ilustre além do nome

Familiares do escritor Waldir Carvalho, em uma bela iniciativa, decidiram doar alguns livros escritos por ele. Há um projeto, tramitando na Câmara Municipal, discutindo a possibilidade do escritor virar nome de rua, já que tanto contribuiu para a história de Campos dos Goytacazes. Carvalho é autor inclusive, de várias obras literárias dentre elas: “Gente que é nome de rua”. Mais sobre o assunto, veja abaixo.



Texto e postagem: Leandro Cordeiro
Fonte: Jornal Monitor Campista.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

RESULTADO DA ENQUETE

Depois da série “Todos os Presidentes do Brasil”, o Blog do Instituto Historiar recebeu várias solicitações sobre qual seria a próxima série: se um histórico sobre “Todos os Governadores do Brasil” ou se seriam “Todos os Prefeitos de Campos dos Goytacazes”. Por esta razão, resolvemos abrir uma enquete para saber a opinião democrática da maioria. O resultado, estamos publicando agora, e foi o seguinte: 16 pessoas (o que corresponde a 38%) votaram que a próxima série fosse sobre os Governadores, e 37 pessoas (o que corresponde a 88%), solicitaram que se publique a série sobre todos os Prefeitos de Campos dos Goytacazes. Sendo assim, o desejo da maioria de votantes da enquete, estaremos preparando o material para a série “Todos os Prefeitos de Campos dos Goytacazes”. Esperamos poder levar até nossos visitantes o máximo de informação e conhecimento sobre a vida de todos aqueles que administraram a nossa Cidade.

Texto: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Preservando nossa história - Instituto Historiar recebe livros do escritor Waldir Carvalho




O Instituto Historiar gostaria de agradecer a família do grande historiador, mestre e escritor Waldir Carvalho (em especial a Dona Zeni Carvalho e a Walnize Carvalho), por tão gentilmente doar ao Instituto Historiar algumas obras literárias escritas por Waldir Carvalho.
Foram-nos doadas as seguintes obras:

O escravo cirurgião (novela) – 1988
A roda dos expostos (romance) – 1994
O sorteado (romance) - 1994
Campos depois do Centenário (volume 2) – 1995
Até que chegue a primavera (novela e contos) – 1997
Se não me trai a memória (autobiografia) – 2003.

Essas obras encontram-se guardadas no acervo do Instituto Historiar onde poderão ser consultadas por pessoas interessadas em conhecer um pouco mais da história de Campos dos Goytacazes.


Texto: Leandro Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

Foto: Acervo do Jornal Monitor Campista.
O Instituto Historiar é formado por: Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Festa do Santíssimo Salvador

Tudo começou há muitos e muitos anos (por volta de 1649) com uma humilde capelinha de palha (hoje Igreja São Francisco), que mais tarde foi reconstruída por um general de nome Salvador Correa. Por volta de 1745, foi feita uma segunda capela naquela que hoje chamamos Praça São Salvador. A Catedral Diocesana de Campos foi erguida com a mesma estrutura da antiga Igreja da Matriz, sendo ampliadas somente as suas torres, para dar o tom de Catedral e a parte de sua cúpula. Consta nos arquivos da Igreja Matriz que ela foi criada em 04 de dezembro de 1922. Foi quando passou à condição de Catedral, sendo que, em 1965, recebeu por decisão do papa Paulo VI, o título de Catedral Basílica Menor do Santíssimo Salvador, o próprio Jesus Cristo.
Como surgiu o nome São Salvador
Até hoje há quem pense que São Salvador seja um dos santos da igreja católica, e não, o próprio Jesus Cristo. Essa história está ligada à questão da colonização. Remonta às capitanias. Naquela época, era costume que se erguesse uma capela ou igreja, onde o santo representasse o nome do principal governante. Como aqui foi o General Salvador Correia de Sá e Benevides, e como não existia um santo com esse nome, foi escolhido o próprio Cristo. Daí o nome São Salvador ou Santíssimo Salvador.
Desta forma, o patrono da religião na Cidade de Campos do Goytacazes ficou sendo o próprio Cristo, que, para muitos campistas, passou a fazer parte do calendário como se fosse mais um santo.
A Festa
A tradicional festa de São Salvador comemora hoje (06/08/09) a sua 357ª edição.
No início a festa começava às 4 horas da manhã na Igreja da Matriz (posteriormente se tornaria Catedral) com uma missa religiosa chamada Te Deum. No mesmo dia eram realizados batizados e outras cerimônias religiosas programadas para o dia do padroeiro da cidade.
A cidade era enfeitada com coretos e arcos todos iluminados com luz elétrica, por possantes lâmpadas de arco voltaico.
Na parte religiosa realizavam-se missa campal na Praça da República, e a procissão que saia às 15 horas seguindo por várias ruas do centro da cidade com o andor do padroeiro.
Na parte esportiva haviam as tradicionais regatas.
As Bandas musicais: Lira de Apolo, Guarany, Operários Campistas, etc. ficavam responsáveis em fazer apresentações musicais para a população.
Atualmente a programação ainda preserva a tradição, com a corrida ciclística, a regata, apresentação de bandas musicais, a procissão do Santíssimo Salvador, etc.
A prova ciclística foi criada por Gerardo Maria Ferraiouli (Patesko), tendo sido organizada a primeira prova ciclística em 06 de agosto de 1945, até 1976, a prova tinha como percurso: de frente ao Banco do Brasil e tinha como chegada, defronte a antiga sede da Prefeitura de Campos (onde atualmente está sendo restaurado para abrigar o Museu de Campos).
Em 1977 a prova passou a realizar-se na Avenida Alberto Torres, onde até hoje é realizada. Patesko faleceu em setembro de 2007, pouco antes de completar 92 anos de idade e, foi homenageado pela Ciclovia (que corta a Av. 28 de Março). A história de Patesko se confunde com as regatas no Rio Paraíba do Sul, nos torneios de futebol, tênis de mesa e, claro, de ciclismo.
Não poderíamos deixar de lembrar também de doces tradicionais, como chuvisco, goiabada, etc., do canteiro Diocesano e da feira de artesanato que há tantos anos vem fazendo parte da Festa do SS. Salvador.
O Instituto Historiar, na pessoa de seus representantes Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar, gostaria de parabenizar aos 357 anos de tradição da festa do Santíssimo Salvador.
A FESTA SS. SALVADOR NO PASSADO

Igreja Matriz

Construção da Catedral



Procissão do SS. Salvador

O povo na praça São Salvador

Regata

Regata

A FESTA SS. SALVADOR NO PRESENTE

Catedral Diocesana de Campos

Santíssimo Salvador

Prova ciclística

Regata

Texto: Leandro Lima Cordeiro (membro do Instituto Historiar)
Fontes: Jornal Monitor Campista e site: http://www.ciclismocampos.com.br/patesko.htm

Fotos: Acervo do Instituto Historiar e Internet.