O Trianon era formado de 156 frizas, 554 cadeiras na platéia, 290 balcões, 38 camarotes e 610 gerais para comportar 1.800 espectadores. A coxia tinha 25 camarins, sendo que dois muito luxuosos, para os artistas de maior renome. O Trianon contava com um moderno sistema de coxias, onde era feito o movimento do palco. A iluminação geral era movida pela eletricidade, tendo para isto uma instalação própria, construída por um motor Fairbank-Morse de 47 HP e um dínamo de força de 217 amperes.
O Capitão Francisco de Pula Carneiro contratou os arquitetos da Meanda Curty & Companhia, do Rio de Janeiro, para idealizar seu sonho. O Trianon não era só teatro. Era Cine-Teatro. A obra foi considerada arrojada e o Trianon, na época, foi considerado um dos grandes espaços culturais do País, pelo seu tamanho e arquitetura luxuosa.
A inauguração foi marcada para às 18h30 do dia 25 de maio de 1921. E o Capitão Francisco de Paula Carneiro foi conduzido de sua residência à Rua 13 de Maio, esquina com Saldanha Marinho, por enorme massa popular, acompanhada pelas quatro bandas de música da cidade: Lira de Apolo, Lira Conspiradora, Lira Guarani e Sociedade Musical Operários Campistas.
O espetáculo de estréia aconteceu no dia 29, com a apresentação da “A Duqueza de Bal-Tabarin”, da Companhia Esperanza Iris, que era das mais conceituadas no mundo inteiro. A estrela, conhecida como a rainha da Opereta, era mexicana, dotada de grande beleza e virtuosidade. A diretoria artística era formada por 105 figurantes e mais a orquestra de 22 professores, dirigida pelo maestro Santiago Sabino. Alguns dos artistas locais e estrangeiros que pisaram o palco do Trianon: Arthur Rocckert (foi quem introduziu o cinema em Campos), Esperanza Iris, Leopoldo Fróes, Clara Weiss, Aida Arce, Guiomar Novaes, Jayme Costa, Arthur Rubistein, Procópio Ferreira, Bidu Saião, Tito Shipa, Raoul Roulien, Joanídia Sodré, Ernesto de Marco, Marilene Stuart, Mara Bueno, Henriette Morineau, Richard Júnior, Bibi Ferreira, prof. Oriethy Bey, Joracy Camargo, entre outros. No seu salão de espera constavam algumas placas em homenagem a algumas personalidades como: “A Hervé Salgado Rodrigues, pela estréia de ‘Augusta’ – 1960”; “Ao grande Osvaldo Tavares, pela interpretação de ‘Judas no Tribunal’, de Godofredo Tinoco e ‘As Mãos de Eurídice’, de Pedro Bloch – 1960”; “Emilinha Borba, homenagem de seu fã-clube de Campos – 20/04/1960”; “A Bellino Esperanza e filhos, pela reabertura do Trianon – 20/07/1968”.
No dia 27 de junho de 1975 a população campista acordou e não mais encontrou aquele imponente prédio, casa de sonho e fantasia, memória artístico-cultural de cinco décadas, pois sua demolição já havia sido consumada na calada da noite. Dias antes, no dia 17 de junho, a Associação Norte Fluminense de Engenheiros e Arquitetos tinha enviado ao Prefeito José Carlos Vieira Barbosa um veemente protesto tentando sensibilizá-lo para que ele fizesse alguma coisa para impedir que aquele patrimônio histórico caísse nas mãos de especuladores insensíveis e inescrupulosos.
Porém, foi tudo em vão. Algumas instituições se mobilizaram e começaram a cobrar da instituição Bradesco o cumprimento do Decreto-Lei nº 7.959 de setembro de 1945, que dizia: “todas as entidades que descaracterizarem, demolirem ou despersonalizarem uma casa de espetáculos teatrais estariam obrigadas a construírem uma similar”. A Fundação Bradesco não se intimidou com a legislação, se negando a cumprí-la, alegando falta de recursos, até que em 1989, o então Prefeito Anthony Garotinho, numa bem-sucedida investida, consegue uma doação no valor de US$ 1.000.000 (um milhão de dólares) para o início da obra do novo Trianon. Os engenheiros responsáveis pelo novo Trianon foram Roosevelt de Oliveira Batista e o arquiteto José Luís Maciel Púglia, (havia sido feito um projeto anterior pelo arquiteto Oscar Niemeyer, só que não dispunha de recursos para a execução da obra). Escolhido uma área de 10 mil metros quadrados na Rua Marechal Floriano, onde começou a obra com cerca de 180 homens que trabalhavam das 07:00 às 22:00 horas. A obra durou cerca de sete anos para ficar pronta e foi inaugurado no dia 31 de julho de 1998, reunindo um público de mil convidados, tendo o palco sido inaugurado pela Companhia de Dança de Deborah Colker. A primeira peça teatral apresentada foi “Brasileiro, Profissão Esperança”, tendo como atores Bibi Ferreira e Gracindo Júnior, seguido de “Artemis”, episódio lírico de Alberto Nepomuceno, com textos de Coelho Neto, produzido pelo Centro Cultura Musical de Campos. Seguem os espetáculos com: “Na Bagunça do seu Coração”, “Orquestra de Câmara de Florença”, “A Magia do Trianon”, com direção de Orávio de Campos Soares e direção musical de Dalton Freire. Destaque para a apresentação do musical de ballet “Branca de Neve”, grupo com 39 atores bailarinos, tendo no elenco Marcelo Misailidis, primeiro bailarino do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e Maria Pompeu no papel de madrasta. E para fechar a programação de inauguração do novo Teatro Trianon, “O Quadrante”, um dos maiores sucessos do ator Paulo Autran. Embora esteja completando onze anos de fundação, o novo Teatro Trianon ainda não ficou totalmente pronto, de acordo com o seu projeto original de criação, faltando algumas partes que lhe darão mais facilidade e conforto aos artistas que nele se apresentarão.
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Fachada do Cine Teatro Trianon
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Portão de entrada do Cine Teatro Trianon
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Texto e pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fotos: Acervo fotográfico do Instituto Historiar e Internet.
Fotos: Acervo fotográfico do Instituto Historiar e Internet.
Gostei de ver/rever a história do Cine Teatro Trianon, que frequentava durante o ano de 1960, quando era aluno interno do Colégio Bittencourt. Ele é um marco de minhas melhores memórias da cidade. Sua demolição foi um atentado à história e à glória de Campos.
ResponderExcluirSaint-Clair Mello - Niterói - RJ
Realmente, triste foi a inicitiva do poder público que não procurou reconstruir a obra original, renegando o significado histórico e cultural que aquele predio representava aos espírito campista. Sinceramente ainda me frustra perceber o descaso que o poder público de Campos tem para tratar de sua propria história. O novo Trianon é um cicatriz onde se tenta desconfigurar a história dessa cidade com estruturas arquitetonicas modernas, abstratas e pouco representativas da vida e da cultura local. É o mesmo descaso que se vê com reforma da praça São Salvador, com a reforma do Canal Campos-Macaé ...
ResponderExcluirAmei conhecer da história do Cine Teatro Trianom, pois embora eu tenha nascido em Campos dos Goytacazes foi no Rio de Janeiro que vivi, agora de volta Campos vou contribuir levando essas informações aos meus alunos.
ResponderExcluirCuriosidade:
ResponderExcluirOnde funcionava o antigo teatro?
Onde hoje se encontra a agência do Banco Bradesco, no centro.
ExcluirOnde funcionava o antigo teatro?
ResponderExcluirO novo Trianon já é tombado?
ResponderExcluirSe não, o que falta para tal?
Tenho ótimas lembranças do cine Trianon. Ainda existe o prédio do Cine São José no Turf Club deveriam tomba-lo como monumento historico
ResponderExcluirBem capaz de tombar pra ganhar dinheiro isso sim
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