Nasceu no dia 04 de março de 1910, em São João Del Rey, Minas Gerais. Filho de Francisco de Paula Neves e de Antonina de Almeida Neves. Aos sete anos, Tancredo Neves foi matriculado no Grupo Escolar João dos Santos, em São João Del Rey, mostrando muita facilidade para aprender com a professora Maria de Lourdes Chagas. Aos 13 anos, Tancredo passou a estudar no Colégio Santo Antônio, preparando-se para a universidade. Em 1929, Tancredo ingressava no Curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade de Minas Gerais, em Belo Horizonte, formando-se em 1932. Casou-se com Dona Risoleta Guimarães Tolentino Neves em 1938 e tiveram três filhos: Inês Maria, Maria do Carmo e Tancredo Augusto. A primeira atividade profissional de Tancredo Neves, quando ainda cursava o Colégio Santo Antônio, foi repórter policial. Quando se formou na Universidade foi nomeado promotor da comarca de São João Del Rey, cargo que exerceu até 1934. Filiou-se ao Partido Progressista e elegeu-se como vereador mais votado para a Câmara Municipal de São João Del Rey, sendo seu presidente de 1935 a 1937, tendo que fechar a Câmara por ordem do Estado Novo. Em 1938, já transferido para o Partido Nacionalista Mineiro, recusou o convite de Getúlio Vargas para ser chefe de polícia do Estado. Durante o período do Estado Novo, passou a exercer somente a função de advogado até 1945, quando se filiou ao Partido Social Democrático e, no ano seguinte foi eleito Deputado Estadual mais votado de Minas Gerais. Durante esse mandato foi relator-geral da Constituinte mineira e líder da bancada do PSD na Assembléia Legislativa. Em 1950 foi eleito Deputado Federal, integrou em 1951, a comissão de Transportes e Obras Públicas e de Justiça da Câmara dos Deputados e foi líder da Bancada mineira do PSD. Em 1953, trocou a cadeira de deputado pela pasta da Justiça do Ministério do segundo governo Getúlio Vargas. Durante o governo de Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves foi conselheiro político do Presidente, diretor e presidente interino do Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico. Em 1958, a convite do governador mineiro, trocou os cargos federais pela Secretaria Estadual de Finanças em seu Estado. Quando João Goulart assumiu a Presidência, Tancredo Neves foi escolhido para a função de primeiro-ministro. Em 1962 deixou esse cargo para ser eleito à Câmara dos Deputados. Em 1963, foi líder do governo de João Goulart na Câmara. Em 1964, com a instauração do regime militar, renunciou à liderança da bancada, mas continuou a exercer o mandato. Em 1966, o Ato Institucional nº 02 extinguiu os partidos políticos existentes e impôs o bipartidarismo: a Arena que era o partido da situação, e o MDB que era o da oposição, no qual ficou Tancredo Neves. Reeleito Deputado Federal nas eleições de 1966, 1970 e 1974. Em 1978, na condição de líder da bancada do MDB na Câmara Federal, foi lançado candidato ao Senado, sendo eleito. Em 1979, com o final do bipartidarismo e com a redemocratização, Tancredo articulou a criação do Partido Popular (PP), tendo esse partido, porém, vida curta, tendo Tancredo Neves feito uma fusão desse partido com o PMDB, em 1982. Nesse mesmo ano, nas primeiras eleições diretas para o governo estadual, foi eleito Governador de Minas Gerais. Em 1985, ele venceu o pleito indireto para a Presidência da República, contra o deputado Paulo Maluf. O seu Vice-Presidente eleito, foi o maranhense, e presidente do PDS, José Sarney. Sendo Tancredo Neves o primeiro Presidente civil, depois do regime militar. Na noite anterior à data marcada para a posse, Tancredo Neves caiu doente em Brasília. Ele não chegaria a governar. Porém, o primeiro ato da Nova República, foi dar posse aos ministros, e levava a assinatura do Presidente eleito. O Vice-Presidente José Sarney assumiu a Presidência quando ainda havia a perspectiva de recuperação de Tancredo, tomando a si as diretrizes por ele traçadas, nomeou a equipe escolhida pelo Presidente eleito. Depois da morte de Tancredo, Sarney nomeou ministros de sua própria confiança, porém, a memória de Tancredo Neves continuou presente na transição para a democracia e da convocação da Assembléia Nacional Constituinte. A morte de Tancredo de Almeida Neves, em 21 de abril de 1985 (dia em homenagem a Tiradentes), causou uma comoção de intensidade só comparável ao suicídio de Getúlio Vargas. Foi uma agonia de 38 dias até sua morte. Toda a população, que estava com os olhos voltados para o Hospital de Base de Brasília, tinha esperança de ver o novo Presidente ter alta e ser empossado. Como o estado de saúde de Tancredo se agravasse e por divergência entre a junta médica que o atendia e os médicos do Hospital de Base, Tancredo foi transferido para o Instituto do Coração de São Paulo. Porém, depois de um quadro infeccioso, resistente aos antibióticos, acabariam por levá-lo à morte no dia 21 de abril. Foi parte de seu discurso: “A nação inteira comunga deste ato de esperança; reencontramos, depois de ilusões perdidas e pesados sacrifícios, o bom e velho caminho democrático. [...] A Pátria não é mera organização dos homens em Estados, mas sentimento e consciência, e em cada um deles, de que lhe pertencem o corpo e o espírito da Nação. Sentimento e consciência da intransferível responsabilidade por sua coesão e seu destino. [...] A primeira tarefa de meu governo é a de promover a organização institucional do estado. Se, para isso, devemos recorrer à experiência histórica, cabe-nos também compreender que vamos criar um Estado moderno, apto a administrar a Nação no futuro dinâmico que está sendo construído. [...] Os deputados constituintes, mandatários da soberania popular, saberão redigir uma Carta política ajustada às circunstâncias históricas. [...] A nação é essencialmente constituída pelas pessoas que a integram; de modo que cada vida humana vale muito mais do que a elevação de um índice estatístico. [...] Quero a conciliação para a defesa da soberania do povo, para a restauração democrática, para o combate à inflação, para que haja trabalho e prosperidade em nossa Pátria. Vamos promover o entendimento entre o povo e o governo, a nação e o Estado. [...] Se todos quisermos, dizia-nos há quase duzentos anos Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperança, podemos fazer deste País uma grande nação. Vamos fazê-la”.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhORptWm8md-VvEmDySAsyRIvBr-zcz3ncLz5QoAxPz9OzkHYVl22n9tkVH7rMgPEt3X7QPmBlm575nAXBtLj-Slk903_S2ioz8zEBnd_DiaEQK0Cd078yXScCRwjH9zTCCNir-LfqrhlOv/s280/tancredo1.jpg)
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário