EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI:
Nasceu no dia 04 de dezembro de 1905, em Bagé, Rio Grande do Sul. Filho de Emílio Médici e de Júlia Garrastazu Médici. Até os 12 anos freqüentou o colégio do professor Charles Dupont, em Bagé, onde era bom aluno e mais tarde sendo inscrito no Colégio Militar de Porto Alegre, em 1918. Pouco depois de concluir os estudos, em 1922, mudou-se para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Em 1924, entrou na Escola Militar do Realengo, terminando o curso em 1927 como aspirante a oficial da Arma de Cavalaria. No mesmo ano, Médici foi designado para o 12º Regimento de Cavalaria em sua cidade natal, Bagé. No mesmo ano foi promovido à segundo-tenente e, em 1929 chegou a primeiro-tenente. Em 1931, casou-se com Scyla Gaffré Nogueira, e tiveram dois filhos: Roberto e Sérgio. Em 1934, foi promovido a capitão. Durante o Estado Novo (1937-1945) esteve como ajudante-secretário na Escola de Estado-Maior, no Rio de Janeiro, entre 1937 e 1939, ano em que entrou para a Escola de Armas também na antiga capital federal. Neste mesmo ano, voltou ao Rio Grande do Sul para servir no 8º Regimento de Cavalaria Independente, em Uruguaiana. No início de 1940, retornou à Escola de Armas como auxiliar-instrutor. Em 1943, foi promovido a major, e em março do ano seguinte concluiu o curso de Estado-Maior. Em maio de 1945, foi transferido para o Estado-Maior da 3ª Divisão de Cavalaria de Bagé, onde assumiu a chefia do Estado-Maior daquela divisão. Em junho de 1948, foi promovido a tenente-coronel, seguindo, em 1950, para assumir a chefia da seção de informações do Estado-Maior regional do Quartel-General da 3ª Região Militar em Porto Alegre. Promovido a coronel em julho de 1953, sendo designado para comandar em Porto Alegre o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva. Entre 1957 e 1959 foi chefe do Estado-Maior. Em 1960, Médici foi nomeado subcomandante da Academia Militar de Agulhas Negras, na cidade de Resende, Estado do Rio de Janeiro. Em 1961, chegou a general-de-brigada, assumindo o comando da 4ª Divisão de Cavalaria, na cidade de Campo Grande, então Estado de Mato Grosso. Em 1964, participou intensamente das mobilizações do Exército que tornaram vitorioso o movimento político-militar que assumiu o poder. No início de abril de 1964, Médici foi nomeado adido militar em Washington, Estados Unidos. Em 1965, foi promovido a general-de-divisão. Assumiu a chefia do Serviço Nacional de Informação ocupando de 1967 a 1969. Em março de 1969, recebeu a quarta estrela de general. Um mês depois, assumiu o comando do III Exército no Rio Grande do Sul. Em 14 de outubro de 1969, por meio do Ato Institucional nº 16/69, o governo definiu que o mandato do próximo presidente iria de 30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974. O Ato Complementar nº 73, de 15 de outubro de 1969, determinou a abertura do Congresso Nacional, convocando justamente para a realização da eleição indireta do presidente e do vice-presidente da república. O nome do vice foi escolhido pelo próprio Médici. Ambos estavam com 64 anos na época. Seria o almirante Augusto Rademaker, um dos ministros militares integrantes da Junta Militar de 1969 que governou o país transitoriamente entre o afastamento de Costa e Silva e a posse do novo presidente. Médici e Rademaker tomaram posse em 30 de outubro de 1969. Existiam dois partidos políticos à época: o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (Arena). Este último, criado pelo governo para lhe dar sustentação e apoio. No dia 22 de outubro de 1969, o Congresso foi reaberto depois de dez meses de recesso iniciado com a publicação do AI-5. Em 25 de outubro, o general Emílio Garrastazu Médici recebeu 239 votos a favor (todos da Arena), e 76 abstenções. A bancada do MDB, por unanimidade, optou por se abster. “A distribuição foi assim calculada: votantes da Arena: 251 deputados e 42 senadores; abstenções (MDB): 62 deputados e 14 senadores”. O general Médici assumiu a Presidência da República em um momento politicamente muito delicado. Contudo, o Ato Institucional nº 05 lhe dava sustentação e plenos poderes para agir da maneira que considerasse adequada. O governo, por meio de decretos-leis, foi estabelecendo um controle rígido sobre as manifestações de opinião, em todas as suas expressões. No dia 29 de abril de 1970, foi estabelecida a censura prévia a livros e periódicos. O primeiro ano de governo do presidente Médici foi marcado pela oposição radical desses grupos e da forma, bem a propósito, da radicalização dos grupos armados “de direita”, formados por civis e militares que se propunham a reprimir duramente o que julgavam como movimento “subversivo”. A repressão do Estado passou a atingir indiscriminadamente estudantes, artistas, jornalistas e outros profissionais liberais, muitos dos quais em nada relacionados aos ativistas dos movimentos armados. Os funcionários, policiais e militares (muitos deles de formação cultural e intelectual bastante limitada), envolvidos em censura, repressão, controle e investigação política, etc. muitas vezes consideravam um cidadão “subversivo” a partir de atos e fatos não exatamente relacionados à política ou a mobilização ideológica, mas tomando como base conceitos morais ou gostos pessoais particulares (muitos nem sabiam a definição da palavra “subversivo”). O estado de coisas produziu injustiças, pois, de certa maneira, sargentos e policiais de baixo escalão comumente acabavam por desempenhar amplas “funções de juízes”, aplicando castigos corporais ilegais (abolidos há muito da legislação brasileira e que, em certos casos, produziram a morte dos acusados). Em junho de 1970, ano de um dos slogans oficiais se tornou um dos mais repetidos: “Ninguém segura mais esse país”; a Seleção Brasileira de Futebol conquistou o tricampeonato mundial, realizado no México, virando material de propaganda do governo. Não era permitida a divulgação dos discursos da oposição pela imprensa, e a censura era intensa. De 1969 a 1972, os donos de empresas de comunicação “negociavam” a censura com os militares; alguns assuntos tinham sua divulgação terminantemente proibida. Esse “acordo” com os militares foi interrompido a partir de 1972, quando a Polícia Federal ficou encarregada da censura. Mesmo com todo o controle, vazavam denúncias de violências, seqüestros, assassinatos, torturas e desaparecimento de políticos. Delfim Neto, então ministro da Fazenda, aproveitou-se do crédito externo (fácil, com baixos juros) para desenvolver o país em muitos setores de produção. A inflação caiu, não passando de 18% a média anual. Foi iniciada a Transamazônia, a Usina de Itaipu, Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, Programa Especial para o Vale do São Francisco, Programa Nacional de Telecomunicações, a Telebrás, e muitos outros, que deixaram o Brasil com uma dívida muito grande com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Depois que deixou a Presidência, o general Médici passou para a reserva. Passou a recusar convites para cargos políticos, só comparecendo a eventos e homenagens, como a inauguração de uma nova unidade do Liceu de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, que recebeu seu nome. Médici discordava da estratégia e dos objetivos do governo Figueiredo, e, em sua opinião, a anistia era uma precipitação, não aceitando a volta às eleições diretas, a devolução gradativa do poder à classe política ou a forma como a imprensa desempenhava seu papel. Emílio Garrastazu Médici faleceu no Hospital Central da Aeronáutica às 10h40 da manhã do dia 09 de outubro de 1985, aos 79 anos. Um ano e meio depois da ocorrência de um acidente vascular cerebral que o havia deixado com o lado direito do corpo paralisado. Foi parte de seu discurso: “[...] Neste momento, eu sou a oferta e a aceitação. Não sou promessa. Quero ser verdade e a confiança, ser a coragem, a humildade, a união. A oferta do meu compromisso ao povo, perante o Congresso, de seus representantes, quero-a um ato de reverdecimento democrático. A aceitação da faixa presidencial, faço-a um auto de justiça e a confissão de minhas crenças. Faço a justiça de proclamar o equilíbrio e a serena energia, o patriotismo e a grandeza com que se houveram os três Ministros militares no exercício temporário da Presidência, que a mim transmitem, no símbolo dessa faixa, pelas mãos honradas de sua Excelência o almirante Augusto Hamann Rademaker Günewald. [...]”.
Nasceu no dia 04 de dezembro de 1905, em Bagé, Rio Grande do Sul. Filho de Emílio Médici e de Júlia Garrastazu Médici. Até os 12 anos freqüentou o colégio do professor Charles Dupont, em Bagé, onde era bom aluno e mais tarde sendo inscrito no Colégio Militar de Porto Alegre, em 1918. Pouco depois de concluir os estudos, em 1922, mudou-se para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Em 1924, entrou na Escola Militar do Realengo, terminando o curso em 1927 como aspirante a oficial da Arma de Cavalaria. No mesmo ano, Médici foi designado para o 12º Regimento de Cavalaria em sua cidade natal, Bagé. No mesmo ano foi promovido à segundo-tenente e, em 1929 chegou a primeiro-tenente. Em 1931, casou-se com Scyla Gaffré Nogueira, e tiveram dois filhos: Roberto e Sérgio. Em 1934, foi promovido a capitão. Durante o Estado Novo (1937-1945) esteve como ajudante-secretário na Escola de Estado-Maior, no Rio de Janeiro, entre 1937 e 1939, ano em que entrou para a Escola de Armas também na antiga capital federal. Neste mesmo ano, voltou ao Rio Grande do Sul para servir no 8º Regimento de Cavalaria Independente, em Uruguaiana. No início de 1940, retornou à Escola de Armas como auxiliar-instrutor. Em 1943, foi promovido a major, e em março do ano seguinte concluiu o curso de Estado-Maior. Em maio de 1945, foi transferido para o Estado-Maior da 3ª Divisão de Cavalaria de Bagé, onde assumiu a chefia do Estado-Maior daquela divisão. Em junho de 1948, foi promovido a tenente-coronel, seguindo, em 1950, para assumir a chefia da seção de informações do Estado-Maior regional do Quartel-General da 3ª Região Militar em Porto Alegre. Promovido a coronel em julho de 1953, sendo designado para comandar em Porto Alegre o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva. Entre 1957 e 1959 foi chefe do Estado-Maior. Em 1960, Médici foi nomeado subcomandante da Academia Militar de Agulhas Negras, na cidade de Resende, Estado do Rio de Janeiro. Em 1961, chegou a general-de-brigada, assumindo o comando da 4ª Divisão de Cavalaria, na cidade de Campo Grande, então Estado de Mato Grosso. Em 1964, participou intensamente das mobilizações do Exército que tornaram vitorioso o movimento político-militar que assumiu o poder. No início de abril de 1964, Médici foi nomeado adido militar em Washington, Estados Unidos. Em 1965, foi promovido a general-de-divisão. Assumiu a chefia do Serviço Nacional de Informação ocupando de 1967 a 1969. Em março de 1969, recebeu a quarta estrela de general. Um mês depois, assumiu o comando do III Exército no Rio Grande do Sul. Em 14 de outubro de 1969, por meio do Ato Institucional nº 16/69, o governo definiu que o mandato do próximo presidente iria de 30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974. O Ato Complementar nº 73, de 15 de outubro de 1969, determinou a abertura do Congresso Nacional, convocando justamente para a realização da eleição indireta do presidente e do vice-presidente da república. O nome do vice foi escolhido pelo próprio Médici. Ambos estavam com 64 anos na época. Seria o almirante Augusto Rademaker, um dos ministros militares integrantes da Junta Militar de 1969 que governou o país transitoriamente entre o afastamento de Costa e Silva e a posse do novo presidente. Médici e Rademaker tomaram posse em 30 de outubro de 1969. Existiam dois partidos políticos à época: o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (Arena). Este último, criado pelo governo para lhe dar sustentação e apoio. No dia 22 de outubro de 1969, o Congresso foi reaberto depois de dez meses de recesso iniciado com a publicação do AI-5. Em 25 de outubro, o general Emílio Garrastazu Médici recebeu 239 votos a favor (todos da Arena), e 76 abstenções. A bancada do MDB, por unanimidade, optou por se abster. “A distribuição foi assim calculada: votantes da Arena: 251 deputados e 42 senadores; abstenções (MDB): 62 deputados e 14 senadores”. O general Médici assumiu a Presidência da República em um momento politicamente muito delicado. Contudo, o Ato Institucional nº 05 lhe dava sustentação e plenos poderes para agir da maneira que considerasse adequada. O governo, por meio de decretos-leis, foi estabelecendo um controle rígido sobre as manifestações de opinião, em todas as suas expressões. No dia 29 de abril de 1970, foi estabelecida a censura prévia a livros e periódicos. O primeiro ano de governo do presidente Médici foi marcado pela oposição radical desses grupos e da forma, bem a propósito, da radicalização dos grupos armados “de direita”, formados por civis e militares que se propunham a reprimir duramente o que julgavam como movimento “subversivo”. A repressão do Estado passou a atingir indiscriminadamente estudantes, artistas, jornalistas e outros profissionais liberais, muitos dos quais em nada relacionados aos ativistas dos movimentos armados. Os funcionários, policiais e militares (muitos deles de formação cultural e intelectual bastante limitada), envolvidos em censura, repressão, controle e investigação política, etc. muitas vezes consideravam um cidadão “subversivo” a partir de atos e fatos não exatamente relacionados à política ou a mobilização ideológica, mas tomando como base conceitos morais ou gostos pessoais particulares (muitos nem sabiam a definição da palavra “subversivo”). O estado de coisas produziu injustiças, pois, de certa maneira, sargentos e policiais de baixo escalão comumente acabavam por desempenhar amplas “funções de juízes”, aplicando castigos corporais ilegais (abolidos há muito da legislação brasileira e que, em certos casos, produziram a morte dos acusados). Em junho de 1970, ano de um dos slogans oficiais se tornou um dos mais repetidos: “Ninguém segura mais esse país”; a Seleção Brasileira de Futebol conquistou o tricampeonato mundial, realizado no México, virando material de propaganda do governo. Não era permitida a divulgação dos discursos da oposição pela imprensa, e a censura era intensa. De 1969 a 1972, os donos de empresas de comunicação “negociavam” a censura com os militares; alguns assuntos tinham sua divulgação terminantemente proibida. Esse “acordo” com os militares foi interrompido a partir de 1972, quando a Polícia Federal ficou encarregada da censura. Mesmo com todo o controle, vazavam denúncias de violências, seqüestros, assassinatos, torturas e desaparecimento de políticos. Delfim Neto, então ministro da Fazenda, aproveitou-se do crédito externo (fácil, com baixos juros) para desenvolver o país em muitos setores de produção. A inflação caiu, não passando de 18% a média anual. Foi iniciada a Transamazônia, a Usina de Itaipu, Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, Programa Especial para o Vale do São Francisco, Programa Nacional de Telecomunicações, a Telebrás, e muitos outros, que deixaram o Brasil com uma dívida muito grande com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Depois que deixou a Presidência, o general Médici passou para a reserva. Passou a recusar convites para cargos políticos, só comparecendo a eventos e homenagens, como a inauguração de uma nova unidade do Liceu de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, que recebeu seu nome. Médici discordava da estratégia e dos objetivos do governo Figueiredo, e, em sua opinião, a anistia era uma precipitação, não aceitando a volta às eleições diretas, a devolução gradativa do poder à classe política ou a forma como a imprensa desempenhava seu papel. Emílio Garrastazu Médici faleceu no Hospital Central da Aeronáutica às 10h40 da manhã do dia 09 de outubro de 1985, aos 79 anos. Um ano e meio depois da ocorrência de um acidente vascular cerebral que o havia deixado com o lado direito do corpo paralisado. Foi parte de seu discurso: “[...] Neste momento, eu sou a oferta e a aceitação. Não sou promessa. Quero ser verdade e a confiança, ser a coragem, a humildade, a união. A oferta do meu compromisso ao povo, perante o Congresso, de seus representantes, quero-a um ato de reverdecimento democrático. A aceitação da faixa presidencial, faço-a um auto de justiça e a confissão de minhas crenças. Faço a justiça de proclamar o equilíbrio e a serena energia, o patriotismo e a grandeza com que se houveram os três Ministros militares no exercício temporário da Presidência, que a mim transmitem, no símbolo dessa faixa, pelas mãos honradas de sua Excelência o almirante Augusto Hamann Rademaker Günewald. [...]”.
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Garrastazu Médici
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.
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