domingo, 31 de agosto de 2008

Série Presidentes do Brasil

MANUEL FERRAZ DE CAMPOS SALLES: Nascido no dia 13 de fevereiro de 1841 na vila de São Carlos, em Campinas. Filho de Francisco de Paula Salles e Dª Ana Cândida Ferraz de Campos e tinha mais dez irmãos. Muito inteligente e aplicado nos estudos, o pai cogitava em não colocá-lo nos trabalhos da lavoura. Incentivado pelo irmão mais velho e pelo primo de seu pai de nome Malaquias Rogério de Salles Guerra, (negociante), que aos 15 anos, o jovem Campos Salles foi estudar na Capital. As aptidões do pequeno Manuel começaram já na cartilha, e foram seguidas de perto pelo seu professor, João Batista Pupo de Moraes. Começou o aprendizado de francês e latim no internato de Quirino do Amaral Campos, responsável por sua educação, tendo o professor Vicente Mamede de Freitas como responsável pela preparação do jovem Manuel para ingressar no famoso colégio Culto à Ciência, de Campinas. Em São Paulo, para onde se transferiu com o objetivo de se preparar para a Faculdade de Direito, a curiosidade de Manuel não encontrou limites. Estudava: filosofia, retórica, latim, francês, inglês, geometria, história, literatura, tudo que lhe interessava. Em 1859, com 18 anos, Campos Salles, começou o primeiro ano na faculdade. Eram seus colegas de faculdade: Teófilo Carlos Benedito Ottoni, Prudente José de Moraes Barros, Francisco Rangel Pestana, Artur César Guimarães, Francisco Quirino dos Santos e Paulo Emílio de Salles Eiró. Mudou-se então, da casa de seu tio Malaquias para uma república e passou na faculdade com nota máxima e tornara-se um excelente orador. Quando já estava no terceiro ano na faculdade, fundou junto com Quirino dos Santos e Belfort Duarte o Jornal “A Razão”. Em dezembro de 1863 fechava os estudos com nota máxima na faculdade. De volta a Campinas já formado, Campos Salles encontra-se com sua prima-irmã paterna, Ana Gabriela da Costa Salles, da qual se apaixona e a desposa, tendo com ela dez filhos: Adélia, Vítor, José Maria, Maria Luisa, Helena, Manuel, Sofia (morta aos 10 meses), Leonor, Sofia e Paulo. Começava então as atividades jurídicas o Dr. Manuel Ferraz de Campos Salles, no ano de 1863. Em 1867, já estava filiado ao Partido Liberal, pelo qual se elegeu deputado provincial no ano seguinte e, mais tarde, em 1870, muda-se para o Partido Republicano. Em 1872, foi eleito vereador em Campinas e, no ano seguinte, participou da fundação do Partido Republicano Paulista (PRP) na ‘Convenção de Itu’, realizada em 18 de abril de 1873. No ano de 1881, fez um trabalho eleitoral com seus companheiros de chapa, tentando as eleições de 31 de agosto, porém, sem obter sucesso. No entanto, nas eleições de 04 de novembro daquele mesmo ano, para a Assembléia Provincial, Campos Salles elegeu-se deputado para o biênio 1882-1883. No ano seguinte, ele e Prudente de Moraes foram eleitos para a Câmara Geral dos Deputados. Durante o governo de Deodoro da Fonseca, exerceu, no Rio de Janeiro, a pasta da Justiça no Governo Provisório, aproveitando para reformular o Código Penal e, depois, em 1891, pediu demissão do cargo. Em 1892, Campos Salles fez uma demorada viagem à Europa, levando com ele toda a família. Três anos se passaram até que, em 1896, Campos Salles fosse eleito Presidente da Província de São Paulo. No dia 1º de março de 1898, Manuel Ferraz de Campos Salles recebeu 420.286 votos, contra os 30.929 do concorrente, Lauro Sodré. Para a Vice-Presidência, com 412.074, elegeu-se Rosa e Silva. Quando assumiu, Campos Salles disse a célebre frase: “Muito terá feito pela República o governo que não fizer outra coisa senão cuidar de suas finanças”. Durante seu mandato, tinha como objetivo a regularização do estado financeiro e a estabilidade política do país. O País vivia momentos conturbados e, tentando restabelecer a confiança externa, o presidente arrumou as malas e partiu para a Europa, aproveitando uma licença de sete meses concedida pelo Congresso. No dia 20 de abril de 1898, partiu de navio, fazendo visitas em Roma ao Papa Leão XIII, que lhe deu de presente uma medalha de ouro de Nossa Senhora do Rosário. Conseguiu suspender os juros dos empréstimos internacionais, mas, em contrapartida, teria que contrair um novo empréstimo para o Brasil, o que certamente contribuiu para o endividamento. No dia 15 de novembro de 1898, assumiu seu posto na Presidência, num momento em que o Estado e o país viviam sob forte crise. Com seus objetivos traçados, começou uma gestão criando e elevando impostos, como a Lei do Selo (taxação sobre circulação de mercadorias), sendo por isso chamado de “Campos Selos”. As críticas dos comerciantes do Rio de Janeiro foram tão contundentes, que seu ministro Joaquim Duarte Murtinho, pediu demissão. Seguindo em frente com sua política e persistência, Campos Salles conseguiu que o Brasil recuperasse seu crédito internacional. Outra iniciativa do presidente foi a criação de um Código Civil para o país. O projeto do Código Civil, criado por Campos Salles, entregue em 10 de novembro de 1900, só seria sancionado dezesseis anos depois, no governo de Wenceslau Braz, em 1º de janeiro de 1916. Salles criou a pouco simpática Lei Orgânica do Ensino. Antes da lei, alunos não eram obrigados a freqüentar as aulas nas escolas superiores, e por isso tinham tempo suficiente para outras ocupações remuneradas, não se formando com a capacidade adequada. Quando a lei pôs fim a essa liberdade, as críticas desabaram sobre o presidente e sobre seu ministro, Epitácio Pessoa. Campos Salles também resolveu a questão de fronteira com a Guiana Francesa e deu início às negociações com a Bolívia para solucionar a chamada “questão do Acre”. Tinha por meta garantir o prestígio dos governantes dos Estados – os deputados e senadores, estabelecendo que só por meio deles o governo federal iria aproximar-se dos governadores, no que estes passaram a apoiar o presidente, causando com isso a formação de grupos fechados de poder (as chamadas oligarquias estaduais), configurando, assim num quadro eleitoral completamente fraudulento e cínico, tornando daí numa sufocação de outras forças locais e todas as formas de críticas. Com essa artimanha e com o aumento da quantidade de parlamentares é que foi alcançando o crescimento político para Minas Gerais e São Paulo. Ao passar o governo ao seu sucessor, Campos Salles era duramente criticado, tanto que em 25 de outubro de 1902, poucos dias antes de passar o cargo, uma publicação do Jornal “O Malho”, dizia: “O Dr. Campos Salles visitou ontem a estátua de José de Alencar, para se acostumar à frieza com que vai ser tratado”. Tinha 61 anos quando passou o cargo ao amigo Rodrigues Alves e tinha uma aparência de velho e cansado, tinha os olhos mortos e com muitas olheiras, bigode e cavanhaque totalmente esbranquiçados. Estava empobrecido quando saiu do governo: sua fazenda no Banharão estava hipotecada e precisou do auxílio de um embaixador especial em Buenos Aires para manter a propriedade. Em 1909, perdoado pelos paulistas, Campos Salles foi eleito pela cidade de São Paulo para o Senado. No dia 28 de junho de 1913, com 72 anos, morreu Manuel Ferraz de Campos Salles em São Paulo. Estava na Praia do Guarujá, era sexta-feira, passara a tarde caminhando pela areia. Depois do jantar, subiu as escadas lentamente, acompanhado de sua mulher Ana Gabriela, quando sentiu-se mal. Fora uma leve dormência nas pernas e nos braços, vindo a morrer no meio da madrugada. Parte do seu discurso: “Ao assumir o governo da República eu compreendi a grave responsabilidade desta investidura. Cumpristes o vosso dever e eu vos asseguro que não deixarei perecer o vosso trabalho. Não suspendi uma só garantia, nenhuma só liberdade foi violentada. Desapareceu o alarma das regiões do poder e cessou, conseqüentemente, o regime inquietador das prontidões. Os clamores que injustamente se levantaram contra a autoridade tiveram formal contradita, antes de tudo nos próprios fatos e depois na calma firmeza de minha conduta tolerante.” [...]

Campos Salles


Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Descaso

A estátua do índio Goytacá, retirada da entrada da Cidade, está esquecida em um canto do Arquivo Municipal de Campos, lá ela sofre o desgaste causada pelo tempo, enquanto poderia estar em alguma praça de nossa Cidade. O Instituto Historiar torce para que alguma providência seja tomada, para que não tenhamos de ver o dinheiro público, que foi investido na construção dessa estátua, perdido no tempo e na memória do povo campista.

Estátua do Indio Goytacá



Postagem: Leandro Lima Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

Foto: Leandro Cordeiro.

O Instituto Historiar é formado por Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Série Presidentes do Brasil

MANUEL VITORINO PEREIRA: Nasceu em 30 de janeiro de 1853 em Salvador, Bahia, no mesmo prédio onde funcionava a oficina de marcenaria de seu pai, na Rua da Preguiça, que hoje leva seu nome. Filho de: José Vitorino Pereira e Dª Carolina Maria Franco Pereira. Manuel Vitorino teve uma infância pobre. Embora seu pai tivesse um estabelecimento bastante conhecido e em crescimento, não era um homem rico. Assim, at5é os 14 anos de idade, não pode iniciar os estudos de forma regular, como já haviam feito alguns de seus irmãos, ajudou o pai na oficina, além de estudar com eles, preparando-se para mais tarde. Após o expediente na marcenaria, dedicava-se a estudar à luz de candeeiro de querosene. Começou a freqüentar aulas particulares noturnas com professores que preparavam candidatos à Faculdade de Medicina. Em dois anos, estava apto a prestar os exames. Aos 15 anos, tendo adquirido com muito esforço e dedicação um preparo preliminar, fez os exames gerais preparatórios, de série integral, no Ginásio da Bahia. Aprovado com distinção, conseguiu matricular-se, logo depois, na Faculdade de Medicina daquela Província. Além de aluno aplicado, tinha uma extraordinária capacidade de memorização, não esquecendo nada do que aprendia. Em 1876, aos 23 anos, concluiu com distinção o curso de medicina. Já exercia a profissão em consultório próprio e de professor da Faculdade de Medicina da Bahia, quando se casou, em 1881, com Dª Maria Amélia da Silva Lima Pereira. Tiveram oito filhos: José, Dionísio, Álvaro, Mário, Alice, Edgard, Carlos e Manuel. Pouco depois de formar-se, passou a exercer a profissão como clínico geral e cirurgião. Ganhou renome nacional e internacional ao publicar vários artigos em revistas especializadas, inclusive no exterior, tendo sido colaborador da ‘Gazeta Médica da Bahia’, revista de grande prestígio, fundada por seu sogro. Atuou como jornalista no ‘Diário da Bahia’. Com pouco tempo de formado, prestou concurso para professor substituto de Ciências Médicas na mesma faculdade em que se formara. Obteve o primeiro lugar e ficou com o cargo. Pouco depois, ficava com a vaga de professor de Clínica Cirúrgica, conquistando-a novamente em concurso. Era grande ativista da propaganda republicana, na qual fazia parte como orador. A idéia dos republicanos baianos era que Virgílio Clímaco Damásio fosse empossado como chefe de governo. O plano foi comunicado a Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, que concordou com a aclamação, mas indicou o nome de Manuel Vitorino. Ao ter notícia da proclamação do novo regime e de sua indicação, Manuel Vitorino comunicou-se imediatamente com o presidente da Província, Almeida Couto, que se recusou a entregar o posto. Manuel Vitorino não esteve presente na cerimônia junto ao Forte de São Pedro por dois motivos: por se recusar a tomar posse em um quartel e por não se considerar um “republicano histórico”. Como os demais republicanos, acreditava que o nome de Damásio, seu colega como professor na Faculdade de Medicina, seria o mais indicado. Telegrafou no mesmo dia às lideranças do Rio de Janeiro comunicando o seu ponto de vista. No dia 17 de novembro, o marechal comandante das armas tomou conhecimento da adesão de praticamente todas as regiões ao movimento liderado por seu próprio irmão e decidiu-se por aderir à República. Imediatamente, Almeida Couto abandonou o Palácio da Vitória, residência oficial dos governantes baianos. Às 16 horas do mesmo dia, repetiu-se a solenidade de aclamação da República no mesmo local do dia anterior, a praça defronte ao Forte de São João, que foi batizada com o nome de ‘Praça da Aclamação’. Os republicanos baianos insistiam em nomear Damásio interinamente como chefe de governo, o que aconteceu, com sua posse no dia 18 de novembro, na Câmara Municipal, que já aderira à República. Na capital, Rui Barbosa não abria mão da indicação de Manuel Vitorino, e manda um telegrama de próprio punho do marechal Deodoro, mandando empossar e reconhecer Manuel Vitorino no governo por considerá-lo mais moderado, em detrimento de lideranças mais radicais. A ordem foi cumprida no dia 23 de novembro, tendo sido mantido Damásio como vice. Vitorino não ficou muito tempo no posto. A oposição conservadora se mobilizou e o obrigou a renunciar meses depois, em abril de 1890. Assumiu em seu lugar o marechal Hermes Ernesto da Fonseca. Em 1892, quando assumiu como primeiro governador eleito pelo voto direto, o Sr Joaquim Manuel Rodrigues Lima, quem fez a saudação de posse foi Manuel Vitorino. Fazendo campanha para o Senado, como previa a Constituição Republicana de 1891, Vitorino foi eleito com facilidade, em 27 de junho de 1892, formando com Rui Barbosa a bancada de representantes da Bahia e substituindo o conselheiro José Antônio Saraiva, que renunciara ao mandato. Em 1º de março de 1894, Manuel Vitorino foi eleito vice-presidente da República em chapa com Prudente de Moraes, nas primeiras eleições diretas para o cargo, tomando posse em 15 de novembro do mesmo ano. O governo de Prudente de Moraes sofria ataques constantes dos republicanos que desejavam alterar o eixo do poder, e Manuel Vitorino era um deles e não tinha uma boa relação com o presidente Prudente de Moraes. Não demorou muito para o vice romper com o presidente, definitivamente e Vitorino passou a integrar o setor dissidente do Partido Federal Republicano (PFR). A oportunidade de assumir o papel principal de comandante supremo do país surgiu quando no dia 8 de novembro de 1896, Prudente de Moraes decidiu retirar-se para Teresópolis (RJ), para fazer tratamento de sua saúde, com problema de cálculos renais. No dia 10, Vitorino assumia a Presidência da República. Chegando ao Palácio Itamaraty, foi recebido pelo coronel Mendes de Moraes, da Casa Militar, que lhe entregou a renúncia ao cargo, pedindo demissão coletiva sua e de seus auxiliares, por não aceitar a posse de Vitorino no lugar de Prudente de Moraes. O presidente em exercício achava que governaria até o fim do mandato, e começou a fazer mudanças, inclusive transferindo a Presidência para o Palácio do Catete, onde, em 3 de março de 1897, Prudente de Moraes surpreendeu a todos com seu retorno. No dia 4 de março, desgastado com Prudente e com o partido, com a popularidade em baixa, Manuel Vitorino voltava à Vice-Presidência da República. Na comemoração da vitória dos soldados sobre o Arraial de Canudos, numa recepção que os militares haviam preparado com a presença do Presidente Prudente de Moraes, houve um atentado ao presidente feita por um soldado, e essa ação levantou suspeita contra Manuel Vitorino. O episódio representou a redenção de Prudente de Moraes e o ocaso político de Manuel Vitorino. No dia 15 de novembro de 1898, terminou o mandato de Manuel Vitorino Pereira na Vice-Presidência. Havia decidido não mais participar da vida pública, mas dedicar-se ao jornalismo e à medicina. Poucos dias depois, embarcou para a Europa a fim de estudar os avanços científicos e tecnológicos em sua área, especialmente no campo da cirurgia. Em seu regresso ao Rio de Janeiro, voltou a trabalhar como médico e jornalista, atuando nos jornais ‘O Dia’, ‘O Paíz’ e ‘Correio da Manhã’. Em 1900, viajou novamente para a Europa, permanecendo por lá por seis meses. Manuel Vitorino Pereira faleceu no dia 9 de novembro de 1902, no Rio de Janeiro. Vinha se sentindo indisposto há alguns dias, chegando a se sentir mal na rua. Ao entrar em casa, recolheu-se a seus aposentos e não deixou que chamassem os médicos: automedicando-se. Ao piorar, pediu a presença do Dr. Moura Brasil, que o atendeu rapidamente, pois estava de viagem marcada. Foi então tratado pelos médicos Barbosa Romeu, Rocha Faria, Adolpho Hasselmann, Barros Barreto, Frwanklin de Faria e Guedes de Mello, aos quais afirmava não adiantar tratar-se, pois sabia que sua hora havia chegado. Às sei horas da manhã, pediu a presença do padre Benjamin, da paróquia da Glória. Depois chamou os filhos e pediu que não odiassem ninguém, que ele morria sem rancores, e que queria ser enterrado ao lado dos pais, na Bahia. Em parte de seu discurso, dizia: (...) “A solução dada ao grande problema político não fez vítimas, não derramou lágrimas, não cobriu de luta, e esta, a maior e a mais humana das glórias da ditadura, também foi glória tua! (...) Em síntese rápida e imperfeita, rememoro os teus serviços: inútil seria recordá-los mais detidamente. Este imenso e seleto auditório que aqui se acha é a Bahia que vem, ainda uma vez, sagrar-te o nome e as glórias. (...)
Manuel Vitorino


Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil Editora Rio.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Saudades do Pontal

Veja abaixo fotografias do Hotel do Julinho em Atafona antes de ser tragado pelo mar recentemente. Fotografadas por Leandro Cordeiro membro do Instituto Historiar.
Fachada do Hotel
Interior do Hotel do Julinho.



O Instituto Historiar é formado por Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.




domingo, 17 de agosto de 2008

Série Presidentes do Brasil

PRUDENTE JOSÉ DE MORAES E BARROS: Nasceu em 04 de outubro de 1841 no sítio da família nas redondezas da vila de Itu, Estado de São Paulo, filho de José Marcelino Barros e Catarina Maria de Moraes. Aprendeu as primeiras letras com a mãe, tinha dois anos quando seu pai morreu assassinado por um escravo de nome Sebastião quando comandava um grupo de tropeiros, guiando gado (já que era negociante de gado). Quando tinha oito anos, sua família mudou-se para Piracicaba, onde sua mãe voltou a casar-se. Com 13 anos passou a estudar com o professor Manuel Estanislau Delgado. Com 16 anos, com apoio da mãe e com uma pequena herança deixada pelo seu pai, mudou-se para a capital, São Paulo. Em 1857 entrou para o colégio de João Carlos Fonseca, de onde saiu dois anos depois, ao concluir o curso preparatório. Ainda não tinha 18 anos quando ingressou na Academia de Direito, no Largo de São Francisco. Ao formar-se, em 1863, estava com 22 anos. O jovem advogado começava a dar seus primeiros passos na política e, antes de completar 25 anos já estava se casando com a Srª Adelaide Benvinda Silva Gordo, natural da cidade de Piracicaba (SP), e desse casamento nasceram oito filhos: José Prudente de Moraes, Prudente de Moraes Filho, Antônio Prudente de Moraes, Maria Amélia de Moraes Barros, Júlia Prudente de Moraes, Carlota de Moraes Sampaio, Maria Teresa e Maria Jovita. Prudente de Moraes, depois de formado, retornou para Piracicaba, onde montou escritório, assim como seu irmão, Manoel de Moraes Barros. Afiliado ao Partido Liberal, eleito vereador e presidente da Câmara Municipal em 1865, com 23 anos de idade. Com apoio dos liberais, chegava a deputado provincial em 1868, passando a atuar na Comissão de Constituição e Justiça e da Força Pública. Foi escolhido como candidato em 1876 entre os membros do Partido Republicano Paulista, onde elegeu-se três vezes para a Assembléia Provincial e depois, chegaria à Corte como deputado da Assembléia Geral do Império (1885-1886), onde tinha como componentes da sua bancada Campos Salles e o mineiro Álvaro de Carvalho. Em 1888 foi indicado por Deodoro para Presidente da Província de São Paulo, onde teve uma administração de grandes realizações, principalmente na área da educação, criando as primeiras escolas públicas. Em 1890 foi eleito senador e tornou-se presidente da Assembléia Constituinte que deu forma à Constituição de 1891. As primeiras eleições diretas do regime republicano aconteceram no dia 1º de março de 1894 e teve o seguinte resultado: Prudente de Moraes venceu com 290.883 votos. Como vice, ganhou o médico baiano Manuel Vitorino Pereira, com 226 mil votos. No dia 2 de novembro de 1894, chegava o presidente eleito, Prudente de Moraes, no Rio de Janeiro para tomar posse, não encontrando ninguém para recebê-lo na estação ferroviária. Apenas um amigo o acompanhou até o Hotel dos Estrangeiros, na Praça José de Alencar. No dia 15 de novembro, data marcada para a posse, novamente não apareceu ninguém para buscá-lo, sendo acompanhado por André Cavalcanti (que seria chefe de polícia no seu governo) foi, enfim, ao Palácio do Conde dos Arcos, onde foi prestado o compromisso legal que o estabeleceu no cargo. A seguir, assumiu o Palácio do Itamaraty, sede do governo, desta vez, acompanhado do representante da Inglaterra e do seu secretário da Presidência, Rodrigo Octávio. Percebia que havia uma hostilidade muito grande de Floriano Peixoto a começar por este não ter aparecido para lhe passar o cargo e nem ter cumprido o protocolo. No dia 10 de julho de 1895, deu um passo importante para a pacificação dos revoltosos do Rio Grande do Sul: em Piratini, próximo de Pelotas, foi assinado a Ata da Conferência, evento que contou com a presença dos comandantes das forças em confronto. A paz não demorou: foi proclamada em 25 de agosto. A competência de Prudente de Moraes foi, em todo o processo, amplamente reconhecida. Com um problema renal, viu-se Prudente de Moraes obrigado a afastar-se do governo, passando o cargo, em caráter provisório, ao seu vice Dr. Manuel Vitorino. Nessa época, o governo se preocupava com Antônio Vicente Mendes Maciel, o ‘Antônio Conselheiro’ que, sendo traído pela mulher, que o abandonou e fugiu com um homem, deixou a cidade de Quixeramobim para se embrenhar no sertão e tornar-se um pregador, se indispondo com as autoridades e criando o Arraial de Canudos, para onde acorriam seguidores aos milhares, cometendo vários saques nas vizinhanças e provocando vários combates com a força militar. O presidente em exercício, Dr. Manuel Vitorino Pereira, querendo se aproveitar da situação para mostrar que era melhor administrador, mandou que um batalhão do Exército desse fim a Canudos, porém, esses soldados foram massacrados pelos guerrilheiros jagunços. Manuel Vitorino então envia 1.300 soldados, comandados pelo coronel Antônio Moreira César, que era um comandante com muito conhecimento de comando, para combater os fanáticos, e dá como certa a vitória. Porém, acontece o impossível: Moreira César e vários oficiais foram mortos em combate. A tragédia repercutiu até fora das fronteiras do país, sendo considerado culpa do governo que era dado como fraco. No dia 3 de março, mesmo com muita pressão contra, retorna ao poder Prudente de Moraes. Em maio, o presidente dá posse ao marechal gaúcho Carlos Machado de Bittencourt na pasta da Guerra. Em julho, seis mil homens, divididos em duas colunas, não conseguiram vencer a batalha, ficando os que sobreviveram esperando para se juntarem a 1.024 praças e 68 oficiais de Brigada que chegaram e logo depois, mais 3.000, entre os quais cerca de trezentos oficiais, sob o comando do marechal Bittencourt, entre os dias 4 e 5 de outubro enfim, conseguiram derrotar o Arraial de Canudos. O retorno ao poder de Prudente de Moraes não agradava aos militares, que planejavam um golpe. A data escolhida pelos golpistas era no retorno dos vencedores da guerra de Canudos. No cais, quando da chegada do presidente, um soldado se colocou em sua frente, encostando uma arma em seu peito, acionou os dois gatilhos, não conseguindo seu intento por a arma ter falhado. Prudente desviou a mão do agressor com sua cartola, e o coronel Mendes de Moraes, chefe da Casa Militar, que estava ao seu lado, acertou um soco no rosto do agressor. A multidão queria linchar o soldado. Antes de se retirar, protegido pela guarda, Prudente ainda ordenou que a vida do seu agressor fosse poupada. O agressor, porém, lançou mão de um punhal e desferiu vários golpes no ministro da Guerra, matando-o. O soldado, cujo nome era Marcelino Bispo de Mello, foi dominado e preso, e, dias depois apareceu morto na prisão. Muitos foram os suspeitos do atentado contra o presidente, sendo alguns deles mandados para a prisão da ilha de Fernando de Noronha, inclusive o deputado e jornalista Alcindo Guanabara, que escrevia violentos editoriais no jornal ‘A República’. Após a traumática experiência do atentado e consciente da presença de elementos conspiradores por todos os lados de seu governo, Prudente de Moraes solicitou ao Legislativo a decretação de estado de sítio para o Distrito Federal e Niterói, passando a governar com mão forte e terminando com relativa calma o seu mandato, quando passou a faixa presidencial ao também paulista Campos Salles, cuja cerimônia aconteceu no Salão da Liberdade, do Palácio do Catete, que tinha sido comprado pelo vice Manuel Vitorino durante sua interinidade. No dia 15 de novembro de 1898, depois de passar a presidência para Campos Salles, Prudente de Moraes saiu do Palácio do Catete para a Pensão Beethoven, no bairro da Glória, onde ficaria até o embarque para São Paulo. A carruagem conversível que o transportava, gastou mais de duas horas num trajeto de cinco minutos, isso por causa da multidão que queria se despedir dele. Houve discursos durante o trajeto, vivas, e até salvas de tiro de canhão dos navios. Enfim, Prudente de Moraes estava a caminho de fazer o que ele tanto queria, estar novamente em família e confortavelmente em paz. Quatro anos depois de deixar o cargo, aos 62 anos, Prudente de Moraes morreu, no dia 3 de dezembro de 1902. A doença que o matou, e o matou aos poucos, foi a tuberculose. Pouco antes de morrer, segundo a família, uma das frases de Prudente era: “não sairei mais de perto do Gaspar”. (Gaspar era o nome do zelador do cemitério de Piracicaba). Quando morreu, o comércio da cidade inteira fechou as portas em sinal de luto, tendo mais de três mil pessoas no seu enterro. Parte de seu discurso quando presidente: (...) “a forma republicana, tal como está consagrada na Constituição de 24 de fevereiro, é indubitavelmente a que tem que reger para sempre os destinos do Brasil, porque é no seu admirável mecanismo que está a mais segura garantia da harmonia permanente entre a unidade nacional e a vitalidade e expansão das forças locais. A República está, pois, firmada na consciência nacional; lançou raízes tão profundas que jamais será daí arrancada.” (...)

Prudente de Moraes

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Série Presidentes do Brasil

MANUEL FLORIANO VIEIRA PEIXOTO: Nascido em 30 de abril de 1839, no Engenho de Riacho Grande, povoado de Ipioca, em Alagoas. Filho de Manuel Vieira de Araújo Peixoto e D. Ana Joaquina de Albuquerque Peixoto. A família vivia com muita dificuldade e o menino Floriano, com apenas 10 anos de idade, foi entregue ao abastado tio, o coronel José Vieira de Araújo Peixoto, que não tinha filho homem e o aceitou como afilhado e passou a viver no Engenho Ponte Grande. Floriano cresceu sob as ordens e a disciplina do coronel Vieira Peixoto, que, militar reconhecidamente brilhante, ensinou ao menino tudo o que deveria fazer para se tornar um oficial de valor e honrar o Exército. Floriano começou a ler sob a orientação de um amigo do coronel Vieira Peixoto, o padre Afonso Cavalheiros de Melo, que para isso se hospedou no Engenho Ponte Grande. Passada essa fase e tendo o menino correspondido Às altas expectativas de seu pai adotivo, toda a família se deslocou para a capital, onde Floriano ficou no internato do Colégio Espírito Santo para fazer o curso primário. Aos 16 anos, estava na Corte, no Rio de Janeiro, ficando matriculado por dois anos no Colégio São Pedro de Alcântara para os estudos do curso secundário – os “preparatórios”, como se chamavam então as “humanidades propedêuticas” – aos cuidados do diretor, padre José Mendes Paiva. Floriano sabia o que queria ser. Sua primeira iniciativa foi assentar praça, no dia 01 de maio de 1857, como soldado voluntário, no Primeiro Batalhão de Artilharia a Pé. Sua função: guarnecer a Fortaleza de Santa Cruz, onde jurou bandeira. Ao lado disso, era candidato a cadete da Escola Militar e, nessa condição, foi dispensado do serviço para seguir o que então se chamava “Curso de Armas da Escola Militar e de Aplicação do Exército”. Depois de um ano foi aprovado nas matérias teóricas e habilitado nas práticas da “aula provisória” – um pré-requisito para admissão na famosa escola. Mas isso ainda não era suficiente para que ele entrasse na posição de cadete. Assim, o jovem Floriano requereu formalmente uma espécie de segunda chance na prova de “generalidades”. “Os estatutos não consentem”, alegou o comandante da escola. Considerado inabilitado para o posto de primeiro-cadete, matriculou-se então, em 1858, na Escola Central do Exército. No terceiro ano, foi promovido a cabo e, em seguida, a segundo-sargento. Ingressou, enfim, na Escola Militar da Praia Vermelha no ano de 1860. Recém-admitido, recusou submeter-se aos trotes aplicados aos novos alunos, chamados de “bichos” pelos veteranos. Alguns de seus colegas de curso lhe deram apoio, como: João Neiva, Juca Paranhos (filho do Visconde do Rio Branco). Floriano casou-se com a filha de seu pai adotivo, a prima Josina Vieira Peixoto, nascida em 1857 e dezoito anos mais nova do que ele. O casamento aconteceu no Engenho Itamaracá, na localidade de Murici, em Alagoas, no dia 11 de maio de 1872. Do casamento de Floriano e Josina nasceram sete filhos: Floriano Peixoto Filho, José Floriano Peixoto, Ana Vieira Peixoto, Maria Tereza Vieira Peixoto, Maria Amália Vieira Peixoto, Josina Vieira Peixoto Sampaio Viana e a caçula, Maria Anunciada Vieira Peixoto, que tinha apenas 06 anos quando o pai morreu. Ao final de 1863, já como primeiro-tenente, tomou o rumo do Rio Grande do Sul. Embarcando no Rio de Janeiro com o Primeiro Batalhão de Voluntários da Pátria, seu batismo de fogo aconteceria na Guerra do Paraguai. Seu nome começou a ser citado em ofícios: em 1865, duas vezes, pelo comandante da Guarnição de Bagé, primeiro como membro do Segundo Batalhão de Infantaria, e, em seguida, do Primeiro Batalhão de Artilharia a Pé. Floriano recebeu elogios também do comandante da Guarnição de Uruguaiana: além de ter sido um bom tutor de tropa, eficientíssimo ao preparar atiradores, ainda revelou suas qualidades como organizador de entrincheiramentos. No combate de Itaí, em plena Guerra do Paraguai, Floriano destacou-se na operação de ataque às canoas paraguaias que traziam tropas e armamentos. Esta foi sua primeira experiência de chefia em manobras de guerra – experiência plenamente recompensada por um decreto imperial de 03 de janeiro de 1886, nomeando-o para a Ordem de Cristo. Já havia participado das batalhas de Tuiuti, Itororó, Lomas Valentinas, Angustura e havia ficado conhecido entre seus pares por sua “fria intrepidez”. Assim que chegou ao Rio de Janeiro, Floriano faz um requerimento insólito: queria submeter-se ao exame de Mineralogia, disciplina que lhe faltava para completar o bacharelado em Ciências Físicas e Matemáticas. Foi aprovado e, enfim, recebeu o diploma. Finda a guerra, no final de 1870 foi nomeado inspetor encarregado das fortificações e demais obras militares em Mato Grosso. Em seguida, atuou como membro da Comissão de Melhoramentos de Material do Exército. Em 1874 foi promovido a coronel e nomeado para o comando do Terceiro Regimento de Artilharia a Cavalo, no qual permaneceu por quatro anos. Findo esse período, em março de 1879, tornou-se diretor do Arsenal de Guerra de Pernambuco, com função de inspetor dos estabelecimentos militares da Região Nordeste. Nesta época, recebeu várias condecorações: Cavaleiro da Ordem da Rosa, pela Batalha do Tuiuti; Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro, pelos combates da Dezembrada e da Campanha da Cordilheira; Medalha de Uruguaiana, pelo comando da frotilha do Uruguai; e Medalha Geral da Campanha do Paraguai. Em 1883 foi promovido a brigadeiro (general-de-brigada). Em 1884 era Comandante das Armas e presidente da Província de Mato Grosso. Pouco depois de proclamada a República, Floriano já se apresentava como uma opção militar para ocupar a primeira Presidência do país – uma alternativa mais autenticamente republicana do que Deodoro, que nunca deixou de aparecer como um monarquista para as forças políticas que se reorganizavam. Em 1890, na casa do general José Simeão de Oliveira, Floriano, o almirante Custódio de Mello e o republicano paulista Campos Salles definiram a chapa de oposição a Deodoro na futura eleição presidencial. Os candidatos seriam: Prudente de Moraes para presidente e Floriano Peixoto para vice. Mas Floriano seria candidato à Presidência em outra chapa. Ele não conseguiu se eleger presidente, mas, com 153 votos contra 57, chegou à vice-Presidência, derrotando o vice-almirante Eduardo Wandenkolk (candidato de Deodoro). O desenrolar dos acontecimentos, todavia, acabou levando Floriano à Presidência oito meses e oito dias após sua posse como vice. Estando em casa, recebe a visita do Chefe da Casa Militar de Deodoro com o seguinte recado: “- O Generalíssimo Deodoro acaba de decidir renunciar ao Governo e manda chamá-lo para assumir a Presidência da República”. O primeiro ato de Floriano ao receber o comando do país foi desfazer o que Deodoro havia determinado ao tentar o golpe em 03 de novembro de 1891: suspendeu o estado de sítio e revogou a dissolução do Parlamento. Para tanto, lançou o Decreto nº 686, de 23 de novembro de 1891, segundo o qual: “(...) em caso algum pode ser dissolvido o Congresso Nacional por ato do Poder Executivo, (...) somente em casos de agressão estrangeira ou grave comoção intestina pode ser declarado o estado de sítio em algum ponto do território nacional.” Floriano deixou o poder já doente dos pulmões. Mesmo as homenagens que lhe prestaram – como a entrega da espada de ouro, no dia 15 de novembro de 1894, tendo à frente José Joaquim de Miranda Horta, Frederico Borges e a redação de “O País” – não o animaram a sair da cama. No final desse ano foi, por ordem médica, para a cidade de Bicas e, em seguida, para Cambuquira, ambas em Minas Gerais. Desta última, em 20 de maio de 1895, enviou para o Rio uma carta dirigida à esposa: “Sinhá – Regressei hoje da Campanha acompanhado até aqui pelas pessoas mais importantes da cidade. Acho-me melhor da tal bronquite, que ali levou-me à cama, mas ainda sinto-me bastante atacado. O que tenho passado na sua ausência – já de oito dias – só eu sei (...). Já me falta a paciência para sofrer, mas o que fazer? O tempo tem estado péssimo por causa da friagem e os médicos dizem que devo retirar-me sem demora: por isso, aí vai o Dr. Pedro Nolasco para escolher se devo ir para Divisa ou para Palmeiras. Parece-me melhor Divisa (...). Floriano Peixoto morreu no dia 29 de junho de 1895, depois de quase dois meses afastado da família, em busca de bons ares para tratar-se dos pulmões. A despedida dos filhos e da esposa fora breve – o adeus de quem esperava voltar a vê-los. Seus últimos dias, passou bastante triste. No dia anterior à sua morte, sofreu uma forte crise. Amenizava-lhe a dor estar em ambiente familiar em Divisa, atual distrito de Floriano, no município de Barra Mansa (RJ). O corpo de Floriano chegou cedo, às sete horas da manhã, à sua casa da Rua da Emancipação, no Rio de Janeiro. Às oito e meia, já havia começado o trabalho de embalsamento, que só foi terminar passadas mais de duas horas. Junto ao corpo, vestido com a farda de marechal, a espada de ouro recebida no último 15 de novembro, diante da qual ele havia dito: “Quisera eu ter forças para empunhar essa espada e poder defender a República, porque a República está mal”. Pronunciamento de Floriano Peixoto: “A vós, que sois moços e trazeis vivo e ardente no coração o amor da Pátria e da República, a vós corre o dever de ampará-la dos ataques insidiosos dos inimigos. Diz-se e repete-se que ela está consolidada e não corre perigo. Não vos fieis nisso, nem vos deixeis apanhar de surpresa. O fermento da restauração (...) agita-se em uma ação lenta, mas contínua e surda. Alerta, pois! A mim me chamais o Consolidador da República. (...) Consolidador da República é a Guarda Nacional, são os corpos de polícia da Capital e do Estado do Rio, batendo-se com inexcedível heroísmo e selando com o seu
sangue as instituições proclamadas pela revolução de 15 de novembro. Consolidador da República é a mocidade das escolas civis e militares, derramando o seu sangue generoso para com ele escrever a página mais brilhan
te da história das nossas lutas. (...).

Marechal Floriano Peixoto

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil - Editora Rio.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Série Presidentes do Brasil


Toda semana estaremos postando o histórico de um ex-Presidente do Brasil, seguindo em ordem cronológica desde o primeiro.



MANUEL DEODORO DA FONSECA: Nasceu no dia 05 de agosto de 1827, em Alagoas. Era filho de Manuel Mendes da Fonseca e Rosa Maria Paulina da Fonseca. Exerceu a função de Presidente no Governo Provisório de 15 de novembro de 1889 a 24 de fevereiro de 1891, e logo em seguida, o Governo Constitucional de 25 de fevereiro de 1891 a 23 de novembro de 1891. Era conhecido pelo apelido de “Generalíssimo”. Deodoro tinha o porte esbelto e altivo, o olhar agudo e vivo, os cabelos claros e de um ondulado largo e sedoso, e nas barbas sempre recendentes a Violeta, que era o perfume que ele gostava. Aos 16 anos foi matriculado na Escola Militar do Rio de Janeiro onde fez o curso de Artilharia. Aos 18 anos alistou-se como voluntário no Quarto Batalhão de Artilharia a Pé e, em poucos meses já se tornava cadete de primeira classe. Um ano depois de se formar foi enviado ao Recife para participar de sua primeira ação militar, que foi conter a “Revolta Praieira” (1848-1850). Casou-se aos 33 anos, no dia 16 de abril de 1860, com Maria Cecília de Souza Meireles, que conhecera um ano antes. O casal não teve filhos. Talvez por isso, ele passou a criar o sobrinho que ele adorava: Hermes da Fonseca, que também chegou à Presidência. Sua carreira Militar começa pelo título de primeiro-tenente, quatro anos depois foi promovido a capitão, cinco anos depois, participou do cerco a Montevidéu pouco antes de Uruguai, Argentina e Brasil firmarem a Tríplice Aliança para bloquear a ofensiva de Solano Lopes. Em março de 1865, seguiu com o Exército brasileiro para o Paraguai, que havia declarado guerra ao Brasil. Deodoro comandava o Segundo Batalhão de Voluntários da Pátria, recebeu a comenda de Cavaleiro da Ordem do Cruzeiro, e logo em seguida foi nomeado major. Em 1868 foi promovido a tenente-coronel por atos de bravura, e no mesmo ano tornava-se coronel, também recebeu a Medalha do Mérito Militar. Em 1874 foi promovido a general-de-brigada (então “brigadeiro”) e em 1887 tornava-se marechal-de-campo. Por se recusar a perseguir os escravos fugidos e pelo seu envolvimento na “Questão Militar”, Deodoro foi exonerado da função de Presidente da Província do Rio Grande do Sul, cargo que ocupava desde o ano anterior. Voltou para a Corte e foi eleito presidente do Clube Militar (entidade que ajudou a fundar no Rio de Janeiro). Em 1888, com a Abolição da Escravatura, foi chamado pelos republicanos para liderar o golpe que proclamou a República, em 15 de novembro de 1889,tornando-se chefe do Governo Provisório. Tinha à época, como adversários políticos: Prudente de Moraes, marechal Floriano Peixoto, Joaquim Saldanha Marinho e José Higyno Duarte Pereira. Segundo a Constituição de 1891, presidente e vice-presidente eram votados separadamente, disso podendo resultar eleitos de partidos diferentes. Nessa eleição foi eleito o Sr. Manuel Deodoro da Fonseca, com 129 votos e Floriano Peixoto com 153 votos ficou com a vice-presidência. Como primeiro ato, concedeu nacionalidade brasileira aos imigrantes estrangeiros radicados no país. A sede do governo central passou a ser o Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro. Em 15 de novembro de 1890, data do primeiro ano da República, foi instalado no país um Congresso Constituinte, que produziu nossa primeira Constituição Republicana (a anterior datava de 1824). Depois de sua gestão, passou o poder para Floriano Peixoto e encerrou a carreira militar e política, ficando em sua casa no Rio de Janeiro, de onde só saía para fazer caminhadas com seu amigo Henrique Pereira de Lucena (Barão de Lucena), por problemas de saúde. Na véspera de sua morte, Deodoro quis confessar-se e, logo depois, reuniu a família e pediu para que todos não se esquecessem de celebrar os 33 anos da morte do seu pai. No dia seguinte (23 de agosto de 1892), às 12h20, em sua casa na Rua Senador Vergueiro, morria o primeiro presidente da República brasileira. No seu enterro, apenas uma medalha sem nenhum valor foi colocada. Esse foi o desejo de Deodoro antes de morrer, querendo levar consigo essa medalha como última recordação (era a Medalha da Confederação Abolicionista). Ao renunciar à Presidência em 23 de novembro de 1891 disse: “Brasileiros! Ao sol de 15 de novembro de 1889, dei-vos com meus companheiros uma pátria livre e descortinei-lhe novos e grandiosos horizontes, dignificando-a e engrandecendo-a aos olhos dos povos todos do mundo. Esse acontecimento de elevadíssimo quilate patriótico, aplaudido pela nação, fazendo-a entrar em nova fase na altura de seus destinos históricos, é para mim e será sempre motivo do mais nobre e justo orgulho. Circunstâncias extraordinárias, para as quais não concorri, perante Deus o declaro, encaminhavam os fatos a uma situação excepcional e não prevista. Julguei conjurar tão temerosa crise, pela dissolução do Congresso, medida que muito me custou a tomar, mas de cuja responsabilidade não me eximo”.
“O Marechal Deodoro da Fonseca foi sempre um valente e brioso militar. Numa existência de 65 anos, quase foram 50 anos dedicados inteiramente à grandeza da Pátria, cuja honra e integridade defendeu nos campos de batalha, várias vezes arriscando a própria vida. A sua brilhante carreira militar é um belo exemplo digno de ser lembrado constantemente, porque resume em si os mais puros ensinamentos”.

Marechal Deodoro da Fonseca

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar)

Fonte: Presidentes do Brasil - Editora Rio.

sábado, 2 de agosto de 2008

Irmã Zilda de Castro

Ir. Zilda de Castro foi uma religiosa Salesiana, educadora, grande professora de matemática e catequista, anunciadora da palavra de Deus, não só na cidade mais em todo o município de Campos dos Goytacazes.
Ir. Zilda nasceu em Piranga, cidade de Minas Gerais, em 15 de novembro de 1905, fez-se religiosa Salesiana em 06 de janeiro de 1929, foi missionária no nordeste e em janeiro de 1938 veio para Campos dos Goytacazes e fez desta sua terra querida, onde ficou até falecer em 1976.
Foi excelente professora de matemática em muitos colégios, dentre eles, o Colégio Auxiliadora. Por ela passaram várias gerações de campistas que preparou com carinho para a primeira comunhão, contava também com a generosidade de muitos campistas, aos quais ela pedia com humildade e confiança doações, através disso, ela custeava os estudos de muitos seminaristas e também de acadêmicos em medicina.
Ir. Zilda era solidária, socorria e ajudava várias famílias necessitadas, levando-lhes alimentos, remédios, conforto e a palavra de Deus.
Não podemos deixar de citar as caronas, ela pegava carona nos ônibus, em carro de ex-alunos de catequese, pais de alunas do Auxiliadora, ou até pessoas que mesmo ela não conhecendo, mas as pessoas a conheciam, pois ela era muito querida de todo o povo campista, paravam os carros para levá-la onde ela desejava ir. Curioso é que pessoas de outras religiões tinham o maior respeito por ela e a apreciavam.
Diariamente Ir. Zilda ia à Cadeia levar aos detentos o conforto da palavra de Deus, um novo sentido para a vida, a aprendizagem da leitura e da escrita e até mesmo a alegria de aprender violão, que ela tocava muito bem.
Não tendo mais forças para continuar suas andanças evangelizadoras e de promoção social pelo interior do município, nas periferias e nas escolas públicas da cidade, dedicou-se à Escola Noturna gratuita do “Auxiliadora”, dando aula de matemática e religião diariamente para seus alunos operários, comerciários e domésticas, de 19h às 22h30. Conhecia cada um desses alunos. Visitava-os em casa, arranjava-lhes emprego, orientava-os para qualificação profissional, ensinava-lhes datilografia e violão, animava-os na luta por uma vida melhor, mais responsável e solidária com os irmãos trabalhadores.
Ir. Zilda foi catequista de ricos e pobres, grandes e pequenos, doutores e analfabetos, grandes empresários e simples operários, usineiros e cortadores de cana, homens e mulheres, adultos e crianças, negros e brancos, todos eram para ela “filhos de Deus”, a quem ela amava como irmãos.
Sua vida foi feita de doação e solidariedade a todo o povo campista.
Ir. Zilda fez diferença na vida de quem a conheceu e aprendeu a amá-la.
Ir. Zilda de Castro faleceu em 05 de novembro de 1976, em Campos dos Goytacazes, foi velada e sepultada nesta cidade.
Ir. Zilda foi grande na esperança, inigualável na caridade e gigante na fé.

Irmã Zilda de Castro

Pesquisa e Texto: Carla Mello (colaboradora do Instituto Historiar).

Foto: Acervo do Instituto Historiar.