Veja abaixo o artigo publicado na íntegra, no Jornal Monitor Campista de 1955, pelo Dr. Barbosa Guerra.
Jornal Monitor Campista, 4 de janeiro de 1955.
O Primeiro número de “O Monitor Campista”
Dr. Barbosa Guerra
Cabe ao secular matutino da imprensa goitacá Monitor Campista, cujo primeiro número saiu em 31 de março de 1840 a láurea de ser o terceiro jornal em antiguidade de publicação em todo o Brasil. Anteciparam-no em circulação que ainda hoje prosseguem, o “Diário de Pernambuco”, aparecido no Recife aos 7 de novembro de 1825, e o “Jornal do Commercio”, surgido no Rio de Janeiro em 1 de outubro de 1827.
Durante algum tempo erroneamente, se procurou atribuir a este “Jornal do Commercio” e a “El Mercurio” aparecido em 1828, em Valparaiso (Chile), o honroso decanato que no periódico sul-americano, de fato e de direito, pertence ao “Diário de Pernambuco”, pela primazia de antiguidade de publicação em toda a imprensa latino-americana. O primeiro número do “Monitor Campista”. (então “O Monitor Campista”) publicado em 31 de março de 1840, constitui hoje precioso tesouro, de raríssimo valor desse acervo impresso, pois que dele é somente conhecido um único exemplar – o que abre a coleção desta folha pertencente ao patrimônio da Biblioteca Municipal de Campos. Na coleção do “Monitor Campista”, existente em sua redação não consta o seu verdadeiro primeiro número, mas sim uma reprodução tipográfica, calcada sobre o exemplar autêntico, que pertence ao Arquivo Municipal. No volume IX, 1ª parte dos “Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro” em que vem isento o catálogo das publicações periódicas nacionais, presentes à Exposição de História do Brasil, encontra-se a seguinte referência ao exemplar do “Monitor Campista”, de 31 de março de 1840 que ali figura sob o numero 4.306 – “É reprodução do primeiro número deste jornal, o qual foi achado entre os papéis antigos da Câmara Municipal daquela Cidade (Campos) até que então, em todas as coleções faltava o dito primeiro número.”
O conspícuo historiador campista Teixeira de Mello também se refere a esta mesma reprodução em sua interessante monografia “Campos dos Goytacazes em 1831”. Dizendo: - Tenho à vista o primeiro número do Monitor Campista”, de terça-feira 31 de março de 1840, mandando reproduzir pela sua benemérita redação atual”.
Mas nesta referência há um engano a desfazer: esta republicação do primeiro numero, feita quarenta anos depois, não foi iniciativa da redação do “Monitor Campista”, e sim do Sr. Miguel Torres, segundo noticia este velho órgão em data de 2 de abril de 1881: - “O senhor Miguel Torres tendo encontrado um exemplar esse número 1º nos arquivos da Câmara Municipal fez imprimir vários exemplares, no dia 31 de março passado”.
Foi, pois o primeiro número”.
Por sua vez procurou o Sr. Miguel Torres, que era secretário da Câmara Municipal desde 8 de janeiro de 1881, tirar uma segunda edição deste raro primeiro número, disto encarregado o Sr. Francisco Luiz Minucci, cidadão muito entendido em coisas de tipografia, que compôs e imprimiu vários exemplares, do mesmo formato e com tipos mais ou menos semelhantes, nas oficinas da “Gazeta do Commercio”, de que, a época, era proprietário e redator. O primeiro número do “Monitor Campista” é impresso em papel de formato 32 x 23 centímetros de que a composição ocupa 25 centímetros de altura por 16 de largura, dividida em duas colunas separadas por fio, e contém apenas quatro seções: parte oficial, com diversos editais da Câmara Municipal de Campos; artigo de fundo, com o titúlo “O Monitor Campista” cuidando das obras da Matriz de S. Salvador e de outras igrejas de freguesias rurais; anúncios e finalmente, aviso sobre as partidas dos Correios.
O número um do “Monitor Campista” foi impresso no primeiro prelo de ferro introduzido em Campos, de fabricação inglesa e datado de 1833, que anteriormente pertencera ao “O Monitor”.
A razão de 1$800 por trimestre, publicava-se o Monitor Campista às terças e sextas-feiras, não sendo dias santos de guarda, no estabelecimento tipográfico de Evaristo José Pereira da Silva e Abreu, denominado Tipografia Patriótica, situada à Rua do Conselho nº 94.
O “Monitor Campista” ao surgir, em 1840, era de propriedade de Evaristo José Pereira da Silva e Abreu, e de Eugenio Bricolens, e teve como redator, neste ano, o Sr. Tomé José Ferreira Tinoco.
Finalmente, podemos acrescentar que na relação de jornais com que Alfredo de Carvalho ilustra o seu magnífico trabalho “Gênese e Progresso da Imprensa no Brasil”, quando lá vêem estampadas as fotografias dos números iniciais do “Diário de Pernambuco” e do “Jornal do Commercio”. Foi talvez diante desta lacuna, diz Múcio da Paixão, que o Dr. Manuel Cícero, quando diretor da Biblioteca Nacional, mandou fotografar o primeiro número do velho órgão da imprensa goitacá, que só era encontrada na coleção da Biblioteca Nacional possui o primeiro número do “Jornal do Commercio”, exemplar que não existe na coleção deste antiqüíssimo diário carioca.
Dr. Barbosa Guerra
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O Primeiro número de “O Monitor Campista”
Dr. Barbosa Guerra
Cabe ao secular matutino da imprensa goitacá Monitor Campista, cujo primeiro número saiu em 31 de março de 1840 a láurea de ser o terceiro jornal em antiguidade de publicação em todo o Brasil. Anteciparam-no em circulação que ainda hoje prosseguem, o “Diário de Pernambuco”, aparecido no Recife aos 7 de novembro de 1825, e o “Jornal do Commercio”, surgido no Rio de Janeiro em 1 de outubro de 1827.
Durante algum tempo erroneamente, se procurou atribuir a este “Jornal do Commercio” e a “El Mercurio” aparecido em 1828, em Valparaiso (Chile), o honroso decanato que no periódico sul-americano, de fato e de direito, pertence ao “Diário de Pernambuco”, pela primazia de antiguidade de publicação em toda a imprensa latino-americana. O primeiro número do “Monitor Campista”. (então “O Monitor Campista”) publicado em 31 de março de 1840, constitui hoje precioso tesouro, de raríssimo valor desse acervo impresso, pois que dele é somente conhecido um único exemplar – o que abre a coleção desta folha pertencente ao patrimônio da Biblioteca Municipal de Campos. Na coleção do “Monitor Campista”, existente em sua redação não consta o seu verdadeiro primeiro número, mas sim uma reprodução tipográfica, calcada sobre o exemplar autêntico, que pertence ao Arquivo Municipal. No volume IX, 1ª parte dos “Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro” em que vem isento o catálogo das publicações periódicas nacionais, presentes à Exposição de História do Brasil, encontra-se a seguinte referência ao exemplar do “Monitor Campista”, de 31 de março de 1840 que ali figura sob o numero 4.306 – “É reprodução do primeiro número deste jornal, o qual foi achado entre os papéis antigos da Câmara Municipal daquela Cidade (Campos) até que então, em todas as coleções faltava o dito primeiro número.”
O conspícuo historiador campista Teixeira de Mello também se refere a esta mesma reprodução em sua interessante monografia “Campos dos Goytacazes em 1831”. Dizendo: - Tenho à vista o primeiro número do Monitor Campista”, de terça-feira 31 de março de 1840, mandando reproduzir pela sua benemérita redação atual”.
Mas nesta referência há um engano a desfazer: esta republicação do primeiro numero, feita quarenta anos depois, não foi iniciativa da redação do “Monitor Campista”, e sim do Sr. Miguel Torres, segundo noticia este velho órgão em data de 2 de abril de 1881: - “O senhor Miguel Torres tendo encontrado um exemplar esse número 1º nos arquivos da Câmara Municipal fez imprimir vários exemplares, no dia 31 de março passado”.
Foi, pois o primeiro número”.
Por sua vez procurou o Sr. Miguel Torres, que era secretário da Câmara Municipal desde 8 de janeiro de 1881, tirar uma segunda edição deste raro primeiro número, disto encarregado o Sr. Francisco Luiz Minucci, cidadão muito entendido em coisas de tipografia, que compôs e imprimiu vários exemplares, do mesmo formato e com tipos mais ou menos semelhantes, nas oficinas da “Gazeta do Commercio”, de que, a época, era proprietário e redator. O primeiro número do “Monitor Campista” é impresso em papel de formato 32 x 23 centímetros de que a composição ocupa 25 centímetros de altura por 16 de largura, dividida em duas colunas separadas por fio, e contém apenas quatro seções: parte oficial, com diversos editais da Câmara Municipal de Campos; artigo de fundo, com o titúlo “O Monitor Campista” cuidando das obras da Matriz de S. Salvador e de outras igrejas de freguesias rurais; anúncios e finalmente, aviso sobre as partidas dos Correios.
O número um do “Monitor Campista” foi impresso no primeiro prelo de ferro introduzido em Campos, de fabricação inglesa e datado de 1833, que anteriormente pertencera ao “O Monitor”.
A razão de 1$800 por trimestre, publicava-se o Monitor Campista às terças e sextas-feiras, não sendo dias santos de guarda, no estabelecimento tipográfico de Evaristo José Pereira da Silva e Abreu, denominado Tipografia Patriótica, situada à Rua do Conselho nº 94.
O “Monitor Campista” ao surgir, em 1840, era de propriedade de Evaristo José Pereira da Silva e Abreu, e de Eugenio Bricolens, e teve como redator, neste ano, o Sr. Tomé José Ferreira Tinoco.
Finalmente, podemos acrescentar que na relação de jornais com que Alfredo de Carvalho ilustra o seu magnífico trabalho “Gênese e Progresso da Imprensa no Brasil”, quando lá vêem estampadas as fotografias dos números iniciais do “Diário de Pernambuco” e do “Jornal do Commercio”. Foi talvez diante desta lacuna, diz Múcio da Paixão, que o Dr. Manuel Cícero, quando diretor da Biblioteca Nacional, mandou fotografar o primeiro número do velho órgão da imprensa goitacá, que só era encontrada na coleção da Biblioteca Nacional possui o primeiro número do “Jornal do Commercio”, exemplar que não existe na coleção deste antiqüíssimo diário carioca.
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Fontes:
“Monitor Campista”, 1840 – coleção da Biblioteca Municipal de Campos.
“Monitor Campista” – 1840 – coleção do Arquivo do Jornal Monitor Campista.
Anais da Biblioteca Nacional, vol. IX. 1ª parte, 1881 – 1882.
Teixeira de Mello, “Campos dos Goytacazes em 1881”. Revista do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil, XIIX, 2º vol. 1886.
“Monitor Campista”, 2 de abril de 1881.
“Monitor Campista”, 16 de janeiro de 1881.
Múcio da Paixão, “Monitor Campista”, 17 de agosto de 1913.
Alfredo de Carvalho, Revista do Instituto Histórico, Geográfico e Etnológico do Brasil 1ª parte, 1908.
“Monitor Campista”, 1840 – coleção da Biblioteca Municipal de Campos.
“Monitor Campista” – 1840 – coleção do Arquivo do Jornal Monitor Campista.
Anais da Biblioteca Nacional, vol. IX. 1ª parte, 1881 – 1882.
Teixeira de Mello, “Campos dos Goytacazes em 1881”. Revista do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil, XIIX, 2º vol. 1886.
“Monitor Campista”, 2 de abril de 1881.
“Monitor Campista”, 16 de janeiro de 1881.
Múcio da Paixão, “Monitor Campista”, 17 de agosto de 1913.
Alfredo de Carvalho, Revista do Instituto Histórico, Geográfico e Etnológico do Brasil 1ª parte, 1908.
Foto: Acervo do Instituto Historiar.
Pesquisa: Leandro Cordeiro.
Revisão: Hélvio Cordeiro.
Publicação: Enockes Cavalar.
(Integrantes do Instituto Historiar.)
Pesquisa: Leandro Cordeiro.
Revisão: Hélvio Cordeiro.
Publicação: Enockes Cavalar.
(Integrantes do Instituto Historiar.)
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