segunda-feira, 19 de abril de 2010

A VERDADEIRA HISTÓRIA DO ÍNDIO GOITACÁ

O rei de Portugal D. João III doou as terras entre o Cabo de São Thomé e Cabo Frio a Pero de Góes, que aqui desembarcou em 1539. A Capitania de São Thomé tinha 30 léguas de costa, e, para colonizá-la, Pero convidou o amigo Martim Garcia, alguns parentes e dez ou vinte colonos. Eles fundaram uma povoação entre os rios Itabapoana e Paraíba do Sul, na região do atual município de São João da Barra, batizando-a de Vila da Rainha, onde plantaram as primeiras mudas de cana-de-açúcar do estado. Segundo o frei Vicente do Salvador, que escreveu uma história do Brasil em 1627, a povoação esteve bem nos dois primeiros anos. Depois, os índios se insurgiram e atacaram o povoado durante cinco ou seis anos, intercalados por breves tréguas. O fidalgo não suportou a sequência de ataques e partiu com sua gente para o Espírito Santo, usando embarcações que lhe emprestou o negociante Martim Ferreira. Num dos trechos do livro, o padre diz o seguinte: “No distrito desta terra dos Aitacazes, que é toda baixa e alagadiça, estes gentios vivem mais à maneira de homens marinhos do que terrestres; e assim nunca se poderão conquistar [...] porque quando se tenta colocar as mãos neles, metem-se dentro das lagoas, onde não há entradas a pé nem a cavalo; são grandes nadadores e a braços tomam peixe, ainda que sejam tubarões, para o que levam um pau de mais ou menos um palmo que lhes metem na boca direito, e como o tubarão fique com a boca aberta, [...] com a outra mão lhe tiram as entranhas. [...] Os levam para a terra não tanto para os comerem, mas para dos dentes fazerem as pontas de suas flechas, que são peçonhentas e mortíferas, e para provarem força e ligeireza. Dizem que as provam com os veados nas campinas, tomando-os a punhos, e ainda com os tigres e onças e outros ferozes animais. “Estas e outras incríveis coisas se contam deste gentio, creia-as quem quiser, porque nunca foi alguém ao seu poder que retornasse com vida para contar”. Na ‘Historie Pittoresque des Voyages’, também faz outro relato assustador sobre os Goitacás, que seriam canibais que adoravam carne européia. Diz parte do texto: “Os Ouetacás não cessam de guerrear seus vizinhos e não recebem estrangeiros entre eles para negociarem. Quando eles não se julgam mais fortes, fogem com ligeireza comparável à dos veados. Seu porte sujo e asqueiroso, seu olhar feroz e sua fisionomia brutal fazem dele o povo mais odioso do Universo; ele se distingue da maior parte dos indígenas do Brasil pela sua cabeleira a qual deixam cair pelas costas e só cortam um pequeno círculo na fronte. Sua linguagem não parece com as dos mais próximos vizinhos. Não se trata com eles senão de longe e sempre com a arma em punho, para reprimir pelo medo um apetite desordenado que se excita neles à vista da carne branca dos europeus. As permutas se fazem à distância de cem passos, quero dizer, de uma a outra parte se leva a um lugar igualmente distanciado as mercadorias. Amostram-nas de longe, sem pronunciar uma palavra e cada um deixa ou toma o que lhe convém. Mais parece que a desconfiança é recíproca e que, se os portugueses temem serem devorados, os Ouetacás não temem menos a escravidão”. Como se vê, tudo o que norteava a atitude arredia dos índios de Campos era a manutenção de sua soberania e liberdade. Aos portugueses, qualquer ato que impedisse a colonização era tido como criminoso, razão pela qual tão facilmente se disseminaram as histórias de canibalismo. Se um índio fosse pego cortando uma cana ou um cacho de bananas, atos que para ele eram o costume desde tempo imemoriais, seria logo castigado ou escravizado; sem compreender a punição, os índios, logo que se soltavam, retornavam à tribo para dar conta da violência que sofreram, despertando o compreensível clamor de vingança entre os seus. Os Goitacás, então, atacavam os telhados dos colonos, feitos de palha, com flechas incendiárias, para depois alvejarem seus moradores.
RITUAIS DE GUERRA
A verdade sobre o apetite de carne humana: havia entre os índios da região, Goitacás ou não, a tradição de comer a carne e beber o sangue do inimigo derrotado, tanto para reincorporar à tribo o espírito de antepassados mortos pelo inimigo, quanto para dar coragem aos novos guerreiros. O capturado era engordado e tinha à disposição uma índia que lhe prestava os mais diversos serviços até o dia da execução. Nesse dia, toda a tribo bebia e dançava, inclusive o prisioneiro, que depois tinha o corpo atado. Era levado às tribos vizinhas, onde podia contar como já havia amarrado seus inimigos e como sua tribo viria vingar sua iminente morte. De volta à tribo Goitacá, ao prisioneiro era dado um monte de pedras, e os guardas diziam: “que antes de sua morte lhe seja concedido o direito de se vingar!” O prisioneiro podia atirar as pedras nos dominadores, e várias pessoas saíam feridas neste ritual. Descarregada a raiva, o executor, que até então se mantinha oculto, se aproximava armado da ‘tangapemma’, um tacape todo enfeitado com penas. O carrasco indagava ao prisioneiro se era verdade que ele tinha matado e comido alguns companheiros, e era a glória do quase morto lançar um último desafio: “Dá-me a liberdade e eu te comerei a ti e aos teus!” Assumido o ‘crime’, o golpe com a pesada clava era desferido neste momento, e a índia que cuidara do prisioneiro se aproximava para chorar um pouco. Ela mesma, entretanto, se serviria daquela carne mais tarde. Outras mulheres lavavam e cortavam o corpo, esfregando o sangue nas crianças para nelas criar bravura. Os portugueses também se assustavam com a grande quantidade de ossadas que viam pela tribo e que os Goitacás tinham orgulho de mostrar. Mas tudo não passava de ritual de guerra, repetido por gerações e gerações até o extermínio dos indígenas.
CAÇADORES HOSPITALEIROS
Os Goitacás sempre foram hospitaleiros com náufragos e fugitivos, além de convidarem tribos amigas para suas festas. Veneravam um ser supremo, Tupã, ao qual se dirigiam com voz de lamento nas ocasiões de trovoadas. Os colonizadores de tudo fizeram para exterminar os antigos habitantes da planície, dando a eles até roupas de doentes para que morressem em grande quantidade, muitas vezes a tribo inteira. Para a história dominante, os colonizadores foram heróis que desbravaram uma terra selvagem, enquanto os índios eram apenas animais que se alimentavam de carne humana. Como vimos, a realidade não foi bem essa, e, se alguém teve os direitos desrespeitados, foram os índios, expulsos do lugar que sempre habitaram.

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro.

sábado, 17 de abril de 2010

Semana do Arquivo Público Municipal (17/05/2010 - 21/05/2010)

Neste período comemorativo do 9º ano de nossa instituição acontecerá, no dia 18 de Maio (terça-feira) a partir das 16 horas, uma solenidade frisando a data de início das atividades do Arquivo Público Municipal. No dia, além da exposição dos trabalhos realizados nos diferentes setores do Arquivo Público, será lançado o Caderno "Campos Capital? Os interesses econômicos e políticos distantes do povo" e uma palestra com o Diretor do Arquivo Público do Estado de São Paulo, Carlos Bacellar que explanará sobre as atividades realizadas em sua instituição. Ao final, a tradicional dança de origem africana Jongo encerrará as atividades.
Nos dias 19, 20 e 21, das 13 horas às 17 horas, o Arquivo Público Municipal oferecerá o Curso de Conservação de Livros e Documentos. Totalizando 12 horas, o curso visa atender as necessidades de estudantes das Ciências Humanas, pesquisadores e interessados na conservação de acervos particulares. Local: Arquivo Público Municipal. Investimento: R$ 20,00. Inscrições no próprio Arquivo ou através do email: arquivodecampos@arquivodecampos.org.br. Informações pelo telefone 2733-9999.
Grato
Cristiano Pluhar (Arquivo Público Municipal).


Texto: Arquivo Público Municipal (colaborador).
Postagem: Leandro Lima Cordeiro
O Instituto Historiar é formado por Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

PALESTRA DO HISTORIAR PARA CURSO DE PEDAGOGIA

Na última quinta-feira (dia 15/04/2010) o pessoal do Instituto Historiar esteve presente, a convite, no Curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia de Campos (FAFIC), efetuando sua palestra sobre a História de Campos dos Goytacazes. O trabalho foi muito produtivo pela participação, atenção e carinho com que a equipe foi recebida. A FAFIC, através de seus futuros formandos no Curso de Pedagogia, está de parabéns por mostrar que em um futuro próximo estará disponibilizando uma grande quantidade de professores atenciosos, capazes e inteligentes. O pessoal do Historiar se coloca desde já à disposição da Faculdade e das futuras formandas. O trabalho apresentado faz parte do “Projeto Resgatando a História de Campos”, do 7º Período de Pedagogia da FAFIC, teve a participação da Professora Aparecida Gomes de Oliveira e o convite das alunas Aline, Adriana, Dayane, Derair, Josenilda, Flaviane e Gerusa.









Texto: Hélvio Gomes Cordeiro
Postagem: Leandro Lima Cordeiro
Fotos: Instituto Historiar e alunas da FAFIC.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

PALESTRA NO CIEP NILO PEÇANHA

Com uma participação marcante de professores e alunos do Curso Noturno do Ciep Nilo Peçanha (Ciep da Lapa), ontem, quinta-feira (dia 14/04/2010) os componentes do Instituto Historiar deram prosseguimento ao seu trabalho voluntário, em parceria com a Fundação Zumbi dos Palmares, levando aos alunos e professores o conhecimento da História de Criação da Cidade de Campos dos Goytacazes. Este trabalho no Ciep da Lapa tem o empenho e participação dos professores e de sua Direção e Coordenação de pessoas como a Diretora Geral Ana Paula da Silva Rosa Gomes; das Diretoras Adjuntas Rita de Cássia Rangel e Adilma Gomes Vicente; da Coordenação Pedagógica de Adaisa Viana e contou ontem com apoio das professoras do Curso Noturno: Maura Cristina Santos Henrique, Margareth Tomé dos Santos, Eliane Carvalho entre outras. Em breve o Instituto Historiar estará de volta ao Curso Noturno do Ciep da Lapa para novas palestras, visto que a direção da escola deseja levar o conhecimento de nossa história para todos os alunos.








Texto: Hélvio Gomes Cordeiro
Fotos: Leandro Lima Cordeiro

terça-feira, 13 de abril de 2010

CONTINUAM AS PALESTRAS DO INSTITUTO HISTORIAR

Dando continuidade ao ciclo de palestras efetuadas pelo Instituto Historiar, falando sobre a História de Campos dos Goytacazes, o pessoal do Historiar esteve mais uma vez no CIEP da Lapa (CIEP Nilo Peçanha), apresentando o seu trabalho. A participação dos alunos foi tão importante e marcante quanto a presença dos professores que levaram os seus alunos para o auditório. Estiveram presentes as professoras Eliane Carvalho, Ivanilce Martins Tavares de Oliveira e Maria Aparecida Nogueira. Hoje (14/04/10) os palestrantes do Instituto Historiar estarão novamente no Ciep da Lapa, só que desta feita no período noturno, falando da História de Campos dos Goytacazes para o Curso Supletivo.













Texto: Hélvio Gomes Cordeiro.

sábado, 3 de abril de 2010

ACESSO INTERNACIONAL AO BLOG DO INSTITUTO HISTORIAR

O Instituto Historiar agradece às pessoas de todos os Países que visitaram o seu Blog. Nos sentimos muito orgulhosos por saber que nosso trabalho está atraindo a atenção de muitas pessoas. Queremos dizer que nossa finalidade é justamente essa, chamar a atenção para o conteúdo da história de nossa Cidade e as necessidades de preservação de nossa cultura. O período corresponde a 28 de fevereiro a 30 de março de 2010 e foi um total de 23 países, tendo sido 141 visitas.
PAÍSES E NÚMEROS DE VISITAS:
Alemanha – 4
Angola – 2
Argentina – 3
Austrália – 1
Cabo Verde – 7
Canadá – 5
China – 3
Dinamarca – 3
Emirados Árabes – 6
Espanha – 4
Estados Unidos - 5
França – 10
Gana – 1
Hungria – 4
Índia – 15
Irlanda – 2
Itália – 3
Japão – 8
México – 2
Moçambique – 6
Portugal 42
Quênia – 3
Reino Unido – 2

Texto: Hélvio Gomes Cordeiro.