O deputado Bartolomeu Lizandro, descendente de família humilde, nasceu em Campos dos Goytacazes no dia 29 de maio de 1899. Mesmo quando começou a entender que o mundo em que habitava era cheio de lutas e incompreensões, nem imaginava que sua vida seria tomada como exemplo do que é ser um cidadão modelo, um orgulho para a sua terra. Começou a vida de menino pobre percorrendo as ruas da cidade de Campos, nas condições de simples vendedor ambulante, vendedor de doces ou então encarregado de comprar garrafas vazias. Cresceu lutando muito, cuidando de tarefas simples, buscando rendimentos que garantissem o seu sustento e o de seus familiares, e tentando juntar algum dinheiro para um dia poder investir em negócios maiores. Sonhava em vencer na vida, conquistando uma boa posição social, ser alguém. Três grandes elementos significavam a força necessária para levar avante os seus planos: a inteligência, o trabalho e a honestidade. Em determinado momento de sua vida, surgiu uma grande oportunidade nos negócios. O usineiro Ricardo Lamego, proprietário da Usina São João, colocou a fábrica à venda. Depois de ter criado uma firma de entrega de mercadorias que chegavam nos trens e nos vapores, Bartolomeu Lizandro viu a sua grande chance quando, procurado por Ricardo Lamego que insistia para Lizandro comprar a sua usina. Lizandro então procurou alguns amigos no Rio de Janeiro e conseguiu o dinheiro para dar como entrada na compra da Usina São João, com o restante financiado por Ricardo. Agora a luta de Bartolomeu Lizandro era redobrada. Levantava cedo e até altas horas da noite era visto cuidando da administração da usina que, desde o seu início de gestão, começou a ser reformulada, o que permitiu uma produção maior. Por se dedicar tanto, a ponto de, antes do vencimento da prestação de sua compra da usina ele já estava liquidando a dívida, tornando-se o novo proprietário. Mas, devido a tanto esforço e tanto desgaste, que começou a sofrer com problemas de saúde. Bartolomeu Lizandro foi acometido de um derrame cerebral, sendo socorrido em tempo hábil por excelentes médicos, tendo que diminuir o seu ritmo de vida, ficando mais vezes em repouso absoluto. Porém, isso foi por pouco tempo. Do seu leito ele continuava dirigindo a usina, que não perdeu o ritmo. Recuperou a sua saúde e a sua indústria continuou crescendo. Bartolomeu Lizandro se orgulhava de ter pago a usina antes do prazo previsto, e não só era um bom administrador, como adorado pelos seus funcionários, por ser um bom patrão, amigo e atencioso. Era um homem progressista e enquanto cuidava de sua empresa, proporcionava trabalho e tranqüilidade aos seus operários, e ainda encontrava tempo para observar o ambiente em que vivia, sua cidade. Criou uma Creche-Escola, onde os seus operários pudessem deixar os filhos, durante sua jornada de trabalho na usina. E quando percebeu que os bondes elétricos já não estavam atendendo a crescente população campista, resolveu inaugurar o serviço dos primeiros ônibus fechados, sendo o introdutor desse tipo de transporte coletivo. Com os negócios prosperando, adquiriu outra fábrica de açúcar, a Usina Poço Gordo. Bartolomeu Lizandro preferiu sempre morar perto da usina, em Campos, diferente da maioria dos outros usineiros que preferiam morar no Rio de Janeiro. Casou-se com Aspázia Lizandro e dessa união nasceram os seguintes filhos: Critóvão Lizandro de Albernaz; Hilda Lizandro; Nidia Lizandro e Leda Lizandro Ribeiro Gomes. Pessoa amiga e muito popular, constantemente Bartolomeu Lizandro era visto no centro da Cidade de Campos, próximo a Relojoaria Rene, tomando um cafezinho com amigos. Como não podia deixar de ser, também teve grande participação na política. Eleito a princípio para Vereador e depois reeleito. A seguir, chegou no Palácio Tiradentes como suplente de Miguel Couto Filho. Logo a seguir, por uma expressiva votação, tornou-se deputado federal onde, constantemente era encontrado na tribuna, discutindo temas nacionais e defendendo os interesses dos campistas, que em sua maioria sempre viveu da cana-de-açúcar. O Governo havia criado a COFAP, órgão que se incumbia do abastecimento e controle de preços, etc. Aconteceu que o Sr. Coronel Frederico Mindello, presidente dessa empresa, como estratégia para fazer pressão sobre os industriais ligados ao açúcar, declarou interesse em importar esse produto de país estrangeiro. Essa notícia teve o efeito de uma bomba. Bartolomeu Lizandro que além de deputado, era então presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar, levantou-se em defesa da classe. Ali, não estava representando apenas ele, mas um povo lutador. Na tarde do dia 07 de julho de 1965, encontrando-se Bartolomeu Lizandro na tribuna da Câmara Federal, então instalada no Rio de Janeiro, iniciava o seu discurso. Em dado momento, já por volta das 17:30 horas, o Deputado Bartolomeu Lizandro de Albernaz, foi acometido de mal súbito e socorrido por colegas médicos, entre os quais o deputado Pedro Braga. Momentos depois, falecia o ilustre campista, aos 57 anos de idade. Os trabalhos da Câmara foram suspensos. Seu corpo foi velado no Palácio Tiradentes, até a manhã seguinte, quando, em avião, foi transportado para sua cidade. Seu corpo, depois de chegar à Campos, foi levado para a Usina São João, a pedido dos seu funcionários, que queriam dar o último adeus ao seu patrão-amigo. O sepultamento de Bartolomeu Lizandro teve lugar às 16:00 horas do dia 08, que congestionou as ruas centrais da cidade até o Caju, onde baixou sepultura. Seu nome sempre serviu de modelo para exemplificar honestidade, confiança, trabalho e prosperidade.
Bartolomeu Lizandro
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (Instituto Historiar).