terça-feira, 31 de março de 2009

PALESTRAS DO INSTITUTO HISTORIAR - PROJETO PSICOPEDAGÓGICO DO ISEPAM

O Instituto Historiar, junto com o Centro de Apoio Psicopedagógico do Isepam (CENAPP/Isepam), organizaram no último dia 23 de março de 2009, em comemoração ao aniversário de Elevação de Campos dos Goytacazes à categoria de Cidade, um ciclo de palestras, abordando o tema “A Trajetória da Cidade de Campos dos Goytacazes”. A Diretora Ângela Maria de Alvarenga, contando com o apoio da Coordenadora Eliane Pereira e sua equipe, composta dos professores: Ana Clissy, Jaquelane, Luiza, Manoel Pedro, Laura, Caroline, Isabela, Karina, Francisca, Denusia, Simone e demais envolvidos no evento. O Instituto Historiar, através dos seus palestrantes Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar, desdobraram-se em palestras durante os períodos da manhã, à tarde e à noite com grande freqüência dos alunos e demais professores. O evento teve também a participação do Museu Barbosa Guerra, cedendo uma parte do seu acervo, abrilhantou os trabalhos apresentados, através de uma parceria do Instituto Historiar com o seu proprietário, Sebastião Rangel Dias Filho. Confiram nas fotos, alguns momentos do evento.














Texto: Hélvio Cordeiro

Fotos: Instituto Historiar









domingo, 29 de março de 2009

Série Presidentes do Brasil

Segundo Presidente da Junta Militar de 31 de agosto de 1969 a 30 de outubro de 1969
MÁRCIO DE SOUZA E MELLO:
Nasceu no dia 26 de maio de 1906, em Florianópolis, capital de Santa Catarina. Filho de Francisco Agostinho de Souza e Mello e de Maria dos Anjos Malheiros de Mello. A família foi obrigada a fazer constantes mudanças de residência, para acompanhar ao pai, que por força da profissão, era destacado para diferentes quartéis. Márcio de Souza e Mello fez seus estudos primários em diversas cidades do Rio Grande do Sul e quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro, ele estava com 12 anos, sendo matriculado no Colégio Militar. Em março de 1925, iniciou os estudos na Escola Militar do Realengo, concluindo em 1928, já como aspirante a oficial, fazendo parte da primeira turma da Aeronáutica, a Quinta Arma do Exército. Em 1928, passou a segundo-tenente, chegando a primeiro-tenente em 1930, assumindo a função de secretário da Escola de Aviação Militar e integrando a primeira unidade de combate. Fez parte do Correio Aéreo Militar em 1931 e depois foi colocado à disposição do Ministério das Relações Exteriores, integrando a esquadrilha italiana. Em 1933, chegou a capitão e passou a adjunto da 2ª divisão da Diretoria da Aviação Militar. Casou-se em 20 de março de 1934 com Zilda de Andrade e teve duas filhas: Maria Lúcia e Marina. Em 1935, foi chefe da 3ª divisão do Departamento Militar da Escola de Aviação Militar e instrutor de tiro e bombardeio, ficando até 1938, quando foi promovido a major e se diplomou no curso de aperfeiçoamento de oficiais da Aviação. No ano seguinte passou a exercer interinamente a função de diretor de ensino da Escola de Aviação Militar. Matriculou-se no Curso de Preparação da Escola de Estado-Maior do Exército em 1940, sendo no final do ano, promovido a tenente-coronel. Em 1942 o Brasil declarou guerra à Alemanha. Em 1946, foi promovido a coronel, após a conclusão do curso de Estado-Maior da Aeronáutica, permanecendo na escola como instrutor até 1948, sendo designado adido aeronáutico na embaixada brasileira em Buenos Aires. Chegou a brigadeiro em 1954, e foi nomeado chefe do gabinete do novo Ministro da Aeronáutica, brigadeiro Eduardo Gomes, ficando nessa função até 1955. Como Ministro da Aeronáutica em 1969, o brigadeiro Souza e Mello compôs a Junta Militar formada pelo Ato Institucional nº 12/69 para responder pela Presidência no impedimento do presidente Costa e Silva, ficando de 31 de agosto a 30 de outubro de 1969. Quando foi desfeita a Junta Militar, com a posse do general Médici, o brigadeiro Souza e Mello permaneceu à frente do Ministério da Aeronáutica. Foi exonerado em 1971, por motivos não esclarecidos. Ao passar para a reserva, o brigadeiro instalou-se em sua casa na Ilha do Governador. Márcio de Souza e Mello morreu às 22h00 do dia 31 de janeiro de 1991. Estava internado no Hospital da Força Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, e a causa da morte foi: infarto do miocárdio, arteriosclerose coronariana, hipertensão arterial, enfisema pulmonar. Foi parte de seu discurso: “[...] Vou abster-me das considerações no campo jurídico, deixando a outros que possam ilustrá-lo, e procurarei ir direto ao problema. O dever de ofício, trouxe-me, por diversas vezes, para expor as apreensões e comoções imperantes no setor da minha área de responsabilidade, face a um verdadeiro processo, inequívoco processo contra-revolucionário em curso no país, patente em diversas ocorrências recentes, progressivamente mais afoitas. Em tais ocasiões, encontrei confiança em que a base política do governo não lhe faltaria nas ocasiões necessárias. Os fatos verificados nos últimos dias justamente nessa área política agravaram entretanto as preocupações a que me referi, porque, no nosso entender, configuraram um divórcio, senão uma hostilidade, levando à convicção de que uma brecha muito grande e perigosa fora aberta na defesa das instituições. Desse modo, impõe-se, no entender de todos nós, uma corajosa decisão correspondente ao risco que se apresenta. As medidas corretivas propostas neste momento parecem-me, assim, as mais adequadas, intransferíveis e convenientes. [...]”

Márcio de Souza e Mello


Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

sábado, 28 de março de 2009

PALESTRA DO INSTITUTO HISTORIAR NO CEPAVI

No último dia 24 de março, o Instituto Historiar, com o seu projeto “Preservando a nossa História”, esteve presente na Escola Centro Educacional Palavra da Vida (CEPAVI), a convite de suas Diretoras Rosângela e Rose Mary. Para nós, os responsáveis pelo Historiar, esse intercâmbio com os alunos (principalmente por serem ainda muitos jovens) é de muita alegria e satisfação do dever cumprido, à partir do momento em que se têm muitas pessoas dispostas a ajudar à apresentação do projeto, como foi o caso das professoras: Lorraine, Patrícia, Ester, Claudiane, Simone e Marta, e contando com o interesse, o bom comportamento e a boa acolhida de seu quadro de alunos. Estamos tomados de muita felicidade, por observarmos o interesse dos jovens em saber um pouco mais da história de sua cidade natal. Todos na Escola estão de parabéns.









Fotos: Instituto Historiar.





Exposição de fotos de Campos no Trianon

Quem quiser conhecer um pouco mais sobre Campos dos Goytacazes, é só ir até o Teatro Trianon, onde está montada a exposição de fotos ‘Um olhar sobre a cidade’. A mostra, organizada por Fernando Luiz Neves Soares, reúne fotografias do acervo pessoal do repórter-fotográfico Wellington Cordeiro, e do professor de fotografia Leonardo Vasconcelos, que participa com fotografias do banco de imagens do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IF Fluminense), antigo Cefet- Campos.
No total são 20 imagens. Wellington Cordeiro participa com 10 fotos contemporâneas da cidade. São fotos mais artísticas, mais voltadas para a questão estética, e menos comprometidas com a história. São imagens de prédios referenciais. Já Leonardo Vasconcelos participa com fotos comprometidas com a questão histórica, imagens antigas de pontos importantes da cidade. No entanto, vai dar para se ter uma idéia de como a cidade passou por mudanças nesses anos.
A idéia é que os participantes dos eventos no teatro até hoje, dia 28. Esta é a primeira vez que o trio se reuniu para montar uma exposição desse tipo. “Na verdade colocamos duas leituras sobre a cidade: a de ontem e a de hoje”, ressalta Wellington.


Texto: Jornal Monitor Campista.
Foto: Divulgação Trianon.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Vandalismo não!

Responda rápido: você já procurou uma lixeira, sem sucesso, no Centro de Campos ou para se evitar jogar lixo no tão sofrido Rio Paraíba do Sul? Pois é. Se já não existem muitas delas disponíveis, os vândalos da cidade trataram de diminuir esse número, dificultando ainda mais a vida dos que ainda têm a consciência da importância de se colocar o lixo em seu devido lugar. Depredação do patrimônio público e outras atitudes não menos nocivas revelam não só a falta de educação das pessoas, como a total ausência de compromisso com a imagem da cidade em que vivem. Chateaubriand que o diga...



Depredação das lixeiras da ponte Barcelos Martins




Descaso com o patrimônio público (Estátua de Assis Chateaubriand) ao lado da Catedral do Santíssimo Salvador



Latas de tintas (que foram utilizadas na pintura da ponte Barcelos Martins) jogadas no Rio Paraíba

Fotos: Leandro Lima Cordeiro (Membro do Instituto Historiar)


O Instituto Historiar é formado por: Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar.

domingo, 22 de março de 2009

Série Presidentes do Brasil

JUNTA MILITAR DE 1969
De 31 de agosto de 1969 a 30 de outubro de 1969
AUGUSTO HAMANN RADEMAKER GRÜNEWALD:
Nasceu no dia 11 de maio de 1905, no Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal. Filho de Jorge Christiano Rademaker grünewald e Ana Guilhermina Rademaker Grünewald. Morou na Avenida Paulo de Frontin, no bairro de Rio Comprido, Rio de Janeiro. O curso primário foi feito no Colégio Santa Cecília. Aos 12 anos, ingressou no Colégio Pedro II, para os estudos secundários, ali permanecendo de 1917 a 1922. Foi o pioneiro do time de basquete da Associação Cristã de Moços (ACM). Em 1923 ingressou na Escola Naval do Rio de Janeiro, sentando praça em maio. Jovem ainda, com 22 anos, graduou-se como guarda-marinha em janeiro de 1927 e embarcou em uma viagem de conclusão de curso. Casou-se com Ruth Kist Rademaker e tiveram cinco filhos: Eliana, Anecy, Ana Laura, André e Guilherme. Sua ascensão nos quadros da Marinha, Rademaker tornou-se contra-almirante em 1958 e, em 1961, passou a comandante-em-chefe de esquadra, promovido a vice-almirante. Atingiu o posto máximo da carreira naval em 1964, quando se tornou almirante-de-esquadra. Em março desse ano, após a intensa crise política, em decorrência da renúncia de Jânio Quadros e de sua sucessão por João Goulart, o presidente foi deposto. Nesse momento, o almirante Rademaker representou sua Arma na Junta Governativa formada, o “Comando Supremo da Revolução”, ao lado do brigadeiro Francisco de Assis Correia de melo, da Aeronáutica, e do general Arthur da Costa e Silva, que era o primeiro na hierarquia, que era considerado o Comandante Supremo. Assim que o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, foi empossado pela Junta, o almirante Rademaker assumiu o Ministério da Marinha. Recebeu diversas condecorações: Medalha de Serviços de Guerra, Medalha da Força Naval do Nordeste, Ordem do Mérito Naval, Alta Distinção (da Ordem do Mérito Jurídico-Militar), Medalha Militar de Platina, Medalha do Mérito Tamandaré, Oficial da Legião de Honra dos Estados Unidos, Oficial da Legião de Honra da França, Medalha Naval Vasco da Gama, Grã-Cruz do Mérito Naval do Peru. Com o impedimento temporário de Costa e Silva, por motivo de saúde, o almirante Augusto Rademaker, ministro da Marinha à época, assumiu a chefia do governo por força do Ato Institucional nº 12 (AI-12) de agosto de 1969, compondo a Junta Militar que governou o país durante dois meses. Da Junta Militar também faziam parte o brigadeiro Márcio de Mello e Souza e o general Lyra Tavares. No dia 04 de setembro, a Junta Militar foi informada do seqüestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, ação realizada com o objetivo de negociar a libertação de quinze presos políticos (entre eles Vladimir Palmeira, José Dirceu e Ricardo Zaratini). Considerado um ato de guerra revolucionária pelos militares, o seqüestro terminou dia 07 de setembro com a troca efetuada, sendo libertado o embaixador, com a chegada dos presos políticos ao México. No dia seguinte foi criado o Ato Institucional nº 13 (AI-13), que criou a pena de banimento aos presos políticos,e o Ato Institucional nº 14, criando a pena de morte e prisão perpétua para os casos de guerra psicológica e de guerra revolucionária e subversiva. Pressionados para definir a sucessão, os titulares da junta convocaram uma reunião com o alto comando de cada Arma e foi formada a “Comissão dos 3M”, composta pelos generais Antônio Carlos Muricy, Emílio Garrastazu Médici e Jurandir de Bizarria Mamede. Foi editado o AI-16, declarando vagos os cargos de Presidente da República, e o AI-17, que dava à Junta Militar o direito de transferir os exaltados para a reserva, e escolheram o general Médici para a Presidência da República. O almirante Rademaker foi escolhido para ser o Vice-Presidente, aos 64 anos de idade, no momento da posse. Eles governaram o país até março de 1974. O almirante Augusto Hamann Rademaker Grünewald morreu aos 80 anos, em setembro de 1985, no bairro da Urca, onde morava, e foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier (Cemitério do Caju). Foi parte de seu discurso: “Não é apenas a faixa simbólica dos Poderes da República que ora entregamos a Vossa Excelência depositário, a partir deste momento, da confiança do Congresso Nacional e das Forças Armadas, vale dizer de todo o povo brasileiro. Esta incumbência é honra insigne para nós, Ministros Militares, que nos vimos na dura contingência de [...] de substituir o preclaro Presidente Arthur da Costa e Silva, cuja saúde foi sacrificada, sem poupar a sua pessoa, pela sua inexcedível dedicação, de espírito e de coração, aos ingentes deveres do cargo em que Vossa Excelência a ele sucede. [...]”.

Augusto Rademaker

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

sábado, 21 de março de 2009

A VERDADEIRA HISTÓRIA DO ÍNDIO GOITACÁ

O rei de Portugal D. João III doou as terras entre o Cabo de São Thomé e Cabo Frio a Pero de Góes, que aqui desembarcou em 1539. A Capitania de São Thomé tinha 30 léguas de costa, e, para colonizá-la, Pero convidou o amigo Martim Garcia, alguns parentes e dez ou vinte colonos. Eles fundaram uma povoação entre os rios Itabapoana e Paraíba do Sul, na região do atual município de São João da Barra, batizando-a de Vila da Rainha, onde plantaram as primeiras mudas de cana-de-açúcar do estado. Segundo o frei Vicente do Salvador, que escreveu uma história do Brasil em 1627, a povoação esteve bem nos dois primeiros anos. Depois, os índios se insurgiram e atacaram o povoado durante cinco ou seis anos, intercalados por breves tréguas. O fidalgo não suportou a sequência de ataques e partiu com sua gente para o Espírito Santo, usando embarcações que lhe emprestou o negociante Martim Ferreira. Num dos trechos do livro, o padre diz o seguinte: “No distrito desta terra dos Aitacazes, que é toda baixa e alagadiça, estes gentios vivem mais à maneira de homens marinhos do que terrestres; e assim nunca se poderão conquistar [...] porque quando se tenta colocar as mãos neles, metem-se dentro das lagoas, onde não há entradas a pé nem a cavalo; são grandes nadadores e a braços tomam peixe, ainda que sejam tubarões, para o que levam um pau de mais ou menos um palmo que lhes metem na boca direito, e como o tubarão fique com a boca aberta, [...] com a outra mão lhe tiram as entranhas. [...] Os levam para a terra não tanto para os comerem, mas para dos dentes fazerem as pontas de suas flechas, que são peçonhentas e mortíferas, e para provarem força e ligeireza. Dizem que as provam com os veados nas campinas, tomando-os a punhos, e ainda com os tigres e onças e outros ferozes animais. “Estas e outras incríveis coisas se contam deste gentio, creia-as quem quiser, porque nunca foi alguém ao seu poder que retornasse com vida para contar”. Na ‘Historie Pittoresque des Voyages’, também faz outro relato assustador sobre os Goitacás, que seriam canibais que adoravam carne européia. Diz parte do texto: “Os Ouetacás não cessam de guerrear seus vizinhos e não recebem estrangeiros entre eles para negociarem. Quando eles não se julgam mais fortes, fogem com ligeireza comparável à dos veados. Seu porte sujo e asqueiroso, seu olhar feroz e sua fisionomia brutal fazem dele o povo mais odioso do Universo; ele se distingue da maior parte dos indígenas do Brasil pela sua cabeleira a qual deixam cair pelas costas e só cortam um pequeno círculo na fronte. Sua linguagem não parece com as dos mais próximos vizinhos. Não se trata com eles senão de longe e sempre com a arma em punho, para reprimir pelo medo um apetite desordenado que se excita neles à vista da carne branca dos europeus. As permutas se fazem à distância de cem passos, quero dizer, de uma a outra parte se leva a um lugar igualmente distanciado as mercadorias. Amostram-nas de longe, sem pronunciar uma palavra e cada um deixa ou toma o que lhe convém. Mais parece que a desconfiança é recíproca e que, se os portugueses temem serem devorados, os Ouetacás não temem menos a escravidão”. Como se vê, tudo o que norteava a atitude arredia dos índios de Campos era a manutenção de sua soberania e liberdade. Aos portugueses, qualquer ato que impedisse a colonização era tido como criminoso, razão pela qual tão facilmente se disseminaram as histórias de canibalismo. Se um índio fosse pego cortando uma cana ou um cacho de bananas, atos que para ele eram o costume desde tempo imemoriais, seria logo castigado ou escravizado; sem compreender a punição, os índios, logo que se soltavam, retornavam à tribo para dar conta da violência que sofreram, despertando o compreensível clamor de vingança entre os seus. Os Goitacás, então, atacavam os telhados dos colonos, feitos de palha, com flechas incendiárias, para depois alvejarem seus moradores.
RITUAIS DE GUERRA
A verdade sobre o apetite de carne humana: havia entre os índios da região, Goitacás ou não, a tradição de comer a carne e beber o sangue do inimigo derrotado, tanto para reincorporar à tribo o espírito de antepassados mortos pelo inimigo, quanto para dar coragem aos novos guerreiros. O capturado era engordado e tinha à disposição uma índia que lhe prestava os mais diversos serviços até o dia da execução. Nesse dia, toda a tribo bebia e dançava, inclusive o prisioneiro, que depois tinha o corpo atado. Era levado às tribos vizinhas, onde podia contar como já havia amarrado seus inimigos e como sua tribo viria vingar sua iminente morte. De volta à tribo Goitacá, ao prisioneiro era dado um monte de pedras, e os guardas diziam: “que antes de sua morte lhe seja concedido o direito de se vingar!” O prisioneiro podia atirar as pedras nos dominadores, e várias pessoas saíam feridas neste ritual. Descarregada a raiva, o executor, que até então se mantinha oculto, se aproximava armado da ‘tangapemma’, um tacape todo enfeitado com penas. O carrasco indagava ao prisioneiro se era verdade que ele tinha matado e comido alguns companheiros, e era a glória do quase morto lançar um último desafio: “Dá-me a liberdade e eu te comerei a ti e aos teus!” Assumido o ‘crime’, o golpe com a pesada clava era desferido neste momento, e a índia que cuidara do prisioneiro se aproximava para chorar um pouco. Ela mesma, entretanto, se serviria daquela carne mais tarde. Outras mulheres lavavam e cortavam o corpo, esfregando o sangue nas crianças para nelas criar bravura. Os portugueses também se assustavam com a grande quantidade de ossadas que viam pela tribo e que os Goitacás tinham orgulho de mostrar. Mas tudo não passava de ritual de guerra, repetido por gerações e gerações até o extermínio dos indígenas.
CAÇADORES HOSPITALEIROS
Os Goitacás sempre foram hospitaleiros com náufragos e fugitivos, além de convidarem tribos amigas para suas festas. Veneravam um ser supremo, Tupã, ao qual se dirigiam com voz de lamento nas ocasiões de trovoadas. Os colonizadores de tudo fizeram para exterminar os antigos habitantes da planície, dando a eles até roupas de doentes para que morressem em grande quantidade, muitas vezes a tribo inteira. Para a história dominante, os colonizadores foram heróis que desbravaram uma terra selvagem, enquanto os índios eram apenas animais que se alimentavam de carne humana. Como vimos, a realidade não foi bem essa, e, se alguém teve os direitos desrespeitados, foram os índios, expulsos do lugar que sempre habitaram.

Imagem usada para o extermínio do Índio Goitacá


Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro
Fonte: Revista Municípios em Destaque.
Imagem: Acervo do Instituto Historiar.

Palestra no CIEP Nilo Peçanha

Cerca de 278 alunos do CIEP Nilo Peçanha no bairro da Lapa, nos dias 18 e 19 de março, puderam conhecer mais sobre a história de Campos dos Goytacazes (que completará no próximo dia 28 de março 174 anos de elevação a categoria de Cidade), através do projeto “Instituto Historiar Preservando a nossa história”, vem realizando palestras gratuitas em escolas. A palestra foi realizada por Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro, Enockes Cavalar, (membros do Historiar) e contou com a colaboração de Carla Melo (fotografando o evento). Falaram sobre acontecimentos marcantes da história de Campos (desde o índio Goitacá, até a atualidade).
O Instituto Historiar doou um riquíssimo material para a biblioteca do CIEP Nilo Peçanha, para ser trabalhado com os alunos, dentre este material estavam: um histórico sobre o patrono da escola (Nilo Peçanha), capas que mostram a trajetória do Jornal Monitor Campista, fotos antigas de Campos, dentre outros.
Gostaríamos de agradecer a: Ana Paula Rosa da Silva Gomes (Diretora); Adaísa Paes Viana (Coordenadora Pedagógica); a todas as professoras, em especial a Walkíria, Margareth e Ana Lúcia; Joilma (Animadoras Culturais); a Rita, pela atenção especial e colaboração direta; Ana Laura, Neide e Rosângela (Bibliotecárias), aos alunos, e por fim a todos os funcionários do CIEP Nilo Peçanha, pela maneira solícita que nos receberam.
As palestras são realizadas de acordo com o interesse da instituição que convida, sendo gratuitas. Os interessados podem solicitá-las através do nosso e-mail no Blog Instituto Historiar. Veja abaixo algumas imagens do evento.


Primeiro dia de Palestra (18/03/09)





Segundo dia de palestra (19/03/09)








Fotos: Equipe Instituto Historiar.

quinta-feira, 19 de março de 2009

MAIS PALESTRAS DO INSTITUTO HISTORIAR

O Centro de Apoio Psicopedagógico do Isepam (Cenapp/Isepam), junto ao Instituto Historiar, organizará no dia 23 de março próximo, em comemoração ao aniversário de elevação de Campos dos Goytacazes à categoria de Cidade. A palestra dos componentes do Instituto Historiar abordará o tema: “A Trajetória de Criação da Cidade de Campos dos Goytacazes”. Na oportunidade, estarão em exposição várias peças do Museu Barbosa Guerra, que tem uma parceria com o Instituto Historiar, e disponibilizará peças de seu acervo para acompanhar os trabalhos dos palestrantes.

LUÍS FILIPE DE SALDANHA DA GAMA

Nasceu em Campos dos Goytacazes, no dia 07 de abril de 1846. Bacharel em Letras, concluiu o curso da Academia da Marinha, onde ingressou aos 17 anos de idade, sempre alcançando postos superiores, até o de contra-almirante. Representou o Brasil na Exposição da Filadélfia, em 1867; na de Viena, em 1873; em Buenos Aires, em 1882, (na época era uma honraria). Recebeu condecorações da Campanha Oriental, da Guerra do Paraguai; da Rendição de Uruguaiana e do Mérito Militar. Sua morte ocorreu no dia 24 de junho de 1895, em Campo de Osório. Foi morto por um golpe de lança, aplicado por Salvador Tambeiro, um oriental comandado pelo caudilho João Francisco.

Saldanha da Gama

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (Instituto Historiar)
Fonte: Almanaque de Campos.

BARTOLOMEU LIZANDRO DE ALBERNAZ

O deputado Bartolomeu Lizandro, descendente de família humilde, nasceu em Campos dos Goytacazes no dia 29 de maio de 1899. Mesmo quando começou a entender que o mundo em que habitava era cheio de lutas e incompreensões, nem imaginava que sua vida seria tomada como exemplo do que é ser um cidadão modelo, um orgulho para a sua terra. Começou a vida de menino pobre percorrendo as ruas da cidade de Campos, nas condições de simples vendedor ambulante, vendedor de doces ou então encarregado de comprar garrafas vazias. Cresceu lutando muito, cuidando de tarefas simples, buscando rendimentos que garantissem o seu sustento e o de seus familiares, e tentando juntar algum dinheiro para um dia poder investir em negócios maiores. Sonhava em vencer na vida, conquistando uma boa posição social, ser alguém. Três grandes elementos significavam a força necessária para levar avante os seus planos: a inteligência, o trabalho e a honestidade. Em determinado momento de sua vida, surgiu uma grande oportunidade nos negócios. O usineiro Ricardo Lamego, proprietário da Usina São João, colocou a fábrica à venda. Depois de ter criado uma firma de entrega de mercadorias que chegavam nos trens e nos vapores, Bartolomeu Lizandro viu a sua grande chance quando, procurado por Ricardo Lamego que insistia para Lizandro comprar a sua usina. Lizandro então procurou alguns amigos no Rio de Janeiro e conseguiu o dinheiro para dar como entrada na compra da Usina São João, com o restante financiado por Ricardo. Agora a luta de Bartolomeu Lizandro era redobrada. Levantava cedo e até altas horas da noite era visto cuidando da administração da usina que, desde o seu início de gestão, começou a ser reformulada, o que permitiu uma produção maior. Por se dedicar tanto, a ponto de, antes do vencimento da prestação de sua compra da usina ele já estava liquidando a dívida, tornando-se o novo proprietário. Mas, devido a tanto esforço e tanto desgaste, que começou a sofrer com problemas de saúde. Bartolomeu Lizandro foi acometido de um derrame cerebral, sendo socorrido em tempo hábil por excelentes médicos, tendo que diminuir o seu ritmo de vida, ficando mais vezes em repouso absoluto. Porém, isso foi por pouco tempo. Do seu leito ele continuava dirigindo a usina, que não perdeu o ritmo. Recuperou a sua saúde e a sua indústria continuou crescendo. Bartolomeu Lizandro se orgulhava de ter pago a usina antes do prazo previsto, e não só era um bom administrador, como adorado pelos seus funcionários, por ser um bom patrão, amigo e atencioso. Era um homem progressista e enquanto cuidava de sua empresa, proporcionava trabalho e tranqüilidade aos seus operários, e ainda encontrava tempo para observar o ambiente em que vivia, sua cidade. Criou uma Creche-Escola, onde os seus operários pudessem deixar os filhos, durante sua jornada de trabalho na usina. E quando percebeu que os bondes elétricos já não estavam atendendo a crescente população campista, resolveu inaugurar o serviço dos primeiros ônibus fechados, sendo o introdutor desse tipo de transporte coletivo. Com os negócios prosperando, adquiriu outra fábrica de açúcar, a Usina Poço Gordo. Bartolomeu Lizandro preferiu sempre morar perto da usina, em Campos, diferente da maioria dos outros usineiros que preferiam morar no Rio de Janeiro. Casou-se com Aspázia Lizandro e dessa união nasceram os seguintes filhos: Critóvão Lizandro de Albernaz; Hilda Lizandro; Nidia Lizandro e Leda Lizandro Ribeiro Gomes. Pessoa amiga e muito popular, constantemente Bartolomeu Lizandro era visto no centro da Cidade de Campos, próximo a Relojoaria Rene, tomando um cafezinho com amigos. Como não podia deixar de ser, também teve grande participação na política. Eleito a princípio para Vereador e depois reeleito. A seguir, chegou no Palácio Tiradentes como suplente de Miguel Couto Filho. Logo a seguir, por uma expressiva votação, tornou-se deputado federal onde, constantemente era encontrado na tribuna, discutindo temas nacionais e defendendo os interesses dos campistas, que em sua maioria sempre viveu da cana-de-açúcar. O Governo havia criado a COFAP, órgão que se incumbia do abastecimento e controle de preços, etc. Aconteceu que o Sr. Coronel Frederico Mindello, presidente dessa empresa, como estratégia para fazer pressão sobre os industriais ligados ao açúcar, declarou interesse em importar esse produto de país estrangeiro. Essa notícia teve o efeito de uma bomba. Bartolomeu Lizandro que além de deputado, era então presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar, levantou-se em defesa da classe. Ali, não estava representando apenas ele, mas um povo lutador. Na tarde do dia 07 de julho de 1965, encontrando-se Bartolomeu Lizandro na tribuna da Câmara Federal, então instalada no Rio de Janeiro, iniciava o seu discurso. Em dado momento, já por volta das 17:30 horas, o Deputado Bartolomeu Lizandro de Albernaz, foi acometido de mal súbito e socorrido por colegas médicos, entre os quais o deputado Pedro Braga. Momentos depois, falecia o ilustre campista, aos 57 anos de idade. Os trabalhos da Câmara foram suspensos. Seu corpo foi velado no Palácio Tiradentes, até a manhã seguinte, quando, em avião, foi transportado para sua cidade. Seu corpo, depois de chegar à Campos, foi levado para a Usina São João, a pedido dos seu funcionários, que queriam dar o último adeus ao seu patrão-amigo. O sepultamento de Bartolomeu Lizandro teve lugar às 16:00 horas do dia 08, que congestionou as ruas centrais da cidade até o Caju, onde baixou sepultura. Seu nome sempre serviu de modelo para exemplificar honestidade, confiança, trabalho e prosperidade.

Bartolomeu Lizandro



Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (Instituto Historiar).

Relembrando Saturnino de Brito

Saturnino de Brito (1864 – 1929) é considerado um importante engenheiro sanitarista que participou do processo de implantação do urbanismo moderno no Brasil. Nascido em Campos dos Goytacazes, formou-se engenheiro civil, no ano de 1887, pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Ressalte-se que foi o saber técnico e especializado dos engenheiros que conduziu as reformas nas cidades brasileiras, no final do século XIX e início do século XX.Neste cenário, Saturnino de Brito teve um papel de destaque, pelo sentido de racionalidade técnica e econômica que dava aos seus projetos. Assim, tornou-se responsável por projetos urbanísticos para as principais cidades brasileiras como Santos, Vitória, Petrópolis. Ele via e analisava a cidade, interpretando os problemas e apontando soluções, planejando o espaço e prevendo as futuras expansões da cidade.Seus trabalhos estão reunidos em sua “Obras Completas” (1943 – pós-morte) onde se pode conhecer suas idéias sobre o planejamento de cidades, saneamento, problemas de abastecimento de água, redes de esgoto, habitação proletária, etc.O motivo que levou Saturnino de Brito a desenvolver estudos e projetos de saneamento e melhoramento para as cidades foi a sua preocupação com “as condições ambientais que propiciavam a ocorrência de surtos epidêmicos, com efeitos nefastos sobre a economia, a população e também, sobre os valores morais dos moradores”.Em 1901, o médico Benedito Pereira Nunes assumiu a presidência da Câmara Municipal de Campos. Em sua administração, Pereira Nunes solicitou ao engenheiro Saturnino de Brito a elaboração de um projeto de saneamento geral para a cidade. O projeto para Campos foi editado, em 1903, em forma de livro intitulado “Saneamento de Campos”, sendo considerado uma obra completa, que inaugurou uma nova leitura sobre a cidade enquanto organismo em crescimento e como o meio em relação ao qual o engenheiro deveria intervir, redefinindo suas condições de salubridade.A relevância de se divulgar este pequeno histórico está na finalidade de mostrar o quanto que Saturnino de Brito, com seu projeto de saneamento básico, nos deu uma contribuição na qual podemos fazer estudos urbanos sobre Campos e àqueles dedicados às teorias do urbanismo brasileiro. Além do fato de servir de orgulho e de exemplo para os campistas, pois este projeto de saneamento que contribuiu muito para o nosso desenvolvimento, e acabou com aquela enorme quantidade de epidemias que assolavam nossa terra, foi elaborado a mais de cem anos.Graças a esse projeto - que mais tarde, foi quase que totalmente implantado pelo Prefeito Dr. Luiz Caetano Guimarães Sobral – que a cidade de Campos dos Goytacazes mostrou para o Brasil inteiro que “quando a capacidade se une a competência, o desenvolvimento é certo!”


Saturnino de Brito

Trabalho de Pesquisa: Hélvio Cordeiro - Instituto Historiar.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Série Presidentes do Brasil

ARTHUR DA COSTA E SILVA:
Nasceu no dia 03 de outubro de 1899, em Taquari no Rio Grande do Sul, filho de Aleixo Rocha da Silva e Almerinda Mesquita da Costa e Silva. Costa e Silva conheceu as primeiras letras com sua irmã mais velha, Alzira. Matriculou-se na escola de Ana da Silva Jobb, que oferecia internato, semi-internato e externato, atraindo alunos de todo o Estado. Tinha fama de bom aluno e também de mandão, gostava de ler romances e aprendeu a tocar flauta para acompanhar a irmã Sofia ao piano em apresentações familiares. Como o adolescente estivesse prestes a completar os estudos no Colégio Elementar, foi encaminhado pelo pai, em 1912, para o Colégio Militar, em Porto Alegre. Para se adequar aos limites de idade estabelecidos para ingresso na Escola Militar, Costa e Silva passou a declarar ter nascido em 1902. Desde então, passou-se a considerar formalmente esse ano como o de seu nascimento. Em Porto Alegre foi colega de turma de Humberto de Alencar Castello Branco, que se tornou Presidente do Brasil. Ficou no Colégio Militar até 1917, terminando seus estudos na condição de “comandante-aluno”, já que foi o primeiro colocado da turma. Sentou praça em março de 1918 na 1ª Companhia de Estabelecimento, ingressando em seguida na Escola Militar do Realengo no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Na época em que ainda era cadete na Escola Militar Costa e Silva foi aluno do general Severo Barbosa, que afeiçoou-se ao jovem, convidando-o a freqüentar sua casa. O jovem Arthur já estava encantado com a senhorita Yolanda, filha do general. No dia 22 de setembro de 1925, na cidade de Juiz de Fora, era realizado o casamento de Arthur da Costa e Silva com Yolanda Barbosa Costa e Silva. Dessa união nasceu Alcio Barbosa da Costa e Silva, único filho do casal. Depois de ter passado pelo Colégio Militar até 1917, ingressou na Escola Militar, em 1918. Formou-se com a terceira melhor média de sua turma. Em 1921 tornou-se aspirante e foi servir no 1º Regimento de Infantaria, na Vila Militar do Rio de Janeiro onde, dois meses depois foi promovido a segundo-tenente. Fez parte da rebelião do Forte Copacabana que ficou conhecido como “Os 18 do Forte” e marcou o início do Tenentismo no país, sendo detido por três meses. Quando foi solto, o Exército o enviou para a cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Em 1922, alcançou o posto de primeiro-tenente e poucos dias depois, foi chamado a regressar ao Rio de Janeiro, para responder a processo. Afastado temporariamente do Exército, Costa e Silva decidiu trabalhar, escrevendo em jornais. Com a ajuda de Edmundo de Macedo Soares, tornou-se colaborador do jornal “O Imparcial”, assinando com o pseudônimo Raul d’Alva. Graças a seus contatos em Taquari, tornou-se também colaborador do jornal “O Taquariense”, com a coluna “Coisas do Rio”. Além disso, Costa e Silva começou a dar aulas particulares de matemática, ganhando dinheiro para se manter durante o tempo afastado do Exército, que foi de um ano, até que a Justiça Militar encerrou o caso, não aceitando sua culpa no processo. Em 1924, já de volta à tropa na cidade de Santa Maria, Costa e Silva envolveu-se em outro movimento militar: a revolta contra o governo do presidente Arthur Bernardes. Mais tarde, serviu como inspetor de Tiro de Guerra na 3ª Região Militar, na cidade de Porto Alegre, até 1925, quando foi transferido para o 10º Regimento de Infantaria, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Em 1926, seguiu para o 8º Batalhão de Caçadores, na cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Em 1929, estava de novo no Rio de Janeiro, incorporado à 1ª Circunscrição de Recrutamento do Exército. Entre os meses de abril e outubro de 1930, estudou na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, na mesma cidade, terminando o curso com a primeira nota da turma. Meses depois, estourou a “Revolução de 1930”, que colocou no poder o gaúcho Getúlio Vargas. Costa e Silva incorporou-se aos conspiradores do 3º Regimento de Infantaria e, no dia 24 de outubro, participou da ocupação do Palácio Guanabara, que culminou com a deposição do presidente Washington Luís. A promoção ao posto de capitão, ocorrida em agosto de 1931, aconteceu quase nove anos depois da anterior. Nesse posto, foi servir na Vila Militar, no Rio de Janeiro, na Companhia de Metralhadoras do 1º Regimento de Infantaria. Depois de participar contra a “Revolução Constitucionalista” em São Paulo e em cidades do Estado do Rio de Janeiro, conseguiu derrotar os revoltosos. Nova transferência ocorreu em 1935, dessa vez para a cidade de São João Del Rey, no Estado de Minas Gerais, onde ficava o 11º Regimento de Infantaria. No ano seguinte, Costa e Silva iniciou curso de dois anos na Escola de Estado-Maior do Exército, no Rio de Janeiro. Em 1937, atingiu o posto de major. Em 1940, esteve como instrutor-adjunto de tática geral na Escola de Estado-Maior do Exército. Assumiu a direção da Escola de Motomecanização em 1941, e sua promoção a tenente-coronel chegou quatro meses depois. Em 1942, Costa e Silva recebeu a incumbência de organizar a unidade brindada que seria enviada para combate na Itália contra a Alemanha, na Segunda Guerra Mundial. Em 1944, o governo brasileiro o mandou a Fort Knox, nos Estados Unidos, para realizar curso avançado para oficiais, sendo promovido a coronel em dezembro desse ano. No governo do Presidente Dutra, em 1946, Costa e Silva foi nomeado comandante do 9º Regimento de Infantaria, no Rio Grande do Sul, e, em 1948, foi designado chefe do Estado-Maior na 3ª Região Militar, em Porto Alegre. Entre o período de 1950 a 1952, serviu como adido militar junto à embaixada brasileira na Argentina, chegando ao posto de general-de-brigada no final deste ano. Nos quinze primeiros dias logo após a deposição do governo João Goulart, formou-se uma “Junta Governativa” composta pelo general Costa e Silva, pelo brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo e pelo almirante Augusto Rademaker. Em abril de 1964, realizou-se uma reunião no Ministério da Guerra, em que estavam presentes: Costa e Silva, como “Comandante Supremo da Revolução”, os generais Sizeno Sarmento e Juarez Távora, e os governadores que haviam apoiado a deposição do presidente João Goulart: Carlos Lacerda, do Rio de Janeiro; Adhemar de Barros, de são Paulo; Magalhães Pinto, de Minas Gerais; Ney Braga, do Paraná; Ildo Meneghetti, do Rio Grande do Sul; Aluízio Alves, do Rio Grande do Norte; Mauro Borges, de Goiás; e Fernando Correia da Costa, de Mato Grosso. Também compareceram: o ex-governador da Bahia, Juracy Magalhães, e o deputado Costa Cavalcanti. Em 1966, a convenção da Arena homologou o nome de Costa e Silva para a Presidência e o de Pedro Aleixo para a Vice-Presidência. Dois meses depois, Costa e Silva sofreu um atentado no Aeroporto de Guararapes, na cidade do Recife, onde morreram o almirante Nélson Fernandes e o jornalista Edson Régis. Em 03 de outubro de 1966, dia da eleição indireta, toda a bancada do MDB, em protesto, saiu do plenário na hora da votação e Costa e Silva foi eleito pelos que ficaram, com 295 votos. A posse de Costa e Silva ocorreu em 15 de março de 1967 com mandato de cinco anos. No dia da posse entrou em vigor a nova Constituição e a nova Lei de Segurança Nacional, sendo, meses depois, anunciado o ambicioso “Programa Estratégico de Desenvolvimento”, cujo objetivo era atacar as causas da elevação dos preços, possibilitar a expansão da produção e beneficiar o desenvolvimento; transformou o Serviço de Proteção aos Índios em Fundação Nacional do Índio (FUNAI); criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). A mobilização estudantil que se manifestava contra o aumento do preço das refeições, tendo o apoio de outros grupos sociais, estourou, quando o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto morreu ao ser atingido por um tiro disparado por policiais destacados para conter os manifestantes. O fato chocou e sensibilizou os estudantes, que intensificaram o movimento de contestação ao governo. Daí surgiram as greves e choques violentos entre estudantes e policiais. O governo criou o Conselho Superior de Censura para funcionar como regulador do que se publicava ou se dizia na mídia, ligado direto com o Ministério da Justiça. No dia 13 de dezembro de 1968, atendendo a diversas pressões, o presidente assinou o Ato Institucional nº 05 (AI-5), que concedia poderes ilimitados ao presidente, surgindo a partir daí uma enorme lista de cassações de deputados, prefeitos, vereadores, juízes e militares. Tragicamente, a aposentadoria de Costa e Silva se deu a partir de 31 de agosto de 1969, quando foi substituído na Presidência por motivo de saúde (trombose cerebral). Por volta das 13 horas do dia 17 de dezembro de 1969 o general Arthur da Costa e Silva começou a sentir-se mal e, às 15h45, morreu de um ataque cardíaco. Foi parte de seu discurso: “Elegendo-me Presidente da República para o próximo quadriênio, em nome do povo brasileiro, de quem sois legítimos representantes, acabais de conferir-me o mandato mais honroso que um brasileiro pode aspirar. A vossa decisão envolve o ato de suprema confiança que podereis depositar num concidadão. Eu o acolho com grave emoção, a emoção de ingente responsabilidade que, eleito, assumo, desde já, comigo mesmo perante a Nação [...]”.

Costa e Silva

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Solar dos Airizes


trouxe a seguinte notícia:

O empresário Nelson Lamego mostrou-se disposto a doar o Solar dos Airizes para o poder público municipal, tendo em vista que a prefeita Rosinha Garotinho está interessada em criar ali um espaço cultural, como o Museu do Açúcar ou o Museu de Arte Popular - informou o secretário Municipal de Cultura, Orávio de Campos Soares, segundo release postado no portal de notícias na Prefeitura de Campos (aqui).
No próximo sábado, Orávio vai liderar uma comitiva que vai visitar o prédio histórico para verificar as condições.
(Informações da Secom/PMCG).

Foto de: Wellington Cordeiro/Blog 3x4 e Blog Eu penso que.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Recomeço das palestras do Instituto Historiar

O Instituto Historiar, recomeçará na próxima semana, suas palestras sobre a história de Campos dos Goytacazes; serão feitas por Hélvio Cordeiro, Leandro Cordeiro e Enockes Cavalar, representantes do Instituto Historiar, tendo como local, o CIEP Nilo Peçanha no bairro da Lapa.

Representantes do Instituto Historiar


Foto: Wellington Cordeiro (colaborador).

segunda-feira, 9 de março de 2009

Série Presidentes do Brasil

HUMBERTO DE ALENCAR CASTELLO BRANCO:
Nasceu no dia 20 de setembro de 1897 na cidade de Mecejana, distrito de Fortaleza no Ceará. Filho de Cândido Borges Castello Branco e dona Antonieta de Alencar Castello Branco. Chegou ao Rio de Janeiro com 2 anos de idade. Aos 6 anos, estava em Recife, onde foi matriculado no Colégio São Rafael, dirigido por duas freiras. Uma delas (a Irmã Inês) chamou seus pais para dizer que não via grandes chances de sucesso na tarefa de educar o pequeno Humberto, em virtude de sua limitada capacidade e suas deficiências intelectuais. No ano seguinte, a família regressou a Fortaleza, onde passaria quatro anos. Humberto começou a gostar de estudar e, principalmente, a experimentar as despreocupações de uma infância estável. O estudo em nada atrapalhou os interesses do menino. Nesse período de 4 anos, Humberto descobriu o prazer pelo estudo, chegando a memorizar trechos inteiros dos livros de José de Alencar, que estava entre os de sua leitura constante. Entre 1909 e 1911, freqüentou três escolas diferentes. Em Recife, estudou no Colégio Aires Gama; depois, foi para o Liceu do Piauí, em Teresina; em seguida, para o do Maranhão, São Luís. Em Teresina, ajudou o irmão Candinho a fazer um pequeno jornal do Liceu e foi o único dos sete alunos de sua turma a passar de ano. O estudo no Liceu do Maranhão foi interrompido em 1912, quando o pai foi transferido para o Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Por sua solicitação, o pai o matriculou na Escola Militar, que estava para ser inaugurada em Porto Alegre, descartando a hipótese de ser mandado para estudar no Rio de Janeiro. Para matriculá-lo e ter direito ao ensino gratuito, seu registro de nascimento foi adulterado. Ele, oficialmente, passara a pertencer à geração de 1900. Estava legalmente três anos mais novo (porque apenas os menores de 12 anos podiam estudar no Colégio Militar com gratuidade), porque, na realidade Humberto já havia completado 14 anos. Completou o curso preliminar em 1913, obtendo nota máxima, repetindo seu bom desempenho no ano seguinte, no curso geral. Estando afastado da família que havia seguido para o Recife e depois, para o Rio de Janeiro, ele se concentrava nos estudos e nas leituras literárias, que o levou a ingressar na Sociedade Cívica e Literária do colégio, da qual se tornou orador, em 1916. No início do último ano de curso, Castello Branco exibia a segunda melhor média entre todos os alunos (o primeiro lugar, como sempre, era do colega Arthur da Costa e Silva), que se sentiu, no ano de 1917, pronto pra iniciar seus estudos no Rio de Janeiro. Em 1919, quando estava com 22 anos, conheceu a jovem Argentina Vianna através de sua irmã Lurdinha que morava em Belo Horizonte, depois de uma visita, que incentivou o começo do namoro. Casaram-se no dia 06 de fevereiro de 1922 e tiveram dois filhos: Antonieta e Paulo. Para chegar à Presidência da República, Castello Branco havia ingressado como cadete na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro. No ano seguinte optou pela Infantaria, concluindo o curso em 1921, passando a aspirante a oficial, sendo transferido para a 2ª Companhia do 12º Regimento de Infantaria em Belo Horizonte. No ano seguinte foi promovido a segundo-tenente. Em 1922, foi promovido a primeiro-tenente. Em 1924, recebeu indicação para cursar a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, na Vila Militar, no Rio de Janeiro, concluindo seu curso no final deste mesmo ano como segundo melhor aluno da turma. Em 1927, foi designado ajudante de instrutor de Infantaria, em Realengo. Em 1931, iniciou o último ano do curso, concluindo em 1932, quando passou para assistente do diretor de estudos militares na Escola de Realengo. Em 1933, começou a publicar artigos no jornal “Gazeta do Rio”, sobre os seus conceitos do papel do Exército e dos militares na política em estreita relação com os trabalhos da Assembléia Constituinte, assinando como “Coronel Y”. Em 1936, fez um requerimento para estudar na Escola Superior de Guerra, em Paris, e teve o apoio do major Floriano de Lima Brayner, do gabinete do Ministro da Guerra. Depois de um período de dois anos, concluiu o curso com grande destaque, retornando ao Brasil. Em 1942, Castello Branco foi promovido a tenente-coronel e mandado aos Estados Unidos para fazer cursos de especialização. Em 1943, no período da Segunda Guerra Mundial, foi escolhido para chefiar a 3ª Seção da Primeira Divisão de Infantaria da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Após mais de um ano e meio de preparação, as tropas brasileiras embarcaram para a Itália em 02 de julho de 1944. O fim da guerra em maio veio com uma promoção para Castello Branco, no dia 17, ao posto de chefe interino do Estado-Maior, recebendo também do Exército Norte-Americano a Estrela de Bronze e uma citação de eficiência no combate. No final de junho do ano seguinte, recebeu sua promoção a coronel. Em 1949, foi transferido para a chefia da Seção de Operações do Estado-Maior e, em 1952, foi promovido a general-de-brigada. Em 1958 foi promovido ao posto de general-de-divisão, e, em 1962, recebeu a quarta estrela, representando sua promoção a general-de-exército. Com os ânimos acirrados na política, com a deposição e depois o retorno, do presidente João Goulart, com amplos poderes no cargo, desagradou a vários segmentos, culminando com a deposição do Presidente e iniciando o período dos governos militares. Humberto de Alencar Castello Branco aceitou a indicação de seu nome, através do Ato Institucional nº 01, de 09 de abril de 1964, para a Presidência da República. Castello Branco tinha mais dois concorrentes à presidência e venceu com 361 votos. Depois que assumiu a presidência, Castello Branco deu continuidade ao processo de cassações de mandatos parlamentares e direitos políticos, que vinham ocorrendo desde o início do movimento militar, onde cassou Juscelino Kubitschek em 08 de junho. Neste período foi instalado o Serviço Nacional de Informação (SNI), sob a chefia do general Golbery do Couto e Silva. Em agosto, era anunciado o Plano de Ação Econômica do Governo, que tinha como objetivos principais conter a inflação e retomar o crescimento econômico. Em novembro foi sancionada a Lei nº 4.464/64, conhecida como “Lei Suplicy”, que proibia atividade política de entidades estudantis. Pouco mais de quatro meses de criado o PAEG, o ano terminava com um índice de inflação de 92,1%, enquanto o crescimento da economia era de 3,4%. Castello Branco, que ficaria no governo pelo tempo restante do governo João Goulart, teve seu mandato prorrogado em um ano, pela Emenda Constitucional nº 09, de julho. Em outubro, Castello Branco baixou o Ato Institucional nº 02, que derrogou a Constituição de 1946 e aumentou os poderes da Presidência da República. Os partidos políticos foram extintos, e a norma para a escolha dos futuros presidentes passou a ser a eleição indireta. A Justiça Militar estendeu sua atuação também para crimes civis contra a segurança nacional. O sistema partidário foi reorganizado pelo Ato Complementar nº 04, assinado em novembro. O Brasil passou a contar somente com 2 partidos políticos: A Aliança Renovadora Nacional (Arena), (aliada do governo e formada pelos integrantes da UDN), e o Movimento Democrático Nacional (MDB), (formado pelos integrantes do PDS e PTB). A inflação anual apresentou queda de 34,2%, enquanto o crescimento da economia era de 2,44%. Em janeiro de 1967, o Congresso aprovou o texto da nova Constituição. Antes de terminar o mandato, Castello Branco editou a nova Lei de Segurança Nacional. Ambos os documentos jurídicos entraram em vigor no dia da posse de Costa e Silva, em 15 de março de 1967. Quatro meses depois de deixar a Presidência, Humberto de Alencar Castello Branco foi vítima de um acidente aéreo, no dia 19 de julho de 1967, numa pequena aeronave em que viajava, colidindo com um dos aviões T-33 que voavam em formação. Neste mesmo acidente, morreram: Cândido Castello Branco, o major Nepomuceno Assis e a escritora Alba Frota. Foi parte de seu discurso: “[...] Não me faltou mesmo a ímpar oportunidade de participar em operações de guerra nos quadros da gloriosa Força Expedicionária Brasileira. Se nos bancos escolares senti em mim mesmo como se forjava o ideal militar, em todos os demais escalões encontrei sempre estimulantes exemplos de devotamento e da maior dedicação. Fruto dessa larga e árdua experiência vivida, desejo aqui transmitir a meus últimos subordinados, nos quais revejo velhos camaradas de longos anos passados, uma derradeira mensagem minha [...] Capacidade profissional, dignidade no exercício de qualquer função, empenho máximo em criar salutar clima de camaradagem, lealdade a toda prova e em todos os sentidos, respeito à autoridade dentro da lei e iniciativa orientada por uma disciplina intelectual consciente [...]”.



Castello Branco

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.