segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ARTHUR DA SILVA BERNARDES:

Nasceu no dia 08 de agosto de 1875, na cidade de Viçosa, Minas Gerais. Filho de Antônio da Silva Bernardes e Maria Aniceta Bernardes. Viveu modestamente como uma criança comum de uma pequena cidade do interior mineiro, como era Viçosa, começando a trabalhar muito cedo, em virtude das dificuldades financeiras da família. Até 12 anos, Bernardes estudou em Viçosa. No final de 1887, foi matriculado no tradicional Colégio da Senhora Mãe dos Homens da Serra do Caraça, a rigorosa instituição de ensino dos missionários lazaristas em Minas Gerais. Permaneceu no internato por apenas dois anos, pois a família não podia pagar. Em 1894, um decreto do presidente de Minas Gerais, Afonso Pena, passou a permitir o acesso ao externato do Colégio Mineiro por meio de concurso. Bernardes, disposto a retornar aos estudos, abandonou o emprego em Viçosa e mudou-se para Ouro Preto, onde começou a freqüentar um curso particular com o objetivo de obter os diplomas secundários e estudar para os exames preparatórios de admissão ao curso superior. Antes de terminar esses exames, matriculou-se como aluno ouvinte na Faculdade Livre de Direito. Essa estratégia permitiu que ele, vencidos os exames preparatórios, solicitasse a realização das provas finais do 1º ano de Direito em segunda época, sendo aprovado em 1897. Em 1899, transferiu-se para a Faculdade de Direito de São Paulo, onde concluiu seu curso em 1900, voltando para Viçosa já como advogado. Durante o ano de 1897, morando e estudando em Ouro Preto, alistou-se no Batalhão Patriótico Bias Fortes e compôs a diretoria do jornal “Academia”. No período entre 1899 e 1900, quando estudou em São Paulo, conseguiu emprego como revisor no jornal “Correio Paulistano”, órgão oficial do Partido Republicano. Seu domínio do idioma, do qual era sempre zeloso, valeu-lhe um lugar como professor de Latim e Português no Instituto de Ciências e Letras de São Paulo, ao qual chegou como concursado. Depois de concluir o curso de Direito, montou escritório em Viçosa, em 1900. O advogado Arthur Bernardes tinha 28 anos em 15 de julho de 1903, quando se casou com Clélia Vaz de Melo, filha do líder político Carlos Vaz de Melo. Tiveram oito filhos: Clélia, Arthur, Maria da Conceição, Dhalia, Rita, Sylvia, Geraldo e Maria de Pompéia. Ingressou na política em 1903, assumindo o comando político municipal e a direção do jornal “Cidade de Viçosa”, por conta da morte do sogro. Até chegar ao Palácio do Catete, Arthur Bernardes passou pela Presidência da Câmara de Viçosa, em 1906; foi deputado federal eleito em 1909; secretário de Finanças de Delfim Moreira na Presidência de Minas, de 1914 a 1918. Ao terminar seu mandato no governo mineiro, em 1922, saiu para assumir a Presidência da República. Tendo galgado tais postos com tanta rapidez, que ficou faltando o Senado, onde teve seu lugar assegurado como ex-presidente, seguindo a praxe da época. Entre as melhorias que implementou em Viçosa, no período em que foi secretário de Finanças, podem ser citadas: luz elétrica, rede de esgotos, calçamento de ruas, escolas e estrada de ferro. Já na Presidência do Estado, construiu a Escola Superior de Agricultura de Viçosa e fundou a Colônia Agrícola Vaz de Melo, em homenagem ao seu sogro. A Presidência da República, como diziam seus aliados, era um caminho natural da carreira política de Bernardes. De fato, já na eleição de abril de 1919, que escolheria o substituto de Rodrigues Alves, seu nome foi cogitado, mas o plano não progrediu. O nome de consenso foi o de Epitácio Pessoa. Mas no pleito seguinte, o “rodízio” do sistema café-com-leite indicava que era a vez de Minas ter um nome na cabeça de chapa, e Arthur Bernardes foi o indicado como candidato à Presidência. Dessa vez, porém, o Rio Grande do Sul se opôs e formou a “Reação Republicana”, contando com o apoio de militares, de Pernambuco, Rio de Janeiro e Bahia. Arthur Bernardes foi eleito com 466.877 votos, correspondente a 56% dos votos válidos. A posse de Bernardes não trouxe a pacificação dos ânimos. A figura do nacionalista defensor da soberania brasileira em relação ao petróleo e à Amazônia mistura-se com a do presidente que passou seus quatro anos de mandato governando sob estado de sítio. Bernardes passou por muitas crises em seu governo. A primeira veio do Rio Grande do Sul em 1923, com um conflito armado, que só acabou quando foi negociada uma solução. Em 1924, a revolta ocorreu na cidade de São Paulo, com conseqüências muito mais sérias. Militares, com o apoio da população, depuseram o presidente paulista Carlos de Campos e tomaram o poder estadual. A resposta do governo foi bruta. Forças legalistas bombardearam a cidade durante quase um mês inteiro, usando até aviões, provocando morte e destruição. Os rebeldes de São Paulo se juntaram aos gaúchos e começaram os preparativos da Coluna Prestes, e uma dor de cabeça que acompanharia Arthur Bernardes pelo resto de seu governo. No Legislativo, Bernardes reviu a Constituição e, desde sua posse, tentou aprovar uma lei de imprensa que lhe daria meios legais para controlar os veículos de comunicação e “defender-se” dos chamados crimes de injúria e calúnia. Na área social, estabeleceu a lei de férias anuais de 15 dias para comerciários, operários e bancários, e reorganizou em sistemas as caixas de aposentadoria e pensão. Símbolo das revoltas de seu governo, foi a criação da casa de detenção de Clevelândia (em plena Amazônia) apontada como “o mais tétrico dos campos de concentração da época”, e sua conivência com as prisões e os espancamentos da polícia do Rio de Janeiro, chefiada pelo general Fontoura. Com a firmeza do seu nacionalismo, deu grandes vitórias às áreas da siderurgia, como o aumento da produção de minério de ferro da Vale do Rio Doce. O mandato presidencial de Arthur Bernardes acabou. Seguindo as antigas tradições que a República havia mantido, seu lugar no Senado estava assegurado, e ele tomou posse como senador em 1927. No dia em que desembarcou no Rio de Janeiro para assumir o mandato, o ex-presidente foi agredido por uma multidão que lhe atirava todo tipo de objetos. Um grupo de estudantes o recebeu com o coro: “Presidente Clevelândia”. Era a manifestação popular contra a brutalidade do governo recém-concluído. Mas recomeçava aí sua luta em defesa dos interesses nacionais na tribuna do Legislativo, que acabou por resgatar a admiração pelo político e o levou a conseguir o apoio de antigos desafetos, como Assis Chateaubriand, e até uma convivência política com Carlos Lacerda, cujo pai havia sido preso por Bernardes. Não chegou a concluir seu mandato por causa de sua participação como chefe das forças mineiras na “Revolução de 32”. Bernardes foi preso em Minas e confinado na ilha do Rijo e, depois, no Forte do Vigia, no Leme, Rio de Janeiro, antes de partir para o exílio. Seu embarque para Portugal foi cercado pela violência. Tentativas de agressão fizeram a família subir correndo no navio. No cais, parentes e amigos que se despediam viram-se no meio de um tiroteio. De lá, continuou a se corresponder com seus correligionários. E, quando Getúlio Vargas decidiu finalmente convocar a Assembléia Constituinte em 1934, ele retornou ao Brasil a tempo de ser eleito deputado federal e participar da discussão da nova Carta Magna. Quando do golpe que instituiu o Estado Novo, Bernardes perdeu seu mandato e ficou afastado da política até a queda de Vargas, ocasião em que foi mais uma vez eleito deputado federal para uma nova Constituinte, dessa vez a de 1946, retornou à Câmara em 1950, como suplente, e em 1954 também, mandato que honrou até a véspera de sua morte. Ao final da carreira, após ter passado por todos os postos do governo, Arthur Bernardes não tinha bens materiais senão os compatíveis com economias feitas ao longo de uma vida. Analisando essa situação, Paulo Amora escreveu: “Teve nas mãos a fortuna. De consciência tranqüila e mãos limpas, morreu pobre”. Arthur da Silva Bernardes faleceu no dia 23 de março de 1955, aos 79 anos, em sua residência no Rio de Janeiro. No dia anterior, havia comparecido normalmente à Câmara, onde presidiu a reunião da comissão especial sobre o petróleo. Mais tarde, queixando-se de dores em uma das pernas, perdendo o equilíbrio. Era o primeiro infarto. Logo que recobrou a consciência, Bernardes pediu à família que um padre fosse chamado. Após comungar com o frei Cassiano de Vila Rosa, seu confessor e amigo, o ex-presidente deitou a cabeça no travesseiro e dormiu. Um segundo infarto provocou uma morte serena, exatamente às 13h45. Foi o seu discurso: “[...] O Brasil toma sempre na devida conta e é muito sensível a essas provas de simpatia e amizade que as outras nações freqüentemente lhe testemunham e às quais, por seu lado, agradece com sincera efusão e desvanecimento. Procuramos honrar lealmente esse conceito, trabalhando com afinco em favor da paz, que é a melhor garantia do progresso em todos os povos. Podeis assegurar aos vossos augustos soberanos e governos que entre as minhas preocupações de chefe de Estado nenhuma será mais constante do que esta. Os vínculos de solidariedade internacional, que cada vez nos prendem mais e, através de todas as vicissitudes, vão felizmente estabelecendo para a humanidade a segurança de um futuro melhor [...]”.

ARTHUR BERNARDES


Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

sábado, 25 de outubro de 2008

REFORMA DO PRÉDIO DO MUSEU

Construído no século XVIII para ser a residência do Sr. José Carneiro da Silva, o primeiro Visconde de Araruama, o prédio de estilo neoclássico foi adquirido pela Municipalidade em 1870. Sediou a Prefeitura e a Câmara Municipal de Campos e foi tombado pelo INEPAC em 1986. Seu segundo prédio chegou a ser adaptado para ser sede do Corpo de Bombeiros, mas nele foi instalado a Biblioteca Municipal, que atualmente funciona no Palácio da Cultura, e em seu primeiro prédio foi instalado o Museu de Campos. Havendo a necessidade de reforma, o Museu foi fechado e, por muito tempo se cobrava uma mobilização para sua restauração. Acompanhando as obras, que iniciaram em 30/09, estamos dando conta do que já foi feito até agora. Com certeza, o Instituto Historiar vai estar como observador desta reforma até ver o Museu reaberto ao público.
Reforma do Museu



Texto: Hélvio Cordeiro (membro do Instituto Historiar)
Fotos: Juarez Fernandes e Antonio Leudo (colaboradores).
Postagem: Leandro Cordeiro (membro do Instituto Historiar.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Greve Bancária passado e presente


Monitor Campista (Coluna Memória) 21 de outubro de 1958.

No passado:
Greve Bancária
– Os estabelecimentos bancários, através de seus representantes entraram na justiça do trabalho com um pedido de dissídio coletivo, tendo em vista a reivindicação dos bancários pleiteando aumento salarial. Os bancários de Campos, assim como os de outros Estados, estarão reunidos hoje, em grande assembléia sob a presidência do Sr. José Costa, a fim de deliberarem sobre a atitude que a classe adotará, face ao novo rumo do encaminhamento do problema. Se não for obtido acordo em bases razoáveis, acredita-se que os bancários estariam em greve. O representante da entidade local seguirá amanhã para o Rio a fim de tomar parte na assembléia geral dos bancários.

No Presente:

Greve Bancária: A notícia acima, olhada desatentamente, poderia representar a situação atual em Campos dos Goytacazes, onde os bancários entraram novamente em greve.
Depois de voltarem ao serviço bancário, retornaram com a greve e só voltarão ao serviço normal quando a Federação Nacional dos Banqueiros (Fenaban) fizer um acordo salarial.
Alguns bancos teriam obrigado seus funcionários a retornarem ao serviço, por ameaça de demissões. Mas, voltam agora à greve, que já dura alguns dias, em aproximadamente 25 agências.

Bancos em greve


Fonte: Jornal Monitor Campista
Texto: Leandro Cordeiro e Hélvio Cordeiro (membros do Instituto Historiar).
Foto: Antonio Leudo (colaborador).

domingo, 19 de outubro de 2008

Série Presidentes do Brasil

EPITÁCIO LINDOLFO DA SILVA PESSOA:
Nasceu no dia 23 de maio de 1865, na casa dos Barros, Fazenda Marcos de Castro, em Umbuzeiro, Paraíba. Filho de José da Silva Pessoa e Henriqueta Barbosa de Lucena. Aos oito anos de idade, Epitácio Pessoa ficou órfão de pai e mãe e, junto com seu irmão, foi enviado para Pernambuco, onde ficaram sob a responsabilidade do tio, desembargador Henrique Pereira de Lucena. Em 1874, conseguiu uma bolsa de internato no Ginásio Pernambucano, e ali, foi um aluno brilhante nos cursos secundaristas. A tal ponto que, quando o governo da Província acabou com as bolsas no colégio por medida de economia, a de Epitácio Pessoa foi mantida, a pedido do diretor, monsenhor Eduardo Pereira. Nos últimos anos do ginásio, ele foi morar com a tia Marocas, que tinha sido casada em primeiras núpcias com um irmão de seu pai. Em 1882, matriculou-se na Faculdade de Direito de Recife, dominada então pelo prestígio do poeta Tobias Barreto. A fim de pagar as despesas da faculdade, matrícula, livros, dava aulas particulares. Continuava morando com sua tia Marocas. Manteve sempre notas máximas e foi aprovado com distinção e louvor em todas as matérias, do primeiro ao último ano. Durante as férias da faculdade, Epitácio Pessoa ia para o interior e ficava, normalmente, na casa de sua irmã Miranda. Em 1883, terminado o segundo ano de Direito, foi passar as férias com o padrinho no Ingá, interior da Paraíba. Este foi seu primeiro passo na vida profissional. Foi convidado pelo juiz de direito para ser acusador de diversas questões criminais. As acusações foram brilhantes. Vinha gente de toda parte para ver e ouvir o promotor, um jovem franzino de apenas 18 anos. No quarto ano do curso, o catedrático de Direito Constitucional, Tarquínio de Souza, que, em trinta anos de magistério, ainda não tinha dado nota máxima a nenhum aluno, concedeu a Epitácio o inacreditável 10, com uma observação escrita na prova: “Não é prova de estudante, é prova de mestre!”. Epitácio Pessoa formou-se em 1886, dedicando-se à carreira jurídica por mais de cinqüenta anos. Não tinha propriamente vocação literária. Epitácio tinha 29 anos quando se casou com Francisca Justiniana das Chagas, em junho de 1894 e em 1895, Francisca faleceu ao dar à luz um menino natimorto. Epitácio já estava viúvo a longo tempo quando amigos apresentaram Maria da Conceição Manso Sayão. Ficaram noivos em setembro de 1898 e se casaram em novembro do mesmo ano e tiveram três filhas: Laura, Angelina e Helena. Assim que se formou, em 1886, Epitácio Pessoa iniciou carreira como promotor, na Comarca de Cabo, em Pernambuco, depois passou a promotor interino em Bom Jardim, também em Pernambuco, e foi elevado a promotor efetivo em 1887. Foi para o Rio de Janeiro em 1889, mas teve que retornar à sua terra natal, por ter sido convidado para assumir a Secretaria de Governo da Paraíba. Em 1890 foi eleito deputado à Constituinte pela Paraíba e, em 1891, nomeado por decreto, passou a professor catedrático da Faculdade de Direito de Recife. Em 1898, foi nomeado ministro da Justiça e Negócios Interiores no governo de Campos Salles até 1901. Em 1902, Epitácio Pessoa foi nomeado Procurador Geral da República e, por seus trabalhos publicados a pedido do Barão do Rio Branco, foi proclamado membro titular da Corte Permanente de Justiça Internacional de Haia. Em 1912, aos 47 anos, aposentou-se do STF com vencimentos integrais, por motivo de invalidez (cálculo na vesícula). No mesmo ano foi eleito senador pela Paraíba, mas logo depois, partiu para a Europa, ficando por lá até 1914. Em 1919, Epitácio Pessoa liderou a delegação brasileira à Conferência de Paz de Versalhes, que redesenhou o mapa da Europa e de suas colônias depois da Primeira Guerra Mundial. A Convenção de 1919, naquela época, quatro pessoas escolhiam o candidato a futuro presidente da República: aquele que terminava o mandato e os presidentes de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, e o indicado foi Epitácio Pessoa, para concorrer contra Rui Barbosa. Epitácio venceu as eleições diretas com 286.373 votos, e o Vice-Presidente eleito foi Delfim Moreira, que deixava a Presidência como substituto do presidente Rodrigues Alves. Primeiro nordestino a dirigir o país pelo voto direto, Epitácio Pessoa teve uma posse muito concorrida no dia 28 de julho de 1919. A administração de Epitácio Pessoa não foi muito diferente da ação de governantes anteriores. Desde o início do mandato, Epitácio procurou assegurar o apoio dos três Estados que o haviam indicado para o cargo. Tanto assim que seis dos sete ministros nomeados eram paulistas, mineiros e gaúchos. A primeira novidade de sua administração foi indicar civis para os ministérios da Guerra e da Marinha. Apesar de grande indignação nos quartéis, assumiram: Pandiá Calógeras para o Ministério da Guerra e Raul Soares para o da Marinha. Epitácio Pessoa iniciou seu governo com o país em boa situação financeira. A Primeira Guerra Mundial tivera efeitos nocivos, mas também positivos, obrigando o Brasil a substituir importações e aumentar a atividade industrial. Antes de completar três meses de governo, teve início um grande movimento grevista em São Paulo. O presidente não teve dúvidas: mandou fechar um dos principais jornais da classe operária, “A Plebe”, e expulsou do país seus redatores: Gigi Damiani, Silvano Antonelli e Alessandro Zanelli. Para tentar recuperar a economia na região nordestina, lançou em dezembro o Programa de Combate à Seca no Nordeste, buscando ajuda financeira nos Estados Unidos. Foi a maior obra do governo Epitácio Pessoa. O governo contratou serviços de barragens, portos, estradas de ferro e de rodagem, comprando grande quantidade de material de toda espécie. Construiu mais de 200 açudes na região, 220 poços, 500 quilômetros de vias férreas locais. Em 1920, foi fundada a primeira universidade do país: a atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), formada pelas faculdades de Medicina, Direito e pela Escola Politécnica. Revogado o decreto do Governo Provisório que havia expulsado do país a família imperial, o presidente determinou a transferência para o Brasil dos restos mortais do imperador D. Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina, que aqui chegaram em 1921, sendo trasladado para a Catedral de Petrópolis, local de seu jazigo definitivo. Organizado pelo escritor Graça Aranha, inaugurava-se no Teatro Municipal de São Paulo, um novo período nas artes brasileiras, a Semana de Arte Moderna. No interior do país, surgia uma nova dor de cabeça para o presidente, o cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva) juntou seu bando aos 65 homens de Sinhô Pereira no Ceará, provocando desde aí um ciclo de combates que só se encerraria dezesseis anos mais tarde. No período, tornou-se conhecido como o “Rei do Cangaço” (e só foi morto em 1938). Em 1922, o presidente mandou fechar o Clube Militar e prender o ex-presidente Hermes da Fonseca. Em setembro de 1922, foi oficializada a letra para o Hino Nacional do Brasil, de autoria de Osório Duque Estrada. No dia 07 de setembro, no Rio de Janeiro, o Centenário da Independência foi comemorado com a Exposição Internacional onde se deu a primeira transmissão de rádio no país. Em outubro, criou-se no Rio de Janeiro o Museu Histórico Nacional, instalado em salas do edifício do Arsenal de Guerra, na Ponta do Calabouço. Eleito Arthur Bernardes para a Presidência da República, em 15 de novembro, dia da posse, Epitácio Pessoa chegou ao Palácio do Catete bem cedo e chamou todos os funcionários e agradeceu a cada um deles, do mais alto escalão até ao porteiro. Após o término da cerimônia, seguiu para o Hotel Glória, na zona sul da cidade, onde ficou hospedado. Depois da presidência, Epitácio Pessoa continuou participando da vida pública onde voltou ao Senado e ao mesmo tempo, exercia o cargo de juiz da Corte Permanente de Justiça Internacional de Haia. A doença de Parkinson fez Epitácio se recolher. Lutava contra a dor do endurecimento muscular progressivo, mal encontrando posição de repouso. Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa morreu aos 76 anos, no dia 13 de fevereiro de 1942, em seu sítio de Nova Betânia. Representando a Presidência da República, compareceu ao enterro o ministro do Exterior de Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha. Foi seu discurso: “A ausência de partidos com programas definidos, devido em grande parte à falta de verdade eleitoral, observada desde o alistamento até as votações, fez com que a vida pública no Brasil perdesse o estímulo do entusiasmo, a inspiração das novas idéias que são a força motriz da opinião. O exercício do poder, ao abrigo das vicissitudes do julgamento eleitoral, foi diminuindo a sensibilidade dos homens públicos às impressões de certas correntes de opinião às vezes sutis pela delicadeza de sua origem, tornando-os, em vez disto, muito expostos à influência de certos instrumentos de violência intelectual [...]”.

EPITÁCIO PESSOA

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio
.

domingo, 12 de outubro de 2008

Série Presidentes do Brasil


DELFIM MOREIRA DA COSTA RIBEIRO:
Nascido em 07 de novembro de 1868, na Fazenda da Pedra, município de Cristina, Minas Gerais, filho de Antônio Moreira da Costa e Dª Maria Cândida Ribeiro. Quando Antônio Moreira adquiriu a Fazenda da Pedra Redonda, mudou-se com a família para Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais, mais tarde, passando o nome da propriedade para Fazenda Moreira. Iniciou o curso primário no Colégio Santa Rita, dirigido pelo padre Francisco Fraissat, passando depois para o Colégio Mendonça, em Pouso Alegre. Fez os preparatórios no seminário de Mariana. Aborrecido com a rigidez da disciplina do regime de internato, abandonou os estudos pelo período de um ano. Quando decidiu concluir o curso, foi para São Paulo e matriculou-se no Colégio Joaquim Carlos, que se localizava na Ladeira Porto Geral. Terminado o curso preparatório, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo em 1886. Em 1888, com seus colegas Pinto de Moura e Estevão Lobo, fundou os jornais “Vinte e Um de Abril” e “A República Mineira”, nos quais publicou vários artigos. Cooperou na reorganização do Clube Republicano Acadêmico. Em 04 de dezembro de 1890, com recém-completados 22 anos de idade, conquistou o grau de bacharel pela Faculdade de Direito de São Paulo. Um ano após a formatura, em 11 de abril de 1891, casou-se com sua prima Francisca Ribeiro de Abreu, que era natural de Pedra Branca (hoje Pedralva), sul de Minas Gerais, e tiveram seis filhos: Antônio, Delfim, Maria da Glória, Francisco, Edgard e Maria Aparecida. Depois de formado, Delfim Moreira foi nomeado promotor público em Santa Rita do Sapucaí, cidade que amou com devoção. Ocupou esse cargo pelo prazo de um ano, passando, em seguida, o de juiz municipal na mesma cidade. Após um ano na função, foi nomeado promotor público, dessa vez em Pouso Alegre, onde também permaneceu por um ano. Iniciou carreira política como vereador, tornando-se logo presidente da Câmara Municipal de Santa Rita do Sapucaí. Na segunda legislatura republicana em Minas Gerais, sendo Bias Fortes presidente do Estado, foi indicado como candidato e eleito deputado estadual (1894-1902). Reeleito para a legislatura seguinte foi convidado a ocupar o cargo de secretário do Interior pelo recém-empossado presidente do Estado, Francisco Antônio Sales. Deixou a função em 1906, quando foi eleito senador federal com a precoce idade de 38 anos. Não se achando com idade e responsabilidade suficiente pra assumir esse cargo, retornou a Santa Rita do Sapucaí, ficando na Fazenda do Turvo, pertencente a parentes, por algum tempo. Em 1908, dois anos depois de eleito para o Senado, foi finalmente ocupar a cadeira que lhe cabia no Congresso no Rio de Janeiro. Em 1910, foi novamente convidado a ocupar o cargo de secretário do Interior; dessa vez, durante o mandato de Júlio Bueno Brandão como presidente do Estado. Chegou ao posto máximo da política estadual em 1914, eleito presidente de Minas Gerais. Durante sua gestão, quem estava na Presidência da República do Brasil era o seu primo Wenceslau Braz. Delfim Moreira dedicou especial atenção à educação e à agricultura, construindo escolas e cuidando da profilaxia de moléstias do meio rural. Dotou o Estado de Minas de pontes e estradas em todos os recantos. No tocante à economia, reduziu consideravelmente o débito flutuante do Estado, que passou de Cr$ 30.094.593,81 para Cr$ 13.000.000,00 ao término de seu mandato. Antes de deixar a Presidência de Minas, concorreu à Vice-Presidência da República e foi eleito. A chapa vencedora para o quadriênio 1918-1922 representou a consolidação da política café-com-leite, com um paulista e um mineiro nos cargos máximos da política nacional: Rodrigues Alves foi eleito pela segunda vez à Presidência, tendo Delfim Moreira como vice, recebendo 382.491 votos. Rodrigues Alves, eleito para um segundo mandato presidencial em março de 1918, permaneceu em sua cidade natal, Guaratinguetá, onde começou a organizar o governo. Em virtude de ter contraído a gripe espanhola e como sua saúde não apresentasse melhoras, enviou em 14 de novembro, na véspera da posse, um comunicado ao Congresso Nacional, notificando que passava o cargo a seu vice, Delfim Moreira – que assim se tornou presidente substituto e sucessor de seu primo e colega de faculdade Wenceslau Braz. Empossado no cargo de presidente em 15 de novembro de 1918, passou a viver uma situação insólita. O presidente eleito e reconhecido instalou-se em sua residência particular do Rio de Janeiro, na Rua Senador Vergueiro, nas vizinhanças da sede oficial da Presidência, o Palácio do Catete. Para lá ia diariamente o presidente em exercício Delfim Moreira para conferenciar e despachar com Rodrigues Alves, procurando sempre cumprir suas determinações. Aos trinta minutos da madrugada de 16 de janeiro de 1919, o presidente Rodrigues Alves faleceu. Durante o período presidencial, que durou oito meses – apenas o tempo para convocar novas eleições, de acordo com a Constituição -, Delfim Moreira governou com o Ministério já escolhido por Rodrigues Alves. A única exceção foi o banqueiro João Ribeiro de Oliveira, a quem nomeou ministro da Fazenda porque o titular indicado pelo falecido presidente, pediu demissão. O curto mandato, conhecido como “regência republicana”, fez com que Delfim Moreira tivesse que agir com moderação e tato, contando para isso com a cooperação de seu conterrâneo Afrânio de Melo Franco, ministro da Viação e Obras Públicas, a quem delegou a maioria das funções da Presidência. De fato, a participação do ministro no governo era de tal ordem que o mandato de Delfim Moreira foi chamado de “o Consulado Melo Franco”. Com a colaboração desse ministro o presidente marcou sua passagem pelo governo principalmente pelas obras na capital federal – de certo modo, dava continuidade aos grandes trabalhos promovidos por Rodrigues Alves em seu primeiro mandato. Era prefeito do Rio de Janeiro o engenheiro Paulo de Frontim, que abriu várias avenidas, aumentou o abastecimento de água e construiu estradas. Quanto às finanças, abaladas pela recém-terminada Primeira Guerra Mundial, foi decisiva a atuação do financista João Ribeiro, que, apesar da agitação política reinante, as deixou saneadas. A doença de Delfim Moreira, cujos sintomas já se haviam manifestado desde os tempos de Presidência de Minas, agravava-se. As eleições de 1919, que levaram Epitácio Pessoa à Presidência, reconduziram Delfim Moreira à Vice-Presidência da república, mas este já não tinha disposição nem saúde para permanecer na política. Após passar o cargo para o presidente eleito no Rio de Janeiro, em julho do mesmo ano, “recolheu-se ao seio da família em Santa Rita do Sapucaí”. Em 1º de julho de 1920, de madrugada, faleceu Delfim Moreira da Costa Ribeiro, cercado por seus familiares em Santa Rita do Sapucaí, ainda sem ter completado 52 anos. Seu corpo foi velado no fórum da cidade, de onde saiu para ser sepultado no jazigo da família Moreira. O enterro de Delfim Moreira foi providenciado pelo governo do Estado, foram fechadas todas as escolas e repartições públicas e quase toda população da cidade acompanhou o enterro até o cemitério, onde foram prestadas várias homenagens ao ilustre falecido. Mais tarde, ergueu-se em frente à sua moradia um busto de bronze feito pelo escultor Antônio de Matos, em cuja base se lê uma das suas mais sugestivas frases: “Fazei todo o bem possível sobre a Terra para que as gerações futuras vos abençoem a memória”. Quando assumiu a Presidência, declarou: “Prometo manter e cumprir com perfeita lealdade a Constituição Federal, promover o bem geral da República, observar as suas leis, sustentar-lhe a integridade e a independência”.

Delfim Moreira


Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

ANÚNCIO

Nasceu ontem, no Centro da Cidade de Campos dos Goytacazes, um menino a quem foi dado o nome de José Carlos do Patrocínio. Damos os parabéns a Dª Justina Maria do Espírito Santo, (Justina Quitandeira) pelo motivo de felicidade.


***

Este tipo de anúncio poderia estar em qualquer jornal da época, se não fosse o fato de o texto estar numa grafia diferente da antiga, e o seu conteúdo não tão bem explicado, por ser o menino Patrocínio (segundo informações de pesquisadores credenciados), filho de um padre e uma quitandeira negra, o que foi escondido naqueles tempos idos.
JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO: Foi um grande vulto, conhecido por sua luta contra a escravidão e chamado “Tigre da Abolição”. Era farmacêutico, acadêmico, jornalista, orador e romancista. Nasceu em Campos dos Goytacazes em 09 de outubro de 1853, filho do padre João Carlos Monteiro e da quitandeira da Praça das Verduras, Justina Maria do Espírito Santo. Escreveu: “Mota Coqueiro ou a pena de morte”, “Os Retirantes” e “Pedro Espanhol”. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e um dos mais árduos defensores da abolição da escravatura no Brasil. Nasceu e, por um bom tempo, viveu em um casarão em frente à Igreja da Matriz (hoje Catedral Diocesana), antiga residência do padre e depois Vigário João Carlos, prédio que foi demolido para abrigar o IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool). Foi casado com a Srª Maria Henriqueta Sena, e morreu em 30 de janeiro de 1905. Seus restos mortais, junto com o de sua esposa, encontram-se no “Panteão dos Heróis Campistas”, na Praça da Bandeira, anexo à Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima.




Certidão de Nascimento de Patrocínio



José do Patrocínio
Momentos de Patrocínio

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro e Enockes Cavalar (membros do Instituto Historiar.
Postagem: Leandro Cordeiro (Intituto Historiar).
Fotos: Acervo do Instituto Historiar.

domingo, 5 de outubro de 2008

Série Presidentes do Brasil

WENCESLAU BRAZ PEREIRA GOMES:
Nasceu no dia 26 de fevereiro de 1868, na cidade de São Caetano da Vargem Grande, em Minas Gerais, filho do coronel Francisco Braz Pereira Gomes e Dona Isabel Pereira dos Santos. Por viver em ambiente no qual a política era conversa diária, ele já se interessava pelos assuntos públicos aos 12 anos de idade. Iniciou os estudos com dois grandes mestres da época, Evaristo Rebel e Ezequiel Correia de Melo. As primeiras letras, aprendeu em casa com os pais. Para dar prosseguimento aos estudos, foi para São Paulo em 1884, acompanhando por dois anos os cursos preparatórios para a faculdade no Colégio Moretzon. Em 1886, matriculou-se na Academia de Direito, instalada no prédio do antigo Convento de São Francisco. Quatro anos depois, com 22 anos de idade, Wenceslau Braz formava-se bacharel, juntamente com seu primo Delfim Moreira. Quando ainda estudante, no tempo da Monarquia, Wenceslau Braz montou o Partido Republicano e Abolicionista em São Caetano da Vargem Grande. Conseguiu com alguns fazendeiros da região a libertação de escravos e fundou cursos de alfabetização com alguns amigos. Antes de se formar, Wenceslau já chamava a atenção de políticos, que o indicaram para concorrer a uma vaga como deputado estadual. Ele recusou a oferta, já que ainda não tinha a idade mínima exigida por lei. No dia 12 de setembro de 1892, casou-se com Maria Carneiro Pereira Gomes e com ela teve sete filhos: José, Odete, Francisco Wenceslau, João, Mário, Maria Isabel e Maria de Lourdes. Assim que se bacharelou em Direito, Wenceslau Braz regressou a Minas Gerais, iniciando carreira de advogado na cidade de Monte Santo e, logo depois, tornando-se vereador. Chegou à presidência do legislativo municipal. Assumiu a Promotoria Pública de Jacuí e cumpriu também mandato de deputado estadual pelo Partido Republicano Mineiro de 1892 a 1898. Deixando a Assembléia, assumiu a pasta do Interior, Justiça e Segurança Pública na administração de Francisco Silviano de Almeida Brandão, desempenhando essa função até 1902. No ano seguinte, tomou posse como deputado federal, permanecendo na Câmara até 1908. Nos dois anos seguintes ficou na Presidência de Minas Gerais e, logo depois, chegou à Vice-Presidência da República no mandato do marechal Hermes da Fonseca (1910-1914). Em 1912 foi um dos fundadores e presidente da Companhia Industrial Sul-Mineira. No ano seguinte, quando tiveram início as conversas sucessórias, o nome de Wenceslau Braz foi logo colocado como um forte candidato mineiro pra disputar a Presidência da República. O resultado da eleição já era esperado: com 532.107 votos estava Wenceslau Braz eleito para dirigir os destinos do País. Não foi fácil para conseguir organizar o seu Ministério. Primeiro, porque não queria fazer um governo pessoal. Depois, pretendia fazer valer as propostas da sua plataforma de campanha, na qual o presidente deveria se colocar acima dos partidos, e considerava que seu papel era o de conciliador e não dar privilégios a qualquer partido individualmente. Precisou de todo seu poder de conciliador para montar um ministério disposto a enfrentar tempos complicados. A primeira Guerra Mundial tinha curso na Europa e o País vivia em estado de sítio às vésperas de sua posse, a economia extremamente problemática, sofria com a inflação. Diante da situação precária das finanças, o presidente solicitou à Câmara e ao Senado que o seu salário fosse reduzido em 50%, e os congressistas concordaram que reduzissem apenas em 20%. Ato seguinte, determinou que fossem restringidos os gastos, sendo aprovadas somente as despesas muito necessárias, e proibiu o uso dos automóveis para fins pessoais. Devido à guerra, estava difícil importar manufaturados. Lentamente, à medida que o conflito mostrou que não encerraria tão cedo, a situação no Brasil começou a ser revertida. Iniciava-se um grande incentivo para substituir as importações, e teve também o aumento do consumo interno de gêneros alimentícios e matérias-primas, com isso, incentivando para que o Brasil produzisse muito mais e, com esse crescimento, começando os produtores a alcançar o nível de exportação como café, borracha e açúcar, e com isso passando a aliviar as dificuldades econômicas do País. Porém, dentro do Brasil também se enfrentava uma “guerra” em território restrito. Era a “Guerra do Contestado”, disputa por uma área limítrofe entre o Paraná e Santa Catarina, iniciada desde 1912. Foi como uma nova “Canudos sulista”, envolvendo populações pobres sob a liderança de um fanático religioso, o “monge” José Maria (Miguel Lucena de Boaventura), que durou cinco anos, envolvendo uma população em torno de 20 mil pessoas. Coube a Wenceslau Braz controlar o conflito, mediante investida do Exército que deixou 3 mil mortos. No dia 20 de outubro de 1916, representantes dos dois Estados assinaram no Palácio do Catete um convênio que acabou com a disputa. O mandato de Wenceslau Braz sofreu com a oposição e a resistência dos correligionários do ex-presidente Hermes da Fonseca e de seu aliado, o senador Pinheiro Machado, que eram contra as mudanças colocadas em prática pelo governo. O presidente buscou a conciliação inicialmente, mas acabou optando por manter-se neutro. Os resultados eleitorais acabavam invariavelmente no Supremo Tribunal Federal (STF). Assunto importante que entrou em pauta durante seu mandato foi a revisão da Constituição. Wenceslau Braz, que inicialmente era contrário à modificação do texto, foi convencido pelo cotidiano da administração de que alguns ajustes eram necessários. Entre os pontos cogitados para análise estavam: eleição indireta do presidente da República; autorização federal para empréstimos externos aos Estados; discriminação de rendas; nova definição dos casos para intervenção nos Estados; unificação do processo civil, comercial e criminal; abolição de remuneração nas prorrogações das sessões legislativas; difusão do ensino primário nos Estados sob a responsabilidade da União. Porém, o grupo anti-revisionista era forte e, conseguiu adiar a formação da Constituinte. A Constituição não saiu, mas o Código Civil sim. O País começava a encarar uma “guerra” muito pior que as outras. Era a “gripe espanhola”, que se instalou no Brasil depois da chegada de um navio com imigrantes vindos da Espanha (daí o nome dado à gripe), que assolava o País matando, só no Rio de Janeiro, 17 mil pessoas em dois meses. Escolas, comércio, repartições públicas ficaram fechados. Era o último ano de mandato de Wenceslau Braz. Tendo deixado o cargo aos 50 anos, Wenceslau declarou: “Depois de ter sido presidente da República, a nada mais deve aspirar um homem na vida pública”. Retornou a Itajubá e viveu até os 96 anos, dedicados a negócios privados, (foi presidente da Companhia Industrial Força e Luz de Itajubá, da Fábrica de Tecidos Codorna). Ainda foi membro da comissão executiva do Partido Republicano Mineiro no biênio 1929-1930 e membro da comissão diretora do Partido Social Nacionalista em 1932. Wenceslau Braz Pereira Gomes faleceu, no dia 15 de maio de 1966, na cidade de Itajubá. Entre as quase 20 mil pessoas presentes ao seu funeral, estiveram: o vice-presidente José Maria Alkimin (representando o presidente Castello Branco), governador de Minas Gerais, Israel Pinheiro, José Magalhães Pinto e outras autoridades. O presidente Castello Branco decretou luto oficial por três dias. Parte do seu discurso de posse: “Ao patriotismo dos homens de responsabilidade do Brasil se impõe, sem ilusões, uma grande obra de construção política e econômica e restauração financeira. Está bem claro que esta dupla obra exige uma mesma base: intransigência moral, administrativa, absoluto respeito às leis, imparcial aplicação dessas, paz, ordem em todas as modalidades: ordem moral, jurídica e material. [...] Chegamos a um desses períodos excepcionais, sem par na nossa história, que exigem resoluções externas, urgentes e eficazes. Não creio que possa haver um brasileiro digno desse nome, um habitante do Brasil que se interesse pela nossa Pátria, que recuse seu apoio e concurso para uma obra de salvação pública. [...] Cumprirei meu dever. Confio em todos que cumpram o seu.”

WENCESLAU BRAZ

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).

Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Enfim começaram as obras no prédio do Museu

Na terça-feira (30/09) teve o início das obras de reforma e descupinização do teto e restauração da fachado do Museu de Campos, localizado na Praça S. Salvador. O Instituto Historiar, fica satisfeito, com o início das obras e torce para vê-lo reinaugurado e funcionando como deve. Estaremos acompanhando o desenrolar das obras.
Prédio do Museu de Campos dos Goytacazes
Teto do Museu
Início das obras
Limpeza do prédio do Museu (início das obras)


Postagem: Leandro Cordeiro e Hélvio Cordeiro e Enockes Cavalar (membros do Instituto Historiar)
Fotos: Antônio Leudo (Colaborador), Wellington Cordeiro (colaborador), Leandro Cordeiro (Instituto Historiar).